A Peregrina escrita por Bleumer


Capítulo 11
Provocações Inocentes


Notas iniciais do capítulo

Olá, amigo leitor. Venha, sente e deixe-me contar uma história...



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*Narrativa em Primeira Pessoa*

Eu me sentia bem, não lembrava onde estava dormindo, mas com certeza era um lugar confortável, quentinho e tinha um cheiro bom... Passei os braços em volta do travesseiro e apertei mais, enterrando meu rosto nele e inspirando profundamente. Tinha um cheiro amadeirado e de grama recém cortada. Talvez Pandora já tenha tido um cheiro assim, antes de tudo acontecer...

Até que o travesseiro me abraçou de volta e fez carinho na lateral do meu corpo. Opa! Travesseiros não têm braços! Que merda é essa aqui?!

De súbito todas as lembranças voltaram a minha mente, a sociedade subindo a porcaria daquela montanha, eu abrindo a porcaria do caminho, as porcaria das pedras vindo na nossa direção, então um branco na porcaria da minha memoria e eu não lembrava de como tínhamos saído de lá, as ultimas coisas que lembrava eram da voz de Legolas e ele me carregando no colo.

Com uma fria certeza tomando conta de mim, percebi que só podia ser Legolas quem me abraçava agora. Pior que isso, EU o estava abraçando de volta. Abri meus olhos de uma vez e vi o rosto irritante do elfo. Na mesma hora tentei me desvencilhar de seus braços, mas ele não permitiu.

_Calma, calma, sou eu. Pode descansar mais.

_E dai que é você? E não quero descansar mais. –Sim, sou um pouco grossa mesmo, mas a situação me deixava nervosa, não tinha culpa. Só agora percebi que Legolas estava sentado em uma pedra comigo no seu colo, minhas pernas estavam para o lado e meu corpo estava apoiado nele, seu braço direito me rodeava e sua mão parava em cima das minhas costelas, onde ele ainda fazia carinho calmamente, seu braço esquerdo me rodeava também e sua mão descansava na altura do meu quadril. Tentei me afastar dele me remexendo para longe dos seus braços.

_Fica parada! Você vai acabar caindo. -Legolas tentava me segurar e impedir que eu de fato caísse do seu colo. Eu estava pouco me importando com isso. Só não queria ficar tão perto daquele elfo com cara de idiota.

_Não fico! -Eu sei que estava agindo como uma criança birrenta, mas não estou nem ai. Continuei tentando sair do colo dele e Legolas continuava tentando me segurar até que eu escorreguei e quase cai, mas Legolas me segurou na mesma hora e me trouxe para cima, de volta para o colo dele, antes que minha cabeça batesse no chão.

_Está vendo? Se tivesse ficado parada isso não teria acontecido. –Ignorei o que ele disse, continuei me remexendo e tentando sair do seu colo até que Legolas me apertou contra si e pousou sua cabeça na curva do meu pescoço. Fiquei parada de surpresa por causa do seu gesto. Não sabia o que fazer.

_Pare de se mexer em cima do meu colo. -Sua voz era baixa, quase parecia uma súplica o que ele pedia.

_Por quê? É só me soltar se você quiser que eu pare! E outra coisa, para de me abraçar! – Já que Legolas não queria que eu me mexesse, era exatamente isso que eu iria fazer. Eu me remexia mais agora, tentando me ver livre dele e irrita-lo já que ele não queria isso.

_Você está sentada em cima do meu colo então não fique se mexendo dessa forma ou meu autocontrole vai embora. -Que besteira ele está tentando dizer? Sério, olhei para Legolas sem entender nada do que ele dizia.

_Hã? O que eu me remexer em cima do seu colo tem a ver com seu autocontrole? Não vejo nenhuma relação entre as duas coisas.

_Nada. -OK, primeiro ele fala um monte de coisa que eu não entendo e agora que eu pergunto, o elfo idiota não quer me responder e ainda age como se eu tivesse feito uma pergunta boba? Pois ele vai me responder sim! Agora quem não vai sair daqui sou eu!

_Me explica agora ou vou continuar me mexendo até você contar! -Ele vai ver como eu posso ser teimosa. Comecei a me mexer sem parar no seu colo, meus quadris dançavam de um lado para o outro em cima dele, dei pequenos pulinhos e agitei minhas pernas, esperando que isso o irritasse o suficiente para responder minha pergunta.

