Anti Sociedade - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 6
Interrogatório


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente? Minhas provas já passaram, então menos uma coisa me impedindo de escrever! Espero que gostem desse capítulo. E quem não comentou no outro, comentem nesse, não quero tirar nenhum personagem da história. Se quiserem, posso atualizar das coisas por MP. Divirtam-se com o capítulo!



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–Não precisa fazer essa cara de medo. Só vou fazer algumas perguntas para ver como foi sua chegada, que nem fiz com a Clare, ou com qualquer outro novato aqui na base. Pode ter certeza que não mordo. - Edson brinca comigo enquanto me leva para o último andar. Ele abre a passagem, me deixa ir na frente, fecha novamente e continua me encaminhando até uma das salas da “zona proibida”, mas precisamente em uma porta em que estava escrito “ Questioning Room”

Ela era pequena, completamente branca, chão de madeira, na parede direita tinha um espelho super longo. No centro da sala, havia uma mesa com duas cadeiras em cada lado, um microfone conectado a um gravador, e ao lado um pequeno quadradinho todo cinza.

–Sente-se, por favor. - Ele pediu enquanto se sentava em uma das cadeiras, e eu sentei na outra. Estava pensando no que ele iria me perguntar, quando passou a mão por cima do quadrado cinza, que refletiu em uma luz azul e mostrou várias imagens e escritas, mas ao mesmo tempo que a coisa tinha cor, dava para vê-lo do outro lado, como se fosse transparente. Era parecido com uma coisa da loja que visitei. - Que incrível! - Exclamei, impressionada. Ele riu baixo do meu entusiasmo.

–Isso é um microcomputador, inventado em 2500, mais ou menos. O modelo mais moderno a ser produzido, antes do recolhimento geral que o governo fez em 2890. Você já deve ter ouvido um pouco sobre isso em suas aulas.

–Sim, mais ou menos.

–Bem, voltando ao assunto original, deixe eu te fazer algumas perguntas. - Ele pôs o dedo na luz e empurrou vários textos para baixo.

–É que antes eu que queria te perguntar uma coisa. Hoje eu fui comprar um negócio, e a vendedora pediu para ver as minhas digitais, e elas estavam nos arquivos. Como é que vocês tem elas? Aliás, como é que vocês tinham meu nome quando cheguei aqui?

Ele parou repentinamente o dedo e me encarou nos olhos.

–Estou vendo que é bem curiosa. Está me lembrando um pouco… minha esposa. - Édson olhou para baixo um pouco.

–É mesmo. A Kelly nunca falou da mãe. Seria muita falta de educação perguntar o que aconteceu? - Só naquele momento que me toquei nisso. Será que foi uma coisa muito séria?

–Bem, isso não é o importante agora. - Ele voltou a encarar a luz do microcomputador. - Respondendo suas primeiras perguntas, nós já temos registrado no banco de dados informações de grande parte da população mundial. Não é tão difícil conseguir informações dos governos, principalmente de países que na época não eram grande destaque em preparação. - Ele levou alguns segundos para continuar. - Sem querer ofender o lugar onde nasceu, afinal de contas nem se pode chamar mais de país.

–Não ofendeu. Nem entendi direito essa última parte que você falou. - Ele novamente tentou conter um riso, mas voltou ao normal depois.

–Mas, quem foi que te atendeu e de que loja é?

–Gina, se não me engano. E era da tecnologia e alguma coisa.

–Sim. Vamos começar então. Só para confirmar, você tem 14 anos e nasceu dia 30 de maio?

–Isso mesmo.

–Então, você faz 15 amanhã!?

–Sim. Vocês também já tinham essa informação, então?

–Tinhamos. Como o tempo passa rápido! - Essa útima parte ele falou bem baixinho, mas consegui ouvir. - Bem, vamos continuar. - Então ele vez um monte de perguntas, sobre meus pais e amigos de antes da base, o que estava achando da base, das pessoas com quem estou andando e se aconteceu alguma coisa ruim comigo. Achei melhor não comentar sobre o ataque dos guias bêbados, principalmente por causa daquele cara, o Wave.

–Acho que por hoje é só. Pode voltar para seus amigos.

–Err… É que eu gostaria de pedir uma coisa, se não for muito incômodo.

–Claro. O que você quer?

–Ouvi dizer em algum lugar que vocês tem câmeras secretas espalhadas pelo mundo.

–Sim, por que?

–Vocês poderiam me mostrar Niterói, então?

–Como assim?

