A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 46
Limbo


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas!
Desculpe o atraso na fic. Amanhã é minha colação de grau da faculdade (uhu!), então não vou postar nada. Por isso estou postando hoje... rsrs
Pronto, gente. Aqui os corações podem voltar á bater ao normal... kkkk
Boa leitura!



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HERMIONE

O mundo inteiro jazia numa redoma de escuridão e trevas.

Não conseguia ver ou ouvir nada.

Não me lembrava do que tinha acontecido.

Minha mente estava anuviada. Tentar recordar era como erguer uma pedra pesada de um poço vazio.

Meu corpo inteiro parecia fazer parte da mesma penumbra que me rodeava.

A lembrança, finalmente, veio como uma pancada, estremecendo as poucas estruturas que em restavam.

O encontro com o Wicca Negro...

Havia sido ela o tempo todo...

Minha própria tia.

E a profecia de Calíope se concretizara nos mínimos detalhes. Malfoy, o inimigo que se redimira. Yara e Helen, que haviam me traído. A escolha que Helen me oferecera.

O sangue da família será derramado. Uma de nós iria morrer.

As ideologias de Helen eram tão ou mais doentias do que as de Rodrick Carrow. Ela iria querer destruir ambos os mundos... e não hesitara em matar a própria sobrinha.

A traição, a angústia... tudo parecera me destroçar de dentro para fora, num turbilhão que quase me destruiu. Fora demais para suportar.

O que eu jamais esperara era ouvir, de alguém de minha própria família, o feitiço que me engoliu numa enxurrada de luzes verdes.

Mas então... não devia ter sio o fim de tudo? Eu não devia estar morta? Por que ainda estava flutuando naquela imensidão obscura? Por que demorava tanto para abandonar a vida?

E se eu não estava mais viva...

Os poucos estilhaços dentro de mim gritaram quando me lembrei de Rony.

Não... ele estava vivo... mas sem mim, não conseguiria impedir Helen. Mesmo transformado... não seria páreo para o dragão Wicca em que Helen poderia se tornar.

Ela o mataria.

Céus... Helen iria mata-lo.

Como pude deixar aquilo acontecer?

Havia jurado a mim mesma que só me deixaria derrotar quando salvasse todos das garras da Wicca Negra. E lá estava eu, no limbo, enquanto Rony, Oliviene e dezenas de outras pessoas inocentes jaziam nas mãos de Helen.

Não... Rony não podia morrer. Eu não devia estar ali.

Seria minha culpa. Fraca e patética, eu não conseguira impedir o fim do mundo. Seria questão de tempo até que tudo fosse destruído. Minha família, meus amigos, meu mundo... e a vida do garoto que, agora, deveria estar sob meu corpo, incrédulo e vulnerável ao ataque de minha tia traidora.

Senti a umidade tomar meu rosto.

Espantada, ergui meu corpo em meio á escuridão, passando as mãos em meus olhos. Abismada, percebi meus dedos molhados pelas lágrimas.

Eu estava chorando...

Então... não podia estar morta.

A escuridão cessou inesperadamente, substituída por uma luz branca e ofuscante que quase me cegou.

Pisquei os olhos, incomodada.

Surpresa, eu apalpei o tecido que cobria meu corpo. Era como a veste Wicca que eu usava... porém, infinitamente mais delicada, tão branca quanto a redoma em que me encontrava, suave como fios de água.

Senti a mancha em meu ombro arder, onde estava a minha marca do Pentagrama. Percebi, surpresa, que não conseguia me conjurar ali.

Ergui-me, minha mente tão espantada com aquilo, que já não questionava o porquê estava ali.

– O que faz aqui, Lontrinha?

Recuei, assustada, sentindo minha boca se abrir quando me deparei com o homem ao meu lado.

– Tio... Tio Harold? – guinchei.

Harold suspirou, segurando minha mão.

Parecia infinitamente mais sólido do que quando havia me visitado no Ministério.

Talvez por que aquele lugar era um domínio no qual ele podia finalmente se constituir mais vivo do que nunca.

Agora tinha certa ideia de onde eu estava.

Mas por quê?

– Ah, minha menina – ele arfou, triste – não devia estar aqui. Mas prefiro-a aqui a realmente destruída, afinal.

– Onde estamos? – perguntei, abraçando meu próprio corpo.

– Isso? – ele gesticulou ao redor – é o umbral, querida. Um estado de espera, onde certos fantasmas podem se constituir mais sólidos, e onde certas... almas... aguardam.

– Aguardam? – repeti, franzindo cenho.

