A Peregrina escrita por Bleumer


Capítulo 13
O Amor Que Existe Dentro De Mim?


Notas iniciais do capítulo

Olá, amigo leitor, venha, sente e deixe-me contar uma história...



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*Narrativa em Primeira Pessoa*

Podia sentir Legolas me arrastando para mais longe da saída de Moria até que desabei no chão e ele não tentou me levantar de novo. Todas as dores físicas que eu sentia não eram nada comparadas a dor do meu coração.

A certeza da perda de Gandalf me atingiu como uma bomba.

Olhei em volta e vi os pequenos chorando desesperados, Gimli sentado em um canto, Aragorn estava mais a frente olhando para o horizonte até que o ouvi dizer.

_Temos que partir. Legolas, erga-os.

_O que? De um minuto para eles, por misericórdia! -Boromir falou, mas Aragorn só rebateu.

_Ao anoitecer essa colina vai estar cheia de orcs, precisamos chegar à floresta de Lothlórien. Vamos, Boromir, Legolas, Gimli, ergam-os!

Legolas obedeceu a Aragorn e veio tentar me levantar de novo, quando olhei para seus olhos vi que ele sofria tanto quanto qualquer um, mas nada disso me importou, nessa hora só consegui sentir ódio dele e explodi.

_Não me toque! Você não me deixou voltar! Você me segurou! -Agora eu estava de pé, com certa dificuldade, mas queria estar na mesma altura que ele. _Eu podia ter tentado salvar Gandalf! Podia ter usado o Ar e mergulhado no abismo para pega-lo a tempo! -Eu gritava na cara de Legolas e o empurrava a cada frase, sentindo cada vez mais ódio. _Porque não me deixou ir?!

_Você ia morrer! Não tinha como você conseguir voar até lá e trazê-lo de volta no estado que você se encontra! – Vi que Legolas fechou as mãos em punho e estava visualmente nervoso.

_E dai?! Eu estou aqui para proteger a sociedade! Mesmo que isso custe a minha vida! Eu teria me jogado de bom grado no abismo se isso significasse que Gandalf poderia sobreviver! -Meu corpo todo tremia de raiva por Legolas. Eu sabia que estava sendo um pouco irracional, mas não ligava. Só importava que Gandalf estava morto por culpa da minha incompetência.

_Eu não vou permitir que você se mate!–Legolas gritou de volta para mim, nunca o tinha visto levantar o tom de voz para ninguém.

_É a minha missão! Eu quero proteger vocês! Gandalf não podia ter morrido! Não podia! Não podia... É minha culpa a morte dele! Você não entende nada...! -Eu gritava as últimas palavras e dava socos no peitoral de Legolas, mas não tinha energia para dar um golpe forte, eram apenas pequenos socos que nem faziam cócegas no elfo.

_Nada disso foi sua culpa, Bleumer. –Legolas me disse.

Tudo estava desmoronando. A minha missão estava fracassando, e a fé de todos estava fraca e nossos corações estavam pesados pela dor. Senti quando Legolas tentou me abraçar, seus braços me rodearam com suavidade como se soubesse que um gesto mais bruto poderia me estilhaçar, mas repudiei seu gesto, empurrei seus braços para o lado. Não queria que ele me tocasse. Não queria seu carinho.

Lembrava-me com clareza dos meus pensamentos quando achei que precisaria invocar o Uranometria, quando achei que morreria... Naquela hora me permiti amar Legolas, mas agora com a morte de Gandalf, com o sentimento de fracasso e tristeza, não existia espaço dentro de mim para pensar em Legolas ou no seu carinho.

Por isso o afastei.

Todos nos observavam em silêncio até Aragorn tomar a palavra.

_Vamos. Aqui não é seguro. Podemos resolver nossos problemas depois.

Comecei a andar seguindo Aragorn, mas senti uma pontada aguda de dor do lado esquerdo do corpo cada vez que andava. Segurei de novo minhas costelas e tentei me manter firme.

_Aragorn! Peregrina, não pode continuar andando com esses ferimentos. -O idiota do Legolas tinha mesmo que abrir a boca pra dizer o que posso ou não fazer?

