Depois de algumas horas viajando nas costas dos Aquilamons, admirando várias paisagens bonitas como a floresta e montanhas, até finalmente chegarem no deserto. De longe puderam avistar que uma tempestade de areia assolava boa parte do deserto. Os Aquilamons então pousaram perto de algumas pedras enormes, do tamanho de prédios de três andares.

– Infelizmente a tempestade de areia não permitirá que a gente os leve até a localização exata do anel. - disse um dos Aquilamons ao pousar.

– Não tem problema. Vamos seguir a pé a partir daqui. - disse Taiyou descendo e fazendo um sinal de positivo para os Aquilamons.

– Só de ter nos trago aqui já foi de grande ajuda. - disse Mahi acariciando a cabeça do Aquilamon no qual ela veio nas costas.

Os grandes pássaros se despediram e levantaram vôo. As crianças observavam eles desaparecem no horizonte enquanto rumavam de volta para a base.

– É realmente um mundo muito bonito, cheio de criaturas bonitas, mas ao mesmo tempo amedrontadoras. - disse Sakura enquanto admirava a paisagem.

– Sabe?! Eu até gosto daqui. Parece que estou vivendo em um livro ou um jogo. - disse Koushaku sorrindo.

– Você sente falta do seu mundo, Kou-chan?! Mesmo na minha companhia?! - perguntou Guilmon um pouco triste.

– Não é isso o que eu quis dizer! - disse Koushaku um pouco sem jeito fazendo sinal de negativo com as duas mãos.

Neste instantes, todos os garotos ficaram cabisbaixos. Estavam todos pensando em como suas famílias estavam, se estavam procurando por eles. Eles já estavam ali há alguns dias, então era bem provável que suas famílias já tivessem acionado a polícia.

– Bom, acho que devemos analisar o campo antes de começarmos a andar por aí. - disse Mizumi tentando quebrar o clima ruim.

Todos concordaram e decidiram que escalar uma das pedras era a melhor solução. As pedras eram grandes e altas, porém não eram difíceis de serem escaladas. Eles escolheram uma bem fácil de ser escalada e em alguns minutos estavam no topo. A tempestade de areia era bastante violenta e cobria boa parte do deserto, mas ela parecia estar concentrada apenas naquele ponto, não mostrava sinais de que estava se movendo.

– Infelizmente o anel está dentro da tempestade. Vamos ter que enfrentá-la de um jeito ou de outro. - disse Mizumi olhando para o mapa de seu DigiVice.

– Acho que podemos nos proteger com isso. - disse Sakura segurando uma burca que ela havia feito com uma das mantas que eles tinham para dormir.

– Genial, Sakura. Agora não precisamos nos preocupar tanto com a areia batendo em nossos olhos. - disse Taiyou pegando a burca da mão de sua amiga e vestindo-a.

– Mas e os Digimons?! Como eles se proteger da tempestade de areia? - perguntou Mahi olhando para Impmon.

– Não se preocupem conosco. Conseguimos nos virar. - disse Dracomon fazendo sinal de positivo.

Então cada humano colocou uma burca e partiram para dentro da tempestade de areia. Os ventos eram muito fortes, o que dificultava a caminhada. Rapidamente eles cansavam e tinham que parar para descansar. Os Digimons pareciam estar tranquilos no meio da tempestade, exceto por Betamon.

– Você está bem, Betamon?! - perguntou Mizumi preocupado com seu parceiro.

– O clima está muito seco. Eu sou um anfíbio, preciso de água. - disse Betamon claramente exausto.

– Temos que achar um lugar seguro desta tempestade o mais rápido possível. - disse Mizumi olhando o mapa do DigiVice.

– Mas onde?! Não consigo ver nada além de areia. - disse Taiyou analisando a área.

– Ali! Parece que é uma caverna naquela rocha. - gritou Koushaku apontando para uma grande rocha a alguns metros dali.

Mizumi pegou Betamon nos braços e juntamente aos outros garotos correu para a rocha. Ao chegarem mais perto perceberam a entrada da caverna. Rapidamente todos entraram na caverna e retiraram suas burcas. A caverna era bem mais fria e mais úmida que na tempestade de areia, porém era bem escura.

– Será que aqui não terá nenhum Digimon? - perguntou Sakura com medo deles receberem um ataque surpresa.

– Bem provável que não. Não sinto cheiro nenhum e nenhuma energia. - disse Sistermon cheirando o lugar.

Todos se assentaram perto da entrada da caverna. Guilmon e Dracomon conseguiram ascender uma pequena fogueira com uns poucos galhos espalhados no chão da caverna. Mizumi colocou Betamon embaixo de uma goteira e em poucos minutos o Digimon já sentia bem melhor.

– E agora? O que faremos? Esperaremos a tempestade passar? - perguntou Mahi olhando para a tempestade do lado de fora da caverna.

– Não acho que essa tempestade passará tão cedo. - disse Shouri, seco como sempre.

– Parece que o DigiVice está emitindo um sinal. - disse Mizumi pegando seu DigiVice que emitia pulsos de luz azul.

