Anti Sociedade - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 10
Verdade, desafio ou consequência


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiramente gostaria de agradecer ao Nexx e a Anahi por favoritarem a história. Sério, vocês são demais!
Em segundo, também quero agradecer a todos que mandaram perguntas e desafios. Não deu para usar todos, e eu inventei um ou outro para ficar legal, mas ainda assim, os que vocês enviaram são muito mais legais do que qualquer um que eu poderia escrever!
E, por último, queria saber o que vocês pensam quanto adiantar a história. Tipo, colocar partes que acontecerão semanas, meses ou até mesmo 1 ano depois da chegada da Helen, porque eu acho que a fic vai demorar bastante até acabar se nào for assim. Mas, vou deixar isso nas mãos de vocês.
Boa leitura!



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–E então, o que achou do filme? - Clare pergunta quando os créditos sobem na tela.

–Eu amei! É tão… mágico! - Respondo, enquanto como outro daqueles... qual é mesmo o nome? Ah, é, rissole.

–O que podemos fazer agora? - Ren indaga, do outro lado das almofadas. Assim que o Senhor Murray terminou de falar com ele, o Ren se sentou distante de mim e o Édson foi embora, nos deixando por conta própria.

–Podíamos brincar de alguma coisa. - Kelly sugere enquanto tira o disco do negócio que eles chamaram de projetor, e vira o rosto para nós. - O que sugerem?

Fico em silêncio, já que não conheço nada sobre essas coisas. Queria muito não ser tão ignorante assim, preciso estudar mais!

–Não é óbvio? Vamos fazer o Jogo do Copo! - Michael diz, sorrindo maquiavelicamente.

–Jogo do Copo é pros fracos! Aqui é Charlie, Charlie! - Spartan fala sorrindo, e os dois batem as mãos.

–Boa!

–Como se brinca disso? - Pergunto.

–Gente, não é por nada não, mas não acho que é uma boa ideia. - Clare fala, olhando pra mim.

–É verdade. Se meu pai vir pra cá e ver que a gente está brincando disso, nós vamos ficar penalizados por muito tempo! - Kelly concorda, esfregando a mão no braço. É incrível como ela e o pai se parecem, apesar de ela demonstrar ter um pouco de medo dele, como no refeitório hoje de manhã, quando ela se endireitou quando ele foi me dar parabéns.

–E se fosse Verdade ou Consequência? - Angel finalmente se pronuncia e olha pra gente, esperando uma resposta. Dá para ver em seus olhos a ansiedade em que está para jogar. Michael e Spartan reviram os olhos.

–Não é Verdade ou Desafio? - Kelly pergunta confusa, mas rapidamente volta ao normal. - Ah, tanto faz. Esse é melhor de qualquer forma. Quem quer brincar disso?

Angel e Kelly levantam a mão, enquanto o resto continua com ela abaixada. Me lembro da Angel comentando alguma coisa assim ontem, mas não sei como se joga. Nunca havia ouvido falar antes desse jogo.

–Nem meu pai, nem minha irmã falaram dessa brincadeira. - Ren comenta enquanto coça a cabeça, como se estivesse tentando lembrar de alguma vez em que eles tenham feito algo relacionado a essa coisa.

–Também nunca ouvi falar dela antes. - Clare confirma que ninguém lá conhece isso. - Mas, tenho certeza que podemos aprender. - Completa, com um sorriso animador.

–Fala sério, gente! Vão me dizer que ninguém aqui além da Angel e de mim conhece esse jogo?

–Te falei que esse povo não sabe de nada. - Angel disse se levantando do meio das almofadas. - Tudo bem, primeiro, nós nos sentamos em círculo.

Dito isso todos nós fomos para o meio da sala e nos sentamos como ela disse, de modo que ficou assim:

Michael

Helen (Eu) Kelly

Spartan Ren

Angel Clare

–Agora nós precisamos de lápis ou caneta. Spartan, por favor? - Kelly estende a mão na direção do Spartan, esperando que ele desse aquele lápis.

Spartan olha descontente para o lápis dentro do bolso da calça, e fala com firmeza:

–Não vou. Procure outra coisa, que esse é especial demais para fazer parte disso.

–Ah, qual é, cara? Apesar de tudo, é só um lápis. Não vai acontecer nada com ele. - Michael tenta convencê-lo calmamente.