– Sim. À morte definitiva... ou a volta a vida – ele finalmente deu um sorriso fraco – só ouvi falar de duas pessoas vivas que estiveram aqui... e estou com uma delas agora mesmo.

Pisquei, surpreendida.

– Harry também esteve aqui – deduzi.

Agora fazia sentido. Harry havia me contado o que acontecera quando Voldemort o amaldiçoara, há três anos. Mas eu nunca imaginara que fosse realmente um lugar real. Até então, jurava - sem nenhuma maldade – que ele tinha apenas tido uma confusão mental assustadora com Dumbledore.

– Sim... não é um domínio que os vivos transcendem, Hermione. Seu amigo esteve aqui pela peculiaridade de ser uma horcrux, onde a alma dele se manteve intacta antes de retornar ao mundo dos vivos. E você... – Harold sorriu – já imaginava que talvez entrasse no umbral.

Ele nem devia imaginar o que me trouxera até ali. Tive que lhe contar, angustiada.

– Foi tia Helen – solucei, aflita – esse tempo todo, ela era o Wicca Negro, tio. E eu nem sequer desconfiei.

Harold pareceu espantado, mas recuperou rapidamente a expressão séria.

– Imaginava que fosse alguém da nossa família. Mas Helen... – ele balançou a cabeça – sempre tão esquiva... tivemos sempre uma convivência conturbada, desde que meus poderes surgiram – meu tio baixou o olhar – os elementos a corromperam, Hermione. E corromperam os próprios laços que Helen tinha conosco. Ela amaldiçoou você, não foi?

Assenti. Por mais que a mágoa quisesse me dominar, qualquer relação que tínhamos uma com a outra se desfizera no momento em que minha parte Wicca mais profunda surgira. Estava na cara que ela já não era mais a mesma. As Trevas a dominavam completamente, tornando-a a pior e mais cruel das Wiccas Negras. Qualquer pessoa que não poupasse nem mesmo a própria família não era digna de perdão.

– E você consegue deduzir por que ainda está aqui? – ele ergueu a sobrancelha, me incentivando a voltar ao meu questionamento inicial.

Pensei um pouco.

A resposta veio naturalmente, como se eu já a tivesse na ponta da língua todo aquele tempo.

– Por que... o feitiço não funcionou... – arquejei – por que aconteceu comigo... o que aconteceu com Harry!

Claro... assim como com meu amigo, eu havia sido protegida por várias pessoas. Harold morrera por mim... e Becky. O sacrifício deles impedira que a Maldição da Morte tivesse seu propósito concretizado. Eu havia sido protegida, e, por isso, ainda estava na transição entre vida e morte.

– Sim, Hermione. Apenas uma Maldição da Morte não destruiria você. Você esteve protegida pela morte de outras pessoas... pelo amor. Como um simples feitiço destruiria isso, ainda mais quando esta proteção foi reforçada pelo próprio Pentagrama? Não... por isso está aqui, Hermione. Apenas uma varinha não pode destruir este núcleo poderoso que há em você... apenas a tirou do ar, por assim dizer. Um Wicca só pode ser morto por outro usando os elementos. Nossa história sempre foi assim. E me parece que Helen esqueceu-se deste detalhe.

– Ela me tirou do ar – enfatizei, tentando raciocinar – então, se o feitiço falhou... isso pode tê-la nocauteado também?

– Talvez... o que seria uma vantagem. Assim como Voldemort, a falha deste feitiço pode tê-la enfraquecido severamente. Não sabemos o que aconteceu depois que sua alma veio para cá. Talvez a tenha atingido... ou não.

– Mas então... – arfei – eu tenho eu voltar! Estão todos desprotegidos, Harold! Não posso ficar aqui!

– Concordo – Harold disse, apertando minha mão e me encarando satisfeito – não faz ideia do quanto evoluiu neste tempo, minha Lontrinha. Tornou-se a Wicca que todos esperavam. É superior á todos que vieram antes de nós. E tem um poder que, acredito eu, nenhum de nós jamais teve. Nunca fiquei tão feliz de ter escolhido protege-la... estou orgulhoso de você, minha menina.

Um soluço perfurou minha garganta, antes que Harold viesse até mim e me acolhesse num abraço.

– Vai ficar tudo bem – ele sussurrou, afagando meu cabelo – você vai ver. Queria poder estar ao seu lado e ajudar... mas, infelizmente, essa luta é de vocês. Sinto muito.

Ergui o olhar para ele.