_P-para... ! -Legolas me apertou mais forte contra seu corpo, mas agora sua voz era mais baixa e um pouco rouca, como se ele estivesse contendo alguma coisa. Olhei para ele e vi que sua face estava levemente ruborizada, seus olhos brilhavam, ele ofegava de leve e seus lábios estavam entreabertos. Não entendi porque ele estava naquele estado, mas mesmo sem entender nada senti um arrepio percorrer lentamente meu corpo ao ver Legolas assim.

_Eu sou um homem e você esta se mexendo sem parar em cima do meu colo. É isso que esta acontecendo. -Seu timbre de voz tinha ficado mais rouco e ele agora sussurrava ao pé meu ouvido. Agora sentia o arrepio indo e voltando por todo meu corpo... Era uma sensação boa.

_Eu não compreendo o que diz... -Falei com um fio de voz enquanto olhava pra ele. Legolas sorriu ternamente e levantou a mão, fazendo carinho no meu rosto e usando uma voz incrivelmente gentil.

_Você é muito pura. Não deixe ninguém manchar essa pureza, Bleumer.

Bleumer... ? Como ele sabia meu nome verdadeiro?! Por falar nisso, o que aconteceu? Onde estou? Cadê o resto da sociedade? Onde esta o Anel? E porque não pensei nessas coisas antes? Porque perdi tanto tempo com esse idiota?!

Olhei em volta pela primeira vez e vi que nós encontrávamos perto de um lago de aparência sombria e uma muralha de pedra cercava o outro lado, continuei fazendo uma varredura com os olhos e com profundo alívio vi que todos da sociedade estavam presentes. Virei-me para Legolas, ele teria que me dar algumas explicações.

_Primeiro, me explique como sabe meu nome.

_Sei por que você me disse. Não lembra? Quando eu a carregava montanha abaixo você contou seu nome. -Hmm... Eu não lembrava nada disso. Mal lembrava o meu nome... Bleumer... Já fazia tantos anos que ninguém me chamava assim.

_Certo, tudo bem. Agora me explique o que aconteceu na montanha.

_As pedras iam nos acertar, mas você conseguiu desviar todas. Uma luz parecia emanar de você e te cercar enquanto desviava as pedras. Você brilhava. Mas você ficou sem forças e desmaiou. Depois disso decidimos que a melhor passagem para continuar a jornada era pelas minas de Moria e eu te carreguei até aqui. Agora estamos esperando Gandalf descobrir uma forma de entrarmos.

_Não posso acreditar que minha força vital quase acabou com tão pouco... Ele tem mesmo razão, sou uma inútil. -Abaixei minha cabeça e senti o inconfundível gosto amargo do meu fracasso enquanto falava sozinha.

_Quem disse isso para você, Bleumer? -Legolas me perguntou, mas eu não respondi. Ele pareceu entender que não obteria nenhuma resposta e fez outra pergunta. _O que é essa força vital? Gandalf mencionou isso também.

_É a força que me mantem viva. Usar meus poderes custa um preço, quanto maior a quantidade de poder que eu usar, maior será a perda da minha força vital, da minha energia. Se essa energia chegar à zero, eu morro.

_O que? Então lá na montanha você quase morreu por nós?! Quase deixou sua força vital acabar? - Legolas segurava meus ombros e me fazia olhar para ele. Seus lindos olhos azuis estavam preocupados e inquietos.

_Acho que sim, na verdade, senti algo estranho em relação a minha energia vital... Bom, de qualquer forma, isso não importa.

_Como assim não importa?! É claro que importa! É a sua vida!

OK, agora ele estava realmente nervoso e irritado, mas eu não entendia o porque. Afinal era só a minha vida, não tinha importância. Eu fui treinada desde criança para aceitar a morte a qualquer momento e entender que não sou importante. Sempre aprendi que minha vida não valia nada, que eu deveria me sacrificar por qualquer pessoa que precisasse. Ele não conseguia ver ou entender isso? Porque Legolas estava tão irritado comigo?

_Elfo, acho que você ainda não entendeu o que eu estou fazendo aqui. Eu sou um Anjo do Destino, e por causa disso não sou considerada uma pessoa, só sou um objeto usado para ajudar outros mundos. Não passo de uma ferramenta. Minha vida não tem nenhuma importância, a única coisa que importa é a missão.

