Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 48
Capítulo 48 - Partindo da Academia Cross


Notas iniciais do capítulo

*Usa Zero como escudo*
Yoo, pessoas que aqui permanecem...
~le pessoas atirando tijolos, tomates, ghouls e o que mais tiver...
Espera... Calma... Hey, se vocês me matarem FDS não vai ter um final!
~le silêncio
Bem, galerinha, sei que estou postando antes de responder os reviews de vocês, mas eu tô devendo esse capítulo há TANTO tempo que acho melhor dá-lo ao público primeiro e depois responder. Mas saibam que eu agradeço mesmo por você, que ainda está aqui depois desse meu sumiço de tanto tempo, não ter me abandonado! Sério, voltei por vocês!
FDS está nas retas finais, aparentemente, então estou planejando postar um capítulo por semana, que tal? É porque eu tenho contato com a net uma vez por semana, agora que o vizinho do wi-fi não tá pagando suas contas :P
Quero agradecer a todas as lindas que comentaram o capítulo anterior e ainda mais a você que está aqui a ler a fic, que não desistiu de mim *-*
Agora chega que eu estou devendo esse capítulo já tem tempo!
*Boa leitura*



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Quando avistei a construção do salão de baile senti minha certeza vacilar um pouco com o estado do lugar e as lembranças, agora mais nítidas, do que eu havia visto enquanto Zero me tirava de lá; o som dos gritos apavorados e de peles sendo rasgadas por presas afiadas das minhas recordações ecoando em meus ouvidos – e embora uma parte de mim houvesse ficado hesitante o bastante para o desejo de desistir aparecer, minha decisão não fraquejou por instante algum agora que eu era menos passional e possuía um senso de dever que me permitia ver tudo muito claramente. Eu sabia todos os riscos que eu corria indo naquela direção, cada problema que minha curiosidade e preocupação acarretaria, mas eu também sabia que não podia ser fraca e que precisava ser digna da confiança e devoção de Kira.

Segui Aidou até as escadinhas – eu tentando não ver o corpo de um dos alunos da Day Class com a expressão congelada na expressão de horror dos seus últimos instantes de vida jogado no canto, suas pernas viradas em um ângulo anormal – com meu coração descompassado pelo receio de encontrar meu arqui-inimigo preparado para uma emboscada, mas mantive minha expressão em uma seriedade severa que não permitia demonstrar qualquer receio.

Eu não posso fraquejar!

Uma das portas duplas de vidro havia se soltado das dobradiças e a moldura de madeira cor de creme jazia jogada ao lado da entrada; os cacos espalhados pelo chão fazendo barulho a cada passo meu e de Aidou, sendo triturados sob a sola dos nossos sapatos.

Aidou parou um passo antes da entrada e voltou-se para mim, que estava mais atrás e já com minha adaga em mãos para o caso de Leigh ainda estar lá e houver a remota possibilidade de eu conseguir me salvar com algo tão pequeno quanto uma adaga – duvidava que eu pudesse mata-lo até se eu tivesse uma metralhadora giratória que atirasse diversas Red Promises em sua direção, quanto mais uma que dependia exclusivamente de minhas habilidades semi-humanas sofríveis.

— Fique perto de mim e não se afaste sob hipótese alguma, entendeu? – falou Aidou com um olhar sério.

Eu apenas sacudi a cabeça em sinal de anuência, concordando com aqueles termos, e o movimento foi rápido demais para fazer com que minha expressão impassível fosse levada a sério.

Aidou abriu a boca, parecendo tentado a dizer alguma coisa, mas acabou desistindo com um sacudir de cabeça e se voltou para a entrada outra vez.

Quando entramos no local, meu coração deu um tranco com o que meus olhos registravam, a minha respiração ficando presa na garganta. A bile queimou e se revirou em meu estômago, ameaçando subir por meu esôfago, e minhas mãos agarraram mais firmemente o cabo da adaga quanto mais meus olhos vagavam pelo horror que nós encontráramos.

