Danos Colaterais - Restos de uma História Feliz escrita por Esther


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais novidades para vocês...

(suspiro) Prendam a respiração porque esse capítulo será chocante!

Boa leitura...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/586440/chapter/5

A caminho do carro de Ian fico pensativa e quando entramos em seu carro me dei conta de que eu precisava de um tempo para ficar sozinha, sua presença constante não me deixava à vontade para colocar minhas ideias em ordem, um momento só meu para refletir sobre o que estava acontecendo entre nós.

Tão pouco tempo e eu estava completamente apaixonada por ele, seu jeito, seu sorriso, eu sei que através daquela pose toda profissional mascarada pelo seu rosto sombrio, havia um coração bom, ele cuidou de mim. E eu estou em conflito, e medo é o que eu sinto dele neste exato momento.

Ele simplesmente dirigiu o caminho todo até a sua casa, não me disse uma palavra sequer, achei estranho, seu rosto estava mais sombrio do que de costume, ele tinha um olhar feroz, e o menino brincalhão tinha pegado suas malas e ido pra bem longe daqui, passei então a reviver as cenas em minha mente pra saber em que momento ele se foi.

Fiquei pensando no que aconteceu em minha casa, no meu quarto, será que eu estava “namorando ou não” aquele Deus Grego, é incrível como soam essas palavras...! Meu namorado...

Parece musica aos meus ouvidos, imagino mais uma vez suas mãos passeando sobre a minha pele, é incrível como apenas a lembrança do seu toque pode fazer comigo, o modo em que eu fiquei arrepiada com suas mãos, o modo como eu reagi as suas palavras, são tantas coisas, tantas...

Por um momento revejo a cena do rosto do Ian quando eu falei da ligação, e será que foi engano? Mas porque ele ficou estranho quando falei que a atendi? Será que é uma ex-namorada? Não parecia, e quem era esse Iblis? Sinto que tem alguma coisa acontecendo e antes de me envolver com ele preciso descobrir se essa ligação foi engano ou não, custe o que custar.

São tantas perguntas, ele sabe tanto sobre mim e eu não sei praticamente nada a seu respeito.

Olho para os lados e estamos passando por um lugar que eu desconheço, existe uma praça enorme, quase igual à dos meus sonhos, ele esta concentrado dirigindo ao meu lado, então aquela nuvem sombria que havia há alguns segundos atrás havia se dissipado, ele olha pra mim expressando uma ternura tão grande, que corta meu coração ao meio, como posso querer ficar longe desse menino dos olhos cinzentos?

Sorrimos um para o outro, ele parecia também estar distante pensando em alguma coisa, e isso me deixa curiosa, o que será que ele poderia estar imaginando? Será sobre o telefonema que eu atendi? Ah perguntas e mais perguntas...

–Você está bem, tem alguma coisa te incomodando Ian? – eu pergunto, olhando em seus olhos.

–Não, apenas alguns problemas no escritório, mas vou tentar resolver essa tarde.

–Humm... E para onde estamos indo? – eu tento puxar um pouco mais de conversa analisando seu rosto.

–Vamos passar na minha casa para almoçar, pedi a Anastácia para fazer o almoço para nós, tudo bem pra você? – ele me pergunta tirando-me dos meus pensamentos.

–Sim perfeito – e tento sorri novamente.

Tudo parecia estar iluminado, éramos apenas nós dois e mais ninguém, e por alguns instantes achei que nada poderia abalar aquele momento que estávamos passando.

O percurso demorou não muito mais que 30 minutos, então paramos em frente a um portão gigantesco Ian digita uma senha e o portão se abre, passamos por uma portaria onde ficava um homem com o rosto duro, pelo jeito ele era quem cuidava da segurança do local. O carro segue, olho pela janela do carro e vejo um belo jardim cercado de flores e arvores, fico encantada, nos aproximando da mansão e paramos o carro entre a casa e um belo chafariz com três andares, haviam anjos lapidados na parte de baixo próximo à base do chafariz, a casa é muito linda fico impressionada com o que vejo.

Todas as paredes externas da casa são revestidas com plantas vivas, o local possui varias janelas grandes, e eu não sei dizer ao certo quantos andares tem a casa mais sei que ela é muito grande, assim que chegamos perto da entrada da casa noto que a parede em volta da porta e a única que não tem plantas vivas e sim e tijolinhos vermelhos, em cima da porta tem uma iluminaria antiga que deixa a entrada da casa mais elegante, ao lado da porta tem dois vasos enormes, um de cada lado da entrada com flores brancas muito belas que nunca tinha visto em minha vida, quando entramos noto que as portas de vidro dão abertura para uma sala muito pequena, mas confortável.

Quando adentramos na casa vejo um chão de madeira, acho que é ébano, as paredes são em tons de areia, na minha frente tem uma escada elegante de madeira e formato de L, que dava acesso ao andar de cima.

Ele esta do meu lado, olhando e sorrindo.

–Espero que goste da casa, meu amor.

