Anti Sociedade - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 18
Juramento de Lealdade


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Pelo que estou vendo, a história está seguindo para os rumos finais. Mais alguns capítulos para acabar! Já tenho até planejado como será a divisão. Agora, é só decidir como mostrarei mortes, cenas de ação e essas coisas.
Boa leitura!



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–Eu ainda não acredito nisso! – Angel está andando em círculos de um lado para o outro. – É impossível!

Estamos no nosso quarto. Angel, Spartan, Clare e eu. Ren, Joseph, e os outros foram para os quartos deles. Todos nós não sabemos exatamente como reagir aquele vídeo. Imagino se eles ainda nos escondem mais alguma coisa. Provavelmente sim.

–Não é só você que se sente assim, Angel. – Clare assente a cabeça. – Minha mente está em conflito entre o que é verdade e o que é mentira. Não sei mais se posso confiar em qualquer um dos lados.

–Também não é assim, gente. Pensamento positivo! Pelo menos agora nós já temos uma consciência maior do que faremos. – Spartan tenta elevar o nosso alto-astral.

–O Spartan, pela primeira vez, está certo. – Tento recuperar o ânimo. – Não vai demorar muito para estarmos melhores de novo.

–Exatamente. Ei, como assim “certo pela primeira vez”?

–Isso mesmo o que quer dizer. Não me lembro de nenhuma situação em que você estivesse certo.

–Meninos, parem com isso. Não é hora para brincadeiras. Temos que nos concentrar em como poderemos fazer alguma coisa. – Angel nos censura, enquanto Clare esconde uma risadinha. Típico dessas duas.

–Foi mal. Força do hábito.

–Se pelo menos Ren, Joseph ou até mesmo a Raja estivesse aqui, tudo seria mais fácil.

–Serve eu?

Desvio o olhar da Angel, e vejo a Kelly com meio corpo dentro do quarto, provavelmente esperando um convite para entrar.

–Kelly! Entra aí! – Spartan sorri, chamando-a para dentro.

A menina aparece completamente dentro do cômodo e fecha a porta atrás de si.

–Nós do Anti Governantes estamos vendo como vocês estão depois de ver aquilo. Se esperavam mesmo a Raja, perdão, ela queria ver o Joseph, então deixei ela ir lá.

–Que isso, nem precisava se desculpar. – Clare dá o lugar dela para Kelly se sentar, mas a mesma rejeita.

–Não preciso disso, pode ficar. Queria saber as dúvidas de vocês. Devem ter alguma.

Nós quatro começamos a falar ao mesmo tempo. Kelly levantou uma das mãos, pedindo que calássemos.

–Por favor, um de cada vez. Vamos fazer o seguinte: a panela roda assim. – Ela passou a mão na direção de onde Clare está, seguindo por Spartan, eu, e por fim, a Angel. – Então, vamos nessa ordem. Clare, pode perguntar.

Ela pensa um pouco antes de soltar a pergunta. Mas, é tão pouco, tão pouco, que quase perco a paciência de esperar.

–Uma coisa que não entendi ainda é, que se a China e o Japão não existem mais, por que ficavam se referindo a eles como se ainda permanecessem lá?

–Para que não ficasse estranho. Não podiam apagar simplesmente os dois países do mapa. Eles ainda são importantes para a nossa compreensão. Spartan, sua vez.

–Aquele líder japonês, Takeshi Tanakara, ele não é japonês de verdade, não é?

–O nome dele é Takeshi Tanaka, e não, ele não é japonês. Na verdade, a família dele, de acordo com os registros, se mudou para a Coréia do Sul um pouco antes do lançamento das bombas. Mas, para que novamente, não fique estranho não termos ninguém da China e do Japão aqui, convencemos algumas pessoas que elas vieram de lá. Michael, agora você.

–Você e seu pai são realmente de Londres? E qual era daqueles dois berços no seu quarto?

Percebo que Kelly fica um pouco constrangida com a última pergunta.

