A Peregrina escrita por Bleumer


Capítulo 8
Um Lago no Fim do Caminho


Notas iniciais do capítulo

Olá, amigo leitor...

(Um gigantesco obrigada a LevelHard por escrever uma recomendação para A Peregrina! Suas palavras tocaram meu coração! Capítulo dedicado a você.)



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*Narrativa em Terceira Pessoa*

Na clareia, Aragorn e Gimli conversavam calmamente.

_Hoje é uma linda noite, não acha, Aragorn?

_De fato, meu amigo. Hoje o céu está muito estrelado.

Gimli tentava encontrar uma forma sutil de começar o assunto que tanto pensava.

_O que acha daquela garota? -Obviamente sutileza não combinava com o mestre anão.

_Garota?

_Você sabe! A Peregrina! O que acha dela?

_Bom, não posso negar que fiquei surpreso quando ela surgiu no meio do Conselho... Mas não vejo maldade em seus olhos. Ela parece ter sido sincera em tudo o que disse até aqui.

Gimli resmungou algo inaudível e depois ficou tanto tempo quieto que Aragorn achou que a conversa tinha morrido.

_Não sei o que pensar sobre ela... Mas esse anão aqui não vai ser enganado por uma mulher! -Brandiu Gimli enquanto sacudia o punho no ar. _Mas no meu coração sinto que ela não é uma inimiga... Além de ela ter tido bastante coragem para se colocar na frente da espada de Boromir.

_Foi mais do que isso, Gimli. Aquela garota demonstrou uma lealdade e senso de justiça enorme para com a sociedade. Ela não estava preocupada em apenas se defender das acusações que Boromir lançava... Ela queria nos defender. Foi isso o tempo todo. Ela estava indignada com a forma que ele nos tratou e não como foi tratada.

Gimli pode ver a lógica por trás da fala do companheiro. De fato Peregrina não estava tentando apenas se defender. Ela fez tudo aquilo para que Boromir não dissesse mais nada de ruim contra a sociedade. Quase que automaticamente o anão se sentiu arrependido e envergonhado por tê-la tratado tão mal no início.

_Ela fez tudo isso por nós... Enquanto éramos rudes e nos afastávamos dela. Que tipo de sociedade é essa?! Onde eu estava com a cabeça para tratar uma dama desse jeito?! Oh, agora me sinto péssimo... -Murmurou Gimli.

_Não adianta ficar preso no passado, mestre anão. Se esta arrependido, faça algo para mudar a partir de agora. -Aragorn tentava dizer palavras de encorajamento, não lhe alegrava ver Gimli deprimido.

_Tem razão! Vou fazer algo agora mesmo! –Rapidamente ele se levantou e foi andando para dentro da floresta.

_O que vai fazer? -Aragorn tentava segurar o sorriso ao ver a nova determinação do anão.

_Procurar amoras na floresta e dar para Peregrina! Talvez ela goste e fique... Hã... Feliz com isso... -Mas como se lembrasse de algo, o anão virou e encarou Aragorn, subitamente sério. - E nem uma palavra disso para o elfo! Não conte pra ele que eu fui pegar amoras! Não quero ele me provocando pelo resto da viagem.

_Nem uma palavra. -Agora Aragorn não podia evitar o sorriso.

Quando Gimli sumiu no meio das árvores, o sorriso de Aragorn morreu e em seu lugar surgiu a preocupação de quando Boromir iria aceitar Peregrina no grupo...

Em outra parte da floresta dois jovens caminhavam. Um homem e uma mulher. Um elfo e um Anjo do Destino. Legolas e Peregrina caminhavam lado a lado em busca do tal lago.

_Você tem certeza que essa é a direção certa, elfo?

_Claro. Eu nunca me perderia em uma floresta. -Legolas revirou os olhos diante daquela idéia. Ele era um elfo e qualquer floresta podia ser sua casa. Como você pode se perder na sua própria casa? A resposta era; não pode.

_Nunca diga nunca, elfo.

_Você sempre fala nunca, Peregrina.

_Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Legolas acabou dando uma leve risada por causa daquela conversa sem sentido e ficou muito satisfeito ao ver um discreto sorriso nos lábios de Peregrina, como se ela também estivesse se divertindo em sua companhia. Porque ele com certeza estava se divertindo ao caminhar ao lado dela.

_Você é cheia de respostas prontas, não é?