–É tudo tão lindo! – eu respondo tentando não parecer boba de tanta admiração.

–Pode tomar um banho se quiser, tem algumas roupas novas e limpas no meu armário caso precise.

–Eu estou bem assim – respondo.

–Eu acho que você precisa de um banho – ele me desafia me puxando para si

–Tem certeza? Eu estou sentindo um odor nada agradável, deixe-me ver... – agora eu estou em seus braços, ele começa a beijar meu pescoço fazendo cócegas...

–Então acho que ambos precisamos de um banho – eu retruco o provocando levantando seu braço musculoso e balanço minha mão em frente ao nariz, e então ambos estamos dando risadas.

Ele me pega no colo, me levando até seu quarto e me coloca no banheiro, e liga a torneira da banheira.

–Só espera um segundo meu amor eu preciso retornar uma ligação, você pode ligar o chuveiro enquanto a banheira enche.

Alguma coisa me diz q ele vai retorna a ligação de hoje, será? Eu agora definitivamente fico nervosa com esse pensamento e não sei o que fazer. Será que eu devo ir atrás? Estou ansiosa e decido ir. Saio de vagar, tentando não fazer muito barulho para ouvir a conversa, ele desce as escadas que dão acesso à sala que passamos onde fica um telefone, eu desço alguns degraus, onde ele não pode me ver e fico ali.

— Você não precisa executar ninguém. Já está tudo resolvido. Calma. – ele diz.

Há uma longa pausa e ele continua.

— Eu não quero saber se você pode ou não, trato é trato, você assumiu as consequências quando assinou o contrato comigo... (pausa) Amanhã eu passo ai pra gente resolver isso.

Eu desço mais alguns degraus e paro no pé da escada, quando ele levanta a cabeça e me vê desligo imediatamente o telefone.

–Há quanto tempo você está ai Elena? – ele pergunta nervoso.

– O suficiente – eu respondo com lágrimas nos olhos.

– Vamos conversar Elena, por favor – ele implora.

– Que diabo de pacto você está falando Ian, você é o que? Um assassino, um matador?... Ah pelo amor de Deus! – eu o indago pensando no pior - eu sabia que não deveria me envolver com você, eu vou embora.

Eu saio da sala indo em direção ao hall de entrada, pego minha bolsa com ele atrás de mim.

– Espera Elena – ele me segue – deixa pelo menos o meu motorista de levar de volta.

– Em vez de você me dar uma explicação, você quer que seu motorista me leve de volta? Eu não quero nada de você... Você estava me usando pra que? Para se aproveitar de mim? Iria me executar depois disso? Tenho sorte em não ter me entregado a você! – eu nunca deveria ter deixado isso acontecer, você foi o maior erro da minha vida!

–Você não passa de um aproveitador sem vergonha, não preciso de você nem do seu dinheiro e muito menos do seu estágio, e quer saber, vá se ferrar, seu aproveitador.

Ele me segura pelos braços.

– Olha aqui sua menina mimada, ninguém sai assim da minha casa entendeu? – suas mãos apertam meus braços eu vejo seus olhos arderem de ódio.

– Me solta você esta me machucando – eu tendo falar enquanto puxo meu braço tentando me desvencilhar dele.

Quando ele me solta eu dou um tapa no seu rosto. E com esse acontecimento e me dou conta de que eu o amo, e isso era a última coisa que eu queria fazer, mas suas palavras me desafiaram, e ninguém nunca me desafiou em minha vida, ele parece espantado com a minha reação. Ele então abre a porta.

– Sinta-se a vontade Elena – ele era ódio e rancor, não muito diferente de mim naquele momento, eu sabia que iria me arrepender, mas estava feito, antes tarde do que nunca.

Minhas lágrimas caem pelo meu rosto, eu nunca fui tratada dessa forma por homem nenhum, nem em meu antigo relacionamento, nunca esperei esse tipo de atitude dele, nunca mesmo, eu estou paralisada, e com muita raiva não consigo mexer as minhas pernas, eu só sei chorar nada mais, seus olhos de doces agora parecem querer me fulminar ele parecia outra pessoa, mais sombrio, mal, eu daria tudo por um buraco pra me enterrar nesse momento, eu nunca imaginei que isso fosse acontecer ou que eu gostasse tanto dele dessa forma.

–Porque você fez isso conosco Ian? – eu falo tentando controlar as lágrimas e a voz de desgosto.

– Não lhe devo explicações, não agora, saia da minha casa Elena.

Suas palavras cortam meu coração, eu estou chorando descontroladamente e é nesse estado que eu saio da sua mansão, vou andando pela rua na esperança de encontrar um táxi. Sigo na esperança de passar despercebida, mas quem não notaria uma magricela, saindo de uma mansão, chorando desesperadamente? Tocada como um cachorro? Como se eu estivesse errada... E por sorte em pouco tempo encontro um táxi e vou direto para a minha casa.

Chego, não tem ninguém em casa, eu tomo um banho, ligo pra Jenny, o telefone toca e ela atende.

–Alô, Elena?

