A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 45
Incêndio


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas!
Bom, este capítulo foi apavorante por si só (duas horas de pesquisa dos capítulos anteriores mais o final - QUE TÁ DE MATAR - OPS...), então, só digo uma coisa: leiam e nos vemos lá em baixo rs
Boa leitura! (Assim espero... :P)



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RONY

O tempo pareceu desacelerar bruscamente, enquanto eu encarava, atordoado, a Wicca defronte a nós.

Não fazia sentido.

Não fazia o menor sentido.

Helen Granger era o Wicca Negro?

Eu só conseguia me perguntar. Por quê? Como?

Vi Hermione estremecer ao meu lado, pálida e surpresa.

Pela primeira vez, vi aqueles olhos prateados verterem lágrimas de pura mágoa e horror.

– Tia Helen... – ela gemeu, arfante – não pode ser... – sua voz aumentou uma oitava, tentando encobrir sua demonstração de atordoamento – por quê?

Olhei, ainda espantado, Helen envergar a cabeça e suspirar.

Parecia tanto com a senhora bondosa que havíamos conhecido na casa dos Williams... era horripilante. Rosto e expressões angelicais, envoltos pela aura mais negra e demoníaca que poderia haver na face da Terra.

Podia sentir os elementos que emanavam de Helen, sedentos para causar dor e morte. Podia perceber o quanto a alma daquela mulher já havia sido corrompida irrecuperavelmente.

A Morte acompanha o Mal que a cerca

E nós esperando uma provável semente dos Carrow.

Da própria família...

O sangue da família será derramado.

Becky, os atentados, Xenofílio... nada se encaixava. Como era possível??

Helen sorriu. Parecia minimamente incomodada com o fato de que estava diante da sobrinha cujos amigos matara... e que tentara mata-la.

– Acho justo lhe responder o porquê, Hermione; Á você e aos seus... amigos – ela mastigou a palavra, estreitando os olhos.

Hermione balançou a cabeça. Sentia, incomodado, ela oscilar entre a forma Wicca e a forma normal. Estava completamente atordoada. Não conseguiria atacar... nem – engoli em seco – se defender.

– A primeira coisa que precisa saber, querida, é que fiz isso para nosso bem.

Helen olhou para Yara, que sorriu dissimuladamente.

– Agora você sabe. Você não foi a única Wicca este tempo todo. Por que acha que me afastei por tanto tempo? Não foi apenas por causa de Harold e Wendell. Tentei “ajudar” Harold como pude em seu afastamento... mas aquele maldito Carrow o matou. E descobri que também tinha herdados esses poderes fantásticos recentemente, enquanto você ainda estava na sua escola e também desconhecia a Maldição.

Arfei, horrorizado. Quanto mais Helen falava calmamente, mais as coisas pareciam absurdas.

– Achou mesmo que seria a única Wicca, Hermione? – Yara riu.

– Isso não faz sentido algum! – ouvi, surpreso, Malfoy gritar.

– Faz sim, criança – Helen disse, sem olhar para Draco – mesmo quando descobri tudo, resolvi não expor nada para ninguém. Afinal, poderia complicar meu objetivo final. Hermione, tudo que aconteceu teve um motivo. Para minha sorte, você sobreviveu sem minha ajuda á Rodrick Carrow, e eliminou um verme patético que queria apenas governar esse mundo de seres inferiores, sem pensar no futuro da nossa linhagem.

Eu, ao contrário, percebi a realidade. Somos a próxima geração da raça humana, Hermione. Aqueles que não tinham magia foram sobrepujados pelos de sangue mágico. Mas agora, é a vez deles serem destituídos. A nova evolução humana pertence a nós.

Senti minha nuca se arrepiar.

Helen estava propondo que iria exterminar os bruxos e os trouxas, para que apenas futuros Wiccas permanecessem?

Aquilo era tão hediondo e insano quanto a ideologia dos Comensais da Morte. Helen estava completamente louca.

– Naturalmente – ela continuou – estava pensando que Harold e eu... bem... devaneios de uma velha, Hermione, devaneios. Antes mesmo de perceber o que nós éramos... ele já tinha aquela aura fascinante. E sempre fomos tão próximos... ironia, eu diria... com tantos homens no mundo, e se ver apaixonada pelo próprio primo. Ele era especial, é claro. Mas com a Maldição, ficou simplesmente poderoso. Foi uma pena... apesar de tudo, ele não foi poderoso o bastante. Foi uma perda grande... mas, se ele era tão fraco, não poderia se engajar neste futuro. Mais cedo ou mais tarde, talvez tivesse que descarta-lo... e não seria agradável ter esta obrigação tão deprimente.