–Não é não! Vou ficar com ele! - Spartan se mantem teimoso.

–Deixa eu ver se entendi, você queria brincar de Charlie, Charlie, mas não quer dar o lápis? - Angel pergunta, com uma sobrancelha para cima e outra para baixo.

–Isso. - Ele confirma sorrindo.

–Mereço! - Angel põe a mão no rosto. Nós rimos da reação dela. - Muito bem, já chega. Eu vou usar o celular. - Ela pega aquele aparelho do bolso da calça e mexe um pouco nele até achar o que procura e coloca no meio da roda. - Esse aplicativo vai sortear dois de nossos nomes aleatoriamente.

–Sim, a brincadeira funciona da seguinte forma: Esse aplicativo vai sortear dois de nossos nomes. O primeiro que aparecer vai perguntar se o dono do segundo nome quer verdade ou desafio. Esse segundo escolhe. Se for verdade, o primeiro faz uma pergunta para o outro responder. Se for desafio, ou consequência, tanto faz, tem que bolar alguma coisa para o outra fazer. Entenderam?

Todos confirmam com a cabeça, esperando que a brincadeira comece. Acho que só eu não entendi, é muito duro ser lerda desse jeito. Ou então, como o Ren disse? Ser prego. Tenho vergonha de perguntar, já que parece tão simples.

–Ah, onde eu morava tinha um negócio parecido com esse. Só que se era sorteado vários papeizinhos com números. Quem tirava o 1 era o líder e tinha que desafiar algum número a responder algo e fazer um desafio, sem saber quem é esse número. Mas, vamos com essa. - Clare conta.

–Ótimo. Então vou ativar o aplicativo. - Angel aperta o botão e aparece o meu nome primeiro, e depois o do Spartan

–Quero verdade, Helen. Pode mandar! - Spartan diz com um tom de desafio.

Eu realmente não sei que tipo de pergunta se faz aqui, então foi a primeira que veio na minha cabeça:

–Por que vocês ficam rindo o tempo todo e tratando as pessoas que acabam de conhecer como melhores amigos?

–Porque nós somos retardados e ingênuos. - Ele responde, parecendo um pouco decepcionado com a pergunta simples, apoiando a cabeça na mão. Os outros dão uma risadinha só para contrariar.

–Bem, vamos de novo.

Dessa vez apareceu: Michael e Helen.

–Verdade ou desafio?

–Verdade. - Respondo, um pouco nervosa com o que realmente deve ser feito aqui.

–Ren ou Wave? - O Michael pergunta com um sorriso travesso no rosto.

–Ah, é só isso? Ren. - Respondo, como se fosse óbvia a minha resposta, e os outros riem. - Que foi, gente?

–Helen, não é pra amigo ou qualquer coisa assim. É pra outra coisa. - Clare fala quase sussurrando, tentando não rir.

Levo ainda um tempinho até entender o que isso queria dizer.

–Ah, então não gente! Não! O Ren com certeza NÃO! - Tento consertar rapidamente meu erro.

–Então é o Wave? - Michael pergunta entre risadas.

–NÃO! Ele também não! - Sinto meu rosto corar. Se o jogo inteiro seguisse assim, nunca mais teria paz na minha vida. Olho de relance para o Ren, e o vejo quase tão vermelho como eu devo estar. Na verdade, ele é quem deve estar mais, já que minha pele é bem escura, e a dele caucasiana.

–Decida-se, mulher. - Michael diz com um sorriso pensativo.

–Para que essa pergunta? - Realmente quero saber o que deu nele.

–No com quem será, a gente fez com o Ren, e ele disse que iria fazer com o Wave, então fiquei curioso sobre o que se passa nessa sua cabecinha. - Antes que pudesse responder, ele diz: - Próxima rodada!

Angel aperta novamente o botão e aparece os seguintes nomes: Spartan e Ren

–Verdade ou consequência?

–Verdade. - Ren está voltando a cor normal.

–Gosta de alguém daqui? - Spartan ainda dá uma mexidinha com a cabeça, como se estivesse falando: “Pode falar que ninguém vai te zoar”. O rosto do Ren volta a ficar vermelho.

–Eu cheguei aqui ontem. Como que já iria gostar de alguém?

–Ih, ficou vermelho é porque gosta! - Michael bota lenha na fogueira. Kelly tentou fazê-lo parar o beliscando, mas não deu certo.

