Annabeth

Acordei com o barulho do despertador, pisquei os olhos habituando-me á luz. Levantei-me de má vontade, caminhei até ao quarto de banho. O meu banho ainda foi demorado, queria esquecer tudo o que se havia passado ontem, esquecer o tribunal, esquecer o Luke, simplesmente esquecer que o dia anterior existira. A agua batia na minha pele, escorrendo pelo meu corpo até desaparecer nos canos. Depois de dar o banho por terminado fui vestir-me, ainda bem que até ao final desta semana eu apenas trabalharia de manhã. Quando terminei de me arranjar, fui chamar a Liv, ela levantou-se rapidamente… tomou um banho e depois o pequeno almoço. Quando já estávamos prontas e fui levá-la á escola, e depois fui para o trabalho.

Hoje tive bastantes reuniões, trabalho acumulado dos dias que faltei devido á consulta e á audiência. As reuniões nem foram muito cansativas, o que mais me custou foi ter de assistir á introdução virtual de um edifício. Eu estava esgotada, cansada de tudo o que se estava a passar. Quando a manhã acabou decidi voltar para minha casa. Tirar a tarde para relaxar. Voltei para a minha morada, estacionei o carro em frente do meu prédio, e entrei no meu apartamento. Não tinha muita fome, por isso decidi fazer algo diferente, fui para a casa de banho onde enchi a banheira de água quente, coloquei um shampo de modo a fazer alguma espuma. Retirei toda a roupa, e entrei para a banheira. O meu corpo mergulhou na água quente.

– Ahhh! – eu suspirei, espantava-me como um banho podia renovar as energias de forma purificante.

Prendi o cabelo todo na nuca, com uma mola. O meu corpo estava todo imerso na agua, até ao pescoço. Coloquei alguns sais de banho agua, fazendo com que ganhasse um tom mais azulado.A banheira era grande, bastante grande aliás, fechei os olhos enquanto sentia o calor da água sobre mim. Aí eu estava completamente relaxada, todos os problemas se sumiram naquele momento… mas por obra do destino fui interrompida pelo som da campainha.

– Porra! – eu bufei constrangida. Saí da banheira, e enrolei uma toalha em volta do meu corpo, e vesti rapidamente uma blusa de alças e uma calcinha. Calcei uns chinelos e caminhei até á porta. Lá estava ele!

– Oi – Percy sussurrou (N/T: eu sei que vocês pensaram que era o Luke) ele estava pasmado de me ver. Ao inicio não notei o porquê, mas depois reparei que a roupa que eu usava era extremamente curta, tapando apenas o meu peito, e um pouco das minhas coxas.

– Oi – eu disse corada. – Que estás aqui a fazer?

– Nada quer dizer… – ele atrapalhou-se, os seus olhos estavam cravados no meu corpo – Ontem como estavas tão nervosa, eu queria ver como estavas hoje. – ele estava vermelho.

– Entra – eu fiz sinal para ele passar. Ele assentiu e deslocou-se. – Desculpa, mas eu estava… er… a tomar um banho – eu as faces queimavam – bem… eu vou vestir-me algo mais decente.

– Annabeth? – ele chamou quando eu caminhava para dentro do quarto

–Diz? – ele caminhou para mais perto de mim, roçou a mão na pele nua dos meus braços.

– Não te preocupes – rodeou a minha cintura com os braços puxando-me para mais perto de si. – Tu ficas linda vestida assim. – ele sorriu e beijou-me. Eu correspondi, os lábios deles estavam quentes, a sua lingua explorou a minha boca. Quando o ar faltou ele olhou para mim. – Não quero que a menina interrompa o seu banho pela minha precensa. – ele disse maliciosamente.

– E então? – eu perguntei confusa. Ele gargalhou e ele encolheu-se, e passou a mãos por de baixo das minhas pernas, pegando-me ao colo.

– Percy! – eu gritei e ele gargalhou. Beijou-me o pescoço, e carregou-me até ao banheiro. Quando viu a banheira com a água sorriu.