Meus olhos direcionaram-se rapidamente para a figura de Aidou a minha frente a tempo de ver seus ombros se tencionarem e seus dedos se fecharem em punhos apertados e trêmulos.

A quantidade de corpos que havia dentro daquele salão era maior do que nós vimos em nosso caminho pela Academia Cross, e não eram exclusivamente alunos da Day Class, embora ainda fossem maioria. Havia rapazes vestidos com o uniforme branco idêntico ao de Aidou e garotas que eu acreditava ter visto vagamente pelas minhas escoltas a turma da Night Class jogados ao chão, todos com aquela mesma expressão eternamente amedrontada que os assolou nos últimos minutos de suas vidas.

O chão estava imundo, manchado em uma mistura desagradável de sangue coagulado, vidro de um lustre dourado que havia despencado no chão e cinzas de Níveis-Es abatidos.

Havia marcas de garras e manchas de sangue pelas paredes, assim como entulhos delas pelo chão – já não aparentava ser aquele mesmo luxuoso e requintado salão de horas atrás, onde jovens dançavam alegremente depois de semanas inquietantes de espera para aquele evento.

Quem diria que tudo acabaria daquela maneira...

E por minha causa.

Um sentimento de culpa trouxe-me um sabor amargo à boca e me lacerou o coração, mais dúvidas e incertezas assolando meu cérebro.

Será que eu valho tudo isso? Todas essas vidas perdidas? Eu sou apenas uma pessoa, minha sobrevivência não deveria custar tantas vidas... Minha vida não vale mais do que a de nenhum deles.

Mas eu também sabia que me entregar e permitir que Leigh me matasse seria um desrespeito a todas as vidas desperdiçadas nesse meio tempo, então engolia aquele sentimento que formava um bolo em minha garganta, enxotava todas as dúvidas e autodepreciações que me atrapalhariam a manter-me focada no que eu devia fazer: vinga-las.

Eu instintivamente levei minha mão até o punho de Aidou e o apertei para tentar mostra-lo que eu estava ali para ele, se precisasse; que eu sentia muito pela perda de seus colegas e que ele precisava ser forte por mais um tempo. Não podíamos nos dar ao luxo de desmoronar ainda.

Dei uns poucos passos para ficar ao seu lado e observei mais uma vez a desolação com o coração apertado, tentando ignorar aquela terrível pontada de culpa que me atravessou o peito.

A culpa é de Leigh, não é minha! Ele é o psicopata maluco. A culpa é de Leigh.

Aquelas palavras tinham se tornado quase um mantra para me lembrar de quem era o verdadeiro culpado por tudo aquilo.

Levei meu olhar para o rosto de Aidou, vendo sua mandíbula rígida com o esforço de conter a fúria que brilhava em seus olhos azuis.

Estava para dizer algumas tolas palavras de consolo a ele quando senti uma movimentação pelos meus flancos que me pôs em estado de alerta. Red Promises girou em minha mão de maneira discreta para ficar na posição perfeita de apunhalar alguém, e no instante seguinte eu já estava me virando e atacando o que quer que fosse.

Uma mão masculina segurou meu punho, a ponta da adaga parando a pouquíssimos centímetros do peitoral da outra pessoa, e quando ergui o rosto para ver de quem se tratava, sobressaltada com a agilidade com que me detivera mesmo com tão pouco espaço de resposta, vi que era Kaname Kuran o vampiro que eu quase matara.

Soltei a adaga rapidamente em horror ao que eu quase fizera, e ela bateu no chão de madeira com um tilintar metálico que cortou o silêncio pétreo que dominava aquele espaço. Vi o rosto de Kaname se contrair de agonia antes de ele cair de joelhos a minha frente, o antebraço segurando sua barriga como se tentasse conter a dor que ali sentia.

