A Peregrina escrita por Bleumer


Capítulo 12
Dentro de Moria


Notas iniciais do capítulo

Quero deixar dois agradecimentos enormes á ClaraMiKaElsOn e Lih-Hime pelas lindas e fofas recomendações A Peregrina! Saber que vocês gostam tanto assim do que escrevo é algo encantador, sério, me encho de alegria ao ler suas palavras. Além de vocês sempre estarem presentes nos comentários. Muito obrigada a todo o apoio de vocês!
Este capítulo é dedicado a vocês duas.



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*Narrativa em Primeira Pessoa*

Senti a respiração de Legolas bater de encontro ao meu rosto enquanto ele se aproximava de mim.

Então minha boca foi invadida por um gosto doce e suave... Chocolate! Abri os olhos de súbito e vi Legolas inclinado na minha direção com um sorriso convencido no rosto, o braço esticado e os dedos ainda nos meus lábios. Então entendi que ele tinha me pedido para fechar os olhos e abrir a boca porque queria me dar um pedaço de chocolate na boca.

Mastiguei o doce e engoli. Depois não pude evitar uma pequena risada diante daquela cena toda.

_Pra que fez tudo isso? Era só me dar o chocolate se era esse seu desejo.

_Meu desejo era lhe dar o chocolate na boca, Bleumer. -Agora Legolas sorria para mim. Revirei os olhos por causa do seu desejo bobo. Esse elfo é mesmo um idiota. Um idiota que às vezes é um pouquinho fofo, mas um idiota.

_Já disse que você é idiota?

_Hoje ainda não.

_Então vou dizer só para não perder o costume. -Me aproximei mais dele e olhei bem dentro daquelas incríveis olhos azuis. _Idiota.

O elfo riu de leve como se aquele foi seu mais novo apelido. Vai entender o que se passa na cabeça de um elfo loiro e irritante.

Vi que uma parte do chocolate ainda estava na outra mão de Legolas e agora ele tirava um pedaço para si. Mas acho que o calor da mina foi demais para o doce, porque ele já estava meio derretido e acabou sujando os dedos e uma partezinha da boca de Legolas. Oh, então parece que o senhor elfo não é tão elegante o tempo todo! Acabei soltando uma risadinha.

_Do que está rindo?

_De você. Esta sujo de chocolate na boca e nos dedos. -Apontei para sua boca mostrando onde estava sujo e fiquei rindo da sua cara. Como os dedos dele estavam sujos não podia usa-los para limpar a boca, então Legolas passou a língua pelos lábios lentamente limpando o chocolate... Meu riso morreu naquela hora.

Por algum motivo achei aquilo extremamente sensual, os lábios de Legolas eram perfeitos e sua língua rosada também era... Principalmente quando ele a passava vagarosamente pelos lábios e ainda fazia isso olhando nos meus olhos. Fui tomada por sensações e pensamentos estranhos... Pensamentos que não pareciam meus... Minha mente gritava para que eu usasse minha própria língua para limpar cada centímetro daquele chocolate... E meu corpo formigava, meu baixe ventre parecia implorar para que eu fizesse mais do que limpar o chocolate, meu corpo e mente pareciam ter se unido para suplicar que eu passasse a língua, os lábios, minha boca toda por cada centímetro do corpo de Legolas...

Algo na minha expressão deve ter denunciado o que eu estava pensando porque agora Legolas me olhava com um desejo evidente. Era como se o ar ao nosso redor incendiasse.

_Deixe-me limpar seus dedos... -Uma voz rouca e profundamente sensual saiu dos meus lábios proferindo essas palavras. Uma voz que tive dificuldade de acreditar que era minha.

Legolas estendeu lentamente a mão para mim, oferecendo seus dedos um pouco sujos pelo doce. Peguei sua mão e coloquei seu dedo indicador na boca, comecei a lamber, minha língua se enrolava e contorcia envolta do seu dedo, depois passei a chupar toda a extremidade de seu indicador, meus lábios trabalhavam puxando e retirando o dedo de Legolas da minha boca, com isso tirando todo o chocolate, assim eu podia sentir o gosto de sua pele.

Aquilo estava mexendo demais comigo, sentia meu coração disparado, meu baixo ventre parecia pegar fogo e sentia uma umidade desconhecida crescendo entre minhas pernas. E o olhar de puro desejo e prazer que Legolas tinha no rosto e me dirigia só fazia essas sensações aumentarem. Embora não entendessemuito bem o que eu estava fazendo, pude sentir que aquilo significava muito mais do que apenas chupar seus dedos para limpa-los...

