Metamorfose Mortal escrita por Pégasus


Capítulo 4
Capitulo 4




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Naquele ar gélido e esterilizado do hospital, Gaia permanecia imóvel na cama, seu rosto com muitas cicatrizes e hematomas, a pele pálida, e o olhar vazio encarando a janela. Logo, uma das enfermeiras entrou no quarto.

– Gaia, você foi liberada para ter um horário de visitas pela tarde.

Gaia deu um sorriso fraco por lhe faltar forças, porem agradecido.

– Minha família... Como estão?

– Sua mãe ficou muito mal.

– E os outros?

– Outros?

– É, meu pai e minha irmã.

– Desculpe, eles não vieram ainda. Mas seu namorado veio todos os dias.

– Meu namorado? Eu não tenho...

– Ai droga, me esqueci mais uma vez que sua memoria foi danificada. – interrompeu a enfermeira. – Me perdoe.

O medico já havia avisado a Gaia sobre sua situação psicológica, apesar de já saber que não se lembraria de muitas coisas, ainda parecia estranho não se lembrar do próprio namorado.

– Tudo bem. – Disse com a cabeça baixa.

Gaia esperou ansiosamente por seu horário de visitas, havia duas semanas que estava desacordada, e pensava muito em como sua família devia estar reagindo a isso, ficou decepcionada ao saber que apenas sua mãe a visitara, mas não fazia diferença para ela, talvez os outros tivessem um bom motivo.

***

O medico conversava com rosa no corredor do hospital

– Quando nossas memorias são impedidas de serem relembradas após um acidente é como se o corpo dessa pessoa estivesse tentando protege-la de qualquer trauma passível, sua filha tem uma fratura no crânio e essa é a forma de seu corpo de se proteger.

– Você quer dizer que...

– Sua filha não esta se lembrando de muitas coisas. Por exemplo, coisas que aconteceram recentemente. Diria que ela deve estar uns 3 anos atrasada em relação a sua própria vida.

Rosa olhou bem para o medico, por um instante pensou em como era triste a situação de Gaia, mas por outro lado ela não se lembraria da dor que sentia nos últimos dias, não se lembraria das musicas tristes nem dos problemas que tinha em casa com sua família, não se lembraria das inimizades na escola, nem mesmo dos cortes nos braços, apesar de que estes sempre estariam no seu corpo na tentativa de relembra-la do passado sombrio. Rosa sorriu para o médico. Era egoísta de sua parte, mas tudo ficaria bem.

– Deus escreve certo... – Ela fez uma pausa, sorrindo ainda mais – por linhas tortas.

***

Rosa entrou no quarto e se deparou com sua filha machucada deitada na cama, Gaia tinha uma expressão de serenidade apesar de seu rosto estar carregado de manchas roxas. Rosa não conseguiu conter as lagrimas e chorou descontroladamente enquanto corria na direção de Gaia para abraça-la. Rosa a apertou forte, e Gaia também.

– Eu rezei todos os dias para que você acordasse. – Sussurrou Rosa.

– Parece que as coisas que você pede aos céus são atendidas. Obrigado mãe.

Rosa podia ver claramente como a memória perdida mudava a personalidade de sua filha completamente. Se houvesse uma realidade alternativa em que Gaia era bem humorada, essa devia ser a única.

– Então – Começou Gaia quando sua mãe se sentou na cadeira em frente a cama hospitalar – Por que os outros não vieram? Eles sabem que eu sofri um acidente? Espero que tenham um bom motivo. Não vou aceitar qualquer coisa.

Rosa ficou sem reação. É Claro, como ela se lembraria que não conversa com o resto da família?! Esse é o momento perfeito para enterrar isso no passado. Pensava Rosa, então deu um sorriso descontraído.

– Digamos que são covardes demais para ver alguém machucado por um acidente, eles estão te esperando em casa. – mentiu.

– Eles estão com medo de me ver? É isso? – Gaia gargalhou alto. – diga a eles que todos os meus membros estão em seus devidos lugares.

Rosa riu. Gaia tomou uma expressão séria de repente.

– Mãe, você conhece meu namorado?

Rosa ficou seria não queria falar de Kyle, não queria que ele nunca mais fosse mencionado na “nova” vida de Gaia.

– Na verdade, não.

– Aparentemente, nem eu.

– Esqueceu de seu próprio namorado? Não devia ama – ló de verdade então.

– Também pensei nisso. Não sei o que fazer em relação a ele, a enfermeira me disse que ele veio todos os dias em que eu estive desacordada. Ele vem me ver hoje.

Rosa sentiu calafrios, não, se Gaia se encontrasse com Kyle, provavelmente se lembraria, não podia deixar isso acontecer

– Não sei como reagir, afinal vou conhecer meu namorado pela “primeira vez”.

– Acho que isso pode ser estressante para você filha, se quiser podemos cancelar, diremos aos médicos que você não se lembra dele.

– Não, eu quero conhece-lo. Quero saber quem eu era antes, o que fazia e de quem gostava talvez ele possa me ajudar.

– Querida, eu posso fazer isso.

– Mas mãe, você também não sabia que eu tinha um namorado, sabe-se lá o que mais você não sabe sobre mim.

Rosa preferiu não continuar o assunto, poderia acabar se contradizendo se dissesse que sabia sobre Kyle, e perderia a confiança de Gaia.

Rosa e Gaia conversaram por mais uns minutos ate que o horário de visita de Rosa acabou, quando rosa saia do quarto se encontrou com Kyle e seu avô que andavam determinadamente para o quarto de Gaia, eles cumprimentaram e abraçaram Rosa, logo entraram no quarto, rosa permaneceu na porta observando o que acontecia, Kyle provavelmente foi avisado de que Gaia perdera a memória ainda assim, queria ter certeza de que a garota que amava não se lembraria dele.

– Gaia. – Kyle a abraçou apertado, Gaia ficou sem reação – Você esta bem. Graças a Deus.

– É...

De repente Kyle notou o clima estranho, Gaia não parecia confortável.

– Você se lembra de mim? – Perguntou ele.

Gaia fez uma cara de desculpas.

– Me perdoe. – E abaixou a cabeça.

Kyle sentiu um aperto no coração, rosa pôs a mão em seus ombros em forma de consolo.

– Podemos conversar lá fora, Kyle? – Disse Ela.

– Claro. – Respondeu cabisbaixo.

Rosa, Kyle e seu avô se retiraram do quarto rumo ao corredor. Gaia olhava para Kyle enquanto ele saia, e Kyle olhava para Gaia procurando algum sinal nos seus olhos de que tudo o que eles passaram juntos não tinha sido esquecido. Então a porta atrás dele foi fechada e ele foi obrigado a olhar para a expressão severa de Rosa.

– Seria bom vocês não entrassem mais em contato com minha filha.

O avô de Kyle ficou chocado.

– Por que você quer afastar essas duas crianças, senhora?

– Porque Kyle pode fazer minha filha se lembrar de tudo aquilo que ela deve esquecer. Ela não era uma garota feliz Sr. Wood, não a faça se lembrar disso.

– Mas... – O avô de Kyle questionou, mas Kyle interrompeu.

– Ela está certa, vô, vamos embora.


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