Ingleses também matam escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 8
Pegamos um assassino


Notas iniciais do capítulo

Esse é o penúltimo capítulo da história. Se alguém esperava mais mortes ou algo assim, eu sinto muito decepcionar :(

De qualquer forma, comentem, palpitem... não sejam fantasmas!



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Albert não sabia se havia acordado com um trovão forte ou com a água que pingava insistentemente em suas costas, mas apostou na segunda opção. Eram seis horas da manhã e o mau tempo se formara pela madrugada. O quarto dele nunca teve goteiras, mas parece que agora tinha. Com muito sono, ele olhou para a irmã, que parecia tranquila. Procurou por Henry, mas a única coisa que viu foi um bilhete no seu travesseiro, com sua caligrafia habitual. O rapaz louro o pegou e leu os dizeres.

“Fui tomar um ar na praia.”

–No meio desse temporal? - Albert se perguntou, olhando a chuva molhar a janela. - Isso é muito estranho.

Albert olhou o mar pela sacada e viu alguém deitado na praia, reconheceu como sendo Henry, mas acabou tentando não dar importância ao fato. Ele arrastou a sua cama, para evitar que a água pingasse no colchão. O barulho do gesto tirou Jennifer de seu sono profundo. Muito assustada, ela olhou ao redor como se tivesse acabado de ver um bandido.

–Que horas são? - Ela perguntou, com a mão na nuca.

–Acho que umas seis horas... está pingando água do teto.

–Mas nunca teve goteiras nesse quarto. - Ela olhou para cima e depois para a cama do outro lado. - Cadê o Henry?

–Na praia.

–Eu falei para ninguém sair dessa casa. - Ela se levantou bruscamente, olhando pela sacada. Estranhou o fato de Henry estar deitado na areia. - Vou atrás dele e você vem comigo.

Ela vestiu uma capa de chuva por cima de seu pijama e seu irmão fez o mesmo, cobrindo o seu tronco nu com o plástico transparente. Mesmo descabelados, os dois foram para fora da casa e correram até onde Henry estava.

–Henry! - Albert gritou, quando se aproximava, mas o amigo não esboçou reação.

O casal de irmãos chegou mais perto e encontraram um rapaz pálido, mas sem deixar de ter a sua típica beleza jovial. Jennifer examinou o garoto e imediatamente viu marcas em seu pescoço... marcas de mão. Estavam roxas e sua garganta parecia inchada.

–Olha o que eu achei... - O louro falou, pegando uma tira de pano e uma caixinha de leite fermentado semienterrados na areia. - É o leite fermentado que eu comprei.

–Albert... - Jennifer choramingou. - Albert, ele foi estrangulado.

O rapaz largou os objetos em sua mão e se aproximou do corpo do amigo. Ao comprovar que Jennifer estava certa, ele olhou para ela e Jennifer viu uma expressão de terror e tristeza que nunca havia visto no rosto daquele rapaz. Imediatamente, ele entrou em estado de histeria, mais do que Katherine e Thomas, Albert gritou e correu pela praia, como se estivesse sendo perseguido por um monstro.

Jennifer deveria se preocupar com ele, mas ela ainda não conseguia acreditar que ela estava olhando para outro cadáver... o cadáver do homem que ela amava. Ela não o perdoaria pelo que fez com Darla, mas naquele momento, ela se deu conta do quanto estava apaixonada por ele. Talvez ele se arrependesse de verdade e os dois namorassem, quem sabe eles não casariam e teriam filhos? Jennifer tinha tudo... mas o assassino havia atacado aquele homem. Naquele momento, ela não chorou. Com uma expressão de raiva no rosto e sentindo o sangue ferver em suas veias, ela pronunciou em voz alta, sua maior promessa.

–Eu vou pegar quem fez isso. - Ela berrou, para toda a cidade ouvir. - E essa pessoa vai sofrer na minha mão e depois vai apodrecer no inferno!

Albert apareceu correndo na frente de Jennifer e tropeçou na areia, se jogando no chão e se esperneando como uma criança que faz berra. Gritava palavras irreconhecíveis, mas ela podia notar que ele jurava a morte do assassino e palavras de ódio contra quem havia matado seu melhor amigo.