–Estou falando sério, não gosto de ninguém dessa forma. - As pupilas dele se deslatam e voltam ao normal rapidamente, enquanto passa os olhos por nós.

–Tá bom, então. Vou fingir que acredito em você. Angel, manda os próximos. - Spartan fala com um meio sorriso.

Os próximos nomes são: Angel e Michael

–Verdade ou consequência?

–Verdade.

–Mas, só vai ter verdade nesse jogo? - Questiono, já que o nome é verdade ou desafio.

–É mais fácil criar pergunta do que desafio. Bem, mas vamos lá. Michael, como, quando e com quem foi seu primeiro beijo?

O sorriso que Michael sempre carrega desaparece com a pergunta. Deve ter sido algo bem vergonhoso, para ele não querer falar.

–Mudei de ideia! Desafio!

Angel parece ter percebido que ele se sentiu desconfortável e disse:

–Tudo bem. Te desafio a responder minha pergunta.

Soltamos um corinho de “oooh”, antes que ele respondesse.

–Foi em Vancouver, onde eu morava antes de vir pra base, eu tinha 15 anos, então foi ano retrasado, já que nesse vou fazer 17. Foi o pior beijo que já dei em toda a minha vida. E foi com uma colega da minha turma que gostava de mim, a Nádia.

Kelly pareceu se engasgar com a própria saliva, já que se jogou um pouco pra frente e perguntou, muito surpresa mesmo:

–Foi com uma mulher, não com um homem?

–Sim, por isso mesmo foi horrível. Depois disso, comecei a gostar do irmão dela, o Parker, e meus pais me botaram de castigo por causa disso. Por isso fugi pra cá, um lugar onde não se pode viver com o amor verdadeiro não é um lugar feliz.

–Nossa, que poético. - Spartan comenta, revirando os olhos. Pelo que vi dele até agora, não parece curtir tanto esses papos românticos e melosos.

–Puxa, me bateu uma saudade do Parker agora. Nunca mais o vi depois que nossos pais descobriram sobre a gente. Vamos pra próxima logo. - Ele parece estar bem distante nos próprios pensamentos.

Os nomes são: Ren e Angel.

–Verdade ou desafio?

–Verdade. - Angel pede olhando na direção do Michael, como se estivesse arrependida de ter feito aquilo.

–Quem aqui você mandaria para uma ilha deserta?

Angel retira o olhar do Michael e o Passa para o Spartan.

–Quem você acha? - Os dois riram. - Mandaria agora se pudesse.

–Pra que agredir? Nem falei nada pra te avacalhar até agora.

–Mas aposto que está pensando.

–Bem, aí é outra história. - Ele levanta as duas mãos, mostrando que não tem culpa, e o resto ri junto com os dois dessa vez.

–Bem, vamos para a próxima.

Ela aperta o botão e aparece: Spartan e Kelly.

–Verdade ou consequência?

–Desafio. - Ela contradiz, com um olhar desafiador.

–Roube a bebida da sala de alguém importante, sem que ele suspeite.

Kelly arregala os olhos, como se estivesse pensando em voltar atrás e pedir verdade. Provavelmente, se seu pai descobrir o que fará, ela estará frita. Ela meio que abaixa a cabeça, rendida.

–Acho que não tenho escolha. Vou fazer isso. - Ela se levanta, e nós vamos atrás dela.

Depois de descer a escada, ela vai para a esquerda, uma parte onde não havia ido ou visto antes. Há cinco salas, com um nome na porta. “Nerida Rush”, “Zaire Khumalo”, “Geovanna Moore”, “Takeshi Tanaka”, e por último, “Édson Murray” Essas devem ser as salas dos líderes, então.

–Vou precisar da ajuda de vocês. Eu o distraio, e quando ele for pegar o que eu pedir, eu dou a garrafa pra vocês. - Nós confirmamos com a cabeça e ela entra. Dá pra ouvir o que estão falando lá dentro.

–Oi, papai.

–Oi, filha. Estou vendo aqui pelas câmeras que estão brincando de verdade ou desafio. - Lá tinha câmeras? Nem reparei.

–Sim, e um dos desafios é de pegar uma foto antiga rápido. Você não tem aquela foto com a mamãe aqui?

Faz-se um silêncio por um tempo, como se ele estivesse relembrando da antiga esposa. Ainda não sei o que aconteceu com ela, e apesar de estar muito curiosa sobre esse mistério, acho que é melhor não perguntar.

