A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 6
The Whip Crack


Notas iniciais do capítulo

Oe, meus mini-wiccas!
Novo capítulo pra vocês!
Aproveitando para agradecer cada um de vocês, fofos, que estão acompanhando a Saga da Lontra desde o começo, e á cada um que pegou o bonde andando, ams mesmo assim está tentando ler. Eu não seria nada sem vocês, seus lindos e suas lindas!
Aos leitores fantasmas: não tenham medo de comentar. Mesmo se for um "gostei" ou "podia melhorar". Eu ia ficar muito feliz se dessem suas opiniões!
Sem mais delongas...
Boa leitura!



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HERMIONE

Quando chegamos na Toca, a primeira coisa que eu fiz foi subir para o meu quarto provisório e ficar apoiada na penteadeira, encarando o espelho com uma expressão homicida.

Aquele maldito, safado, dissimulado, conspirador... Ronald Weasley.

Segurei a escola de cabelo como se fosse uma arma.

– Eu te mato – falei, ainda me encarando no espelho.

Como aquele patife sem moral resolvia, de uma hora para outra, se envolver na seleção de aurores? Como se atrevia a se colocar em risco – todo dia! – agora que estávamos noivos? E ainda tinha a insensibilidade de tentar ganhar a discussão com aquele golpe baixo – muito baixo, diga-se de passagem – me atordoando por meia hora?

Ao mesmo tempo, o que ele dissera me veio á mente. Aquela coisa de... começarmos á brigar de outra forma depois do casamento. Minha nossa.

Eu ia morrer antes de confessar o como aquilo me deixou acesa. Como se estar contra a parede de um beco, encarando aqueles olhos azuis anuviados, já não fosse suficientemente explosivo.

Aquele garoto não tinha limites. Santa Wicca.

Olhei para o lado, dando um guincho quando percebi a cama de casal.

– Gina, sua quenga maldita.

Gina tinha acabado de ir para a listinha de pessoas que eu ia matar naquele ano. Na segunda posição... a primeira era de Rony.

Ruiva do mal. Era o que Gina era.

Coitada da Molly...

Eu estava irritada. Furiosa o suficiente para amassar a escova que estava em minhas mãos, como se fosse um pedaço de bolo. Ou incendia-la num picar de olhos. Podia fazer isso agora... literalmente.

Eu queria esganar Rony. Minha vontade era dar umas pauladas nele. Sabia que não conseguiria.

Mas eu queria me vingar. Ah, como eu queria...

Só tinha que pensar num modo de fazer isso, sem que tivesse que fazer parte dos julgamentos de sábado em outra posição – como réu, talvez.

Era muita coisa para digerir. Juíza da Corte, a volta de Harold, e agora essa porcaria toda que Rony havia jogado em mim.

Eu precisava descontar em alguém.

E esse alguém era Rony. Simples assim.

Uma súbita inspiração me ocorreu.

Corri até minha maleta, abrindo-a num átimo. Fucei um pouco entre as roupas, até sentir o tecido das peças que procurava.

Puxei-as para fora, encarando a cor negra e afagando o tecido.

Ah... perfeito.

Mas ainda faltava alguma coisa...

Gina tinha me dito... ela guardava de lembrança de uma visita á um haras de pégasos na Romênia... onde devia estar?

Corri até o quarto dela, antes que alguém subisse, e procurei desesperada em seu gaveteiro. Enquanto tentava encontrar, achei um tapa-olho que também me deu uma ótima ideia. Apanhei-o, colocando-o embaixo do braço.

– Ah... – arfei, quando finalmente senti o formato que procurava.

Voltei ao meu quarto, trancando a porta e ofegando feito uma cabritinha que correra demais.

Caramba... senti um sorriso conspiratório cortar meu rosto.

Só de imaginar a reação de Rony... dava vontade de gargalhar de maldade.

Entrei no banheiro do quarto e destranquei a porta do quarto com um aceno da varinha. Fechei a porta do lavabo, colocando a minha roupa, o tapa-olho e minha surpresinha na pia.

– Hermione!

Dei um pulo enquanto tirava a blusa. Droga, ele já estava ali.