Aragorn voltou seus olhos para mim como se tentasse achar uma solução para o problema, nesse caso o problema era eu. Agora já conseguia pensar com mais clareza e a guerreira dentro de mim sabia que realmente não podíamos continuar perto de Moria.

_Posso andar. Isso não é nada e não vou atrasar vocês. Vamos em frente. -Tentei ser forte, mas estava difícil seguir em frente, tudo doía... Bom, eu fui treinada para aguentar a dor da melhor maneira possível, então não podia desistir.

_Então vamos nos afastar daqui, procurar um lugar para descansar e cuidar dos machucados de Peregrina. Depois vamos para a floresta de Lothlórien que esta a dois dias de distância. – Aragorn me disse.

Ok, parecia um bom plano, fácil de lembrar, sem muita problemática e a parte do descansar era o melhor do plano. Já ia dar o próximo passo quando Legolas segurou meu braço e disse.

_Se apoie em mim, eu te ajudo a andar. -Eu podia ver que ele estava abatido por tudo que tinha acontecido e realmente só queria me ajudar e ficar perto de mim, mas eu não podia lidar com nada disso agora.

_Não quero sua ajuda, elfo.

Meu coração doeu um pouco quando vi a magoa passando pelos olhos cristalinos de Legolas. Antes que eu pudesse concertar o que tinha dito, talvez usar um tom menos ríspido, Aragorn veio para perto e me disse.

_Então se apoie em mim, Peregrina. Vamos. –O guardião pegou meu braço e o passou por cima do seu ombro, colocou a mão na minha cintura com cuidado e começou a me rebocar para longe. Acho que Aragorn só estava nervoso para sair de perto de Moria, mas mesmo assim suspirei aliviada. Era muito mais fácil aceitar ajuda e ficar perto de Aragorn do que de Legolas.

Seguimos jornada assim, eu e Aragorn na frente, Boromir andando sozinho pelos lados, os quatro hobbits no meio e no final Legolas e Gimli conversando sobre algo. Achei estranho já que aqueles dois não conversavam muito.

Algum tempo depois acabei tropeçando em uma raiz no meio do caminho e ia caindo, mas Aragorn me segurou com mais força e me firmou. O problema é que ele apertou minhas costelas e eu deixei escapar um gemido de dor.

_Desculpe, Peregrina. Vou tomar mais cuidado. –Na mesma hora Aragorn se desculpou e me olhou meio preocupado.

_Não tem problema. Eu que não vi a raiz. Está tudo bem comigo.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Aragorn era uma boa companhia para caminhar. Ele era quieto e reservado na maior parte do tempo, ele não ficava me provocando como certo alguém.

_Legolas nos contou que seu nome verdadeiro é Bleumer, mas ainda não me acostumei a chamá-la assim.

_Esta tudo bem, eu não uso mais esse nome. Sou Peregrina agora.

Nossa caminhada foi preenchida com mais silêncio confortável até que senti a necessidade de agradecer a ele.

_Aragorn, obrigada por estar me ajudando.

Ele virou o rosto e me olhou um pouco surpreso. Sério, é tão difícil acreditar que eu posso ser educada?

_Não precisa agradecer, minha senhora. -Aragorn disse em tom de brincadeira e acabou sorrindo de leve para mim.

_Não me chame de senhora, vou me sentir velha assim. -Não pude evitar um pequeno riso, mas logo suspirei de dor.

_Ora, você não parece ter mais que 20 anos! É muito jovem para se sentir velha.

_Apenas vamos dizer que tenho bem mais que 20 anos de idade.

_Como assim?

_É uma longa história, prefiro contá-la quando estivermos em uma situação melhor, Aragorn.

Silêncio. Continuamos andando até o guardião me surpreender com suas palavras.

_Você é forte.

_ ... Hã?

_A maioria dos guerreiros não teria forças para caminhar tudo isso com esses ferimentos sem reclamar.

_Anjos do Destino são mais forte do que os humanos. Sem querer ofender.

_Não me ofendeu. Só estou admirado com sua força de vontade... E já percebi que Legolas também esta admirado por você, mas por outros motivos.