Então um feixe de luz saiu do DigiVice em direção ao fundo da caverna. Por onde o feixe passava, tochas de fogo azul iam ascendendo e o caminho ficava visível. Todos ficaram impressionados com o que havia acontecido.

– Será que o anel está dentro desta caverna? - perguntou Sakura tentando enxergar o que havia no caminho do feixe de luz.

– Acho que o DigiVice não nos levaria para algum lugar perigoso. Sugiro seguirmos esse caminho. - disse Mizumi pegando Betamon no colo novamente.

Todos pegaram seus pertences e seguiram Mizumi. A caverna era bem fria e silenciosa. Quando alguém falava alguma coisa, o som ecoava por toda a caverna. Enquanto eles andavam, as luzes de trás iam apagando. Depois de um tempo caminho eles finalmente avistaram a saída da caverna, era uma grande clareira na caverna no qual podia-se ver o céu azul. A clareira era repleta de flores de todos os tipos e cores. No centro havia um lago com uma pequena ilha que possuía um altar.

– Mas que lugar lindo! - disse Mahi admirando a paisagem maravilhosa daquele lugar.

– O anel está em cima daquele altar. - disse Mizumi ao perceber que seu DigiVice vibrava e emitia os mesmos pulsos de luz azul de antes.

Todos se dirigiram em direção ao altar. Havia um caminho de pedras redondas e achatadas que permitia o acesso à ilha do altar. Porém, quando estavam prestes a pisar na primeira pedra, uma espada caiu do céu bem na frente de Mizumi, que ficou paralisado de medo. Então uma criatura caiu bem na frente dos garotos. Era um homem lagarto com roupas indígenas com uma grande espada em suas costas.

– Quem são vocês?! E o que fazem nesta terra sagrada?! - perguntou o homem lagarto num tom ameaçador.

– Precisamos daquele anel. - disse Mizumi apontando para o altar.

– Então terão que passar por mim primeiro. - disse o homem lagarto partindo para cima de Mizumi.

O DigiVice de Mizumi começou a emitir um brilho branco que atingiu Betamon. O pequeno Digimon anfíbio pulou na água e começou a evoluir.

– Betamon, shinka... Seadramon! - gritou o pequeno Digimon transformando-se no grande dragão aquático.

– Evolução?! - gritou o inimigo assustado com a situação e parando seu ataque a Mizumi imediatamente.

– E para machucar meu parceiro, terá que passar por mim primeiro! - urrou Seadramon dando um golpe com sua cauda.

– Você parece um inimigo formidável. Merece meu poder total. - gritou o Digimon escapando do golpe de Seadramon com um grande pulo.

– Water Breath! - gritou Seadramon lançando um jato de água de sua boca em direção ao homem lagarto.

O Digimon começou a correr na parede da clareira tentando escapar do ataque de Seadramon.

– Você é forte, mas é lento! - gritou o Digimon pegando impulso e saltando por trás de Seadramon.

Antes que Seadramon conseguisse virar para atacar, o Digimon desferiu um golpe com sua grande espada. O golpe foi tão forte que fez Seadramon voltar a ser Betamon.

– Que força! - disse Dracomon espantado.

– Betamon! - gritou Mizumi correndo em direção ao seu parceiro que estava boiando na água.

– Seu parceiro não se mostrou forte o suficiente e merece morrer. Afaste-se. - disse o Digimon aproximando-se de Mizumi que segurava fortemente Betamon em seus braços.

Os outros garotos só observavam. Não podiam fazer nada. Dracomon, V-mon, Sistermon e Impmon estavam sem forças suficientes para evoluir e enfrentar aquele Digimon.

– Kou-chan, eu quero lutar! - disse Guilmon determinado.

– Mas Guil-chan... Ele é forte demais pra você! - disse Koushaku preocupado com seu Digimon.

– Nunca saberei se ele é forte demais para mim se eu não tentar. Eu também quero evoluir assim como Dracomon e os outros. - disse Guilmon.

– Eu também quero ser forte igual ao Taiyou-nii-chan e os outros. Mas tenho medo do que possa acontecer com você! - disse Koushaku segurando para não chorar.

– Nós lutaremos juntos, Kou-chan! Eu te protejo e você me protege. - disse Guilmon segurando nas mãos de seu parceiro.

– Certo! - disse Koushaku enxugando suas lágrimas com o braço e pegando seu DigiVice.

– Espere aí! - gritou Guilmon com um olhar amedrontador.

– Nós seremos seu adversário agora! - gritou Koushaku apontando para o homem lagarto.

– Kou-chan! - gritou Sakura sem entender a ação do pequeno.

– Eu ficarei bem, Sakura-nee-chan. Eu preciso lutar com o Guil-chan e ficar forte igual você e os outros. - disse Koushaku determinado a lutar.

– Então vocês querem lutar contra mim?! Então atenderei sua vontade. Venham! - gritou o Digimon empunhando sua espada.