–Estou com saudade de meus pais e de meus colegas também, apesar de tentar não demonstrar. É que sempre fiquei ao lado deles, e agora que não os vejo mais, fica meio estranho, sabe? Não que eu não esteja gostando daqui, mas…

–Entendi. - Ele olhou para a parede. - Me acompanhe então, por favor. - O Édson se levantou e abriu a porta que estava do lado do grande espelho. Vou atrás dele.

A nova sala é imensa. Sério, acho que nunca havia entrado em um lugar tão grande em toda minha vida. O ambiente era praticamente todo escuro, as janelas com cortinas impediam que a luz do sol entrasse. Vários mini escritórios estavam espalhados, com diversas pessoas os operando. Édson olha para o lado, então viro minha cabeça para a mesma direção que ele e vejo que o espelho na verdade era uma daquelas janelas, onde só quem está de um lado vê o que está acontecendo. Embaixo dela tem uma mesinha com cafeteira, bebedouro e alguns papeis. Havia algumas pessoas aglomeradas lá, como se estivessem nos observando antes, e quando perceberam que nós estávamos os fitando, se retiraram e voltaram a seus afazeres. Continuamos andando, até que faço outra pergunta:

–Senhor Murray, como vocês conseguiram instalar câmeras por aí sem ninguém ver?

–Foi há muito tempo atrás, antes da base ser completada. Alguns de nós nos infiltramos nas guardas e colocamos câmeras microscópicas, depois foi só vinculá-las aos nossos computadores.

–Mas não haviam recolhido essas coisas?

–Assim como aquele microcomputador, que era considerado até mesmo ultrapassado na época, nós escondemos essas coisas banidas em compartimentos secretos até conseguirmos nos juntar. Se é tão curiosa quanto ao passado, pode ter certeza que vai aprender mais na aula de história. - Nós paramos em frente a uma mesa. - Senhorita Yeva.

Me lembro dela do dia em que cheguei. Natasha gira a cadeira e olha para nós.

–Chefe. Senhorita Monteiro. - Ela reforçou o “Monteiro” e o Édson levantou uma das sobrancelhas e abaixou a outra. - O que desejam?

–Estamos aqui para cumprir aquela promessa de ver como estão os pais e colegas dela. Hoje você é a responsável pelas câmeras daquela região, certo?

–Claro! Esperem só um momento. - Ela toca na tela de um negócio parecido com um microcomputador e passa diversas imagens. Percebo que em todas tem uma pequena marcação embaixo: “AS-AR-PPS” Olhei em volta, e percebi que todos tinham isso. - Aqui está. Como lá ainda são 12 horas, seus colegas e seus pais estão no intervalo da refeição. Qual quer ver primeiro?

–Bem, acho que vou ver primeiro o Agnelus e o Fabio, para quando ver meus pais, ficar mais animada.

–Aqui está, então.

Ela pegou a tela do negócio e pediu para eu mostrar minhas mãos. Fiquei com um pouco de medo daquele treco, mas consegui pegar direito e vi os dois no refeitório da escola sem mim. Eles estavam comendo nabo ralado com couve cozida, era horrível o gosto daquilo. Natasha colocou fones nos meus ouvidos e passei a ouvir tudo o que eles estavam falando lá.

–O que você acha da Rebeca? - Agnelus perguntou.

–Não sei não. E a Renata e o Roberto? - Fabio respondeu.

–Eles são meio enjoados. Melhor não.

–É tão estranho sem a Helen. Nem conversávamos muito, mas virou costume sentar ao lado dela todo dia.

–Pois é. Ainda não acredito que ela morreu batendo a cabeça na privada quando tomava banho.

“Mas o que!?” Pensei. “Foi essa a desculpa para meu desaparecimento!? E eles ainda estão querendo arranjar um substituto!?”

–Como é que se troca para ver os meus pais?

–Deixa que faço isso.

Ela escorregou o dedo na tela e apareceu os meus pais juntos. Eles trabalhavam em empresas que ficavam uma do lado da outra, então no horário de almoço, os dois davam um jeito de se encontrar.

–Então, o que tem para a janta de hoje?

–Caldo de carne e legumes.

–Bom.

–Mas, então. Já decidiu se vamos transformar aquele quarto em um escritório, ou se vamos levar adiante a ideia de ter um filho? Se for o caso, já está todo mobiliado, só falta um berço.

“Espera aí. Eles estão falando do meu quarto? Nem sentem falta de mim e já querem um substituto também?”

–Eu acho que já vi demais… - Disse retirando os fones e entregando o negócio para ela. - Posso sair agora?

–Sim. Venha comigo. - Édson me leva até a saída e tenho que pôr minha mão por cima dos olhos por causa da luz.