Nessa hora congelei. Não esperava esse tipo de conversa com Aragorn, então resolvi me fazer de boba, talvez ele parasse com o assunto.

_Não sei do que você esta falando.

_Conheço Legolas há muitos anos e nunca o vi desse jeito. Ele sempre fica agitado, irônico e tolo quando você está por perto.

_Eu o irrito. É por isso que ele fica assim, e idiota ele já é naturalmente. -Tentei convencer Aragorn que era esse o motivo por trás do comportamento de Legolas. E me convencer disso também.

_Sim, é verdade, você o irrita, mas vocês dois estão sempre se provocando. Legolas nunca foi assim. É como se ele fosse um novo Legolas quando esta com você. Além disso, também percebi o olhar que ele lança a você.

_Que olhar? -Não que eu me importe com isso, claro, mas fiquei um pouquinho curiosa para saber...

_Legolas olha para você do mesmo jeito que eu olho para Arwen. Ele esta apaixonado por você, Peregrina.

Engasguei e acabei tossindo, com isso provocando mais dor pelo meu corpo. Como assim apaixonado por mim?! E como que Aragorn diz isso nessa tranquilidade?! Eu estou quase enfartando aqui só de pensar nessa ideia absurda! Mas... Mas... Talvez uma pequena parte de mim sempre soubesse disso...

_Isso... I-isso não importa! Não posso dar o que ele quer. Não tenho amor dentro de mim. -Agora meu rosto queimava em um tom de vermelho de tanta vergonha que sentia ao falar sobre essas coisas. Mesmo que conversar sobre isso com Aragorn fosse como conversar com um irmão mais velho, ainda sim era constrangedor.

_Claro que existe amor dentro de você. Todos podem ver como você ama a sociedade e como quer protegê-la, isso vai além da sua missão. É sua vontade e amor por nós.

_Eu só... E-eu... Não sei o que fazer... –Confidenciei baixinho em um fio de voz.

_Você também esta apaixonada por ele? Você o ama? Se a resposta for sim então fique junto de Legolas.

Minha cabeça estava confusa. Não estou pronta para pensar nisso, não depois do que acabou de acontecer com a sociedade. Não sou boa com essa historia de sentimentos e amor. Sou boa em matar monstros e usar armas.

Mas no final percebi que nada disso importava de fato, porque eu nunca poderia me unir a Legolas.

_Isso não é relevante. Estar ou não apaixonada por ele não muda nada. Vou continuar sendo um Anjo do Destino e ele um elfo. Não somos da mesma raça e nem mesmo do mesmo planeta! Quando minha missão acabar aqui vou voltar a Pandora e depois vou ser mandada em outra missão e depois mais outra até morrer em alguma batalha. Essa é a minha vida. Não existe nada que eu possa oferecer a Legolas. Não existe futuro para essa relação que nem existe, Aragorn.

Aragorn ficou em silêncio por um tempo, pensando nas minhas palavras. Acho que ele podia me entender, afinal seu amor por Arwen embora fosse puro, era inviável.

_Eu entendo o que quer dizer. Eu mesmo não tenho nada para oferecer a Arwen e mesmo assim ela me ama e eu a amo de volta, mas o futuro dela não é comigo, é com seu povo e jamais pediria para ela abrir mão de algo por minha causa... Mas também sei que a decisão não é somente minha. Arwen que vai decidir o que fazer com seu amor, do mesmo jeito que Legolas também vai decidir.

_Amar é destruir e ser amado é ser destruído. Não quero destruir Legolas e nem quero ser destruída por ele. Se eu permitir que esse amor nasça e floresça, quando eu for embora para Pandora, os dois vão ser destruídos por um amor impossível.

Depois disso ficamos os dois calados. Acho que Aragon estava pensando em Arwen e eu evitava pensar em Legolas, sem sucesso. Eu sabia que era impossível qualquer coisa acontecer entre nós dois, mesmo eu já o amando em segredo, tão em segredo que não queria admitir de novo para mim. Afinal, eu nem tinha certeza se ele gostava mesmo de mim... Eu sei que sou desagradável aos olhos e ouvidos, então como ele poderia gostar de alguém como eu? Aragon devia estar enganado quanto a isso.