– O que foi? – exclamei, enquanto continuava á tirar a roupa.

– Eu... queria conversar com você...

Ah, agora ele queria ter uma conversa civilizada? Tarde demais.

– Ah, é?- desdenhei, colocando a lingerie.

– Eu fui um completo panaca... eu vim pedir desculpas... não devia ter brincado daquele jeito com você... não quis fazer aquilo, eu juro!

Ah, ele quis fazer sim. E gostou muito, que eu sabia...

– Acho que não precisamos conversar – quase engoli em seco quando apanhei a haste preta e a encaixei na liga. De repente, eu estava exagerando na vingança...

Ou não, considerando que Rony também não tivera nenhuma piedade de mim.

Respirei fundo, decidida, segurando a maçaneta com uma mão e a varinha com a outra.

Sem dizer o feitiço verbalmente e ainda no banheiro, tranquei outra vez a porta do quarto.

– Hermione? – ouvi-o exclamar, surpreso.

Escondi o tapa-olho na liga também, antes de sair.

Estava morrendo de vergonha, mas resolvi disfarçar assim que focalizei Rony, de frente para a porta, tentando abri-la.

– Desista, Rony.

Ele se voltou para mim.

E, desfrutei, deliciada, a reação que ele teve.

Rony recuou, os braços ainda estendidos na porta, os olhos arregalados de choque, a boca levemente entreaberta num esgar de pânico.

– Hermione...? O quê...?

– Já teve sua chance de discutir isso de um modo verbal, Ronald.

Ele piscava ensandecido, arfando.

– Acho que... – ele guinchou – não precisamos ser tão radicais...

Os olhos deles estavam fixos, apavorados, na haste em minha liga.

– Isso é um chicote?

Ele falou isso tão baixo que quase tive que me inclinar para ouvir.

Caraca... de repente eu estava pegando pesado com o chicote. A última coisa que eu queria era ficar parecendo uma dominadora pervertida.

– Talvez – murmurei, erguendo a sobrancelha, só esperando.

– Aliás – Rony grasnou de novo – isso aí é uma liga? – um sorriso vacilante surgiu e desapareceu em seu rosto – desde quando...?

– Desde que meu noivo decidiu tentar se matar todo dia, á duas horas atrás.

– Ora, Hermione...

– Está muito indagador... – sorri diabolicamente - quem sabe se...

Rony tentou sacar a varinha dele, mas nem chegou a tocar nela.

– Expelliarmus!

A varinha saltou do bolso dele. Com um Feitiço Convocatório não verbal, eu a recolhi.

Rony finalmente bambeou, ainda me encarando.

Seu rosto ainda estava apalermado de susto, mas pude ver, maravilhada, o que emergia aos poucos no mar de seus olhos... um turbilhão, quente como um gêiser, furioso como um maremoto.

Minha nossa... ele já estava ficando louco, mesmo assustado.

Para meu completo choque, Rony se aproximou, vidrado, e, me deixando ainda mais surpresa, se ajoelhou diante de mim, olhando para meu rosto, em expectativa.

– Rony...?

– Sim?

Fiquei meio desconfortável quando percebi a posição quase submissa dele. Completamente inusitada... ele não ia nem tentar fugir?

– Não quer protestar? – comentei, segurando um sorriso confuso.

Arfei quando Rony se inclinou, plantando um beijo absurdamente cândido em meu joelho.

Pronto. Lá vinha ele, tentando ser fofo para me desarmar.

– Não – segurei o queixo dele – não venha dar uma de cachorrinho perdido. Você não vai escapar dessa, Ronald.

– Eu sei – Rony suspirou, quase me deixando com pena; ei, eu falei quase – acho que mereço isso.

Rony ergueu as mãos á frente do corpo, como se já soubesse o que eu iria fazer. Conjurei uma corda, amarrando os pulsos dele, sem tirar meus olhos de sua expressão resignada.

Aquilo estava chegando ao extremo do emocionante. Fazer esse tipo de loucura na Sala Precisa era uma coisa. Agora, fazer aquilo ali, com Rony sendo a vítima, na própria casa dele, com alguém talvez arrombando a porta à qualquer momento... tinha um gostinho completamente diferente.