–Vou pegar para você. - O senhor Murray finalmente diz e ouve-se o barulho de uma porta lá dentro se abrindo. Kelly aparece e joga a garrafa pra gente. Clare a pega rapidamente, e a Kelly volta pra dentro.

–Aqui está, Kelly. Por favor, não preciso nem pedir para tomar muito cuidado com ela.

–Eu vou tomar cuidado sim.

–Estou confiando em você.

Kelly sai da sala com a foto na mão.

–Consegui! - Ela estende as mãos como se falasse “tcharã”. Assim, dá pra ver na foto o Senhor Murray, só que mais novo, com um bebê no colo, provavelmente a Kelly, e uma mulher ao lado deles. Muito parecida com ela, e comigo também aliás. A mulher tem a pele muito escura, cabelos negros, olhos castanho claro e seus lábios carnudos estavam sorrindo. Estava escrito de caneta na ponta da foto: “Em homenagem à Celina”. Essa deve ser a mãe e o nome dela. Kelly guarda a foto no bolso da calça.

–Parabéns. Vamos para o próximo.

Os nomes que aparecem dessa vez são: Helen e Clare.

–Verdade ou desafio? - Pergunto pra ela, ambas não parecemos ter tanta certeza quanto à isso.

–Consequência. - Ela pede. Esperava que escolhesse verdade, mas não parece ser o caso, demoro um pouquinho pra responder, até que olho diretamente para a garrafa na mão dela.

–Duvido beber o que estiver aí na garrafa do Tio Édson.

–O quê? Por favor, faz outro. Tenho medo do que deve ter aqui.

–Puxa, Clare, a Kelly fez o maior esforço pra pegar essa garrafa, e agora vai simplesmente desistir? - Spartan dá força.

–Bebe! Bebe! Bebe! - Surge um corinho. Clare parece não gostar de ser desafiada dessa forma, e vira o líquido todo da garrafa goela a baixo. Quando retira a garrafa da boca, a cara que faz indica que gostou.

–É chá de camomila. Eu tomava isso lá em Doncaster quase todo dia. Pensei que fosse algo estranho, tipo suco de kiwi com chantily e aveia.

–Por que alguém beberia algo assim? Além disso, meu pai e eu éramos da antiga Inglaterra também, lembra? - Kelly questionou.

–Não sei, esses líderes são meio excêntricos. Vamos para a próxima rodada.

Angel aperta o botão no celular e os próximos nomes aparecem: Clare e Helen.

–Mas de novo nossos nomes!? - Questiono.

–Ás vezes acontece, mas agora a Clare que pergunta. - Angel me responde.

–Verdade ou consequência?

–Desafio. -Peço, indo na do pessoal

–Duvido que entre em um local proibido.

–A gente já está em um local proibido, Clare.

–Não, aqui a gente tem permissão pra ficar. Em uma das salas que não nos deixaram entrar. E tem que permanecer por uns 7 minutos, sem ser descoberta.

–Mas não tem câmeras de segurança aqui?

–Você não será detectada se ficar no escuro.

–Tudo bem então. - Concordo, antes que digam que estou com medo. - Vou entrar no… laboratório. - Digo o nome da primeira sala proibida que vejo.

Vamos até lá, Angel coloca um cronômetro de 7 minutos no celular dela e me dá para que saiba quando sair e entro. Não dá pra ver direito o que tem dentro, já que está tudo escuro, mas por uns 2 minutos fica tudo bem, até que sem querer esbarro no canto de uma mesa, e aparece alguém com uma lanterna.

–Eu sei que você está aí, pirralho. Desiste que dessa vez eu te pego. Você nunca mais vai roubar os remédios. - Uma voz aparentemente masculina soa e depois que ele ameaça, começa a andar pela sala.

Começo a suar de nervosismo. Eu não sou esse cara que rouba remédios, mas se me integrar, de qualquer forma estarei na pior. o Jeito é me esconder por mais 5 minutos. Aliás, agora 4. Mas, eles passam como se fossem horas. Tento me esquivar da luz sem fazer barulho ou esbarrar em nada, enquanto o homem me procura pelo recinto. O celular começa a vibrar no meu bolso. Se passaram 7 minutos! O problema, é que mesmo colocado só pra vibrar, esse treco faz mais barulho que uma máquina de demolição. Ele se vira para onde seria minha direção, mas eu rapidamente começo a andar pros lados, tentando desesperadamente parar com o som daquela coisa. Até que por alguma mágica do destino, consigo achar o botão que para o cronômetro.