“Mas você, Hermione...eu e você somos superiores á qualquer um que veio antes de nós. E nossa próxima geração também será. Nosso sangue Wicca ficará cada vez mais forte. Não entende? É pra isso que estamos destinadas... este mundo, repleto de pessoas poderosas, sem conflitos... faremos novos céus e uma nova terra.

Eu precisava, claro, de um álibi e de ajuda para agir com discrição até o momento certo. Então me uni á alguns Comensais, e a Dolores Umbridge, uma velha insatisfeita, que me passou informações valiosas, com o pretexto de tentar dominar o Ministério da Magia. Claro que, lentos e ignorantes, todos eles concordaram em se juntar para uma suposta rebelião. Pensam pequenos, estes seres desprezíveis. Mas foi o suficiente, como pode ver. Chamei a atenção de vocês e tirei empecilhos que poderiam perturbar sua decisão.”

– Decisão?

Decisão...

A criança amaldiçoada escolherá a luz ou as trevas

A voz de Hermione soou cavernosa e ameaçadora.

Para minha surpresa, ela parecia finalmente estar se recuperando do choque de confrontar a tia.

O que significava que aquilo não terminaria bem.

O sangue da família será derramado.

Céus...

Se a profecia estivesse certa...

Helen olhou para a sobrinha, séria, ignorando a varinha que, por reflexo, ergui em sua direção.

– Deve estar se perguntando sobre o que fiz. Realmente sinto muito, Hermione. O pai de sua amiga andava á espreita dos nossos planos, e havia descoberto minhas... peculiaridades. Ia, naquele mesmo dia, contar á todos sobre o que eu descobrira. Iria por tudo que tínhamos feito, até então, á perder...

“O incêndio em sua casa foi pretexto para dissociar você de qualquer coisa que lhe desse as lembranças horríveis da partida de Harold e de sua relação com os trouxas. Foi uma tentativa minha de tentar limpar sua mente... e, bem, Becky... não tinha intenção de mata-la. Mas ela me viu, embora, depois, sua amiguinha secretária tenha resgatado as lembranças dela e não tenha conseguido extrair minha visão, afinal, lembranças nem sempre são nítidas... tentei fazer com que parecesse um acidente... mas vocês também já suspeitavam.

Já aqueles infelizes acidentes com você na London Eye e a explosão do carro, assim como a tentativa de assassinato do seu noivo... fiquei sabendo depois. Comensais idiotas... achavam que estavam fazendo um bom trabalho, tentando te eliminar, o que nunca foi minha intenção. Deviam estar esperando condecorações por matar vocês. Claro que consertei estes deslizes... eles nunca mais irão incomodar.”

Estremeci outra vez. Helen falava mansamente, sem demonstrar nenhuma emoção enquanto narrava o que havia feito, matando Becky e Xenofílio, assim como os Comensais desenganados, como se fossem menos do que formigas. Sem remorso. Sem tristeza.

Mas era diferente de Rodrick Carrow. Estava olhando para uma mulher completamente paranoica, sem noção alguma do que iria provocar.

A própria sobrinha... como ela pôde?

– Para convencê-la a confiar em mim, arquitetei que morava sozinha, e lhe dei aquele telefone que, para minha sorte, você nunca tentou discar... não teria muita criatividade para engana-la, e, depois, seria deselegante comigo mesma ter que usar uma forma tão ridícula de comunicação. Yara me ajudou durante todo este tempo, trabalhando com seu amigo maori, para abafar as suas... e as minhas... principais ações. Tinha que encobertar nosso encontro e, de quebra, dar uma desculpa para os Comensais continuarem sob meu resguardo, então invadi esse antro decepcionante, deixando que eles prendessem todos aqui, fingindo que tomei posse do Ministério, como desculpa para você vir até nós. Foi bem simples... alguns com Poção Polissuco, usei os elementos para dominar o Ministro... nada complicado. Todos estão vigiados pelos Comensais de guarda. Sabia que tentaria salvar estas pessoas... – Helen sorriu novamente – e poderá fazer isso.

– É mesmo? - bufei, olhando enviezadamente para Yara, que continuava a demonstrar escárnio.

– Claro, rapaz. Precisaremos de servos até que nosso mundo finalmente tenha as novas Sementes da gloriosa Wicca Helena. Não vamos exterminar todos, apenas aqueles fracos e obtusos demais para continuar vivos... Becky e Lovegood, como eu disse, foram sacrifícios necessários, que talvez nunca mais se repitam.

Helen encarou Hermione, os olhos avermelhados brilhando de expectativa.

Senti o ar se anuviar ao nosso redor.

Draco arfou, parecendo sentir o quinto elemento que nos circundava. Olhou-me de modo tenso, implorando por uma explicação.