Bom, tanto faz. Nada aconteceria.

Quando achei que não ia conseguir dar mais um passo, se bem que era Aragorn quem carregava a maior parte do meu peso, finalmente paramos para descansar.

_Já devemos estar seguros, vamos passar a noite aqui. Peregrina, me deixe ver seus machucados... -Aragorn já vinha avançando na minha direção, mas ergui a mão para detê-lo.

_Não precisa, eu mesma posso cuidar disso. Só preciso ficar sozinha. -Não queria que nenhum deles me tocasse demais. Eu podia me cuidar sozinha. Fui andando para dentro da floresta e todos ficaram para trás, até que achei um lugar confortável para sentar. Meu corpo machucado desabou e agradeceu ao descanso.

Olhei para meu corpo, meu traje estava completamente sujo com meu sangue e com o de orcs. Eca!

E com pesar vi que minha ExoArmadura tinha sido danificada, o lado esquerdo tinha sofrido avarias... Além de poder sentir minha máscara empapada de sangue e suor. Meus cabelos deviam esta no mesmo estado. Sério, eu devo estar fedendo muito mesmo. Não sei como Aragorn aguentou ficar perto de mim.

Estava pensando onde poderia encontrar uma fonte de água quando um barulho na mata chamou minha atenção. Pelo Viajante, o que seria agora?!

Até que vi Legolas surgir do meio das árvores e vir até mim.

_O que esta fazendo aqui?!

_Te segui. Queria ver como você estava e te ajudar. –O elfo me respondeu na maior cara de pau.

Respirei fundo e isso me causou uma pontada dolorosa no corpo.

_Elfo, você tem problema de audição?

_Não, minha audição é perfeita. -Legolas se aproximava mais sem entender minha pergunta.GentSer

_Então que parte de "preciso ficar sozinha" você não entendeu, orelhas pontudas?

_Eu não queria te deixar sozinha. Vou ajudar a cuidar dos seus machucados. -A voz dele continuava tranquila enquanto se abaixava ao meu lado.

_Não preciso de ajuda, elfo.

_Não importa quantas vezes diga que não quer minha ajuda, eu estou decidido a ajudá-la, Bleumer.

Revirei os olhos. Ao que parece esse elfo podia ser tão teimoso quanto eu.

_Ta bom! Me ajude tirando a parte de baixo da minha máscara, dói demais levantar o braço. -Pude ver que Legolas parecia feliz em ajudar. Com delicadeza ele retirou minha máscara e finalmente pude sentir uma parte do meu rosto livre.

_Bleumer... -A voz de Legolas era de choque enquanto me olhava. Acho que minha aparência estava pior do que eu imaginei. Sou mesmo desagradável.

_Não olhe para mim. -Virei meu rosto e passei a mão por ele. Podia sentir que estava todo sujo, provavelmente de sangue seco.

_Todo esse sangue é seu? Ainda esta sangrando em algum lugar? -Vi que o elfo erguia a mão para passar pelo meu rosto, mas eu recuei.

_Acho que não. Enfim. Pode ouvir se tem alguma fonte de água por perto? Já que sempre se gaba dos seus ouvidos élficos.

Legolas fechou os olhos e ouviu por um momento então se virou e disse.

_ Ouço barulho de água por perto, eu te levo lá.

_Um pouco nostálgico você me levando para um lago de novo. -Não pude evitar o sorriso. Parecia que isso tinha acontecido anos atrás.

_Só espero que não me acerte com uma onda gigante de novo. -Legolas exibia aquele típico sorrisinho que eu odiava. Não pude evitar rir, mas logo depois gemi com a dor.

_Bleumer?! O que foi? Onde está doendo? Me diga o que fazer. -Se rir não doesse, eu iria rir de novo do nervosismo do elfo.

_Calma. Só preciso chegar até a água.

_Certo. -Então de repente Legolas me pega no colo sem minha permissão e sai andando pela floresta.

_O que?! Está louco?! Eu posso andar! Me coloca no chão! -Eu até podia me debater, mas tenho certeza que isso me causaria dores terríveis e Legolas também devia saber disso, por isso aproveitou a chance de me pegar no colo.