– Agora é a nossa vez, Guilmon! - gritou Koushaku erguendo seu DigiVice que começou a emitir um forte brilho branco.

– Guilmon, shinka! - gritou o pequeno dinossauro vermelho ao ser envolvido pela luz branca do DigiVice de seu parceiro.

Guilmon começou a crescer a se transformar em um grande dinossauro.

– Growmon! - gritou o novo Guilmon.

Growmon parecia um Guilmon crescido com chifres e cabelo branco. Ele urrava para todos os cantos. Parecia estar um pouco descontrolado.

– Lizard Dance! - gritou o homem lagarto partindo para cima de Growmon ao fazer várias manobras com suas lâminas.

– Plasma Blade! - urrou Growmon fazendo com que um espinho de seus braços virasse uma lâmina de energia azul.

Os dois Digimons batiam suas lâminas em uma intensa luta. Growmon apesar de grande, era bastante rápido, mas o homem lagarto não ficava para trás em termos de velocidade. Então Growmon deu um golpe tão forte que seu braço ficou enterrado no chão. O homem lagarto, percebendo a situação, deu um grande salto e se preparou para seu ataque final.

– Akinakes! - gritou o Digimon sacando sua grande espada das costas e descendo a toda velocidade para dar o ataque final em Growmon.

– Exhaust Flame! - urrou Growmon lançando uma poderosa rajada de fogo de sua boca.

O ataque de Growmon atingiu o homem lagarto em cheio que caiu indefeso no chão. Growmon então conseguiu tirar seu braço da terra e caminhou lentamente na direção do Digimon caído. Seu olhar estava amedrontador e sua boca estava cheia de chamas prontas para acabar com o Digimon.

– Já chega, Growmon! - gritou Koushaku.

O grande dinossauro vermelho virou seu olhar amedrontador para seu parceiro Digimon, que claramente estava morrendo de medo.

– Já chega! Eu queria que você evoluísse para ficar forte igual aos outros, não para se tornar um louco assassino. - gritou Koushaku chorando.

Growmon então começou a diminuir e voltou a ser Guilmon, que correu para perto de Koushaku e o abraçou.

– Guilmon promete nunca mais evoluir. Não quero magoar você. - disse Guilmon chorando.

– Vamos esquecer isso, Guilmon. Você já voltou ao normal e é isso que importa. - disse Koushaku abraçando seu parceiro.

Todos estavam assustados pelo comportamento agressivo que Growmon havia apresentado. Mas se aproximaram de Koushaku e Mizumi lentamente. O homem lagarto então levantou, um pouco atordoado depois de receber um poderoso ataque de Growmon.

– Por que você não deixou que ele me matasse?! Eu perdi uma luta, mereço morrer! - disse o homem lagarto.

– Não! Você não é um Digimon mau. Não merece morrer só por que perdeu uma luta. Ainda há muita vida pela frente. - disse Koushaku.

O Digimon ficou assustado, mas ao mesmo tempo feliz com as palavras do pequeno Koushaku. Ele aproximou-se e estendeu a mão para o garotinho, que retribuiu o aperto de mãos.

– Meu nome é Dinohumon e sou o protetor deste templo. - disse o homem lagarto com um sorriso no rosto.

– Você parece um dragão, talvez você seria aliado de Mistymon? - perguntou Mizumi.

– Vocês conhecem Mistymon? Estou protegendo este templo por ordens dele. Se tivessem avisado antes eu não teria atacado. - disse Dinohumon gentilmente.

– Você não deu nem chance de falarmos isso. - disse Sakura repreendendo Dinohumon.

– Hahaha! Me desculpem. Minha função é proteger o anel sagrado. - disse Dinohumano sem jeito.

Mizumi então contou a Dinohumon tudo o que havia acontecido com eles até então.

– A lenda do anel diz que ele escolhe quem é seu portador. - disse Dinohumano ao se aproximar do altar.

Quando Mizumi chegou perto do altar, o anel começou a levitar e num piscar de olhos ele se encaixou no dedo de Mizumi. O anele era azul e tinha algumas escrituras em uma língua que eles não entendiam.

– Parece que esse era o seu anel, Mizumi. - disse Taiyou admirando o novo item que eles haviam adquirido.

– Ele é bonito, mas quero descobrir o que faz. E parece que não sai do meu dedo mais. - disse Mizumi tentando tirar o anel em vão.

– Isso só o tempo dirá. Me acompanhem, vou lhes mostrar a saída da caverna. - disse Dinohumon.

O Digimon se aproximou de uma grande árvore no canto da clareira e estendeu sua mão. Uma grande fissura partiu a árvore em duas e uma porta se abriu.

– Se seguirem por este caminho, sairão no final do deserto, fora da tempestade de areia. Sigam em diante e encontrarão uma vila onde vivem vários Digimons. - disse Dinohumon.

Os garotos se despediram de seu mais novo amigo e seguiram viagem em direção à vila Digimon. Agora todos haviam alcançado a evolução e novos desafios mais difíceis estavam por vir.