_Claro, já nasci pronta. Diferente de você pelo visto, já que está sempre com essa cara de idiota, estreitando os olhos e olhando para o além. -Ela deu um sorrisinho irônico. Ao que parece, ser irônica fazia parte de Peregrina tanto quando um coração faz parte de uma pessoa. Era inevitável ela ser assim.

_O que? Eu não tenho cara de idiota e nem fico estreitando os olhos. -Ele estreitou os olhos ao falar.

_Ta vendo? Você acabou de estreitar os olhos de novo.

Imediatamente Legolas parou de estreitar os olhos. Nem percebera que tinha feito isso, mas Peregrina parecia querer aproveitar cada oportunidade para provocá-lo. Bom, se aquilo era um jogo dos dois, ele também podia jogar.

_Pode ouvir esse barulho?

_O que eu deveria ouvir? -Peregrina olhou para ele confusa. Não tinha percebido nenhum som diferente na floresta.

_O som da água do lago. Estamos perto, não percebeu? Oh... Parece que você não esta sempre pronta para tudo... -Era extremamente divertido ver Peregrina irritada. Ela claramente ainda não conseguia ouvir o barulho do lago e ficava frustrada por isso. Só ouvidos élficos conseguiriam ouvir, afinal o lago ainda estava relativamente longe.

_Muito engraçado você, elfo.

_Eu sei. -Ele olhou pelo canto do olho para ela e deu seu sorrisinho convencido.

_É claro que você iria ouvir primeiro. Essas suas orelhas pontudas e enormes tinham que servir para algo. -Peregrina não queria ficar para trás e logo arrumou algo para irritar o elfo. Mesmo que internamente achasse lindas as orelhas levemente pontudas dele e sentisse uma vontade quase incontrolável de tocar nelas. E era obvio que nunca admitiria isso.

_Você é absurda. Eu sou um elfo, é claro que minhas orelhas são pontudas! E elas não são enormes! -Pronto, tinha conseguido deixar Legolas irritado. Ao que parecia falar das orelhas de um elfo era um assunto delicado.

Os dois foram o resto do caminho trocando farpas e provocações. Legolas já estava se acostumando com o jeito de Peregrina.

Até que finalmente chegaram ao lago. O lugar era lindo e pequeno, a água era cristalina, podiam ver as pedras e pequenos peixinhos nadando pelo lago. Além da luz da lua banhar toda superfície criando algo parecido com um espelho natural.

Peregrina olhava tudo aquilo admirada. Era deslumbrante! Seus olhos brilhavam ao ver toda a beleza daquele lugar que tinha só pra si. Quer dizer, tinha um elfo idiota à tira colo, mas nem isso iria estragar o clima mágico do lugar. Já Legolas olhava para o rosto dela, estava fascinado pela imponente beleza de Peregrina. Ela era mais linda que mil lagos daquele, na opinião dele.

Ele viu quando Peregrina se aproximou da margem e mergulhou as mãos em concha, pegando uma pequena quantidade de água e sorvendo tudo depois, ele a viu repetir o processo três vezes até ela ficar saciada. A viajante virou e olhou para trás, na direção dele, pronta para dizer alguma coisa... Algo que ele não prestou atenção, toda sua atenção estava na minúscula gota de água que lentamente descia do canto dos lábios volumosos e tentadores de Peregrina. A gota foi descendo vagarosamente, quase como se zombasse do elfo, descendo pelo queixo dela e depois indo se perder no pescoço onde começava o traje que Peregrina usava.

Legolas sentiu inveja daquela gota de água. Ela podia passear pelo rosto de Peregrina, podia tocar os lábios dela, descer pelo seu pescoço como se fosse uma caricia e enquanto isso ele nem podia roçar os dedos suavemente pelo rosto dela sem levar um soco.

_... Beber água? -Como se a voz dela dizendo algo o despertasse do transe que se encontrava, Legolas acordou e ficou surpreso pelos pensamentos que tivera. Quem em sã consciência tinha inveja de uma gota de água?! E desde quando ele queria tocar no rosto dela?! Estava ficando louco e essa era a melhor resposta que tinha.

_Perdão? O que disse?

_Perguntei se não ia beber água. Onde estava com a cabeça? -Peregrina suspirou e revirou os olhos tamanha lerdeza daquele elfo.