_Fique quieta, Bleumer. Você já se esforçou demais. Não seja irresponsável. E não é tão ruim ser carrega por mim, é? -Legolas caminhava e falava sem nenhum esforço, como se me carregar não fosse nada. Como se eu não pesasse nada. Elfo maldito.

_Eu estou fedendo. -Oi? O que?! Porque raios eu disse isso?! Porque chamei a atenção para isso?! Porque eu tenho que ter a mania de pensar em voz alta?! Eu sou idiota ou o que?!

Legolas me olhou sem entender e depois abaixou a cabeça, até estar na altura do meu pescoço e inspirou profundamente, sentindo meu cheiro. Não pude evitar que um arrepio passasse por mim. Que droga.

_Não acho. Para mim, você tem cheiro de flores desabrochando, noite e mar. Eu gosto. -Legolas me olhou com intensidade e na mesma hora meu coração disparou bombeando mais sangue para meu corpo, meu sangramento iria voltar se Legolas não parasse de me olhar assim. Como eu não sabia o que responder, simplesmente recorri à única palavra que veio em minha mente.

_Idiota. -E o elfo riu.

Depois de alguns minutos chegamos à beira de um rio, ele era relativamente raso e estreito. Perfeito para o que eu queria.

_O que eu faço?

_Pode me colocar no chão e ir embora, elfo.

_Porque eu iria embora? -Ele me perguntou enquanto me depositava com suavidade no chão.

_Porque vou tomar banho e você não pode ficar aqui.

_Mas e seus machucados? Eu preciso cuidar primeiro deles! Depois você pode tomar seu banho.

_O banho vai curar boa parte dos meus machucados, elfo.

_Não compreendo. -Ele admitiu por fim e vi que eu teria que da uma explicação ou Legolas não sairia dali.

_O elemento Água ajuda a me curar. A água é vida e tem propriedades medicinais. Ela vai curar uma parte dos meus machucados. Por isso que tenho que entrar na água.

Legolas ficou um tempo em silêncio absorvendo minhas palavras até que chegou a uma conclusão.

_Tudo bem. Pode ir tomar banho, mas eu fico aqui.

_Você não pode ficar aqui! Eu vou tomar banho! Isso significa que vou tirar a roupa! -Me desesperei. Sério, ele não tem noção de nada?!

_Não vou te deixar sozinha aqui, Bleumer. -Legolas simplesmente sentou em uma pedra e pronto. Ao que parecia ele não sairia de lá. Ótimo. Ótimo mesmo.

_S-seu... Tarado! -Podia sentir meu rosto ficando vermelho. Maravilha.

_Não sou tarado. Pode tirar a roupa e tomar banho em paz, não vou olhar. Vou ficar de costas para você enquanto faz isso.

_Ah, tá! Acha mesmo que vou acreditar nisso?!

_Juro pela minha honra e pela Floresta das Trevas que não vou espiar. -Pude ver que Legolas dizia a verdade... Ela estava estampada nos seus olhos. Então ele virou de costas para mim e ficou quieto.

Oook. Parece que vai ter que ser assim. Fazer o que? Tirei meu manto e o joguei para o lado, depois olhei para meu Bracelete Guia e apertei um botão quase invisível, com isso pude ouvir um click baixinho e minha ExoArmadura começou a se retrair, expondo meu corpo, começando dos pés até o pescoço, ela foi se retraindo e voltando ao Bracelete até que não existia mais ExoArmadura. Eu estava nua. Então com muito esforço consegui ergue meus braços e tirei o resto da máscara, expondo minha cabeça e libertando meus cabelos.

Legolas não se mexeu nenhuma vez para olhar, continuava de costas, mas aquela situação toda era muito constrangedora para mim. Com toda a rapidez que conseguia entrei no rio e me deixei afundar.