–Está tentando me distrair, não é moleque? Pois não vai conseguir! estou muito atento hoje. - Se ele está muito atento agora, só imagino como ele é das outras vezes.

Enquanto ele procura no outro lado, me esgueiro até a porta e saio sem que ele perceba.

–Consegui! - Comemoro do lado de fora.

–Muito bem! Então dá o meu celular para irmos para o próximo.

Retiro o celular do meu bolso e devolvo para ela, que volta naquele aplicativo e sorteia os nomes do Spartan e do Ren.

–Verdade ou consequência? - Spartan pergunta com o dedo no queixo, como se estivesse bolando o negócio.

–Desafio. - Ren responde, também na onda do pessoal.

–Duvido que consiga roubar algo da Lola.

–Quem é Lola? - Ren não sabe quem é ela, só quem é Wave e Jou.

–Ela é a minha colega de quarto. Tem sérios problemas mentais. - Giro meu dedo ao lado do ouvido, sinalizando que ela é louca.

Ren olha com descrença.

–Não deve ser tanto assim. Vou lá fazer isso.

Nós descemos do local proibido até os quartos no subterrâneo. Durante o caminho, passamos na frente da loja em que comprei meus óculos de leitura, tinha uma placa escrito em várias línguas, inclusive em português: “Contrata-se vendedor”. Parece que aquela vendedora que me atendeu não trabalha mais aqui. O que será que aconteceu com ela?

Quando chegamos lá embaixo, ouvimos por trás da porta que ela está no quarto.

–Eu posso a distrair enquanto você entra. - Sugiro ao Ren.

–Seria de grande ajuda. - Ele aceita com um sorriso.

Empurro a porta do quarto e vejo a Lola cantando bem alto e desafinado com fones de ouvido, pulando em cima da cama dela (ainda bem que não é na minha!), e de olhos fechados.

O Ren entra depois de mim e mexe na gaveta dela. Nem precisa de mim para ajudá-lo, já que ela se destrai sozinha. Ele sai com um envelope na mão, e fecho a porta atrás de mim.

–Peguei a primeira coisa que vi na gaveta dela.

–Vê aí o que é. Só por curiosidade. - Spartan sugere.

Ren abre o pacote, e lá tem diversas notas de papel.

–Olha isso! Quanto dinheiro do lado de fora! - Michael se impressiona com aquelas coisas. Angel pega o envelope:

–Tem de tudo quanto é lugar do mundo! Dólar, real, euro, libra, yen… Como será que ela conseguiu tudo isso?

–Depois vejo isso com meu pai. - Kelly sugere.

–Melhor pôr de volta lá antes que ela sinta falta. - Clare fala, aparentemente preocupada com o que ela pode fazer.

–Deixa que eu ponho lá. - Falo, esticando a mão para pegar, mas o Ren faz isso antes de mim.

–Não, eu tirei, eu coloco. - Ele novamente se aproxima da cômoda da Lola e põe dentro da gaveta. Feito isso, volta para nosso lado.

–Vamos para os próximos agora. - Após apertar o botão, aparece os nomes: Angel e Spartan.

–Caramba, estou ferrado! - Spartan bate a mão na testa, demonstrando desespero.

–Verdade ou consequência? - Angel pergunta com um sorriso maldoso no rosto.

–Consequência. - Esses dois parecem ter essa implicância em suas vidas como se fosse algo natural, desde o dia em que se conheceram.

–Você vai ter que pedir ao Jou uma revanche daquela luta que você perdeu na aula de artes dele, e não pode sair da briga até ela acabar.

–Não, cara! Você é maligna demais! - Ele fingiu um drama. - Vamos logo procurar esse garoto antes que eu mude de ideia!

Nós subimos até o térreo e o encontramos na porta do teatro. Apenas o Spartan chegou perto, enquanto o resto de nós ficou observando a cena de longe.

–E aí, menininho? Sabia que não estou contente de ter perdido aquela luta pra você?

Não se pode dar nem um pouco de corda, que o Jou já puxa com toda a força do mundo.