– Percy eu estou vestida – eu gritei para ele, mas ele continuava sorrindo. Ele aproximou-se da banheira, e mergulhou-me na água, que por sinal ainda continuava quente, no entanto eu agarrei com força o seu pescoço, e ele caiu comigo na banheira, ficando todo molhado. – Eu disse-te para não o fazeres! – eu gargalhei. Ele sorriu, para mim. Aproximou-se e beijou-me. As suas mãos subiram até ás alças da minha blusa, que começou a despir. Comecei a desapertar os botões da sua camisa, mas parei.

– O que foi? – ele perguntou confuso.

– Percy? Tu por acaso não tens aí a carteira e o telemóvel contigo pois não?

– Tenho sim estão no bolso – ele parou – Porra! – eu gargalhei quando vi que ele ficou aflito, meteu as mãos nos bolsos e depois suspirou aliviado. – Ainda bem! Estão no bolso do casaco que deixei na sala. – eu ri, ele aproximou-se e beijou-me.

***

– Estás mais calma? – ele perguntou. Os seus braços nus rodeava-me o corpo. Eu estava no meu das pernas dele… a espuma cobria toda a agua.

– Estou – eu virei-me e os nossos olhares cruzaram-se – Muito melhor agora que estás aqui.

Ele sorriu, os seus lábios encostaram-se aos meus.

– Eu te amo – eu sussurrei.

– Eu também te amo - ela riu e voltou a beijar-me. Abracei-o e senti novamente os seus braços fortes a rodearem-me. – Eu te amarei sempre, por ti eu faço tudo Annabeth.

– Obrigado Percy. – eu agradeci, ele era de facto perfeito, meigo, querido, corajoso, e era meu… acima de tudo era meu, e eu seria sempre dele.

…

Quando saímos da banheira, fomos cozinhar alguma coisa para o almoço. Percy tivera que vestir um roupão, pois toda a sua roupa estava molhada, sorte que eu tinha máquina de secar… quando acaba-mos de comer, fomos para o sofá, deitá-mo-nos a ver uma serie de comédia, mas sinceramente não prestei grande atenção. Percy já tinha a sua roupa vestida que a máquina secou rapidamente.

– Tenho de admitir que passar um dia assim é bastante bom! – ele admitiu.

– É mesmo… - eu apoiava o meu resto no seu corpo. Aninhei-me mais nos seus braços, que me rodeavam com mais força. Ouvi a campainha a tocar. – Tinham que interromper. - eu resmunguei, levantei-me de má vontade, e fui em direcção á porta. Quando a abri não vi ninguém, fechei a porta e senti algo no chão. Um envelope grande.

– Estranho. – eu disse ao pegar no envelope.

– O que foi? – Percy perguntou sentando-se, voltei para o sofá sentado-me ao lado dele.

– Não sei. Quando fui abrir a porta não vi ninguém apenas este envelope.

– Realmente é estranho – ele franziu as sobrancelhas.

– Bem, mais vale a abrir, se não nunca saberemos o que tem. – eu disse rasgando o topo do envelope. Retirei o conteúdo...

– Eu não acredito. – eu olhei para as fotografias que se encontravam na minha mão.

– Mas isso é… - Percy falou.

– Fotos nossas Percy! – havia pelo menos uma dúzia de fotografias que connosco a beijar-mo-nos. Na ultima fotografia havia algo escrito.

– “Cumprimentos Luke” – eu li. Atirei as fotos para a mesinha da sala. – Acabou-se tudo Percy – as lágrimas vieram-me aos olhos.

– Annabeth não… - Percy tentou falar mas eu interrompi.

– Eu o quê Percy? Não percebes acabou-se… ele descobriu, e amanhã vai usar isto contra nós. Acabou!

Ele não respondeu. Apenas olhou para mim.

– Eu tenho de esquecer isto Percy. – eu disse.

– Isto o quê? – ele perguntou confuso.

– Isto – eu fiz um fiz um gesto para nós os dois. – Eu tenho de esquecer-te, só assim posso garantir alguma esperança para mim e para a minha filha.

– Annabeth não digas isso…

– Desculpa Percy, mas se eu continuar com isto, eu perderei a Liv… e tu sabes que entre ti e a minha filha a escolha é óbvia, e se houver uma esperança de ter a minha filha se estivermos separados. – eu continuei olhando para os olhos dele, mostravam-se preocupados, tristes… infelizes.

