Dois Quartos de Vinho escrita por Ninguém


Capítulo 18
Logo depois do fim do espetáculo


Notas iniciais do capítulo

Olá, querido leitor. Seja bem vindo! Puxe uma cadeira ou deite no sofá, tome um chá ou coma uma pipoca. Enfim, sinta-se a vontade e tenha uma ótima leitura.



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Na quinta-feira, logo depois do fim do espetáculo, os Barbixas, seus convidados - Marco Gonçalves, Guilherme Tomé e Daniel Tauszig - e uma produtora, resolveram ir a uma churrascaria, próxima ao Tuca.

— Gente só eu acho meio estranho aquela cadeira ali vazia? - Jaque, a produtora, perguntou a todos se referindo a cadeira ao lado esquerdo de Elídio.
A mulher tinha olhos cor de mel, cabelos de um tom louro escuro completamente cacheados até a altura dos seios e um sorriso marcante. Com apenas 24 anos ela era a mais nova da Cia.

— Jaque e suas manias de organização. - Marco disse fazendo todos da mesa rir.

— Mas eu acho que ela tá certa, quer dizer, quase nunca saímos assim em número impar. - Observou Daniel.

— Se vocês quiserem eu posso revolver esse problema. - Elídio disse completando a frase com sua clássica mania de colocar as palmas das mãos sobre o tórax.

— Ih, até imagino quem você vai chamar. - Dessa vez foi Anderson quem falou.

— Já tem mulher nova na parada, Elídio? - Perguntou Tomé.

— Mulher não né, uma menina, praticamente uma criança. - Anderson concluiu.

— Andy vê se não enche, é pra ligar ou não?

— LIGA! - Tauszig, Jaque e Tomé gritaram ao mesmo tempo.

...

Lia estava em seu carro, curtindo a música e o ar-condicionado quando seu celular começou a tocar, esperou o farol fechar e atendeu.

— Alô?

— Oi Lia, é o Elídio. Tudo bem?

— Ah, oi, tudo sim e você? - Conseguiu disfarçar a surpresa e felicidade causadas pela ligação.

— Também. Então, queria saber se você não tá afim de vir aqui na Costelletas, você conhece? É uma churrascaria perto do Tuca.

— Ah claro, conheço sim. Você tá sozinho?

— Não, tem uma galera aqui, mas acho que a maioria você conhece. O que acha?

— Acho ótimo, vou sim!

— Sério? Isso é ótimo, estou indo te buscar então.

— Não, não precisa, eu tô de carro.

— Anota ai o endereço então.

— Eu sei onde fica, Elídio. - Ela disse rindo. - Em 5 minutos tô ai. - E desligou.

...

— Ela chegou. - Elídio disse assim que viu Lia passar pela porta da churrascaria, fazendo todos da mesa olharem na direção da jovem.

Assim que entrou, foi gentilmente recebida pelo hostess que perguntou se a mulher possuía alguma reserva, ela apontou para mesa em que Elídio estava, que por sua vez fez um aceno ao homem, que a deixou prosseguir.

O local era grande, todo enfeitado com barris e potes de temperos, quatro televisões de 50 polegadas dispostas nas laterais mostravam imagens de um campeonato de futebol americano, o aroma característico do churrasco tomava conta da churrascaria que estava bem movimentada. A mesa em que Elídio e seus amigos estavam era uma das últimas e a segunda com mais pessoas.

— Porra Elídio, que bom gosto. - Tomé falou enquanto Lia se aproximava.

— Que linda universitária. - Elídio disse para Lia ao beija-la no rosto. - Não sabia que usava óculos. - O comentário a deixou vermelha, com toda a animação momentânea esquecera de tirar o óculos.

Ela sorriu e tentou tira-lo, mas ele a impediu.

— Não tira, não. Você está linda assim, vem, vou te apresentar pra trupe.

Lia cumprimentou todos da mesa, um por um, e foi se sentar ao lado de Elídio. Todos conversaram por pouco mais de 15 minutos, até que o celular de Lia começou a tocar. Ela pediu licença e foi até o banheiro para poder atender.
Todos começaram a olhar para Elídio, que ficou sem graça e rindo perguntou:

— O que foi?

— Bonita ela, hein?! Pena que você chegou primeiro e amigo a gente respeita, se não você teria concorrência.

— Concorrência eu tenho Marcão, a diferença é que sou insuperável!- Elídio zombou, novamente pressionando as palmas das mãos contra o tórax.

— Mas Lico, por que você apresentou ela pra gente? Quer dizer, você não costuma fazer isso. - Jaque perguntou, fazendo Tauszig e Anderson balançarem a cabeça em sinal afirmativo.

— Ah gente, nada de mais, só chamei.

— Até que ela é legal Elídio, gostei da moça. - Observou Tauszig - Tá com medo de se apaixonar?

— Que que isso, gente? Virou um interrogatório? Só estamos nos conhecendo.

— Não sei não Lico, mas parece que dessa vez vai ser diferente. - Daniel comentou.

...

Lia achou um tanto cômico sua prima ligar perguntando quando iriam ao Improvável juntas, justo na noite em que ela estava, surpreendentemente, jantando com os próprios Barbixas.