Legolas preferiu não dizer onde estava com a cabeça e se aproximou do lago, ficando próximo de Peregrina, subitamente se sentiu um pouco nervoso na sua presença. Ele se inclinou para pegar a água com as mãos,quando de repente um jato de água voou do lago e o acertou diretamente no rosto, o pegando totalmente de supressa. Ele pulou para trás de susto e fitou o lago sem entender o que tinha acontecido.

_O que foi isso?! Existe um monstro no lago? -Tentando proteger Peregrina da melhor forma possível desse suposto monstro, Legolas se colocou na frente dela e já preparava o arco quando outro jato de água lhe acertou no rosto.

Peregrina não conseguiu se controlar mais e gargalhou alto, sentando no chão enquanto ria ainda mais. Isso atraiu a atenção de Legolas que a olhou como se ela tivesse enlouquecido.

_Você tinha que ver sua cara! Foi hilário! Sério mesmo que achou que tinha um monstro em um lago desses? -Ela não conseguia parar de rir, ainda mais ao ver a cara cada vez mais confusa de Legolas.

_Não compreendo. -Finalmente ele admitiu.

_Eu fiz isso! Eu posso controlar os quatro elementos, não lembra? Controlei a água e fiz ela se transformar em um jato da água para acertá-lo.

_Foi... Você? -Agora Legolas respirava fundo tentando se acalmar.

_Claro! Quem mais seria? -Peregrina ainda ria da cara dele e isso só deixava Legolas mais irritado. Porque de fato ele tinha sido um idiota por cair naquela brincadeira.

_Você me molhou! -Disse o elfo em um tom acusatório enquanto retirava a aljava com as flechas das costas, o arco e as suas duas facas para verificar se não tinha molhado suas armas.

_Oh, está com raiva porque molhei esse seu cabelo de mulher, elfo? Ou devo chamá-la de elfa? -Era impossível parar de provocar Legolas, era nisso que Peregrina pensava.

_Eu não tenho cabelo de mulher! E sou um elfo! Elfo! Um elfo macho! Um homem! – Ele respondeu enquanto jogava as armas na grama com raiva. Quanto mais Legolas falava e se irritava, mais Peregrina ria. Até que ele teve uma idéia. Porque não fazê-la provar do próprio veneno?

Sem esperar uma resposta, Legolas enfiou a mão na água e a jogou na direção de Peregrina. Ela estava distraída rindo da cara dele e não teve tempo de parar a água que lhe molhou o rosto e roupa. Agora ele que ria da expressão de surpresa misturada com raiva dela.

_Eu. Não. Acredito. Que. Fez. Isso. Seu. Elfo. Idiota! -Ela gritou as últimas palavras e se levantou de um pulo. _Você vai me pagar! -Com isso Peregrina ergueu os dois braços com as palmas voltadas para cima por alguns segundos, se concentrando, e então quando abaixou os braços uma onda tinha se formado no lago e estava pronta para despencar sobre Legolas. Foi como se a água do lago imitasse os movimentos de Peregrina. Ele mal teve tempo de perceber o que ia acontecer antes de ser atingido pela água, e esta o segurou como se fosse uma grande mão feita de água e o levou para o meio do lago, o afundando. Quando Legolas irrompeu na superfície estava completamente ensopado e começou a nadar de volta para perto da margem.

_Você é louca?!

_Não. Só te ensinei uma lição! Ninguém brinca comigo e sai impune. -Peregrina se aproximava da margem do lago enquanto falava, queria ter uma visão melhor de Legolas todo ensopado e com raiva. Aquela cena não tinha preço. Mas mal terminou de falar quando sentiu um puxão na sua mão e caiu para frente. Acabou caindo dentro do lago e agora também estava ensopada.

Olhou para Legolas sem entender e ele começou a rir, então notou com alguns segundos de atraso que ele a tinha puxado para dentro do lago. Quando ela se aproximou da margem ele aproveitou a chance para segurar a mão dela e dar um puxão com isso a derrubando no lago.

_O que você estava dizendo mesmo, Peregrina? -Aquele inconfundível sorrisinho já estava presente no rosto dele.

_Eu vou te matar! Qual o seu problema, seu imbecil?! -Peregrina esbravejava enquanto nadava para perto de onde Legolas estava e ele nadava para longe, tornando tudo aquilo uma brincadeira. Quando ela finalmente conseguiu chegar à frente dele, começou a desferir tapas e socos. Ele nem tentava se defender, aquilo não estava doendo de verdade e de qualquer forma era muito mais divertido ver Peregrina daquele jeito. Ela parecia uma gatinha que pensava que tinha a ferocidade de uma tigresa.