Tirei seu dedo indicador da minha boca com um leve barulho de sucção, nesse momento Legolas fechou os olhos e suspirou de prazer. Ao que parecia ele estava sentindo tanto prazer quando eu, fiquei satisfeita com isso. Repeti o gesto em todos os dedos sujos de chocolate até eles ficarem limpos, e cada vez Legolas suspirava mais e ficava mais ofegante.

Quando tirei da boca o último dedo, Legolas me surpreendeu levando seu dedo a própria boca e o chupando, era como se ele quisesse sentir o gosto da minha boca, meu gosto, mesmo que indiretamente, ele fazia tudo isso olhando para mim. Achei que iria explodir de desejo e me perder naquele céu que eram seus olhos.

Eu estava pronta para me atirar nos braços dele e finalmente beija-lo, sentir sua pele contra a minha, sentir seu cheiro, seu gosto verdadeiro... Quando a voz de Pippin chegou até nós.

_Gandalf lembrou o caminho!

A bolha de prazer e desejo que parecia ter se formado em nossa volta sumiu no mesmo instante. Como se nunca tivesse existido. Na mesma hora senti uma profunda vergonha do que tinha feito, nem conseguia olhar para a cara de Legolas. Ele com certeza deve esta achando que eu sou uma prostituta, uma mulher fácil, sem valor. Todas as sensações que eu sentia se apagaram e morreram. Senti a realidade voltando para mim como se fosse um soco.

Lembrei que estávamos no meio de Moria com esqueletos de anões para todos os lados, que inimigos nos esperavam, que eu devia estar protegendo a sociedade, que devia garantir que o Um Anel fosse destruído, que enfrentaríamos uma guerra, que eu estava em missão aqui. Então lembrei que não sou mais Bleumer a garotinha idiota que acreditava em todos, que acreditava em amor e paixão. Eu sou Peregrina. Uma Elementar. Uma guerreira do Viajante. Um Anjo do Destino.

Me virei e comecei a andar para longe de Legolas até que sua voz me parou.

_Bleumer... Não precisa ficar assim. Eu sei que esse não é o melhor lugar para conversar e nem fazer nada disso, mas não me arrependo. Eu sinto no meu coração que tudo foi certo, bom, puro... Bleumer, eu t... -Não me virei para ver a expressão no rosto de Legolas, simplesmente interrompi sua fala, não me interessava saber o final dela seja lá qual fosse.

_Elfo, não me chame de Bleumer, a mulher que tinha esse nome não existe mais. Meu nome é Peregrina. -Continuei a andar sem olhar para trás. Sem olhar para Legolas.

E por não olhar para ele nunca pude ouvir o final da sua frase e não pude ver sua face carregada de tristeza pelas minhas palavras.

Seguimos caminho em silêncio por mais duas horas até que Gimli viu algo, saiu correndo e entrou em uma espécie de câmara. Todos nós fomos atrás dele e nos deparamos com mais esqueletos e um túmulo. Aquilo não parecia bom.

_Não! -Gimli agora se postava diante do túmulo chorando. Ao que parecia a pessoa enterrada ali era muito querida pelo anão. Não pude evitar ficar triste por ele.

Então Gandalf pegou um livro velho das mãos de um esqueleto e começou a ler a última página para nós... A cada palavra eu sentia meu sangue gelar, um pressentimento de que algo muito ruim ia acontecer só aumentava. Ouvi o barulho de algo caindo e dei um pulo, mas era só o Pippin que tinha derrubado um esqueleto em um poço, o problema era que enquanto caia o esqueleto fazia um barulho muito alto que ecoava pela mina. Atraindo a atenção de possíveis inimigos.

Prendi a respiração enquanto esperava que algo a mais acontecesse, mas só houve silêncio. Pude ver que todos suspiravam aliviados e que Pippin levava uma bronca de Gandalf. Até que senti uma sutil vibração na sola dos meus pés, olhei para Legolas com uma pergunta silenciosa no olhar, se eu tinha sentindo isso, então provavelmente ele também sentira. Legolas balançou a cabeça para mim, em um sinal afirmativo. Então eu não estava ficando louca, ele também podia sentir. E aquilo só podia significar uma coisa: inimigos.

_Inimigos estão se aproximando! -Mal terminei de falar e todos puderam ouvir o barulho de uma horda chegando cada vez mais perto. Imediatamente Boromir correu para porta e olhou, quase foi acertado por uma flecha, então recuou e gritou.