Porém, seu efeito era quase persuasivo. Sedutor.

As Trevas corrompidas dos elementos de Helen tentavam adentrar na aura de Hermione, tentando dissuadi-la.

Mais uma parte da profecia se cumpria.

E a escolha novamente seria dela.

– Todos que você ama viverão, Hermione. Sem exceção. Você terá uma vida feliz, ao lado de seu noivo. Vai casar, ter filhos, a vida que sempre sonhou. E ainda será uma deusa entre deuses, junto de toda uma nova Humanidade. Sem magia, sem mediocridades normais. Apenas nós e nosso Elo com a Mãe Natureza. Vamos mudar este mundo para melhor. Chega de se esconder. Fomos criadas para dominar, e não fingir ser algo que não somos. Nós somos Wiccas, Hermione. Este é nosso futuro. Este é o seu futuro.

Hermione resfolegou, olhando de modo quase enviesado para Helen. Devia estar sentindo as persuasivas ondas do quinto elemento que Helen lançara contra nós.

– Quer que eu me una a você?

Sua voz transparecia calma, mas eu conhecia Hermione demais para saber que aquilo era mera encenação.

Ela não se deixara seduzir pelas Trevas. Havia feito sua escolha.

O pavio já havia se incendiado. Era questão de tempo.

Eu e Draco enrijecemos, apertando as varinhas.

Se ela iria lutar, estaríamos prontos.

– Sim – o sorriso de Helen vacilou ligeiramente. Parecia ter captado a profundidade da decisão de Hermione, pois acrescentou – você terá filhos maravilhosos, querida. Os verá crescer e se tornarem ainda maiores do que nós, num mundo sem riscos. Sem ameaças. Apenas os Wiccas e aqueles que conjugarem-se com eles.

Hermione ergueu a cabeça. Vi seu olhar lampejar, decidido.

Por fim, ouvi a parte mais profunda da Hermione Wicca declarar, inflexível.

– Vai ter que procurar outro Wicca milagroso que ceda á suas ideias, Helen. Não vou aceita-las. E tampouco você, Cavalo da Morte, irá concretiza-las. Isso termina hoje. E você, culpada ou não, vai pagar pelo que fez.

Helen franziu o cenho, parecendo decepcionada.

Vi, alarmado, a mesma parte Wicca de Helen rebater.

– Cavalo Branco... não será dessa vez que irá vencer. Pense bem se vai preferir ficar contra mim, por que poderei continuar meus planos sem você, e não quero este desperdício. Tem o nome da filha da Wicca Helena por alguma razão... não foi nascida para morrer em vão, Lontrinha.

Senti uma vibração brotar do chão, nos fazendo recuar.

Uma gigantesca fenda estremeceu o piso do saguão, separando ambas as Wiccas e fazendo eu e Yara nos desequilibrar.

Hermione voltou a olhar para aquela em quem confiara, e percebi que, naquele momento, todos os laços finalmente se desfizeram.

Quando os cabelos negros de Hermione esvoaçaram ao redor, sabia que a hora chegara.

– Já tem minha resposta.

Helen parecia levemente aborrecida.

– Que pena, Hermione. Está cometendo um terrível erro... sendo assim, já não me interessa poupar ninguém que está aqui.

Num movimento, veloz, Helen gesticulou para a rachadura do piso, de onde brotaram vários estilhaços afiados de azulejos, que se lançaram num turbilhão contra nós.

Também usando o ar, Hermione impediu os cacos de nos atingirem, provocando uma nuvem de pó.

– Façamos só mais uma vez do jeito antigo, Yara – ouvi a voz de Helen em meio á fumaça.

Foi quando percebi, tarde demais, que fora uma distração.

Ocupada em se desvencilhar dos estilhaços que ainda voavam diante de mim e Draco, Hermione não percebeu Helen tirar, de dentro das vestes, uma varinha comprida, que se mirou exatamente em sua direção.

– Hermione! – gritei.

Meu coração parou antes mesmo que eu ouvisse o berro de Helen.

O feitiço não poderia ser impedido á tempo.

E Hermione, para meu horror, não conseguiu desviar.

– AVADA KEDAVRA!

Sentindo minha alma de estilhaçar em mil pedaços, caí de joelhos, gritando, quando vi Hermione, inatingível em seu poder Wicca, sucumbir á Maldição, que a atingiu direto no peito, e cair, qual guerreira derrotada, contra o piso do saguão.

A explosão que se seguiu nem se comparava á que destruiu meu coração ao ver a garota que eu amava desabar inerte no chão.

– HERMIONE!!


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Notas finais do capítulo

Sem notas finais :P
Comentem se conseguirem :X (rs)
Até o próximo capítulo...



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