Vendo que seus golpes não surtiam efeito nele, Peregrina resolveu optar pelo plano B... Ela se aproximou ainda mais de Legolas, deu um pequeno impulso e enlaçou as suas pernas envoltas da cintura do elfo, o mantendo perto de si, prendendo ele ao seu corpo.

Quando Legolas sentiu Peregrina se aproximando e apertando seu corpo junto ao dele, algo dentro dele pareceu acordar e se agitar, finalmente caiu a ficha como os dois estavam perto um do outro. Depois quando novamente sentiu Peregrina se movimentando e passando as pernas envolta dele, seu autocontrole de elfo foi para o espaço. Ele nem lembrava mais porque tinha rido ou porque estava dentro do lago, a única coisa que importava era Peregrina. Tudo era ela. Tudo era sobre ela. Ele só conseguia prestar atenção na mulher à sua frente. Os braços de Legolas foram direto para a cintura dela e a apertaram, a trazendo para mais perto de si, e com isso comprimindo os seios de Peregrina contra o começo do seu tórax, ele a podia sentir e adorou isso. Por causa da posição que os dois estavam, a cabeça de Peregrina estava alguns centímetros mais alta que a dele, mas isso não seria problema. De repente Legolas percebeu como queria beijá-la. Seu corpo parecia gritar por isso. O pescoço e colo de Peregrina estavam na altura da sua boca e ele não resistiu à tentação... Inclinou a cabeça para frente e depositou um cálido beijo no pescoço da viajante, mas sua boca queria mais, implorava por mais, então ele tornou a beijar com desejo o pescoço de Peregrina, beijava a pouca pele exposta do pescoço dela e aquilo já quase o deixava louco. Suas mãos correram pelas costas dela, subindo e descendo, fazendo carinho. Então deixou uma trilha de beijos pelo seu colo, mesmo que a ExoArmadura estivesse cobrindo tudo, ainda sim era um sensação ótima tocar em Peregrina assim. Em meio aos beijos ele pode ouvir Peregrina gemer de prazer bem baixinho, aquilo só o enlouqueceu mais, queria dar mais prazer a ela, queria que ela se sentisse tão bem quanto ele se sentia agora. Então ele ergueu o rosto e tudo dentro dele parecia gritar para que diminuísse o espaço entre as duas bocas... Para que beijasse Peregrina...

Peregrina por sua vez não entendia como podia estar se deixando levar por esses toques e beijos, mas eles eram tão bons que não quis pensar nisso agora... Só queria sentir os braços de Legolas envolta de si, sentir seus lábios passeando por seu pescoço e colo, só queria aproveitar a sensação do corpo forte e quente de Legolas pressionando contra o seu. Até deixou escapar um pequeno gemido dos lábios... Aqueles toques eram tão bons... Até que percebeu que Legolas erguia a cabeça para beijá-la na boca, aquilo deixou Peregrina nervosa e a despertou. Na mesma hora tomou consciência do que estava deixando acontecer e voltou ao seu plano original. Resolveu fingir que nada daquilo tinha acontecido. E por não olhar mais para o rosto de Legolas não pode ver o olhar que ele dirigia a ela, um olhar de como se a reverenciasse.

Agora toda a situação mudara, ela ainda podia sentir braços dele envolta de sua cintura, mas não se importou. Aquilo dava mais apoio para ela completar o plano. Então agarrou com as duas mãos os lindos e longos cabelos loiros de Legolas, e pode jurar que o tinha ouvido suspirar de prazer, como se tivesse gostado dela tocar em seus cabelos, mas achou que tinha ouvido errado. Óbvio. Preparou-se e puxou com toda a força os cabelos dele. Esse era seu plano B e ela sorria enquanto puxava mais e mais do cabelo do elfo.

Da mesma forma que os cabelos de Legolas foram puxados, ele também pareceu ser puxado à realidade. Tudo que sentiu e estava pensando sobre Peregrina evaporou. Agora ele só sentia uma louca tentando lhe arrancar a cabeça.

_Para com isso! Garota louca! -Embora jamais fosse admitir, aquilo estava doendo mais que levar uma flechada de orc. _Me solta, louca!