–Obrigada por me mostrar meus colegas e família. Até mais, Senhor Murray.

–Helen, pode me chamar de Édson mesmo.

–Está bem, então tchau, Tio Édson. - Me virei e corri procurar meus amigos. Passou um tempo, até que encontrei a Angel, o Spartan e a Clare conversando no primeiro andar. - Gente! Oi!

–Helen! Vem cá! - Eles me chamaram.

–Ei, cadê o Michael e a Kelly?

–Estão mostrando a base para aquele novato, o Renny. Daqui a pouco eles voltam. - Explicou-me a Clare.

–Então, como foi o verdade ou desafio com o líder da base? - Angel me perguntou

–Verdade ou desafio?

–É, ou você responde a verdade ou tem que pagar fazendo alguma coisa! Háháhá. - Ela riu sozinha - Que foi? Vão me dizer que vocês nunca brincaram disso?

–Não. Você deve estar brincando, do jeito que é 171. Ou melhor, do jeito que é complicada, é CLXXI! - Spartan e Clare começaram a rir, e Angel deu um soco no braço dele.

–Não entendi nada. - Eu disse.

–É que a Angel é romana, e antigamente, eles tinham um sistema de numeração todo diferente, e CLXXI era 171, e…

–Clare, até você está assim? Vem cá que vou te mostrar um negócio. - E então as duas foram embora.

–Eu ainda não entendi. - Spartan deu uma risada. - Ei, pode me emprestar aquele seu lápis para eu escrever isso de 171 em algum lugar? Pode ser importante para alguma prova… - Eu pedi retirando um papel do bolso da calça.

–Você não tem mais nada para escrever?

–Não. Por que?

–É que esse lápis é muito importante para mim.

–Tem haver com aquele negócio que a Juanita te chamou de monstro.

–Sim.

–O que aconteceu? Ou é muito incômodo?

–Não, só não é muito legal falar disso. Aconteceu no dia em que cheguei aqui na base. Era meu primeiro dia de trabalho, eu havia optado por ser escritoriante, mas precisamente médico. Meu irmão mais velho e meu pai foram me buscar no dia, e eu tinha perdido meu lápis. Eles fizeram questão de parar em uma papelaria para comprar um novo para mim. Foi nesse momento que nosso vizinho invadiu a calçada e atropelou os dois. Eles morreram na hora, o cara havia deixado o óculos cair. Eu estava tão brabo, tão louco, agi sem pensar. Comecei uma briga e acabei o machucando demais. Depois, fiquei com medo e fugi, até que cheguei aqui. Esse lápis foi a última coisa que recebi deles.

–Caramba, Spartan! Desculpe,...

–Não, tudo bem. Todo mundo aqui já sabe, mesmo.

Angel e Clare sairam do refeitório e passaram correndo para o teatro.

–E a Angel? Por que você fica implicando tanto com ela?

–Não sei. Toda vez que olho pra ela só consigo pensar em piada. Sabe, todo mundo tem qualidades e defeitos. Eu, por exemplo, além de ser super engraçado, amigão, divertido,... - Ele disse se gabando e eu dei um risinho. - muitas vezes não penso na hora e lugar que estou e falo coisas que não devia. Acho que meu defeito é ser inconveniente, ou teimoso as vezes. A Angel é super inteligente, mas fica fazendo segredo quase o tempo todo. A Clare é bem educada e gentil, mas é muito tímida. Michael provavelmente diria que é bonitão, divo e incrível, por isso o defeito dele é ser muito orgulhoso, mas é um bom companheiro. Kelly é simpática, mas acaba sendo autoritária de vez em quando, mas todos nos simpatizamos rápido com as pessoas, como você. Até mesmo aqueles trouxas tem suas qualidades. Cruela é louca de pedra, mas é uma boa agente. Wave é esquisitão, mas dizem que ninguém ensina luta como ele. Jou é esquentadinho e briguento, mas apesar da idade é muito mais maduro que pessoas como eu, por exemplo.

–Nossa! Você conseguiu ficar esse tempo todo falando sério? Como você consegue!?

–Ah! E acho que já sei quais são seus defeitos. Você, apesar de ser bem legal, se intromete demais na vida dos outros! - Ele esfrega a mão na cabeça dela, e bagunça o cabelo todo. - Isso é muito chato, sabia?

–Pior que você, não pode ser!

–Gente! - Angel e Clare voltaram. - Kelly e Michael me ligaram. Eles já acabaram o tour e querem que nos encontremos com eles lá em cima para conhecer o Renny. Parece que ele também quer agradecer a tradutora particular dele!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, podem dar sugestões e dizer o que estão achando. Até a próxima!



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