–Jenny – eu falo já começando novamente a chorar.

–O que houve Elena? – ela diz assustada.

–Ele é um assassino, me mandou embora da casa dele – eu falo soluçando.

–Calma já estou chegando ai – ela fala apressadamente.

–Tudo bem – eu respondo chorando.

Passa-se algum tempo e eu ainda estou chorando no sofá, com um pote enorme de sorvete, e assistindo o pior filme que pode existir na face da terra.

Agora tenho certeza que o amo, como eu pude amar tanto esse homem em tão pouco tempo, e minha mente fica repetindo as palavras que ele falou e o momento em que ele me acariciou, em pensar que eu quase me entreguei para aquele cafajeste. Como ele pode fazer isso comigo?

Fico imaginando então se algum dia eu vou ser capaz de perdoar o que ele fez como ele me tratou, minha mente gira, como vai ficar minhas aulas, ter que enfrentar ele, impossível eu não posso, não consigo, não depois de tudo o que aconteceu entre nós, não posso sequer imaginar o que vai acontecer agora, meu mundo desabou, é como se não existisse mais chão, como se eu fosse feita de gelatina, meu corpo até parece parte da decoração.

Passa-se algum tempo e minha amiga Jenny chega. Eu estou deitada, com meus lenços, e meu pote vazio, ela me olha e vem em direção a mim.

– Oh minha amiga o foi que ele fez com você - ela me pega colocando em seu colo verificando a marca roxa dos dedos dele gravadas em minha pele e não fala mais nada. Ela se mantém ali, do meu lado como uma boa amiga. Eu a amo, como se fosse minha própria irmã.

A porta se abre novamente então o seu namorado, Junior entra e sorri – seu sorriso era de compaixão, eles eram os melhores amigos que eu poderia ter e as únicas pessoas a quem eu poderia recorrer.

–Boa noite Lê, pelo visto resolveu querer repetir a dose, o de sempre né? – ele fala sorrindo e apontando para a TV. – Jenny o repreende, mas ele não liga.

–É o de sempre, não tenho sorte – eu respondo tentando não chorar mais.

Ele retira da sacola vários potes do meu sorvete favorito, pega uma colher e me passa, e pega outro pote pra sim mesmo.

–Pronto agora estamos preparados para o próximo filme – ele sorri e eu forço uma risada de volta pra ele, Jenny ainda esta sentada ao meu lado com minha cabeça em seu colo, começa o novo filme e eu não consigo parar de chorar.

Ela gentilmente pede ao Junior para nos dar algum espaço, ele então se retira da sala dizendo que iria ver seus e-mails em meu computador, então ela começa:

– O que aconteceu Lê?

Eu conto detalhadamente tudo o que houve nos dias que se passou, ela me ouve e esta atenta as minhas palavras, quando chego ao final falando que ele havia me expulsado de sua casa sem ao menos uma explicação ela fica em choque.

– Esquece esse cara, é a melhor coisa que você faz, olha o que ele fez com você, você não merece isso Lê.

– Eu o amo, Jenny, eu não sei como isso tudo aconteceu, eu tomei tanto cuidado, mas ele roubou meu coração – então eu começo novamente a chorar desesperadamente, eu tinha que confessar a alguém que eu o amava.

– Eu sei... shhhhh!... Dorme – então ela me embala em seus braços e eu adormeço desse jeito.

Meus sonhos são pesadelos, piores do que eu imaginava, eu o perdi da forma mais dolorida possível, eu choro lembrando-me da sua imagem vivida do modo em que ele me tratou, ele despedaçou meu coração, não tenho mais vontade de fazer nada, fico por um tempo na cama quando Jenny entra.

– Trouxe café da manhã para você boneca, panquecas com mel, se não me falhe a memória suas favoritas. Você dormiu no sofá, pedi ao Junior pra te colocar na cama – ela tenta sorri.

–Obrigada – eu sorrio sem nenhuma vontade, mas ela entende o motivo.

– De nada, eu vou para a faculdade, depois vamos conversar sobre o que vamos fazer sobre as aulas de penal, acho que você não vai querer frequentar por um bom tempo, não é?

Eu balanço a cabeça concordando, me levantando indo para a cozinha pegando minha bandeja.

–Tudo bem eu invento alguma desculpa estúpida se ele perguntar - diz Jenny, quando o Junior esta atrás dela ele sorri.

–Está melhor? – ele pergunta.

–Sim obrigada – e tento esboçar um sorriso, que parece mais com uma careta.

–Tá mais tarde a gente volta com mais sorvetes e vou trazer também novos filmes estes já estão ultrapassados, concorda? – eu concordo balançando a cabeça.

Eles então saem se despedindo e começo a tomar meu café da manhã misturado com o gosto salgado de lágrimas que ainda insistiam em sair dos meus olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui e ainda está vivo, meus parábens!

rsrs... Não se esqueçam dos comentários, quero opiniões, e sugestões sempre serão bem vindas...

Beijos e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Danos Colaterais - Restos de uma História Feliz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.