Mr. Hope escrita por Fany Rosered


Capítulo 4
A herdeira deserdada


Notas iniciais do capítulo

Gente linda do meu coração, peço MIL DESCULPAS para vocês. Demorei demais para postar, e agora que postei saiu um capítulo tão chocho, eu pretendia fazer um capítulo melhor e com uma grande aparição nele, mas pelo meu maldito bloqueio criativo, ele não saiu muito bom. Eu fiz um esforço danado para escrever algo e para oferecer um capítulo ameno. No entanto, esse capítulo não deixa de ser importante para vocês entenderem acontecimentos futuros.
Eu juro pelo Rio Estige que o próximo capítulo será bem melhor e com mais qualidade!
Aproveitem!



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Abro meus olhos, me sentindo muito cansada. Parece que alguém bateu minha cabeça contra à parede várias vezes, pois ela está doendo demais. Pisco algumas vezes para despertar o sono.

– Olá Bela Adormecida –diz alguém próximo a mim. Olho para o lado e vejo alguns aparelhos ali o que me traz as lembranças de tudo que aconteceu, me atingindo como um raio, não era um pesadelo estou mesmo tetraplégica e meus pais... partiram. Uma mulher loira está sentada na ponta da cama, perto dos meus pés, reconheço-a de imediato.

– Tia Emmeline –digo seu nome quase em um sussurro, minha voz continua fraca, apesar de minha garganta não estar doendo mais.

Um sorriso ocupa seus lábios, mas sua expressão é chorosa e seus olhos estão vermelhos e inchados com algumas lágrimas brilhando nos cantos. Ela está se esforçando, bem típico dela isso, não vai chorar na minha frente porque quer que eu me sinta bem. Me forço a esboçar um sorriso, saiu bem pequeno e trêmulo, mas tia Emme pareceu satisfeita.

– Por quanto tempo eu fiquei apagada? –perguntei após um longo tempo de silêncio.

– Cinco dias –respondeu ela com o sorriso saindo repentinamente de seu rosto- você devia ter acordado bem antes, mas a Dra. Caren resolveu que era melhor aplicarem um tranquilizante em você a cada doze horas.

– Por quê? –perguntei com um misto de curiosidade e indignação.

– Ela queria evitar que você acabasse tendo um ataque assim que acordasse, e garantir que esse tempo descansando faria você se recuperar mais rápido.

– Ataque? Eu nunca...

– Sam, ela sabe o que está fazendo –disse ela me interrompendo- e não teime –completou assim que abri a boca novamente. Suspirei assentindo com um leve movimento da cabeça.

Um silêncio pairou sobre o quarto. Tia Emmeline fixou seu olhar em algum lugar da parede e mordeu os lábios, está fazendo um grande esforço para não chorar. Álias, nem sei como eu não estou chorando, posso parecer emocionalmente forte para as pessoas de fora, mas na realidade sou só uma garotinha indefesa que está sempre em busca de amparo.

– Você me deu um grande susto, Sam. Achei que tinha te perdido também, quase não suportei –falou ela por fim, desviando seu olhar do ponto fixo para os meus olhos- Eu estava trabalhando quando recebi a notícia, o avião estava prestes a decolar, eu gritei e pedi para o piloto desligar o avião, peguei minhas coisas e simplesmente corri para fora do aeroporto pegando o primeiro táxi que vi. Provavelmente isso me custou meu emprego, porque quando fui me explicar e pedir um mês de férias, meu chefe apenas assentiu sem dizer nada, eu me desperei tanto na hora que acabei fazendo uma loucura. Mas você está viva e é isso o que importa agora –contou ela com a voz ficando mais trêmula a cada palavra. Ela é aeromoça e tem, ou tinha, o emprego que ela sempre sonhou, espero que tia Emmeline ainda consiga trabalhar depois do que aconteceu.

Tia Emme me olhou como se pedisse permissão, apenas assenti e ela começou a chorar. Como meu pai sempre costumava dizer, a morte de alguém querido é como um furacão, vem destrui tudo e depois deixa as consequências.

