O caminho da minha casa até La Push não era muito longe, mas me pareceu uma eternidade. Eu sempre andei de moto desde pequena (com o Jake, é claro), e eu pensei que, se eu fosse andar hoje de novo eu esqueceria todos os questionamentos que me vinham à cabeça o tempo inteiro, pois era o que sempre acontecia quando eu andava de moto. Mas hoje foi totalmente diferente.

O fato de ser o JAKE e não outra pessoa na frente não me deixava em paz. Isso nunca acontecera antes, porque agora? E o fato de ele ter aquela barriga de tanquinho super perfeita na qual as minhas mãos estavam agora não ajudava muito. As minhas mãos queriam poder abraçá-lo e beijá-lo muitas vezes, como se ele me pertencesse. E várias vezes eu quase adotei essa idéia...

- Ei, você ta bem?- Jake me perguntou

- Ãh, o que?

- Com certeza não... Não está falando nada nem esta fofoqueira como sempre...

- É, é sim...

-Tá bom, agora eu to preocupado. Nem quando eu te zoei você fez nada.  – e olhou para mim pelo retrovisor, com cara de preocupado – Você tem certeza que está bem? Porque se você não estiver a gente pode voltar.

Nossa eu não acredito... O Jake já reparou que eu to assim, meio longínqua... Eu só não sei se devia- e queria – falar a ele. Na verdade eu não sabia o que dizer a ele. ”Ah, Jake, depois de tanto tempo sendo a sua irmã mais nova eu agora estou me sentindo atraída por você, então se por acaso eu lhe tascar m beijo do nada, você não liga não, ta?” Pô, qual é?! Eu posso ser bem louca, e até ser uma “humana” que as vezes toma sangue, mas o que eu não sou é sem-noção! Nenhuma pessoa chega assim e fala isso. Tive que pela primeira vez mentir pro Jake:

- É, eu to meio mal sim...

-Acho que foi aquele seu “café da manhã”. Eu trouxe a comida que sua mãe tinha preparado para você. Tá nessa bolsa que eu trouxe. 

Eu não tava com fome, mas eu precisava de uma desculpa convincente o bastante pro Jake acreditar, então eu peguei a vasilha. Hum... Era empadão de frango, impossível resistir.

 - Hum, só precisava de uma vitamina pra completar... – eu falei, mas pra mim mesma, mas ele ouviu e me respondeu:

-Ah, eu trouxe, tinha me esquecido de te falar. Está dentro da garrafa térmica.

- Você está sendo tão super-protetor... –disse com voz de desgosto, desaprovando a ação dele, mas acho que ele não me entendeu certo, pois me respondeu:

- Que bom que você gosta – e ainda exibiu um grande sorriso orgulhoso.

- Eu não disse que gosto – logo corrigi – Isso me irrita, parece até que você é meu irmão mais velho!

- Ué, e não sou? Você antes me considerava seu irmão mais velho, por que não considera mais?

“Porque irmã mais novas não se sentem atraídas pelo irmão mais velho” , foi o que eu pensei em dizer. Sério, eu quase disse isso, até abri a boca pra falar. Mas aí a razão veio a minha cabeça, e eu fechei a boca e me mantive calada. 

Ele parou a moto no acostamento, e eu só fiquei olhando com cara de confusa pra ele o tempo todo, até que...

- Desce daí, Renesmee. – Ih, me chamou de Renesmee. Ele nunca, nunca mesmo, me chama de Renesmee. O que será que tá acontecendo?

- Não, você não manda em mim. – fiz brincadeirinha de criança. Às vezes eu era bem imatura, dependo da situação.

- Renesmee Carlie Cullen, desce AGORA dessa moto! – Era sério. Eu nem sabia que ele sabia o meu nome todo, era sempre “Nessie” prá cá e “Nessie” pra lá. Tudo bem, eu já ouvira milhares de vezes o meu nome inteiro, mas falado pela minha mãe, quando eu tava numa grande encrenca. Mas nunca pelo Jake. Ih, será que eu tô numa encrenca? Acho que a melhor forma de descobrir é descendo da moto, então vou obedecê-lo.

 - Tá bom, ta bom, to saindo. O que é que ta acontecendo, hein? Você não é assim.

- Nem você. Você está me tratando diferente. Por que isso, hein? – Ele me puxou para perto e disse- Olhe nos meus olhos e me responda: O que você sente por mim?

Eu fiquei perdida nos seus olhos. Lindos olhos perfeitos. Ai Meu Deus! De novo esses pensamentos! Saiam da minha cabeça! Saiam da minha cabeça!

- Eu não quero te responder agora. - as palavras saíram da minha boca como se estivem decidas, mas eu estava totalmente confusa.    

- Quando vai me responder, então?

Tá, vou revelar a verdade:

- Não sei! Eu... eu estou muito...- não conseguia achar as palavras certas para falar com aquela imensidão olhando para mim.

- Confusa.- ele suspirou – Edward me disse isso. – e então se afastou de mim. Que droga, tava tão bom! De novo, não, de novo, não! É melhor que ele tenha se afastado. É,  melhor assim.

. - E ele também disse que, quando chegarmos a La Push, é pra eu te entregar uma carta que está comigo e que ele escreveu.

- Deixe-me ler agora! – graças a meu pai eu falava um pouco mais normal quando estava mandando, ou ordenando alguma coisa.

- Não. O seu pai me mandou entregar só quando chegarmos a La Push. Então irei te entregar só quando chegarmos a La Push.

- E desde quando você faz o que o meu pai manda?

- Desde quando isso é o melhor para você. Vamos logo, volte pra moto.

Eu provavelmente não teria voltado, mas eu queria muito ler aquela carta. Como sempre acontece quando estou irritada, eu fico infantil (Ta legal, nessa horas eu fico muito, muito infantil), por tanto fiz uma grande cara de emburrada e fui pra moto.

Agora eu não tava entendendo nada mesmo.