Me Apaixonei pela Pessoa que Eu Odeio escrita por Bibiana CD


Capítulo 24
Conversas e desabafos


Notas iniciais do capítulo

Gente desculpa pela demora! Passei uma semana sem postar!
Vai aí mais um capitulo fofinho *.*
Boa Leitura!



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-Então, gostou do lugar?

Perguntei a Anne, depois de mais um longo beijo. O pôr do sol proporcionava ao lugar uma aparência ainda mais incrível do que antes.

-É simplesmente totalmente perfeito.

Ela disse com um tom de voz sonhador. Então me encarou com uma expressão um tanto quanto peculiar.

-O que foi?

Perguntei, já que ela continuava a me encarar.

-Você sempre trás as suas namoradas aqui?

Ah, então era nisso que ela estava pensando.

-Não. Aqui é um lugar especial.

Respondi com sinceridade.  Eu nunca havia trazido garota nenhuma aqui, eu sempre vinha sozinho.

-Por quê?

Ela me perguntou, agora cheia de curiosidade.

-É que foi aqui que meus pais se conheceram.

Vi a surpresa tomar conta do semblante de Anne. Sorri, acho que por essa ela não esperava.

-Sério?

-Pois é. Minha mãe tinha recém chego à cidade, com dezessete anos. Eles se encontraram aqui, ela era fotografa e achou que era um ótimo lugar para se ter uma lembrança. Meu pai costumava vir aqui para pensar.

Sorri. Eu já havia escutado essa história milhares de vezes, tanto pelo ponto de vista do meu pai quanto pelo ponto de vista da minha mãe.

-Quantos anos seu pai tinha?

-Dezenove. Ele estava cursando medicina e veio aqui na cidade apenas para ver minha avó. Minha mãe ainda estava no ensino médio. Minha mãe, naquela época, achava o máximo ele querer ser médico e ajudar as pessoas.

-Como sua mãe é?

-Sei lah. Minha mãe não é muito alta, mas também não é baixa. Acho que ela tem um metro e setenta. Tem cabelos loiros ondulados, com mechas castanhas. Seus olhos são azul lápis lazuli.

Ela riu a ouvir minha descrição e observou:

-Eu queria saber como sua mãe é, não a aparência dela.

Demorei alguns segundos para entender do que ela estava falando.

-Ah tá. Bem ela é inteligente, não se tratando de matemática.

-Matemática?

-Pois é. Ela é péssima com números. Bem diferente de seu atual marido, o Benjamim, que é administrador de um banco.

-O que sua mãe é?

-Bem, ela é graduada em moda e artes plásticas. Ela tem uma loja de roupas, principalmente vintages, e um ateliê onde da aula de desenho.

Me lembro bem da loja da minha mãe, eu uma ruela de Londres uma casinha antiga agora restaurada. Na parte de baixo estava a loja em si, mas uma pequena escada no fundo da loja levava ao segundo andar a onde funcionava o ateliê. O lugar tinha aquele cheiro de tinta que no inicio eu não gostei muito, mas depois me acostumei.

-Sério? Que legal. Você aprendeu a desenhar com ela?

Quando ela disse isso eu fui obrigado a rir. Meus desenhos eram péssimos, nunca tive nem coragem de mostrar eles a minha mãe.

-Não, eu desenho muito mal. A única coisa que eu sei de artes e tocar.

-Que instrumento?

-Violão.

-Legal! Sempre quis saber tocar violão, mas nunca tive paciência para aprender... Você podia tocar uma música para mim?

Sorri com a expectativa dela.

-Eu não toco muito bem...

Falei sinceramente. Eu tocando era pior do que um piano caindo em cima de um gato, detalhe: um gato desafinado!

-Por favor!

Ela me lançou aquele olhar meio de lado, aquele que poderia fazer eu me matar se fosse preciso. Sorri.

-Tudo bem. Um dia eu toco.

Ela abriu um sorriso enorme. Não pude resistir e selei meus lábios nos seus.

-Acabo de perceber que a gente sempre pode voltar a ser feliz.

Anne falou. Olhei dentro dos seus olhos que contemplavam os meus com intensidade.

-Do que você está falando?

-Depois que meus pais morreram foi como se nada mais importasse. Os dias pareciam todos iguais, sem cor. Era como se eu também tivesse morrido. Então eu vim para cá. E logo que cheguei alguém conseguiu que eu realmente me importasse com algo. Você, Lucas. Você até pode ter me irritado, mas foi à pessoa que conseguiu me tirar daquele estado deplorável de simplesmente não ligar para nada.

Uma lágrima silenciosa desceu pelo seu rosto. Então ela sorriu.