_Orcs!

Aragorn, Boromir e Legolas começavam a fechar a porta da câmara e colocar pedaços de madeira nela em uma tentativa de atrasar o avanço inimigo. Me meti no meio deles e coloquei as duas mãos sobre a porta.

_Terra! -Usei minha concentração para chamar a Terra até mim. Pedi que ela reforçasse o chão próximo da porta e a própria porta, com isso a deixando mais resistente e que aguentasse o ataque o máximo possível.

Todos nos afastamos. Boromir e Aragorn com as espadas em punho. Gandalf mais atrás protegendo os pequenos que também sacaram suas espadas.

_Reequipar Arco! -Meu arco apareceu já pronto em minhas mãos e me postei ao lado de Legolas que também já tinha seu arco em mãos.

_Deixem que entrem! Ainda há um anão que respira em Moria! -Gimli berrou a plenos pulmões. Sério, esse anão é louco.

Ouvimos os orcs batendo de encontro à porta. Batendo. Batendo. Batendo. Cada vez mais forte... Aquela porta não iria aguentar por muito mais tempo. Até que ela cedeu um pouco, um orc tinha conseguido perfurar a porta com seu machado. Na mesma hora Legolas disparou uma flecha na cara dele, o matando. Não fiquei para trás, disparei minha fecha logo em seguida no segundo orc que colocou o rosto pelo buraco na porta. Acertamos alguns inimigos dessa forma até a porta ceder e abrir de vez, finalmente vencida pela força dos orcs. E pela primeira vez tive uma visão real do inimigo. Nunca tinha visto orcs, eles tinham uma aparecia nojenta e horrível, mas não tive muito tempo para olhar isso porque um dos monstros vinha correndo na minha direção.

_Reequipar Sora! –Meu arco foi substituído pela minha espada que surgiu na minha mão. Eu usei o Ar para dar um salto alto e pousar atrás do inimigo, antes que ele pudesse perceber o que tinha acontecido, abaixei Sora sobre o orc, a lâmina desceu certeira e mortal pelas costas dele, o cortando do alto da cabeça até o final das costas, quase o partindo em dois e jorrando sangue negro para todos os lados.

Dei um largo sorriso e parti para o próximo alvo. Havia muitos inimigos e minha espada queria experimentar todos. Eu usava o Ar e a Terra para me ajudar na luta, minha espada corria soltar pela pele dos inimigos, sangue jorrava por onde eu passava, logo eu estava banhada nele, não me importei com isso. Eu fui treinara para a luta. Sangue e espadas são meus companheiros. Preferia mil batalhas a parar para pensar sobre Legolas e sobre meus sentimentos. Não, pensar sobre essas coisas não tinha nada a ver comigo, agora lutar para defender um mundo, tinha a ver. Eu planava, flutuava, me abaixava e erguia em uma dança mortal de poder e sangue inimigo.

Até que vi uma espécie de monstro gigante, um troll,entrando na câmara e rapidamente me dirigi até ele. Eu queria mata-lo, mas no meio da minha corrida vi Legolas lutando e me distrai. Ele era letal e gracioso. Parecia um deus vingador. Nunca tinha visto nada mais belo que isso. O elfo encontrou meus olhos e nós olhamos por alguns instantes e isso quase custou nossas vidas. Mesmo um segundo é precioso e fundamental no meio de uma batalha. Enquanto olhava para mim, Legolas não viu que um orc estava pronto para ataca-lo, vi com um horror crescente a espada ser abaixada na direção de Legolas. Eu não podia deixar que ele morresse. Eu não queria que ele morresse, independente da minha missão, não queria que Legolas morresse.

Ele não.

Ele é meu.

Ele é meu idiota.

_Legolas! -Berrei o mais alto que pude e arremessei minha espada com toda a força do meu ser na direção do orc. Tive o prazer de ver Sora se enterrando no meio do corpo nojento do orc que agora jazia morto.

Então tudo aconteceu em uma velocidade assustadora, uma sucessão de fatos que tive dificuldade de processar

Ao mesmo tempo em que arremessei minha espada e ela cortava o ar até chegar no orc, o troll já estava perto de mim, ele levantou sua clava e a abaixou na minha direção. Aquilo iria me atingir na lateral do corpo. Não tive tempo de reequipar Sora e nenhuma outra arma. Por jogar minha espada para salvar a vida de Legolas, eu iria perder a minha própria vida agora. Não que eu me importasse, estava feliz de morrer por ele.