Encolhi meu corpo até ficar em posição fetal de olhos fechados, chamei a Água e pedi que ela me curasse. Senti como se uma bolha fosse feita ao meu redor, engolindo todo meu ser, a Água passava pelo meu corpo em ondas suaves, quase como caricias e a cada instante sentia meu corpo sendo curado e melhorando, a dor nas minhas costelas sumiu e na minha perna também. A sensação era ótima. Meu corpo estava leve e flutuava pela água que suavemente me trazia alivio e paz.

Abri os olhos e passei as mãos pelos meus braços e senti a energia da Água me invadindo e ajudando com os ferimentos, claro, ela não podia curar tudo, mas já aliviava bastante. Quando a Água já tinha feito tudo o que podia por mim, voltei à superfície e olhei na direção de Legolas, ele ainda estava de costas. Depois comecei a tomar banho de verdade e limpar a sujeira da minha pele e cabelos, minha pele ainda exibia alguns hematomas em tons de roxo e preto, além de uns poucos cortes, mas eu me sentia muito melhor agora.

Só tinha um problema. Minha ExoArmadura estava completamente suja de sangue e danificada. De nada adiantava tomar banho e vestir uma roupa assim. Com um suspiro disse.

_Reequipar ExoArmadura.

Então meu traje apareceu na minha mão e eu o mergulhei no rio, lavando-o. Quando estava satisfeita do meu trabalho mandei que o traje voltasse para meu Espaço Alternativo, lá ele seria concertado e eu poderia vesti-lo novamente depois.

Agora eu teria que usar minha segunda roupa. Não queria fazer isso, mas não tinha outra opção.

Sai do rio lentamente, sempre de olho em Legolas para ele não se virar e me ver.

_Ar. -Sussurrei e o Ar veio até mim. O fiz rodopiar suavemente ao meu redor até eu esta completamente seca.

_Reequipar traje branco. -Minha segunda roupa apareceu na minha mão e eu comecei a vesti-la, por causa dos costumes da Terra-Média me senti um pouco exposta por usar aquela típica roupa de Pandora...

_Acabou? -A voz calma de Legolas me deu um susto.

_Sim. Pode olhar já.

Legolas virou seu corpo e seus olhos se arregalaram ao me ver. Sua boca abriu-se em um perfeito O e ele só ficou me encarando, como se nunca tivesse me visto.

_Bleumer... Essa é você...? –Legolas me perguntou, ele mal conseguia encontrar a própria voz para completar a frase.

Então eu percebi que aquela era a primeira vez que ele me via sem minha ExoArmadura. Ele estava me vendo como eu sou. Nada cobria meu rosto ou cabelos. Apenas uma roupa simples cobria meu corpo.

Sua expressão era tão chocada que na mesma hora me arrependi de aparecer assim. Estava mais do que claro que Legolas estava surpreso por causa da minha aparência desagradável.

Eu sou desagradável aos olhos e ouvidos... Nabeel sempre diz isso.

Evitando olhar para Legolas, olhei para baixo e vi com espanto que uma luz no meu Bracelete Guia piscava.

Oh, não... Era uma mensagem de Pandora. Alguém de lá queria se comunicar comigo. Apenas rezei que não fosse Nabeel...


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Notas finais do capítulo

Olá, tudo bem?

* Peregrina descontou sua raiva e tristeza em Legolas. Coitado dele ): Quem acha que ele não merecia isso levanta a mão? o/
* Gente, o que foi essa conversa entre Aragorn e Bleumer? Alguém concorda com a forma de pensar da nossa viajante?
* Ser uma Elementar é algo incrível mesmo! Quem diria que dava para usar a Água dessa forma? Vocês gostaram disso? :3
* SIM! FINALMENTE BLEUMER TIROU A EXOARMADURA! Legolas acabou de vê-la como ela é de verdade... Mas vocês só vão conhecer a aparência dela no próximo capítulo! :3 Então me digam como vocês acham que ela é. Quero seus palpites. u.u
* E agora? Quem será que está mandando uma mensagem para Peregrina?! :O

Venham nos comentários e deixem suas dúvidas, críticas, sugestões ou elogios! Quero saber o que vocês estão achando da história! Isso é fundamental! :3
Mereço uma recomendação? *--* -q
Mudei a foto de perfil, alguém gostou? Não... Ok. TT-TT -q

Até breve! Beijo!