– Tudo bem... – arfei - eu tenho que acabar com isso, Harold. Eu vou acabar com isso – afirmei, decidida – não vou deixar que Helen destrua nossos mundos... não posso deixar que nossos mundos desapareçam.

– Claro que não – Harold afagou meu rosto, sorrindo – tudo que você viveu a preparou para este momento, Hermione. Você nasceu, não para morrer, mas para tornar este mundo melhor. Nasceu para ser Wicca... e, á não ser que eu esteja enganado, nasceu para dar uma vida maravilhosa àquele garoto que deve estar te aguardando agora mesmo no outro plano. Então, não preciso me preocupar. Você nasceu para vencer, Hermione. E sempre será assim.

Harold beijou minha testa.

Percebi, agradavelmente surpresa, que quase podia sentir a vida que o umbral lhe proporcionava. Era como se, por um momento, ele nunca tivesse partido.

E era a sensação mais reconfortante do mundo.

Eu podia ficar ali, absorvendo todo o carinho e proteção que meu tio tão querido podia me oferecer. Podia me isentar de ter que enfrentar, outra vez, tudo que sempre me parecera tão grande e assustador, quando eu me sentia tão insegura e inadequada. Estava absolutamente cansada de sofrer e de perder todas as pessoas que me eram queridas.

Mas, enquanto eu estava ali, uma ameaça rondava todos que eu amava. E isso não iria parar, se eu não fizesse alguma coisa.

– Sabe que pode decidir – Harold pareceu ler minha mente – os poucos que vem ao umbral podem escolher se querem voltar á dor e ao sofrimento que provavelmente os rondarão em sua volta, ou podem escolher o curso natural e seguir em frente, dando fim á tudo. No entanto, acho que sei muito bem qual será sua decisão.

– Claro que sabe – sorri, apertando meu abraço em Harold – me conhece bem, tio – meu sorriso sumiu – vou retornar. E, se eu voltar á sair do mundo dos vivos, será trazendo Helen comigo.

– Espero que não seja assim, Hermione. Altruísta como é, pode nãos e importar em morrer quando tudo acabar. Mas eu sei de alguém que realmente não pensa assim – ele me olhou seriamente – e não falo só de mim. Acha mesmo que aquele rapaz vai sobreviver sem você? Eu o vi, Hermione... – Harold balançou a cabeça – e vocês são um cordão duplo. Se cortar um, o outro também se arrebentará. Pode ter colocado na cabeça que sua missão é destruir Helen... mas sua verdadeira missão, Lontrinha, é viver... e dar vida aos que você ama. Não se esqueça disso.

Olhei para meu tio, assentindo.

– Não irei esquecer, Harold – suspirei – obrigada.

Ele tinha razão. Eu havia colocado na cabeça, por tanto tempo, que iria ter de me sacrificar, que nem pensara no que isso influenciaria á todos que haviam batalhado comigo durante aqueles anos... no que isso causaria a Rony. Fora um egoísmo meu, sem precedentes.

Olhei para cima, encarando a redoma brilhante que nos acobertava.

– Bom... acho que está na hora – Harold voltou a me encarar, soltando minha mão – precisa voltar, querida. As pessoas lá em cima precisam de você.

Tudo pareceu ficar mais embaçado, enquanto Harold recuava.

Acenei para ele, mas temi que ele não tivesse visto.

Não culpava os poucos que haviam decidido não retornar á realidade. Ficar longe do sofrimento era uma ideia tentadora.

Mas eu tinha algo pelo qual lutar.

E qualquer sofrimento seria suportável se eu salvasse o porto seguro em que minha vida residia agora.

A claridade desapareceu aos poucos, enquanto eu era novamente engolida pela escuridão, sentindo meu corpo flutuar em encontro á meu receptáculo em outro plano.

Enquanto sentia meu corpo elevar-se ao desconhecido, recordei-me das palavras da profecia de Calíope.

Sua alma será quebrantada. A Fênix será queimada.

De fato, minha alma, abalada e degradada, havia sido momentaneamente destruída, pairando por algum tempo no limbo. Agora era quase óbvio.

Mas eu não havia reparado na singularidade da última frase.

A Fênix será queimada.

Minha morte pelo feitiço já havia sido decretada. Como não havia percebido antes?

E o que ocorreria agora era ainda mais óbvio do que tudo.

Uma fênix, quando queimada, não morria para sempre.

Ela ressurgia das cinzas...

Mais poderosa do que nunca.


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Notas finais do capítulo

Então? Comentários? Avadas? Gritos de alívio? kkk
Beijinhos e até o próximo capítulo!



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