No ultimo milionésimo de segundo antes de ser atingida, chamei o Ar e ergui uma barreira, como se fosse um escudo invisível. Sabia que aquilo não seria suficiente para me salvar, mas foi um gesto automático... Quando a clava do Troll estava a poucos centímetros de me acertar nas costelas, Legolas atirou uma flecha nele, acertando seu olho, com isso o monstro se desequilibrou e perdeu um pouco da força que tinha colocado no ataque dirigido a mim.

Senti sua arma quebrando meu escudo invisível com isso uma rajada de vento foi lançada para todos os lados, então o pior veio, sua clava me atingiu e me lançou para longe, voei até me chocar contra uma parede e meu corpo cair mole no chão. Todo o ar dos meus pulmões foi expelido, senti uma dor muito forte, lancinante, pontadas e fisgadas internas por todo lado esquerdo do meu corpo, abri a boca, mas a única coisa que saiu foi sangue. Meu sangue que agora empapava minha máscara. Sentia como se todo lado esquerdo do meu corpo tivesse sido triturado. Mas por algum milagre estava viva. Milagre chamado Legolas. Sua flecha no último instante impediu que o monstro me atingisse com força total. Eu salvei sua vida e agora ele salvara a minha.

Eu o vi correndo até mim, atrás dele o monstro estava morto, sua face estava retorcida de preocupação. Preocupação por mim. Odiei isso.

_Bleumer!

_Estou bem.

_Você não está nada bem! Não se mexa! -Legolas tentava me fazer deitar, revirei os olhos, até parece que vou ficar parada só porque quase morri e estou com o lado esquerdo do corpo seriamente comprometido. Até parece mesmo.

_Se você quer fazer algo por mim, me ajude a levantar, elfo.

Mesmo a contragosto Legolas me ajudou a ficar de pé e me firmar no chão. Então corri os olhos pela câmara, agora vazia de inimigos, todos os integrantes da sociedade estavam bem... Até que vi Frodo no chão com uma lança o atravessando. Meu coração falhou e depois disparou com aquela cena.

Não não não não não não! Ele não pode ter morrido!

Esses eram os únicos pensamentos que passavam pela minha cabeça enquanto me arrastava até seu encontro. Eu estava mancando, precisava segurar minhas costelas para aplacar a dor e a cada passo deixava uma pequena trilha de gotas de sangue. Vi quando Aragorn chegou em Frodo antes de mim e o puxou. Então o pequeno hobbit se debateu um pouco e puxou o ar. Ele estava vivo!

Senti um alivio tão profundo que minhas pernas falharam e eu cai no chão, perto de Frodo. Sem pensar duas vezes o tirei dos braços de Aragorn e o abracei fortemente. Ainda estava abraçando Frodo enquanto ouvia uma explicação sobre mithril e como ele podia esta vivo. Aquilo era outro milagre.

_Peregrina! O que aconteceu com você?! - Gimli me olhou chocado.

_Estou bem.

_Você está coberta de sangue! -Podia ver Legolas concordando com Gimli. Acho que era a primeira vez que os dois concordavam com algo.

_É o sangue dos orcs, acabei me sujando um pouco. Estou bem. -Acho que "estou bem" é a minha resposta padrão para tudo.

_Você está vazando por todos os lados! É seu sangue! -Gimli continuava falando sem parar.

_Mestre anão, nada disso importa, o importante é que Frodo está bem e vocês também.

_Você precisa de cuidados, Peregrina. -A voz de Boromir me surpreendeu. Ele preocupado comigo? Acho que Boromir começava a me aceitar no grupo. Acho.

_Sim, ela precisa de cuidados, mas não aqui e nem agora! Vamos! Os orcs estão voltando! -Gandalf gritou e todos nós levantamos e saímos correndo pela porta. Eles correndo e eu mancando. Legolas vinha logo atrás de mim, como se estivesse pronto para aparar minha queda se minhas pernas falhassem.

Até que chegamos a um salão gigantesco e imponente. O único problema era que hordas e mais hordas de orcs nos cercavam. Eram centenas, estavam por todos os lados, até nas colunas e teto. Não tínhamos como lutar contra todos. Iriamos morrer...

Não, um plano surgiu na minha cabeça. A sociedade viveria. Eu podia garantir isso. Se eu concentrasse toda minha energia vital e chamasse os quatro elementos, conseguiria criar um ataque poderoso, o mais poderoso de todo Anjo do Destino, com uma mega concentração de Luz e poder poderia destruir todos os orcs. Tudo que meu coração considerasse mal seria destruído por esse ataque. A Luz da justiça do meu coração eliminaria aquela escuridão.