E era impressão minha, ou Rony parecia quase tão fascinado com a ideia quanto eu?

– Levante – ordenei.

A expressão de Rony era a de quem parecia querer me moer de tapas, mas ele obedeceu, erguendo-se.

– Já sabe para onde ir – sorri.

Ele sentou-se de joelhos no colchão, com os braços atados, me esperando.

– Espere aí...

Puxei o tapa-olho, sorrindo astutamente enquanto o exibia para Rony.

– Quê? – ele guinchou.

– Acho que é melhor você não ver nada por enquanto...

Ele parecia estar dividido entre o terror e a mágoa quando eu vendei seu s olhos. Se era brincadeira ou não, eu não tinha ideia. Mas não ia desistir agora.

Não demorou muito para que Rony já estivesse deitado, sem enxergar nada, e apenas com a calça. E eu lá, ajoelhada de frente para ele, segurando o chicote de montaria do lado do corpo.

Puxa... ele ia querer me matar quando aquilo acabasse.

E eu estava até pensando em deixar.

– Ainda acho que não precisava... – Rony murmurou.

Ele estava tentador, de tapa-olho, com as mãos amarradas e o peito subindo e descendo de ansiedade. Eu me imaginava como Luna, vendo um pudim na minha frente.

Subi de leve nas pernas dele, afagando seus ombros levemente.

Eu sabia o quanto ele gostava de me ver e de me tocar... o que aconteceria, agora que ele não podia fazer nenhuma das duas coisas?

– Droga, Hermione... – senti ele se remexer embaixo de mim.

– Ah, não... ainda nem comecei – ri, deitando meu corpo no dele, debruçando-me em seu peito e roçando meus lábios de leve em seu nariz. Rony inclinou o rosto como se tentasse me beijar, mas recuei, prensando de leve o braço em seu torso.

– Hermione... isso é cruel – Rony ofegou, arfando – sério... muito cruel. É maldade sua.

Resolvi experimentar minha arma, batendo-a suavemente no peito de Rony. Quase dei uma risada quando ele pulou, como um boi eletrocutado.

– Calma, rapaz...

– Hermione...

– Você acha isso cruel? – repeti o golpe, um pouquinho mais forte – então imagina o que eu senti quando me disse que ia participar da seleção de aurores... não achou aquilo cruel? Pois pra mim foi muito mais maldoso do que isso, Rony...

– Achei, desculpa! Eu também achei – ele segurou a respiração quando eu bati de novo – eu sinto muito, Hermione! Mas... você sabe... eu...

– Não vou te impedir – continuei, passando as unhas em seu tórax e ficando satisfeita quando ele estremeceu; seu peito subia e descia constantemente, de um jeito agoniante – mas isso é só uma ideia do quanto me senti perdida... do quanto ainda estou zangada. Podia ter falado isso há meses atrás, e não ter jogado na minha cara.

Desci a cabeça, fazendo uma trilha de beijos aonde havia acabado de chicotea-lo. Rony parecia estar derretendo sob meu corpo.

– Perdão, Hermione... você tem razão... mas, pelo amor de Deus... – a voz dele falhou.

Finalmente, a compaixão falou mais alto dentro de mim. Rony parecia ter aprendido a lição... e aliás, devia estar louco para me beijar, dado seu desespero.

Desatei a corda com um aceno da varinha. Rony permaneceu quieto, ainda arfante, embaixo de minhas pernas.

Coloquei o chicote e a varinha na escrivaninha, e usei as duas mãos para retirar o tapa-olho dele.

E decididamente tive que esconder o arrepio que correu por mim quando fiquei presa em seu olhar incendiário.

Minha mão quase tateou de volta na escrivaninha, procurando a varinha.

E, previsivelmente, eu mal cheguei a alcança-la.

As pernas de Rony se fecharam como torniquetes em minha cintura.

Obrigada pelo peso dele, fui virada contra o colchão, enquanto Rony ficava por cima de mim.

Estremeci quando Rony se debruçou, mergulhando o rosto em minha barriga e desferindo vários beijos em meu ventre. Cada um disparou cargas elétricas congelantes dentro de meu corpo, me deixando quase paralisada de prazer.