_Você sempre me chama de idiota, mas a idiota aqui é você por pensar esse tipo de coisa sobre si mesma, Peregrina. -Legolas me retirou do seu colo e se afastou a passos largos, foi para o lugar mais longe que aquele espaço permitia.

E eu o olhava se afastar sem entender, ele nunca tinha falado comigo em um tom tão grosso e nunca tinha me olhando com tanta frieza.

Senti meu coração doendo a cada passo que Legolas dava para longe de mim. Acho que finalmente ele cansou do meu comportamento estúpido. Cansou de mim. Sem nem perceber tinha feito algo que jurei não fazer mais... Tinha começando a me apegar a Legolas e agora o via se afastar de mim.

_Abriu! -Virei o rosto e vi Gandalf comemorar por ter aberto a tal porta.

Suspirei pesadamente e me dirigi para lá e entrei no interior mal iluminado de Moria. O cheiro era horrível... Tinha cheiro de morte.

_Logo vocês vão conhecer a lendária hospitalidade dos anões -Gimli ia caminhando e falando como seu povo era bom, mas eu sentia que tinha algo errado com aquele lugar...

Gandalf iluminou a mina e olhei em volta com horror crescente. O chão de Moria estava coberto de esqueletos de anões.

_Isso é uma tumba! -Boromir estava perto de mim e exclamou com surpresa. Ele tinha razão, era uma tumba.

Gimli soltou um berro de dor e tristeza por ver seus parentes mortos. Senti um aperto no meu coração. Corri até ele e lhe dei um abraço enquanto sussurrava palavras de conforto. Nada daquilo devia esta acontecendo.

Mas fomos interrompidos pelo grito de Sam chamando Aragorn. Quando eu olhei vi Frodo ser arrastado e atacado por alguma criatura nojenta que tinha se escondido dentro do lago. Imediatamente disparei para fora gritando.

_Reequipar Sora! -Minha espada apareceu em minha mão e eu golpeei os tentáculos da criatura, consegui parti dois, mas o monstro continuava segurando Frodo e mais tentáculos surgiam. Boromir e Aragorn agora me ajudavam a golpear o monstro e Legolas o acertava com suas flechas. A cada golpe que dávamos acabávamos entrando mais no lago, mas a criatura mantinha Frodo suspenso no ar.

_Ar! -Impulsionei meus pés e ordenei que o Ar me erguesse do chão, agora eu podia voava na altura de onde o pequeno hobbit se debatia em busca de liberdade. Comecei a cortar todos os tentáculos que seguravam Frodo e finalmente o libertei.

_Segure em mim e não solte! -Gritei por cima do barulho que o monstro fazia ao ser morto, e Frodo me agarrou firmemente. Voar sozinha já era um pouco difícil, agora carregar o peso de outra pessoa tornava tudo muito mais complicado e eu ainda não tinha recuperado toda minha energia vital, não poderia ficar no ar por muito tempo então voei para dentro da mina, aquele era o lugar mais seguro para Frodo. Enquanto isso berrava para os outros.

_Voltem! Voltem para dentro da Mina!

Aterrissei com Frodo ainda agarrado a mim e me virei para a entrada. Vi que Boromir e Aragorn voltavam correndo na minha direção.

_Acerte-o, Legolas e Peregrina! -Aragorn gritou e imediatamente reequipei meu arco. Preparei minha fecha em menos de uma batida de coração e junto com Legolas disparei, nossas flechas acertaram a criatura nos olhos. Ela soltou um guincho horrível e bateu o resto de seus tentáculos nas paredes da entrada da mina causando um pequeno desmoronamento. Na mesma hora envolvi o corpo de Frodo com o meu e tentei protege-lo de ser acertado por alguma pedra, deu certo, nenhuma pedra o acertou, mas uma acabou me acertando com bastante força no ombro e arquejei de dor, mas permaneci firme. Só quando o desmoronamento acabou que soltei Frodo e virei-me para olhar... Agora a entrada da mina estava bloqueada por centenas de quilos de pedra. Aquilo não era bom.

_Agora só nós resta um caminho. Vamos atravessar Moria. -Gandalf disse isso e ficou bem óbvio que aquela ideia não o agradava.

_Gandalf, eu posso tentar tirar as pedras do caminho.

_Não, Peregrina. Poupe suas forças. Agora serão quatro dias de caminhada até o outro lado. Vamos em silêncio e talvez não sejamos notados.

Suspirei e prossegui na caminhada com os outros.