–Vamos por partes: Não, nem meu pai, nem eu nascemos fora da base. Aliás, nenhum dos líderes veio de fora. Tanaka, Moore, Nerida Rush e Zaire Khumalo são todos daqui, mas usam o país de onde seus ancestrais vieram, porque parece que um pouco depois de eu nascer, teve algo parecido com o que está acontecendo agora, e quando tudo voltou ao normal, decidiram não falar que nasceram na base, para parecer mais com rebeldes de verdade. – Kelly dá uma pausa para respirar. – Aquele outro berço foi de meu irmãozinho, ou irmãzinha. Não lembro direito dele, ou dela, mas meu pai disse que a criança morreu junto com a minha mãe, por um cara contratado pelos Governantes. – Kelly dá um longo suspiro mais uma vez. Me arrependo de ter feito a última pergunta. A garota se recompõe e se vira para Angel. – E você, Angel? Qual é a sua dúvida?

Angel, Spartan e Clare também pareciam estar desconfortáveis agora. Sou realmente um estraga-prazeres.

–Eu queria saber qual é o plano exatamente.

–É muito simples: O apagador de memória precisa estar regulado para funcionar em tantas pessoas, afinal, terá que ser em uma de cada vez. Para que ele esteja em boa forma para a quantidade necessária, terá que passar pelo processo de estabilização por mais dois ou três dias. Até lá, iremos correr contra o relógio para treiná-los. Na hora, já que sou a única entre os Anti Governantes que tem acesso ao computador central, irei acionar o código para fechar a sala de interrogatório, que é onde o apagador estará na hora, e abrirei as celas. Depois disso, precisaremos de pessoas protegendo o computador central e a sala de interrogatório, enquanto os demais enfrentam os Governantes. Não se preocupem quanto ao número de pessoas, teremos ajuda de fora.

–E quem seria essa ajuda?

Kelly sorri um pouco.

–Surpresa. Enquanto estão todos lutando, a Raja estará preparando um vírus no computador central. E, depois de conquistarmos a base, e reunirmos ainda mais rebeldes, como fazíamos antigamente, os Governantes das cidades, terão que continuar achando que são eles quem comandam aqui. Iremos responder as mensagens deles como se fossemos os líderes de agora. Quando tivermos pessoas o suficiente, iremos lançar o vírus na rede de computadores ao redor do mundo. Como só os Governantes tem acesso a eles, todas as informações e formas deles se comunicarem estarão perdidas. Mandaremos nosso exército para as cidades mais importantes, e tentaremos uma conquista pacífica. Se não concordarem, infelizmente, o pior terá que ser feito. Com os integrantes mais importantes fora da jogada, os demais terão que aceitar, pois estarão muito fracos comparados a toda população que teremos depois de tomarmos as cidades. – Kelly parece se sentir orgulhosa de seu plano. - O que acham?

–Genial! Acho que ninguém teria pensado em algo melhor. – Spartan a elogia.

–Parece que a minhoquinha tem evoluído – Brinco com um antigo apelido que tinha dado a ela quando cheguei na base, e ganho um pequeno sorrisinho dela.

–Achei bem interessante. – Clare diz baixinho.

–Sim, parece bom. Mas, quantos são do lado deles? – Angel indaga.

–Todos aqueles que faziam parte da vigia das câmeras, e mais uma pessoa ou outra do exército e professores.

–E isso é muito ou é pouco?

–Bem, nós temos um pouco mais, juntando vocês, os nossos novos membros e os antigos. E os rebeldes que já sabem empunhar uma arma, mas que estão presos vão fazer parte da batalha. Os que não sabem vão ficar escondidos nos esconderijos de trás das paredes.

Nesse momento, um alarme soa bem alto e o ambiente fica vermelho escuro. Uma voz mecânica fala bem alto:

“Alerta! Rebeldes fugiram da cela! Alerta! Precisamos de todos os aliados no térreo! Alerta!”

–Acho melhor a gente ir. Caso contrário, vão pensar que não foram de propósito. – Kelly disse correndo para fora do quarto.

Assim que ela abriu a porta, corri atrás dela, sendo seguido pelos outros. Ao meu redor outras pessoas fazem isso também. Quando chegamos no térreo, a cor do ambiente volta ao normal e a voz cessa. Os cinco líderes estão novamente na nossa frente.

–Meus parabéns. Vocês passaram no teste. – Nerida Rush precisa de um microfone por causa de sua voz rouca e arrastada. – O último teste foi para ver quantos de vocês realmente iriam atender um chamado de ajuda, e pelo visto todos passaram.