– Tia? –chamei, porém ela nem olhou em minha direção. Eu quero muito abraça-la e dizer que eu estou ali para quando precisar, mas não posso fazer nada para conforta-la, sou uma inútil agora, com esse pensamento não pude deixar de conter as lágrimas o que fez uma pontada atingir minha cabeça.

– Samantha, que bom que acordou! –disse Dra. Caren surgindo no quarto.

– Oi –disse apenas.

Caren olhou para mim e depois para minha tia, quando percebeu que estamos chorando, ela pareceu ficar com vergonha, pois seu rosto atingiu uma coloração avermelhada.

– Desculpem, já estou indo embora, daqui a uns cinco minutos eu volto –falou Dra. Caren prestes a sair do quarto.

– Não, pode ficar –disse piscando para conter as lágrimas.

– Mas...

– Pode ficar –insisti.

– Tudo bem, então.

Tia Emme levantou a cabeça e pareceu perceber pela primeira vez a presença da Doutora ali, ela enxugou rapidamente as lágrimas com as costas da mão, o que fez sua linda maquiagem se desfazer e borrar.

– Olá –falou minha tia com a voz tremulante.

– Boa noite, Emmeline –respondeu Caren.

– Noite? Já está de noite? –perguntei direcionando automaticamente meu olhar para a janela, que está toda escura. Sou mesmo muito distraída- Que horas são? –perguntei direcionando meu olhar novamente para a Doutora.

– Agora é nove e cinquenta e seis da noite, o que significa que está quase na hora de você tomar seu medicamento para ter uma noite tranquila e poder descansar bem –respondeu Caren olhando em seu relógio de pulso, com um pequeno sorriso simpático nos lábios.

– Mais eu acabei de acordar.

– Nada de mais. Você vai ter que descansar por muito tempo se quiser receber alta.

Bufei em sinal de derrotamento.

– Tudo bem, mas quero que deixem eu acordar naturalmente amanhã, só esse tranquilizante e mais nenhum –pedi com uma pequena careta.

– Mas você tem que tomar outro e...

– Então nada feito!

– Tudo bem, Samantha. Você venceu –foi a vez dela de suspirar derrotada.

Trim...trim...trim....

Olhei para a direção de onde vinha o barulho e vi um despertador em cima de bandeja cheia de alguns objetos que não consegui identificar o que são, tudo isso em cima de uma mesinha que até então eu não reparei estar ali, encostada na parede que fica de frente para cama. A Dra. Caren caminhou até a mesinha e desligou o despertador, pegando alguns objetos. Após alguns segundos ela veio em minha direção com uma seringa em mãos.

– Abra a boca, por favor –pediu ela.

Abri os lábios, torcendo para que não tivesse gosto ruim, mas como tenho muita sorte, tem um gosto horrível.

– Argh –resmunguei.

Tia Emme veio em minha direção e depositou um beijo em minha testa.

– Boa noite, Sam –falou ela.

– Boa noite –murmurei.

Aos poucos minha visão foi embaçando, a dor de cabeça que eu sentia pareceu enfraquecer, por fim o cansaço me tomou e eu fechei os olhos permitindo-me relaxar.

***

Duas semanas se passaram desde que acordei pela segunda vez no hospital. Já faz uma semana que sai da UTI, me transferiram para um dos quartos da ala de internação. Hoje a Dra. Caren irá passar aqui para avaliar se estou bem o suficiente para receber alta, eu espero que esteja tudo bem.

– Vejo que está bem, Samantha –diz uma voz pertencente a alguém que acabou de chegar.