A sociedade poderia sair daqui em segurança. Essa era a melhor chance que eu poderia dar a eles. Eu sabia que não existia a menor possibilidade de sobreviver a isso, eu tinha que dar minha vida em troca do poder para salvar todos. Em troca do poder de invocar Uranometria, o ataque máximo.

Respirei fundo. A decisão estava tomada. Me permiti olhar para o rosto de Legolas uma última vez, olhei nos seus olhos que tanto me lembravam o céu que eu amava e me permiti ser Bleumer uma última vez... Naquele espaço ínfimo que separa a vida da morte, a certeza da incerteza... Eu me deixei levar pelo sentimento de carinho e amor que sentia por Legolas. Sim, amor. Pude ver que eu, Bleumer, seria feliz ao seu lado, nós iriamos começar todas as manhãs brigando e terminaríamos todas as noites nos apaixonando. Poderíamos passar uma eternidade juntos e ainda seria pouco. Meu último gesto como Bleumer foi segurar a mão de Legolas...

Então o tempo acabou. O momento passou. Soltei a mão de Legolas. Bleumer se foi e todos os meus sentimentos se foram com ela. Voltei a ser a guerreira Peregrina, A Elementar. Respirei fundo uma última vez e abri a boca para recitar o encatamanto para invocar o ataque Uranometria. Pelo canto do olho pude ver Legolas me olhando, primeiro sem entender e depois com um terror crescente nos seus olhos, era como se ele adivinhar o que eu ia fazer.

De repente todos os orcs que nos cercavam começaram a fugir, os orcs que eu ia matar. Olhei sem entender nada e cancelei meu plano de antes. Então senti uma energia terrível chegar até mim, era uma energia maligna, como se o caos, violência e terror tivessem se juntando em uma coisa só. Olhei para trás e vi algo parecido com fogo se aproximando, mostrando-se.

_Que nova bruxaria é essa? -Boromir perguntou para Gandalf. Eu estava congelada no meu lugar, aquela energia maligna era demais para mim. Eu carrego a Luz pura do Viajante. Essa energia era o oposto dela. Nunca senti nada parecido. Me senti doente com aquela maldade intensa demais.

_Um balrog. Um demônio do Mundo Antigo. Esse inimigo está além de qualquer um de vocês. Corram! -Gandalf parecia verdadeiramente assustado. Eu também estava. Agora podia ver melhor o demônio e tudo fez sentido. Esse demônio era igual aos demônios que invadiram Pandora quando As Trevas chegaram. Eu já tinha visto imagens deles em livros de historia.

Comecei a tremer, não sinto orgulho disso, mas naquela hora eu não passava de uma mulherzinha assustada. Foi algo igual aquilo que meu povo enfrentou, foi algo igual aquilo que ajudou a matar milhares de pessoas do meu mundo, foi algo igual aquilo que condenou Pandora aos Dias Escuros. E agora eu estava diante desse Demônio completamente paralisada, imóvel, tomada pelo medo. Eu sou mesmo uma inútil.

Só me mexi porque Legolas praticamente me empurrou para frente e me obrigou a continuar correndo. Meu sangramento agora tinha aumentado, as dores estavam ainda pior, meu corpo implorava que eu parasse, mas o elfo não permitiu isso. Ele era mesmo um idiota. Um idiota que estava salvando minha vida pela segunda vez.

Chegamos a uma espécie de escadaria estranha e começamos a descer por ela até que ela terminou subitamente e Boromir quase caiu no abismo lá embaixo, mas Legolas conseguiu segura-lo a tempo. Havia um vão faltando entre uma escadaria e a outra, precisaríamos pular para chegar ao outro lado.

Legolas foi o primeiro, para ele foi fácil, lógico. Depois ele ergueu os braços para mim, sem pensar muito sobre se ele ia mesmo me segurar, pulei e graças ao Viajante, ele me pegou, mas acabei soltando um grito de dor, meus machucados estavam piorando cada vez mais, como se o Demônio estivesse influenciando isso. Depois foi a vez de Gandalf pular, assim que ele pulou, o vão acabou aumentando, agora estava quase impossível que os outros membros conseguissem pular. Vi o medo nos olhos de todos, flechas inimigas começaram a chover na nossa direção e Balrog se aproximava.

_Legolas, cuide dos inimigos! Eu pego o resto do grupo!