-Assim que te vi naquela quarta-feira que parece ter sido há séculos, guardei sua imagem. Não sei por que, mas você entrou sorrindo.  E depois o seu jeito sempre tão espontâneo e divertido. Sabe, acho que eu gostei de você assim que te vi, mas de alguma forma isso me incomodou. Acabei sendo irritante e desagradável com você. Então, naquele dia à tarde, você me beijou. E foi simplesmente como se depois de dias o sol começasse a brilhar novamente, como se tivessem devolvido a cor ao mundo... Mas então eu me lembrei de Cristian, e como ele também tinha me parecido legal. E tudo que ele fez para mim. Fiquei com medo de cometer o mesmo erro. Então você me disse que só estava sendo legal comigo por que seu pai tinha mandado. Aquilo foi como uma balde de água fria em cima de mim. E de repente eu me senti a maior idiota do mundo por acreditar que as coisas poderiam dar certo novamente.

Passei a mão pelo seu cabelo, sentindo-me a péssimo. Só de pensar que a tinha feito sofrer eu me sentia mal. Quantas vezes eu tinha magoado a garota pela qual eu estava apaixonado?

-Confesso que estava mais irritada comigo mesma do que com você. Então comecei a pensar como me vingar, mas acho que na verdade queria apenas ter algo em que pensar ter alguém para descontar minha raiva e minha angústia.

Ela suspirou. E depois voltou ao seu desabafo.

-Antes eu me trancava em meu quarto, colocava a música no último volume e ficava assim. Mas não adiantava mais, eu não conseguia simplesmente não pensar em nada. Falei com o Nick e ele me passou o vírus que te mandei. Ele é incrível quando se fala de computadores, e de vinganças também.

-Mas então, naquela quinta-feira, depois que chegamos à escola, Camila começou a gritar comigo. Falou que não era para mim falar mais com você. Sabe, só de pensar na possibilidade de não falar mais com você, alguma coisa aconteceu comigo. Aquela mesma sensação de perda.

Novamente uma lágrima desceu pelo canto dos seus olhos. A puxei para o meu colo e encostei sua cabeça em meu ombro. Anne era bem mais leve do que eu tinha imaginado.

-Sabe que eu nunca vou te deixar?

Olhei fundo nos seus olhos, minha voz tinha mais convicção do que eu realmente sentia.

-A não ser que você queira.

Completei. Não sei se fui sincero nessa última frase. Não sei se a deixaria, mesmo se ela não me quisesse mais. Seria como parar de respirar, por mais que eu tentasse jamais conseguiria.

-Eu nunca nem pensaria nisso.

Ela falou, ainda com o rosto no meu peito.

-Sabe, você foi a primeira pessoa a quem eu contei sobre a morte dos meus pais por livre espontânea vontade. Sabe, eu queria que você soubesse. Queria que você entendesse o que tinha acontecido de verdade. Não queria que acreditasse no que Camila, ou aqueles jornais, diziam.

-Aqueles jornais?

Ela assentiu com a cabeça.

-Quando meus pais morreram, eles começaram a dizer que eu tinha planejado a morte deles com Cristian. Que minha tristeza era fingimento, que eu não tinha sentimentos, eles não sabiam de nada...

Sequei as lágrimas que desciam pelo aquele rosto perfeito.

-Eu nunca acreditei e nunca acreditarei que você não tem sentimentos.

Ela sorriu enquanto passava sua mão pelo meu rosto, ela começou pelo lado do meu olho e desceu até meu queixo.

-É por isso que você é tão incrível. Você acredita nas pessoas, Lucas. Existem poucas pessoas assim.

-Você é assim?

- Já fui. Agora não sou mais. Não consigo.

Anne fechou os olhos enquanto encostava mais uma vez a cabeça em meu peito. Admirei seu rosto perfeito. Beijei seu cabelo. Estava muito tarde, o céu já estava em um azul escuro, mas a lua ainda não tinha aparecido.

-A gente tem que ir.

Ela se encolheu em meu colo, enquanto passava os braços pelo meu pescoço.

-Não quero! Quero ficar com você.

Sorri. Por mim também ficaria com ela por muito mais tempo.

A gente tem que ir. Ela suspirou alto e se levantou. Então Anne estendeu a mão para mim.

-Vamos ou não?

Segurei a sua mão e quando me levantei a puxei para perto de mim. Beijei aqueles lábios mais uma vez, só para ter certeza de que ela não era uma ilusão da minha cabeça. Mas ela era real demais para ser uma ilusão.

Fomos andando de mãos dadas até em casa. Deixei Anne em seu apartamento.

Quando cheguei em casa, a única luz acesa era a da cozinha. Fui para lá. Quando cheguei encontrei a situação mais inesperada que poderia ter imaginado: meu pai e Elizabeth conversavam, cada um sentado em um lado na mesa.

-Oi.

Falei ainda surpreso.

-Ah, que bom que você chegou. Estávamos te esperando.

Meu pai falou de maneira despreocupada.

-Agora senta aí e conta tudo!

Elizabeth falou apontando uma cadeira. Sentei nela.

-O que vocês querem saber?

-Tudo. Sobre você e Jô.

Beth disse, e quando acabou abriu um sorriso enorme.

Sorri também e comecei a falar de Anne e sobre nós dois. Claro que as partes mais importantes guardei para mim mesmo.


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Notas finais do capítulo

Então mereço reviews? E recomendações?