Algum tempo depois, Jennifer começou a ponderar quem teria feito aquilo. Ela se aproximou do corpo e examinou as marcas de mãos. Pelos ferimentos, ela chegou à conclusão de que a pessoa apertou o pescoço dele e não soltou mais até a morte, ou seja, não houve reação. Ela pensou que aquelas mãos eram muito grandes e havia sido um apertão forte demais. A única pessoa com mãos daquele tamanho... era o próprio Henry.

Ela se considerou maluca, mas só para ficar mais segura, ela colocou os braços moles dele em seu pescoço e viu que as marcas incrivelmente coincidiam com o tamanho de suas mãos. Mas ela sabia que era impossível alguém se suicidar comentendo um auto-estrangulamento.

Quando o irmão se acalmou um pouco, Jennifer pediu a ajuda dele para esconder o corpo no mesmo lugar que ela havia escondido o de Hillary. A garota pegou os objetos que ele encontrara na areia e já começava a ter milhares de ideias. Depois de colocar o cadáver no porão, ela teve sua melhor ideia até então.

–Eu vou investigar as malas da Hillary e vou encontrar pistas.

Albert assentiu e disse que a ajudaria com isso depois que se acalmasse. A garota concordou, pedindo que ele fosse discreto ao passar pelos outros. Quando ela entrou na casa, Katherine estava contando uma história.

–...então ele entrava na minha loja e começava a rasgar todas as minhas roupas, enquanto eu entrava em desespero.

–Quem? - Jennifer perguntou, tentando fingir que não estava abalada.

–Não sei. Estou contando um sonho que tive, que um homem tentava rasgar as roupas que eu vendia na minha loja.

–Interessante. - Jennifer comentou, depois subiu para o quarto de Hillary.

Ao entrar no mesmo, ela fechou a porta e começou a revirar as malas dela. Inicialmente, ela só conseguiu retirar roupas dobradas e passadas da primeira mala, ao olhar a segunda, ela encontrou um caderno. Imaginou que era naquilo que ela estava escrevendo quando Thomas e Katherine entraram no quarto. Ela procurou pistas ali, mas não era nada além de um caderno limpo. Ao folhear mais uma vez, uma folha de papel caiu.

Animada com a nova pista, Jennifer pegou a folha, que estava muito amassada, e viu o que estava escrito. Era uma lista de compras para o natal, no fim, uma despedida escrito “Te amo ♥” e a assinatura do autor: “Henry Carter Smith”. Não parecia ser grande coisa, mas qualquer descoberta já era grandiosa. Ela continuou a examinar o caderno e notou que havia uma página marcada em baixo relevo com algumas palavras, como se ela tivesse escrito algo na página anterior, com força no lápis. Sua teoria foi confirmada quando ela viu marcas de página arrancada na lombada do caderno.

Jennifer continuou a examinar a mala, mas não encontrou nada além de mais roupas. Ela ia pegar a outra bagagem quando a porta do quarto se abriu e ela levou um susto. Para sua sorte, era Albert que entrou a fim de ajudá-la.

–Encontrou alguma pista? - Ele perguntou.

–Uma lista de compras feita pelo Henry e um caderno, com palavras marcadas como se ela tivesse escrito numa outra folha, mas com força. Também tinha algumas páginas arrancadas.

–Se você tiver um lápis, eu posso descobrir o que estava escrito no caderno.

–Deve ter algum no nosso quarto. Vá discretamente para lá. Vou procurar mais pistas.

Albert saiu do quarto e logo voltou com um lápis nas mãos. Perguntou onde estava o caderno e o pegou, iniciando um trabalho amador de perito. Jennifer abriu a outra mala e a primeira coisa que encontrou foram caixas de remédio. O mais chamativo era uma caixa de comprimidos de Atroveran, utilizado para aliviar a dor das cólicas. Só para conferir, a loura abriu a caixinha e uma pista muito relevante surgiu em suas mãos.

–Isso não é para cólicas. É uma substância anti-depressiva.

–Hillary tinha depressão desde os quinze anos. Você não sabia?

–Não, seu idiota! Por que não me contou? Sabe o quanto isso é importante?

–Visto que alguém matou ela, não. - Albert disse, continuando a decifrar palavras no caderno.

Jennifer vasculhou as outras caixas de remédio e encontrou uma cartela vazia de comprimidos soníferos fortíssimos numa caixa de Dipirona, indicada para dor e febre. Havia mais sonífero numa caixa grande de pastilhas para garganta e por fim, numa caixinha de anticoncepcionais, um remédio que servia para tirar o sono, além dos comprimidos pertencentes à caixa.