Legolas tentava fazê-la abrir a mão e soltar seus cabelos, mas parece que Peregrina estava muito empenhada na tarefa de arrancar todos os fios loiros da sua cabeça. Ele tentava se debater um pouco para ver se ela caia na água e parava com aquilo, mas então percebeu o porquê dela ter prendido as pernas envolta dele, era pra evitar exatamente isso que ele tentava fazer. Legolas ficou um pouco decepcionado ao entender os motivos por trás dos gestos de Peregrina. Ao que parecia ele foi o único que tinha gostado do momento que tiveram antes.

É claro que ela nunca faria algo assim só para ficar perto de mim. Onde estava com a cabeça? Ele pensou.

Depois de alguns minutos de luta, Peregrina finalmente resolveu soltar o cabelo do outro.

_Não me provoque de novo ou arranco o resto desse cabelo de mulher que você tem! -Dito isso ela soltou as pernas que estavam em volta dele e começou a nadar para a margem.

_Pela última vez, eu não tenho cabelo de mulher!

A única resposta foi uma risadinha vinda da garota. Logo Peregrina chegou à margem e subiu.

_Que ótimo! Agora minha ExoArmadura está toda molhada. -Ela o fuzilava com o olhar.

_Bom, a minha roupa também esta molhada. Você não tem outra roupa para trocar?

_Tenho... Mas não quero usar.

_Porque não? -Legolas agora estava parado ao lado dela, tentando esquecer o que tinha acontecido no lago, da mesma forma que Peregrina também parecia querer esquecer. Ele sentou na grama perto do lago e com um gesto a convidou para sentar. Mesmo relutante Peregrina aceitou.

_Porque não e pronto.

_Muito esclarecedora sua resposta. É só você tirar a roupa. Eu ajudo se quiser. -Mal terminou de falar e recebeu um sonoro tapa no rosto. _Porque fez isso?! Qual seu problema, garota?!

_Seu... S-seu pervertido! Tarado! -O rosto de Peregrina tinha adquirido um tom vermelho e ela cruzava os braços na frente dos seios como tentasse se proteger. Ela definitivamente não estava pronta para se deixar levar de novo como tinha acontecido no lago.

_O que?! -Após um instante de confusão Legolas percebeu a besteira que tinha dito. Havia falado para uma mulher tirar a roupa na sua frente, não só isso, ainda disse que ajudava. Quão idiota ele podia ser? Com certeza seu longo treinamento élfico não o tinha ensinado a interagir com mulheres ou como se livrar da fúria de uma. _Não... Não foi isso o que quis dizer! -Ele gaguejou. _Eu só não queria que ficasse com a roupa molhada! Foi só isso! Eu nunca pediria para você tirar a roupa. -Quando ele viu Peregrina abaixar a cabeça por causa do seu comentário, entendeu que a tinha ofendido e tentou consertar. _Não que você não seja bonita ou algo do tipo! Qualquer um gostaria de te ver nua, eu gostaria também! Mas a questão é... -Sem dar tempo para acabar sua frase Peregrina desferiu outro tapa no rosto do elfo.

_Não tem limites para as idiotices que fala?! -Agora o rosto da garota pegava fogo de tanta vergonha. Ela se levantou e ficou de costas para ele.

_Eu não... Não... Me desculpa. -Legolas desistiu de tentar se explicar, cada vez que fazia isso só piorava sua situação. Agora Peregrina provavelmente achava que ele era um elfo louco e tarado. Que maravilha.

Ele suspirou e deixou que ela se acalmasse.

Após alguns minutos de um silêncio constrangedor, ela respirou fundo e falou em um tom muito baixo, quase hesitante.

_Não precisa se explicar... Eu entendi o que quis dizer.

Legolas sentiu um pequeno alívio no peito. Talvez ela não o odiasse completamente e nem achasse que ele era um tarado. Isso com certeza já era um avanço surpreendente. Mas esse alivio se transformou em confusão quando ouviu as próximas palavras de Peregrina.

_Eu sei que sou desagradável aos olhos e ouvidos.

_O que? O que quer dizer com isso? -Agora era um fato, Legolas não entendia nada do que ela estava falando.

_O que eu disse. Sou desagradável. Não precisava tentar consertar suas palavras de antes. Eu já tinha entendido. -Ela permanecia olhando o lago e evitando olhar para o elfo trás de si.

Legolas precisou de alguns instantes para entender o que ela dizia e logo fechou a cara.