–Agora, devem fazer o voto de confiança para entrarem realmente nos Anti Rebeldes. – Zaire anuncia, sem precisar do microfone. – O Édson Murray é quem irá ditar o que terão que falar, para cumprir uma penalidade que cometeu. Peço a todos que ao prestarem os votos, estejam com uma mão no coração.

Mais essa agora. Sério que vou ter que fazer isso? Tomara que os rebeldes saibam disso e não fiquem contra nós por fazer isso.

Édson Murray fica à frente dos outros líderes e se pronuncia bem alto, com a mão no coração:

–Eu juro lealdade...

–“Eu juro lealdade...”

–À minha causa...

–“À minha causa.”

–Que é capturar todos os rebeldes...

–“Que é capturar todos os rebeldes”

–E trancafiá-los em um lugar adequado a eles.

–“E trancafiá-los em um lugar adequado a eles.” – Digo ainda mais a contra gosto.

–Para assim manter a Terra em paz...

–“Para assim manter a Terra em paz.”

–E um lugar melhor para aqueles que vierem depois de mim.

–“E um lugar melhor para aqueles que vierem depois de mim.”

–Não desistirei em campo...

–“Não desistirei em campo.”

–E lutarei até o final de minha vida - e a darei - se for preciso.

–“E lutarei até o final de minha vida – e a darei - se for preciso.”

–E que assim seja.

–“E que assim seja.”

E assim o senhor Murray retira a mão do coração, avisa que nosso treinamento começará amanhã de manhã, e nos libera. A maioria das pessoas se dispersa, mas eu fico parado por alguns instantes, pensando no que havia acabado de fazer. Por alguma razão, me sinto tocado. Dá para ver que eles realmente acreditam no que fazem e devotam suas vidas nisso. Agora entendo melhor porque a Kelly falou naquela hora que o pior mentiroso é aquele que acredita na própria mentira e todo aquele papo de continuar seguindo nossa causa mesmo aliando-se a eles. Eles fazem a oferta parecer tentadora. Tenho que me manter firme para não cair na lábia deles.

Antes de ir embora, percebo que a Geovanna Moore ficou, e está conversando com a Nádia e o Parker. Os três estão sorrindo e ela chega a fazer carinho na cabeça deles. Estou realmente curioso para saber o que esses dois foram falar com ela. Tecnicamente, deveríamos evitá-los. Depois, posso até tentar me desculpar com eles, apesar de não achar que tenha culpa. Não quero mais problemas com eles. Quando a líder sai de cena, eu me aproximo deles:

–Oi, gente. O que vocês estão fazendo? – Pergunto como quem não quer nada.

Os dois viram os rostos para mim. Não sei bem ao certo o que eles pensaram ao me ver, mas pelas suas expressões, coisa boa é que não foi.

–Até mais tarde, Michael. – Nádia abaixa a cabeça e passa esbarrando em meu braço de leve. A menina ainda parece aborrecida comigo.

Parker está com uma cara meio estranha, mas antes que eu possa perguntar, ele põe a mão no meu ombro e diz rapidamente:

–Olha, Michael, depois disso, acho melhor a gente se afastar. O problema não é você, sou eu. Pelo seu bem, é melhor nós deixarmos essa história toda no passado e não nos vermos de novo, a menos que seja para uma boa amizade. Passar bem.

Ao terminar a frase, ele segue na mesma direção da Nádia, sem nenhuma cerimônia. Fico um tempo parado, sem entender o que acabou de acontecer. Ele terminou comigo, é isso mesmo? Isso não está certo. Sou eu quem dou os foras.

Ao sair do devaneio que levei o primeiro fora de minha vida, dou meia volta, esperando encontrá-lo para pedir satisfação. Mas, o que vejo na realidade é um grande vazio. Quer dizer, vazio não, tem pessoas andando de um lado para o outro, mais já poderia ser considerada uma cena daqueles filmes de velho oeste, em que tem uma bola de feno passando.