Ele estava um caco, mesmo que sua regeneração vampírica tivesse fechado a maioria dos ferimentos que estragavam seu rosto, mas ainda estivesse lenta demais para um Sangue-Puro tão poderoso quanto ele; além de sua pele estar anormalmente pálida assim como os seus lábios.

O blazer de Kaname havia desaparecido com sua gravata, tudo que usava era a camisa social preta que apresentava alguns rasgos que, uns exibiam apenas a pele pálida de seu corpo e outros cicatrizes em variados níveis de recuperação; e o que mais me preocupava era aquele corte transversal enorme em sua barriga que, embora já estivesse fechado, mostrava a carne avermelhada do líder do dormitório.

Sua calça, que um dia já foi impecavelmente branca, também havia sido talhada durante a batalha, e estava manchada em uma mistura desagradável de sangue e terra, além de conter algumas folhas secas grudadas.

Eu vira o rosto de Kaname muito brevemente antes que ele desabasse na minha frente, mas me lembrava de ver uma enorme cicatriz rosada cortando sua bochecha e desfigurando seu rosto. Agora a face de Kaname estava baixa pelo cansaço, as madeixas castanhas escondendo o seu rosto ferido da minha avaliação.

Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, fui empurrada para o lado sem qualquer delicadeza, desabando no chão sobre meu ombro.

Xinguei baixinho com o raio de dor que me atravessou e lancei um olhar ferino para Aidou, que havia tomado meu lugar na frente de Kaname e já chamava pelo seu mestre, que parecia estar em um transe de agonia forte demais para fazer qualquer coisa em relação aos chamados de Aidou.

Deixei-os ali e pus meus pés em movimento para procurar Kira, meu coração já acelerado no peito com o medo do que eu poderia encontrar – se Kaname estava tão terrível assim, Kira não podia estar em um estado melhor.

Caminhei em direção ao único espaço que não estava no meu campo de visão, que era aquela varanda da qual o líder do Dormitório da Lua havia me levado para conversar no que parecia ter sido Eras atrás.

As portas francesas, mesmo que estivessem em um estado tão deplorável quanto o resto do salão, permaneciam no lugar como uma lembrança de como aquele lugar já fora antes do horror que Leigh trouxera consigo tocar aquele lugar.

Quando atravessei a porta senti meu coração parar, a respiração ficando presa na garganta.

Havia cinzas de Níveis-E por toda a parte, além de corpos de vampiros da Night Class caídos sobre a balaustrada parcialmente destruída durante a batalha e jogados pelo chão – mas não foi apenas isso que fez meu coração parar.

Kira estava caído no chão em um estado tão ruim quanto o de Kaname, suas costas apoiadas no que sobrara da balaustrada e seus olhos fechados e o rosto voltado para o céu como se desfrutasse do halo de luz que encontrara uma brecha nas nuvens e recaía sobre si.

O cabelo negro do vampiro era uma bagunça de sangue, cinzas e suor, deixando-o mais ondulado do que normalmente era, além de que estava tão frisado quanto o meu se encontrava, além de que uma folha seca matreira embrenhara-se nos fios negros.

Como Kaname, Kira perdera o blazer e a gravata de seu uniforme, ficando assim apenas com a camisa social preta, que se encontrava em frangalhos – mas ao contrário do Líder do Dormitório, ele abrira todos os botões da camisa e deixara a mostra o físico que ele escondia por baixo daquelas peças de roupa – mas não foi o corpo definido de meu guardião que me fizera ficar estática na entrada também.

A pele aparentemente macia de Kira, que reluzia tão harmoniosamente com a luz do sol, estava marcada por todo tipo de corte, de diferentes tamanhos e profundidades; o pior deles sendo um que, embora sua regeneração vampírica já o tivesse fechado, lhe rasgava o culote e o sangue coagulado manchava sua cútis por todo o caminho até a calça branca. A forma como um vinco de dor aparecia entre suas sobrancelhas deixava ainda mais óbvio a agonia que ele devia estar sentindo depois daquela luta e o quão forte aquele psicopata idiota era, pois ferira tão terrivelmente dois vampiros Sangue-Puro do tipo mais poderoso possível.