–Albert... eu acho que estou chegando perto do assassino.

–Eu te digo o mesmo, pelo que estou interpretando dessas marcas.

Na bagagem, Jennifer encontrou uma última caixa vazia, mas esta, era a de um perfume francês. Ela imediatamente reconheceu a ilustração do mesmo. Era feito do vidro que ela encontrou no lixo. Por fim, ao retirar todas as roupas da mala, ela encontrou um vestido branco... com a borda da saia rasgada.

–O pano que estava na praia era desse vestido.... - Ela comentou, com os olhos brilhando de excitação. - Albert, quem tomou aquele leite fermentado além de você?

–Katherine. Só ela, eu acho.

–Quem tomou banho antes de mim no dia do assassinato foram... Darla, Lily, Albert, Henry e Thomas, certo?

–Deve estar. Não decorei quem tomou ou não banho naquele dia.

Já cansada, Jennifer vasculhou as caixas de remédio novamente, assim como a do perfume. Ela sentiu um cheiro estranho ao pegar esta novamente e colocou o nariz dentro da mesma. Ao aspirar aquele odor, ela sentiu uma tontura muito forte, como se seu cérebro tivesse acabado de criar pernas e decidido treinar ginástica olímpica. Ela levou as mãos à testa e desacordou por alguns momentos... tão rápidos que Albert, muito concentrado, nem percebeu a irmã caída no chão do quarto. Porém, foram esses os momentos que revelaram uma história para Jennifer.

Com certa dificuldade, ela se levantou ao ouvir a voz do irmão, muito distante.

–Jenn? Você está bem?

–Eu só... acho que... - Ela tentou explicar o que sentia naquele momento.

–Que bom que está viva... porque eu acho que peguei um assassino.

Ela se aproximou do irmão e viu que ele havia pintado toda a página marcada com lápis. Algumas palavras se revelaram, por conta do baixo relevo. Não era um texto que fazia muito sentido, mas aquilo era o que Jennifer precisava para saber quem matou Henry e Hillary.

–Boas notícias. - Ela disse. - Só há um assassino.

–Chama isso de boa notícia?

–Ora, só há um assassino... e eu sei quem é e qual será seu próximo passo. Saia de trás dessa porta! - Ela gritou, para a saída trancada do quarto.

Imediatamente, os dois ouviram passos muito rápidos no saguão dos quartos. Jennifer só precisava de um tempo para pensar, depois ela armaria um plano com Albert e logo revelaria a todos quem matou Henry e Hillary.

...

Darla acordou apenas às duas horas da tarde, com o rosto inchado, mas não de tanto chorar. Ela saiu do quarto assustada por ter dormido por tanto tempo. Depois de se arrumar, foi para a sala, onde Jennifer aguardava a todos para dar mais uma notícia.

–Ah, Darla! Só faltava você... acordou tarde.

–Eu sei disso. Cale a boca. - Ela falou, se sentando desleixadamente no sofá.

–Que bom que está voltando ao normal. - Jennifer comentou, sorrindo de modo falso.

–Muito engraçada. - Darla respondeu.

–Bem, acho que podemos dar a notícia que todos querem ouvir... - Jennifer disse, desfazendo o sorriso e tomando uma expressão triste.

–Espere, está faltando o Henry! - David falou, atrapalhando o discurso da loura.

–Ah, David... - Jennifer tinha os olhos marejados ao falar com o ruivo - Henry não está mais entre nós.

Toda aquela cena que as pessoas fizeram quando Hillary morreu se repetiu, mas não houve gritos de Katherine e nem choro histérico de Thomas. Só Albert quase perdeu o controle novamente após ouvir a notícia da irmã, mesmo já sabendo quem era o assassino. Ele tinha que manter o equilíbrio entre não entrar em estado de histeria e não acabar com o assassino de modo lento e doloroso.

–Mas... eu já sei quem é o assassino. Hoje à noite, eu revelarei para vocês. Absorvam o choque de uma nova morte primeiro.

Então, Jennifer deu as costas para as pessoas na sala. Voltou para o seu quarto e foi seguida por Albert. Os dois só sairiam de lá quando fosse o momento certo de revelar a identidade do malfeitor.


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Notas finais do capítulo

É, parece que nossa querida Jenn descobriu quem foi. E você? Será que também já descobriu quem é o matador?



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