Olho para a porta e lá está ela, um dos seres humanos que eu mais desprezo no mundo: minha avó. Já me disseram muitas vezes que tenho que amar minha avó que eu não posso odia-la, mas não suporto essa mulher, ela uma bruxa! Certa vez, quando eu tinha cinco anos, ela me deixou sozinha no mercado e alegou que eu fugi dela quando ela se distraiu, quando eu tinha seis anos, ela me trancou dentro do banheiro em uma madrugada e eu acabei tendo que dormir no chão do banheiro, na minha festa de aniversário de sete anos ela jogou refrigerante em cima do meu bolo e ainda disse que eu empurrei ela, e vários outras vezes ela fez alguma coisa do tipo, o pior de tudo é que em todas às vezes eu levei a culpa. Nunca entendi o porquê de ela me tratar assim, eu nunca fiz nada de ruim contra minha avó, mas ela sempre fez de tudo para me deixar nas piores situações, quando eu era pequena eu a amava de verdade, por mais que ela fizesse aquelas coisas comigo, porém conforme fui crescendo, percebi que ela nunca chegou a nutrir um sentimento bom por mim e aquilo que eu sentia sumiu, fazendo aquele amor virar ódio.

– O que está fazendo aqui? –pergunto com uma nota de raiva na minha voz.

– Não posso mais falar com a minha netinha? –diz ela com deboche.

– Saia daqui, não tenho nada para falar com você –falo bruscamente.

– Claro que tem. É do seu interesse, querida. Sobre sua herança, com certeza sua tia já deve ter fofocado para você.

– O que? Minha herança? Como assim?

Do que essa mulher esta falando? Não deve ser nada grave, não pode ser nada grave.

– Então não está sabendo? Que ótimo, assim posso contar eu mesma, e com muito prazer –responde Maysa com um enorme sorriso de escárnio no rosto- Todos aqueles carros, aquela mansão, aquela casa na praia, todo aquele dinheiro, é meu! Você perdeu tudo, Samantha. Sua herança é minha!

O que?! Não pode ser, minha herança não. Eu não me importo nem um pouco com o dinheiro, nem com todos esses carros, nem com esses outros bens materiais fúteis, mas a mansão e a casa na praia eu me importo, não pelo valor mundano e sim pelo valor sentimental, a maioria dos meus bons momentos foram passados nesse dois lugares, minhas lembranças felizes vivem lá, não posso perder esses lugares. Senti minha respiração acelerar e meus batimentos cardíacos começarem a aumentar.

– Você está blefando! –falei, mas com uma pontada de dúvida na voz.

– Não querida, não estou.

Ela revirou dentro de sua bolsa por algum tempo até pegar algo ali dentro, caminhou em minha direção e colocou um papel na altura de meu nariz, de modo que eu possa ler.

“Eu a juíza Mirela Roux, declaro que a cidadã canadense Samantha Angel Prince, não tem direito a herança deixada por seus pais, pois mediante a provas apresentadas no tribunal, a terceira cláusula do testamento não está de acordo com a situação, a cidadã não é...”

– Como você entrou aqui? –perguntou tia Emmeline aparecendo no quarto e interrompendo minha leitura. Maysa rapidamente guardou o documento na bolsa e saiu apressada do quarto, esbarrando propositalmente em tia Emme ao sair.

– Você sabia que eu não tenho mais direto a herança? –perguntei após um tempo da saída de Maysa. Tia Emmeline apenas confirmou com um gesto de cabeça- Por que não me contou?

– Eu ia te contar, mas a Dra. Caren achou melhor você não receber uma notícia dessa –respondeu apreensiva.

– Desde quando a Dra. Caren sabe o que é melhor pra mim?

– Mas Sam...

– Por quê?

– O que?

– Por que não tenho direito a herança?

– Você não sabe?

– Claro que não.

– Não cabe a mim te contar, você vai acabar descobrindo alguma hora, mas não vou te contar.

– Por favor, tia.

– Não, Sam. Você não pode passar nervoso.

Bufei com raiva e fechei meus olhos, imaginando se minha vida algum dia iria melhorar.


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Notas finais do capítulo

LEIAM AS NOTAS INICIAIS!
Me desculpem se tiver algum erro, não deu tempo de revisar.
Beijos gente, até o próximo capítulo!
P.S.: Não prometo nada, mas talvez (TALVEZ) um certo Senhor Esperança faça uma aparição no próximo capítulo.



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