Assim que voltou para a mesa se surpreendeu, todos estavam de pé tirando fotos com alguns fãs que os reconheceram, enquanto algumas adolescentes davam gritinhos de alegria. Lia não as julgou, na idade delas faria o mesmo, simplesmente continuou andando até parar ao lado de Jaque.

— É sempre assim? - Ela perguntou sorrindo.

— Não, na verdade é pior. Tava até estranhando a demora. Vou pegar mais salada, você vem comigo?

— Claro.

— Sabe, eu já tô acostumada, sempre que saio com eles, chegam as fãs e eu fico um tempo de lado. Mas não ligo, não, tenho orgulho de fazer parte disso, mesmo sendo atrás das cortinas. - A produtora continuou assim que se afastaram - E você também tem que se acostumar, agora que tá com o Lico.

— O que? Não, não. Oi? - Lia ficou totalmente sem graça. - É, a gente é só amigo.

— Se são só amigos por quê ficou toda vermelha? - Jaque perguntou com um sorriso no canto da boca. - Vem, vamos voltar que a sessão de foto já acabou.

— Que bom que vocês voltaram meninas, precisamos da opinião sobre um assunto muito sério. - Marco disse logo depois que Jaque e Lia se sentaram.

— O que foi? - Lia respondeu rindo.

— Morrer atacada por um urso ou picada por um enxame de abelhas?

Jaque estava bebendo refrigerante quando Marco perguntou, o engasgo foi quase que de imediato, Lia teve uma crise de riso acompanhada de uma tosse. Mas alguns segundos depois as duas responderam juntas.

— Urso!

— Mas por que a pergunta? 

— O Elídio queria saber, mas tava com vergonha de pergunta.

— Eu, né? O maluco aqui sou eu agora. - Elídio mal conseguiu concluir a frase de tanto rir.

— Vai se acostumando Lia, pra andar com essa trupe você tem que ter um parafuso a menos.

Eles conversaram sobre assuntos variados, dando ênfase ao teatro. Trataram Lia como uma antiga conhecida, mas ao mesmo tempo como uma ilustre convidada e Marco tentou ao máximo constrangem Elídio sobre toda a situação.

A conversa durou pouco mais de meia hora até que Anderson, olhando a hora em seu celular, falou:

— Já tá tarde, vamos?

— Espera ai, nós vamos sem a clássica foto na mesa? Aquela em que o Andy sempre faz careta e as mulheres sorriem. - Tauszig perguntou.

— Não seja por isso. - Anderson respondeu pegando novamente o celular. - Digam "esfigmomanômetro".

Lia tentou se levantar, não queria ser uma intrusa na foto dos amigos, mas Elídio a impediu, colocou um dos braços sobre seus ombros e a puxou para perto de si.

— Aonde a senhorita pensa que vai?

— Eu só...

— "Eu só" nada, agora você faz parte. - Ele disse beijando-a ao fim da frase, o que fez ela sorrir.

— É, se o Elídio parar de agarrar nossa convidada até dá pra tirar uma foto. - Tomé disse rindo.

— Deixa eu ver como ficou. - Anderson estendeu o celular para Elídio ver a foto.

Na tela estavam: Anderson e Tauszig fazendo caretas, Jaque e Tomé sorrindo enquanto Daniel e Marco fingiam seriedade e o último Barbixa aparecia de costas cobrindo totalmente a existência de Lia, apenas sua mão aparecia apoiada sobre a mesa.

— Tá ótima! Posta assim mesmo.

— Ih, eu não quero nem ver os comentários sobre a posição suspeita do Lico. - Jaque observou e a maioria da mesa concordou com ela.

— Então vamos né? A Claudia já tá me ligando. - Anderson disse referindo-se a esposa.

Assim que o garçom chegou com a conta, Lia começou a mexer em sua bolsa, achava justo que rachasse os gastos com todos, porém Elídio a impediu, colocando uma das mãos sobre a dela e com a outra puxando-a para roubar um beijo que não durou muito pois a jovem se afastou rindo.

Todos saíram juntos da churrascaria e foram até o estacionamento, durante o caminho Elídio tentou abraçar Lia, mas ela manteve distância, aparentemente envergonhada por todos que estavam perto. Chegaram até a van deles e então Elídio disse:

— É... eu vou levar a Lia no carro dela e já volto.

O carro não estava muito longe, eles caminharam até lá em silencio, mas o homem não se conteve assim que chegaram.

— Acho que eles estão esperando um beijo. - Disse referindo-se aos que esperavam na frente da Van.

Assim que ela se virou, olhando naquela direção e todos disfarçaram, fingindo conversar entre si. A jovens rir da cena, colocou a chave na porta do carro e a abriu.

— Não seja por isso. - Ela se aproximou de Elídio e colocou uma das mãos em sua nuca, acariciando levemente seus ralos cabelos e beijou seu rosto. Logo em seguida entrou no carro e fechou a porta.

O homem ficou ali parado, até que ela abaixou o vidro, e então se apoiou no vão da janela.

— Você é uma mulher impossível!

— Eu sei. - Ela disse com mais um de seus irresistíveis sorrisos.

Quando passou perto da Van, Lia buzinou três vezes para dar tchau e escutou ao longe Sanna gritar "Cuidado com os ursos no caminho", ela riu, virou a esquina e foi em direção ao seu apartamento.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo,
Abraços.



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