_O que você vai fazer, Bleumer?! -Legolas me perguntou, mas eu não tinha tempo de parar, fazer um chá, sentar e tricotar enquanto discutia calmamente meu plano com o elfo.

Mandei uma prece ao Viajante para que ele me desse força suficiente para fazer o que eu queria.

_Ar! -Gritei e ordenei que o elemento fosse até Aragorn, Boromir, Gimli, Merry, Pippin, Sam e Frodo e os erguesse no ar. Senti como se tentasse levantar uma tonelada acima da cabeça, todo meu corpo tremia pelo esforço, sangue começou a sair do meu nariz e boca, acabei não aguentando ficar de pé e me apoiei no joelho que ainda estava bom, gritei em desafio e consegui faze-los voar até o vão que todos estávamos. Enquanto isso Legolas disparava flecha atrás de flecha nos orcs.

Agora meus sangramentos estavam atingindo um nível alarmante, abaixei os braços e deixei minha cabeça pender, exausta. Sentia as extremidades do meu corpo ficando frias. E mais uma vez o irritante e idiota do elfo me obrigou a levantar e seguir em frente. Ele me segurava pela cintura, praticamente carregando meu corpo mole e destruído. Gandalf vinha logo atrás mandando que corrêssemos. O balrog ainda estava perto. Vi que estávamos perto do que só poderia ser a saída de Moria. Olhei para trás e senti meu corpo ficar ainda mais gelado por causa do que eu via.

_Sou um servidor do Fogo Secreto, que controla a Chama de Anor. Fogo Negro não vai lhe ajudar em nada, Chama de Udûn! –Gandalf estava lutando contra o demônio, era uma visão impressionante e assustadora, ele continuava gritando. –Volte para a Sombra! Você não vai passar! -Com um último grito Gandalf bateu seu cajado no chão e acabou fazendo a estrutura toda cair. Balrog caia pelo abismo. Derrotado.

Senti o alívio me invadir. Estávamos seguros. A sociedade estava segura.

Até que vi algo que não conseguia acreditar, em um último movimento o demônio prendeu seu chicote no pé de Gandalf, o derrubando e puxando para baixo, agora o mago estava se sustentando apenas pelas mãos, na beira do abismo.

Todo meu medo pelo balrog havia sumido, eu fui tomada por uma raiva assassina, não podia permitir que o demônio matasse mais ninguém! Eu tentei correr para ajudar Gandalf, mas Legolas me impediu, não importava o quanto eu me debatesse, ele não me soltava

_Fujam, seus tolos. -Foram as últimas palavras de Gandalf antes de cair no abismo e se perder.

_NÃO! -Meu berro se misturou com o grito de Frodo que também tentava voltar para onde o mago estava. Eu gritei tanto e tão alto que senti minha garganta se ferindo. Fui arrastada pelos braços firmes de Legolas para a saída. Eu implorava, batia, gritava para que ele me soltasse, para que me deixasse fazer algo, qualquer coisa, mas Legolas não me soltou.

Eu não podia acreditar que Gandalf estava morto! A dor pela morte dele era maior que todas as dores físicas que eu sentia. Era quase insuportável o vazio que ele deixava.

Então os primeiros raios de sol atingiram meu rosto e eu estava respirando ar puro. Estava do lado de fora de Moria...


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Notas finais do capítulo

Olá, tudo bem?

Primeiro quero agradecer a todo o incentivo de vocês. Várias fantasminhas apareceram nos comentários! Além das leitoras que sempre estão por aqui acompanhado e incentivando essa história!

Podem ficar calmas, não pretendo parar de postar A Peregrina, não poderia fazer isso depois de ler todos os comentários cheios de palavras carinhosas e de incentivo (além das ameaças de morte, Vocês dão medo! TT-TT)

Espero que vocês comentem de novo dizendo o que acharam desse capítulo! :3

Então... O que acharam da cena de Legolas com os dedos sujos e Peregrina ajudando a limpar? ;)
Gente, que novo poder é esse que Bleumer tinha escondido na manga? A Uranometria? O.o

Sei que demorei um pouco mais para postar esse capítulo, mas foi porque eu tinha duas provas na faculdade e elas tomaram meu tempo, maaaas para compensar esse capítulo está bem grande.

Imagem meramente ilustrativa, só para vocês terem uma ideia mesmo. A imagem foi encontrada no Google e editada pela minha beta IsisPallas. Todos os créditos são dela.

Até breve! Beijo!