Durante os quatro dias nossa passagem foi silenciosa. E silenciosa também foi o tratamento que recebi de Legolas durante esse tempo. Agora era ele quem me ignorava e evitava. Eu ficava cada vez mais triste.

No final do quarto dia paramos em algum lugar de Moria enquanto Gandalf tentava lembrar qual caminho devíamos seguir. Sentei em uma pedra e olhei de longe para Legolas que estava bem afastado do grupo. Bom, se ele não quer mais falar comigo e cansou da minha presença, tudo bem, não posso culpa-lo. Mas sinto que preciso me desculpar pelo meu comportamento com ele, não quero que ele fique com uma imagem ruim de mim...

Pensei na melhor forma de me desculpar e tive uma ideia.

_Reequipar chocolate. -Sussurrei e logo um pedaço de chocolate pareceu na minha mão. Caminhei até onde Legolas estava, ele não virou e nem se mexeu, eu sabia que ele podia sentir que era eu quem se aproximava. Me abaixei perto dele e depositei o chocolate na pedra próxima a ele.

_Sinto muito por tudo, Legolas.

Levantei e virei para ir embora quando senti uma mão segurando meu pulso. A mão de Legolas. Olhei para ele sem entender. Ele não estava com raiva de mim? Cansado de me aguentar? Porque me segurava agora? A única resposta que cheguei foi que ele queria me bater ou xingar.

De repente Legolas me puxa de encontro ao seu corpo e me abraça com força. Aquilo me pegou totalmente de surpresa.

_Eu que preciso me desculpar. Não devia ter sido tão rude com você, Bleumer. A muitas diferenças entre nossas culturas, algumas diferenças que não consigo entender totalmente, mas, por favor, não diga de novo que sua vida não vale nada. -Com isso ele me abraçou ainda mais forte. Minha mente estava a mil por hora e meu coração disparado. Então era por isso que Legolas estava com raiva de mim? Porque eu disse que minha vida não valia nada? Esse elfo era um idiota mesmo, mas não pude evitar retribuir o abraço dele.

_Achei que me odiasse agora. -Falei com sinceridade enquanto ainda desfrutava do calor de seu abraço.

_Nunca a odiei, Bleumer. -Pude sentir os dedos de Legolas subindo e descendo pela minha coluna, como se brincasse comigo e fizesse carinho. Eu sentia tremores percorrendo meu corpo e meu coração parecia que ia sair pela boca. Rezei para que ele não notasse isso.

_Mas eu te odeio, elfo. Só pra ficar claro.

_Eu sei. -Até a risada de Legolas era linda e musical. Então ele se separou de mim, colocou as duas mãos nos meus ombros e me olhou intensamente. _Quero pedir que faça duas coisas por mim, Bleumer.

_Sim? -Não entendi a mudança súbita de Legolas, mas estava curiosa para saber o que ele queria.

_Primeiro, quero que tire a parte de baixo da sua máscara. -Hmm... Não fiquei muito feliz com isso, mas ok. Acabei tirando parte da máscara.

_E a segunda coisa? O que é?

_Segundo, quero que feche os olhos e abra um pouco os lábios.

Ok. Aquilo era estranho. O que ele queria com isso? O fitei desconfiada, mas ele apenas balançou a cabeça para mim. O jeito intenso que Legolas me olhava não dava muito espaço para dizer não. De qualquer forma resolvi confiar nele. Achei que o elfo não me faria mal.

_O que vai fazer agora? -Perguntei enquanto fechava os olhos e entreabri meus lábios.

_Isso...

Senti a respiração de Legolas bater de encontro ao meu rosto enquanto ele se aproximava de mim.

Então minha boca foi invadida por um gosto doce e suave...


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Notas finais do capítulo

Olá, tudo bem?

Quem acha que Bleumer é muito inocente levanta a mão! o/
Se você fosse Legolas, ficaria bolado com o que ela disse sobre a própria vida? :S
Acabei o capítulo na melhor parte mesmo! Sou má. u.u -q

Gente, no último capítulo recebi pouquíssimos comentários, na verdade isso já está acontecendo há algum tempo, então não sei se a história não está legal ou sei lá... É meio triste isso acontecer porque dai eu não sei se vale a pena postar o resto da história. Se vocês estão lendo e gostando ou tem alguma crítica a fazer, podem mandar comentários, apenas não me deixem sem saber se isso aqui está bom ou não. :/

Beijo.