–Então vem cá perder de novo. - Ele prontamente fica em posição de ataque e os dois começam a brigar. Pessoas se reunem a nossa volta para assistir a luta, aparentemente o Jou estava ganhando, mas dois guardas chegaram e afastaram os dois, e lhes deram uma advertência.

Spartan voltou para perto de nós embolando o papel na mão até colocar no bolso. Ele ficou com um olho meio roxo.

–Pronto! Tá feliz agora, Angel?

–Sim, estou. Agora, vamos para o próximo. - Ela aperta o botão e aparece: Kelly e Michael.

–Verdade ou desafio? - Kelly pergunta.

–Desafio. - Michael cruza os braços.

–Te desafio fazer uma declaração falsa a alguém.

Michael abre um sorriso.

–Já até sei para quem vai ser. Vamos lá. - Ele começa a andar mais para frente, e nós o seguimos.

–Gente, quando é o aniversário de vocês? - Pergunto com curiosidade.

–Faço 16 anos em Junho. - Kelly responde.

–17 Em Setembro. - Michael falou.

–15 Em Agosto. - Ren diz.

–Faço 16 em Novembro. - Conta Angel.

–Fiz 19 em Fevereiro. - Spartan revela.

–Faço 17 em Outubro. - Clare finaliza.

–Legal. Aí nós podemos comemorar o aniversário de todo mundo assim.

–Chegamos. - Michael avisa. - Me desejem boa sorte na declaração falsa.

Ele anda até chegar na pessoa, que percebo agora ser o Wave. Ele estava tomando uma pílula, quando o Michael se aproxima.

–Oooi! Como é que está meu colega de base favorito? - Ele diz com um sorriso dissimulado.

–Nós nos odiamos desde o dia em que você chegou aqui, Michael. Fala o que quer logo e me deixa em paz.

Michael se ajoelha e olha expressivamente nos olhos dele.

–Isso é mentira! Meu coração bateu mais rápido desde o primeiro segundo em que te vi. Esse sentimento oculto cresce a cada dia em que você passa do meu lado com esse corpo de Deus Grego, o sonho mais feliz que já tive em toda minha vida foi um em que você me beijava ferozmente enquanto pedia minha mão em casamento. Por favor, gostaria muito que tornasse isso realidade!

Wave olhava ainda neutro para ele.

–Ficou louco de vez? Não é melhor ir para a enfermaria?

Michael se levanta e volta a ficar normal.

–Não enlouqueci não. A minha amiga, Helen, quem pediu para falar essas coisas para você.

Eu, com toda a certeza, vou dar o gancho versão pernas no Michael assim que ele voltar para cá.

–Helen!? Aquela baixinha, morena, que entrou em minha aula a pouco tempo? - Wave levantou uma sobrancelha e abaixou a outro, demonstrando incredulidade.

–Essa mesma. Ela está super afim de você, cara. Sério! Bem, agora tenho que ir, até mais! - Ele se vira e volta na nossa direção.

–O que você fez, seu louco!? - Pergunto com os olhos esbugalhados de raiva.

–Um imenso favor para você. Se dependesse de ti, nada iria acontecer. Agora, com licença que preciso ir antes que resolva me bater! - Michael corre na direção dos dormitórios, e o resto vai atrás.

–Volta aqui que eu vou te pegar! - Começo a correr atrás deles, mas tropeço no meu cadarço e caio de cara no chão.

–Você está bem? - Uma voz pergunta e pela sombra no chão, vejo que estende a mão para mim.

–Sim, estou sim. - Aceito a mão, e quando olho pra cima, vejo que é o Wave. Tiro rapidamente a minha mão da dele, talvez rápido até demais.

–Bem, se depois encontrar algum machucado, vai correndo pra enfermaria. Correndo não, que pode cair de novo, mas rápido. - Ele parece meio desconfortável com aquela situação, e suas bochechas estão um pouco coradas. Ele saiu de perto rápido.

Ótimo! Agora ele acha que eu gosto dele. Tento procurar mais um pouco pelo Michael, mas chego a conclusão que ele está no quarto, já que a porta está trancada. Sem mais nada para fazer, vou para meu dormitório, tomo um banho e vou dormir.


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Notas finais do capítulo

Oi! Espero que tenham gostado, esse foi mais para descontrair, apesar de ter algumas partes da história de alguns dos personagens. Comentem aí o que acharam e respondam a minha pergunta para poder continuar escrevendo capítulos de qualidade para vocês!
Até a próxima! :)



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