_Esta tentando dizer que eu a acho desagradável e por isso nunca tiraria sua roupa? Que eu acho você uma mulher feia?

_Exato. Na verdade, é mais do que isso. Não estou falando necessariamente de você, até porque você nunca conseguiria tirar minha roupa, seu tarado. -Peregrina olhou por cima do ombro brevemente enquanto pronunciava a última palavra. -Mas estou falando de todas as outras pessoas. Eu causo uma aversão nelas, sei bem disso. Sou desagradável aos olhos e ouvidos. Sempre escuto isso.

A última frase saiu tão baixo que se não fosse sua audição élfica, Legolas jamais teria ouvido.

_Quem é o verme que ousa dizer esse tipo de coisa para você, Peregrina? -Legolas se levantou e parou na frente dela. Ele estava tomado por uma raiva fria, era como se todo seu corpo tivesse sido congelado por causa daquelas palavras. Ele não parou para pensar no motivo de estar tão furioso com algo que foi dito contra Peregrina. Afinal ele a conhecia há quatro dias, isso não era nada para um elfo, mas mesmo assim já sentia uma profunda ligação com a garota a sua frente.

_Não te interessa. -Ela cruzou os braços e se manteve firme ao encará-lo.

_Claro que me interessa! Não seja boba.

_Por que te interessa?

Ali estava uma pergunta que Legolas não sabia como responder ou talvez soubesse só não queria pensar nisso. Optou por ficar calado e sair da frente de Peregrina. Agora ele próprio também fitava o lago.

_Não acho você desagradável aos olhos e ouvidos. Nunca escutei besteira maior que essa. Você é deslumbrante, um verdadeiro anjo, nunca vi beleza parecia com a sua e nem acho que exista beleza comparável. Mesmo só podendo ver uma parte do seu rosto, eu tenho certeza das minhas palavras. E não é só isso, sua voz é o som mais perfeito que já ouvi durante toda a minha vida. Poderia te ouvir por toda a minha eternidade, Peregrina. -Quando Legolas se calou foi que tomou consciência que tinha dito tudo aquilo em voz alta, não só isso, tinha dito tudo isso para Peregrina que agora o olhava com clara surpresa. Sentiu sua face ficar levemente rosada de constrangimento e aguardou ansioso uma resposta ou reação de Peregrina, qualquer coisa seria melhor que aquele silêncio.

_Não acredito em nenhuma das suas palavras, elfo. Elas não podem me alcançar.

Legolas observava chocado enquanto Peregrina dava meia volta, colocava seu manto e reposicionava sua máscara no rosto, mais uma vez escondendo sua bela face e começava a seguir em direção a clareia, mas antes parou e olhou sobre o ombro.

_Peço que não fale sobre o que aconteceu... Sobre a minha crise e como fiquei, por favor... E que também não fale do que houve no lago.

_Como quiser. –Legolas teve certeza que o que tinha acontecido no lago não foi importante para Peregrina, que foi um erro. Ela claramente queria esquecer aquilo. Então ele também esqueceria.

O elfo rapidamente pegou suas armas e foi andando atrás dela. Mas sua mente estava longe, ele tentava organizar seus pensamentos e descobrir a resposta para alguma das suas dúvidas. Quem era Nabeel? O que ele fez para Peregrina? Quem tinha dito que ela era desagradável aos olhos e ouvidos? Por que ele começava a achar que Peregrina usava aquela ExoArmadura para se esconder dos olhares de todos?

Sem nenhuma resposta, com a mente fervilhando a mil por hora e o rosto ardendo e com a marca dos tapas de Peregrina, Legolas suspirou e pensou que aquela seria uma jornada muito longa, muito mais do que ele tinha previsto.

Não foi necessário muito tempo para os dois chegaram a clareia e encontrarem os outros membros. Peregrina seguiu e foi sentar na sua pedra, Legolas ficou por perto encostado em uma árvore.

_Onde estavam? E porque estão ensopados? -Aragorn perguntou com certo espanto enquanto olhava de um para o outro.

Peregrina permaneceu calada, então cabia a Legolas explicar algo.

_Demorei a achá-la e depois Peregrina pediu para ir ao lago que encontramos mais cedo. Só isso.

_E porque estão ensopados?

_Bom... Peregrina achou que seria muito engraçado criar uma onda gigante, me acertar com ela e depois me jogar no lago.