Engoli em seco quando ele voltou a se erguer, me fitando com uma expressão enlouquecida.

– Quando a lua de mel chegar, Hermione...

Foi, decididamente, a ameaça mais letal, assustadora e absurdamente maravilhosa que eu já recebera na vida.

Se alguém jogasse um fósforo em mim, com certeza, tudo ali iria pelos ares.

Rony voltou á me beijar, descendo a trilha até meu joelho.

– Eu sei – funguei – você acaba comigo. Eu sei.

– Chega de brigar – Rony me encarou, sério.

– Tá – concordei – chega de brigar.

– E chega de surpresinhas assustadoras assim.

Dei risada, o que fez a boca de Rony encostar de novo em meu umbigo, provocando uma sensação engraçada.

– Tudo bem. Vamos ter hora marcada à partir de agora.

Com essa, até Rony riu.

Senti seu corpo tremendo com as risadas junto do meu, e não pude deixar de sorrir e me sentir feliz. Aquele garoto irritante e fantástico me queria... de verdade. E ainda assim era decente o suficiente para esperar que nós dois realmente estivéssemos prontos.

E eu amava demais aquela peste, que abalava minha vida de um modo muito mais delicioso do que um verdadeiro príncipe encantado faria.

O amor que me inundou ao vê-lo daquele jeito foi tão sufocante que quase me arrancou lágrimas dos olhos.

Viver com ele não ia ser fácil...

Mas se fosse para ser fácil, não se chamaria vida.

– Sabe... – ele riu, beijando minha testa – pensando bem, acho que podemos incorporar esse camaradinha nas nossas próximas brigas...

Ele indicou o chicote na mesa. Guinchei, espantada.

Chicoteada? Ui.

Mas eu tinha começado com aquilo. Agora ia aguentar, se Rony inventasse alguma coisa.

– È melhor evitarmos brigas, então... – me encolhi.

Rony me ergueu até seu colo. O sorriso dele praticamente me obrigou a sorrir também.

– Que pena... adoro discutir com você assim.

Revirei os olhos, rindo. Meu noivo maluquinho, pervertido, fofo e suicida.

O último pensamente fez meu sorriso sumir.

– Vai tomar cuidado nessa seleção, não é? – sussurrei, preocupada.

– Vou, sua boba. Já não pedi para confiar em mim? - Rony me abraçou. Deitei em seu ombro, suspirando.

Eu tinha um bocado de coisas para conversar com Rony ainda. Inclusive sobre todo o meu medo com os julgamentos do fim de semana. E meu medo dessa seleção terminar numa completamerda.

Mas a pancada surda na porta varreu tudo da minha mente – e quase me varreu da cama também.

– O QUE É? - berrou Rony, ainda me segurando.

– COABITEM MAIS TARDE, POMBINHOS – ouvi Gina falar. Eu ia matar aquela sirigaita – mamãe pediu para descerem e jantar!

– Já vamos, sua peste – Rony bufou, revirando os olhos quando Gina socou a porta de novo.

Dei risada, dando um beijo na bochecha de Rony, antes de me levantar do colchão.

Não é necessário dizer que não comentamos mais nada pelo resto do dia. Apenas esperamos anoitecer e voltamos para o quarto, depois de garantir para certas pessoas palhaças que só íamos dormir.

Enquanto esperava o sono me engolfar, fiquei olhando para o ruivo que me abraçava, adormecido, e fiquei pensando em quanta coisa mudara em tão pouco tempo. O como um cara tão apalermado - que ainda era apalermado, aliás - havia roubado, de modo tão ousado, inusitado e maldoso, o meu coração e a minha alma. O como, por mais que fosse inconsistente, eu nunca mais poderia viver sem Rony em minha vida.

E finalmente adormeci, concluindo que, fosse lá o que acontecesse no futuro, enquanto eu estivesse com Rony, nada neste mundo poderia me derrubar.




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Notas finais do capítulo

Comentários?
Desculpem o capítulo sem graça... prometo que, a partir do próximo, as coisas vão esquentar, com direito á barracos, confusões e gritarias!
Kissus nas bochechas e até o próximo!



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