Meu despertador toca. Viro para o lado.

– Você não vai levantar? – pulo da cama ao ouvir a voz da menina, Luna, subindo as escadas do beliche. – As aulas vão começar em dez minutos.

– Dez? – arregalo os olhos. – Não começam às oito horas?

– Sete e quarenta. – ela resmunga, brincando com a bainha da blusa.

Rolo para o lado e acabo despencando da cama, em cima da menina loira.

– Desculpe, por favor, me desculpe! Foi sem querer! – fico em pé rapidamente e ajudo-a a levantar.

– Tudo bem. – ela bufa enquanto esfrega a testa. – Já estou acostumada.

[...]

Corro pelos corredores da escola enquanto vasculho minha mala em busca de meu horário. Aula de Direitos Humanos.

Entro na sala e me sento em uma carteira nos fundos da sala. A aula já havia começado. Eu estava vestindo uma jaqueta de moletom, embora estivesse calor e a maioria das pessoas vestisse manga curta, mas foi o que achei para cobrir a blusa do meu pijama, que não tive tempo de tirar.

A professora começou a explicar algo sobre leis e direitos humanistas e rabisca algo na lousa. Olho para o quadro-negro e vejo:

Livro: O DIREITO DOS HOMENS de DAVID LIRREST

Resumo Detalhado

Data de entrega: dia 13 – Valor: 10,0

Pego meu caderno na bolsa e rabisco o que estava escrito no quadro na primeira folha vazia que acho.

Quando a aula termina, olho para o relógio, eram 8:30. Eu tinha cinco minutos antes que a próxima aula começasse. Corri o mais rápido que pude para meu dormitório e tirei a jaqueta jogando sobre minha cama e vesti uma camiseta qualquer e um short, o mais rápido que pude.

Quando saí – correndo – pelos corredores, bufei ao ver que não havia mais nenhum estudante sequer andando por eles. O relógio marcava oito e trinta e seis.

– Com licença. – algo tocou meu ombro. Me virei e vi uma mulher, no mínimo dez centímetros mais baixa que eu, ela vestia uma roupa marfim e calçava sapatos bem pequenos. – Você não deveria estar na aula, mocinha?

– Sim, senhora. – corei. – Eu só fui...

Ela me examinou desde o cabelo mal penteado preso num rabo de cavalo mal feito até o shorts (que eu reparei que tinha vestido do lado avesso).

– Vejo que alguém tem problemas com horários. – ela disse, secamente. – Aqui nós não toleramos alunos atrasados. Vou te dar cobertura só porque ainda estamos na primeira semana de aula. Mas se eu te pegar novamente... – ela serrou os cílios. – Você já sabe.

E saiu andando pelos corredores, com seus saltos ressoando.

Já que a universidade “não tolerava alunos atrasados”, eu presumi que seria melhor esperar até a próxima aula começar. E o melhor jeito para de esperar para Hermione Granger era estudando, é claro.

No próximo capítulo: “Eu não me importava mais com sua esquisitice, porque no fundo, era tão estranha quanto ela.” “Sabe, querida, acho que você daria uma ótima Julieta para a peça.”