Não foi possível evitar a gargalhada coletiva de Aragorn, Gimli e Gandalf. Até Peregrina ria discretamente.

Perfeito. Todos rindo as minhas custas. Meu orgulho de elfo só tem diminuído nessa jornada, Legolas pensou.

_Que pena que eu perdi essa cena! Não é todo dia que se vê um príncipe elfo brincando na água igual a uma garotinha! -Gimli com certeza era o que ria mais alto. _Peregrina, faça isso de novo quando eu estiver junto! Quero ver! -Agora Gimli olhava diretamente para ela, esperando uma resposta.

_Claro. Será um prazer repetir isso. –Peregrina respondeu e seus olhos brilhavam de divertimento diante daquilo.

_Ei! Em primeiro lugar eu não estava brincando na água igual a uma garotinha e segundo lugar você não vai fazer isso de novo! -Legolas já estava sem paciência por ser o alvo das piadas, mas Peregrina só ria suavemente.

_Ah... Peregrina, isso é para você. -Gimli se levantou e andou até ela, oferecendo uma pequena sacola de couro.

_O que é isso? -Imediatamente Peregrina ficou desconfiada e tensa.

_Amoras.

_Hã... ? Amoras? -Certo, agora ela estava confusa. Qual a razão daquilo?

_Elas estavam por ai... Achei que você podia gostar. -Se fosse possível, Gimli estava um pouco constrangido.

Peregrina pegou a sacola ainda sem entender direito o motivo daquilo tudo, olhou para Aragorn em busca de uma resposta e o guardião deu um pequeno sorriso e balançou a cabeça afirmativamente. Depois olhou para Gandalf que piscou o olho para ela.

_Obrigada... Mas essas amoras não são suas? Não quero tirar comida de você, Gimli.

_Oh, não, não! Elas estavam por ai, sabe? Não foi como se eu tivesse procurado por elas e nem nada... Quer dizer, eu procurei, mas só um pouco... –Gimli se atrapalhava nas palavras até que desistiu de explicar a origem daquelas amoras. _Apenas pense nelas como um presente. Quero dizer, que tolo eu sou! Dando amoras como presentes para uma dama! -Agora Gimli realmente parecia envergonhado da simplicidade do seu presente.

Peregrina abriu o saco e pegou uma, retirou a parte inferior da máscara, a mesma parte que Legolas tinha retirado antes, e colocou na boca a amora. Estava deliciosa.

_Obrigada, Gimli! Eu aceito seu presente. -Peregrina deu um sorriso largo, ofuscante, deslumbrante. Seus olhos brilhavam de alegria. Afinal ela raramente ganhava presentes.

Todos olhavam admirados para ela. Só Legolas a tinha visto sem parte da máscara, mas mesmo assim nunca tinha visto Peregrina sorrir daquela forma. O elfo sentiu seu coração bater mais forte.

_Não foi nada demais... -Gimli olhava embasbacado para ela.

_Pra mim, foi. Posso contar nos dedos quantos presentes já ganhei na minha vida. Você é muito gentil, Gimli. -Peregrina se inclinou para frente e deu um singelo beijo na testa do anão, ou seja, no seu capacete. Todos ficaram surpresos pelo seu gesto de carinho, mas já começavam a entender que Peregrina só era fria e distante por fora, por dentro ela era uma garota era doce e gentil.

Legolas não pode evitar sentir uma pontada de ciúme. Ela deu um beijo no anão, mas não nele. Claro, foi um beijo na testa, mas mesmo assim foi um beijo. O elfo trincou os dentes e respirou fundo.

Agora Gimli estava completamente constrangido e maravilhado por Peregrina. E ele foi se afastando e murmurando sobre mais amoras e presentes.

Peregrina continuou comendo as amoras, aquilo com certeza aliviaria sua fome, logo depois colocou de volta a sua máscara e procurou um lugar perto da fogueira para dormir, assim poderia secar seu traje enquanto dormia. Ela pegou no sono quase que imediatamente e não pode ver que Legolas zelava pelo seu sono...


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Notas finais do capítulo

Olá! o/
Fiquei feliz de ver as fantasminhas aparecendo para falar comigo. :D
Sério, os comentários de vocês me motivam demais a continuar escrevendo! Então venham falar comigo u.u Deixe seus comentários com dicas, elogios ou críticas. u.u
Mereço uma recomendação? :3

O cap tá grandinho e tem algumas cenas meio "quentes", espero que gostem.



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