Penso comigo mesmo que o lugar mais provável que eles iriam seria para os seus dormitórios, então caminho em direção ao subterrâneo. Todas as portas são iguais, tirando pelo número de identificação, o qual eu não me lembro qual é o deles. A cada porta por qual eu passo, tento ouvir as vozes lá dentro. Por diversas vezes ouço choro, briga, risada, mas quando estive na frente de meu quarto, uma conversa com vozes familiares me chama a atenção:

–O que você quer dizer com isso? Ainda não entendi o problema, “Garota da Itália”

–O problema é que você não percebeu ainda que eu te aguento porque gosto de você!

Ao ouvir isso, paro repentinamente de andar e encosto meu ouvido na porta. Pelas vozes, a primeira é do Spartan e a segunda da Angel.

–E o que tem isso? Eu também gosto de você, mas não fico estressado quando você faz piadas desse tipo comigo. – A voz de Spartan denuncia desentendimento.

–Você não entendeu, cabeça de ovo! Eu gosto mesmo de você! – A Angel parece bastante zangada com algo que o Spartan disse antes e acaba revelando a verdade. Que fofos.

–Peraí. Você quer dizer... – Ele deixa a frase no ar, como se estivesse esperando uma confirmação, que a Angel provavelmente deu silenciosamente. – Tem certeza?

–Claro que tenho, tonto! Caso contrário, não falaria para você!

–Mas, isso não faz o menor sentido! Eu só te zoo!

–O que isso tem com o que estou te falando?

–Ora, qual é? Você é quem é a inteligência encarnada aqui. Deveria ter previsto que nós dois nunca daríamos certo.

–Não é tão simples assim. Já disse uma vez o sábio Voltaire: “O amor é a mais forte das emoções, porque ataca ao mesmo tempo a cabeça, o coração e o corpo.”

–Viu só? Você sabe até citar esses caras que nem me lembro quem são. – Spartan dá uma pausa nesse meio tempo. – Desculpa, mas acho que isso não vai acontecer. Ainda somos amigos do mesmo jeito, não é?

–Sim. Somos amigos. – O tom da Angel é claramente triste e decepcionado. – Acabei de lembrar que a Clare queria me ver. Até mais, Spartan.

–Até.

Ele nem terminou de falar, e a Angel passa correndo para a direção contrária da qual eu vim. Por sorte, ela vai tão rápido que não me vê. Parece que não sou só eu que estou com problemas desse tipo. Sei que a nossa situação atual é muito precária e perigosa, mas é quase impossível deixar todos os problemas normais de lado, por mais que pareça fútil. Tento olhar um pouco pela fresta da porta, e vejo o Spartan mexendo no celular, que o devolveram depois da inspeção. Acho melhor não incomodar, até porque ele iria saber que espiei os dois por trás da porta. Mais tarde, se um deles resolver contar, entro no assunto.

Ando um pouco mais, até ouvir a voz de Parker e Nádia saindo por trás de uma porta. Como já estou ficando muito bom nesse negócio de espiar, não vejo problema em tentar ouvir se cheguei em uma boa hora antes de entrar.

–Estranho a Senhora Moore nos chamar assim. – Nádia comenta.

–Pois é. Senti como se ela estivesse querendo alguma coisa da gente. Até nos perguntou sobre a nossa vida antes de vir para cá. Tenho algumas dúvidas sobre ela.

–Tenho certeza que não é necessário ficar preocupado. Não deve ser nada demais.

Teve um momento de silêncio, do qual achei que fosse uma boa hora para entrar, mas antes que pudesse fazer isso, a Nádia fala novamente:

–Não precisava ter terminado com o Michael. Quero dizer, o bem estar tem que ser seu, não meu.

–Que isso. Pensando melhor, acho que foi a coisa certa a se fazer. Ele é muito solto, sabe? Meio desligado, folgado, imprevisível...

–Entendo. Se acha que assim é melhor, então não posso contestar.

Tirou as palavras de meu pensamento, Nádia. Saio de fininho do quarto deles, em direção do meu. Tento não pensar neles, mas é difícil. Minha cabeça ainda está a mil com todas essas coisas acontecendo ao mesmo tempo.

Ah, quer saber? Vou dormir. Preciso me preparar para o treinamento de amanhã. Como Lola disse, sou um fracote, e se pretendo ajudar, isso tem que melhorar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Podem fazer crítica/elogio, para poder melhorar minha escrita e maneira de contar a história.
Até a próxima, :)!



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