— Kira – chamei-o, um pouco sem fôlego.

Seu rosto baixou na direção da minha voz e então suas pálpebras se abriram, revelando aqueles belos orbes azuis intensos. Um sorriso débil se formou em seus lábios, mas que também era tão bonito que apenas o fato de ele se esforçar para fazê-lo me comoveu.

— Hey, Hime – diz da maneira mais humorada que consegue enquanto tenta endireitar sua pose desleixada. – Você está um caco.

E estranhamente eu consigo rir da sua brincadeira.

— E você está um encanto – caçoei.

Kira tentou tirar uma sujeira em seu peitoral com certo orgulho, como se ainda aparentasse ser o Sangue-Puro poderoso e respeitável que era no início daquele baile; e ter a consciência de que ele acabara naquele estado tentando zelar por minha vida fez meu peito doer.

— Eu sei. Tento não ficar, mas é automático.

Engoli uma risada, embora os cantos de meus lábios estremecessem com a vontade que logo desvaneceu com a visão do estado de Kira e o conhecimento de qual é a causa daquela desolação:

Eu.

Soltei um suspiro baixo e lancei meu olhar para além da balaustrada, lembrando-me do outro motivo pelo qual eu viera atrás do meu guardião e que eu não tinha tempo para ficar papeando.

— Temos que ir embora daqui, Kira – falo com certa apatia, meus olhos fixos nas marcas da batalha gravadas nas árvores próximas a varanda, algumas delas caíram e destruíram a fonte de pedra que havia embaixo. – Leigh certamente não voltará para cá depois do que você e Kaname fizeram. Preciso ficar mais forte, me tornar uma vampira de Sangue-Primário e tira-los da zona de fogo. Essa guerra não os pertence.

Kira assentiu com certo pesar, parecendo compreender os motivos de eu achar minha retirada da Academia Cross necessária e o quanto essa decisão me lacerava por dentro.

Ele se levantou com mais facilidade do que alguém se moveria normalmente estando tão ferido quanto ele, então caminhou até mim mancando um pouco, um leve vinco entre suas sobrancelhas sendo a única evidência de que sentia dor.

— Você está certa. Só me dê um tempo para beber alguma coisa e te arrumar algumas roupas. Sairemos daqui em quinze minutos.

Ainda era tempo demais para mim, mas optei por não reclamar quando Kira estava tão debilitado. Se isso era o mínimo de tempo que ele conseguia, eu respeitaria, desde que fossemos embora de uma vez.

“É melhor para todos”, eu tinha que me lembrar disso enquanto caminhava atrás de Kira pelas escadas da varanda para que Kaname e Aidou não nos visse fugindo, mas não era o bastante para aliviar a dor em meu coração.


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Notas finais do capítulo

E aí, galera! O que vocês acharam do capítulo? Grazadeus o Leigh não estava lá para aterrorizar a vida da Hime mais um pouquinho :v
É, aparentemente a nossa princesinha está fugindo ESCONDIDO da Academia Cross :P
Será que a galera vai demorar a dar falta da Hime e do Kira? Pq se eles sacarem a tempo, quem sabe não impeçam, né? Deem suas opiniões!
Ah, estou pensando em mudar meu nome no Nyah! Como estou numa onda Bangtan Boys (cara, caso com eles, e olha que isso é uma declaração e tanto para uma pessoa decidida a ser uma solteira convicta), estou pensando em alterar meu nome para Sugar (porque eu sou um docinho que nem o Suga do BTS) ou quem sabe pôr Doryta (pq eu amo Doritos) :)
Pensando ainda, pensando...
Caro leitor, se você ainda estiver aí, comente por favor! Quero saber quem ainda permanece comigo *-*
Beijos e até a próxima (que não vai demorar dessa vez!)