– Eu compreendo Annabeth. –ele disse – E lamento por tudo, hoje eu disse-te que faria qualquer coisa por ti, porque te amava, e é por eu te amar tanto que me vou afastar de ti… mas quero que saibas uma coisa, eu amo-te mais que tudo na vida – ele levantou-se lentamente, o seu rosto mostrava-se abatido – Desculpa por isto, por ter te feito apaixonas-te por mim, mas eu não me arrependo de me ter apaixonado por ti – ele olhou-me novamente, e caminhou até á porta por detrás de mim. – Vê-mo-nos amanhã no tribunal… - ouvi a porta a bater. Aí todo o meu mundo caiu, deitei-me no sofá a chorar… queria que o tempo passa-se, queria que isto fosse apenas um pesadelo… que acordasse de manhã e ver que tudo não passava de um sonho mau.

Não sei quanto tempo passou… não sei se foram apenas 5 minutos, meia hora, uma hora, apenas sabia que só queria chorar, eu amanhã perderia a minha filha, perderia o homem que amava, perderia a minha vida… perderia tudo. Ouvi a campainha a tocar, mas não queria atender, queria ficar a li deitada, sozinha.

– Annabeth? - uma voz conhecida, chamou do lado de fora da casa. Era a Tália. – Annabeth? Annabeth eu sei que estás aí, eu ouso-te! – eu sabia que se não fosse abrir ela acabaria por arrombar a porta. Caminhei até á porta e apertei a maçaneta, a porta deslizou e Tália entrou desvairada. Quando me viu, deu-me um olhar preocupado – O que aconteceu Annabeth.

– Simples Tália, a minha vida acabou… vou perder a minha filha. – eu disse ainda com as lágrimas nos olhos.

– O quê?

Fui até á mesinha da sala, peguei nas fotografias e entreguei-lhe as á Tália. Quando viu a pequena nota na ultima foto o seu rosto tornou-se duro.

– Aquele filho da mãe! – ela resmungou.

– Bem… acabou Tália, acabou… - eu suspirei, ela abraçou-me com força.

Tália ficou ali no sofá comigo, eu desabafei tudo com ela, sobre Percy, sobre a Liv sobre o Luke… Tália apenas me abraçava transmitindo-me apoio.

– Annabeth eu preciso ir a um sitio importas-te? – ela perguntou.

– Não Tália vai lá, além disso eu tenho que ir buscar a Liv, tenho de prepara-la para amanhã.

– Não te preocupes Annabeth, algo me diz que isto não vai ficar assim – ela tranquilizou mas eu ignorei, eu sbia que não.

– Bem então vá… vais buscar a Liv á escola, amanhã encontra-mo-nos no tribunal ok?

– Está bem Tália. – eu disse limpando as lágrimas

***

Guiei até á escola, Liv esperava lá na entrada junto com outros meninos, tentei recompor-me mas não era fácil.

– Oi mãe! – ela sorriu.

– Oi filha – eu disse sem animo.

– Está tudo bem?

– A mãe depois fala contigo em casa está bem?

– Está – ela assentiu.

Voltá-mos para casa. Eu peguei na Liv ao colo e sentei-a no sofá comigo.

– É agora que me vais disser o que se passa?

– É querida… sabes que amanhã é a audiência final não sabes?

– Sim – ela disse, a sua voz já se mostrava preocupada.

– Eu quero que saibas, que qualquer que seja a decisão do juiz tu és, e serás sempre a minha filha… está bem meu amor? – eu esforcei-me para não chorar.

– Porquê estás a dizer isso?

– Eu apenas quero que tu fiques preparada para amanhã está bem? Qualquer que seja a decisão que for tomada, tu precisas de saber que poderás ficar com o teu pai…

– Mas isso não vai acontecer ou vai?

– Não sei querida, aconteceu coisas hoje que poderá afectar a decisão de amanhã.

– Como o quê?

– O teu pai descobriu que eu e o Percy namorávamos…

– Como assim namoravam… já não namoram?

– Querida, é complicado… tenta apenas entender isto ok?

– Ok mãe – ela abraçou-me. Durante o resto da noite, Liv ficou em silêncio, tal como eu estava os muito ansiosas com a audiência de amanhã. Antes eu tinha a certeza que venceria-mos mas desde o episódio de hoje, eu já sabia que haveria uma grande hipótese de esta ser a ultima noite que passaria com a Liv…