A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 44
Inside Blood


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoinhas!
Bom, FINALMENTE saiu a bagaça do capítulo.
Estou meio abalada (como vocês provavelmente ficarão) com esse. Então, só digo uma coisa: boa leitura!
(Se vocês conseguirem... O__O... rs)



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HERMIONE

Eu sabia, melhor que ninguém, que tudo tomaria um rumo teatral.

Estava mais que na cara que o Wicca Negro queria um espetáculo do qual se gabar. Eu podia quase perceber que não encontraria nenhum empecilho em meu caminho até o Ministério da Magia.

Ele queria a mim. E eu, sucumbida ao horror de ter meus amigos e outras pessoas ameaçadas, iria até ele, como era seu desejo.

Já tinha deduzido que seria, obviamente, uma armadilha.

Mas eu ainda estava interessada em saber o porquê de tanta encenação. Ele iria querer oferecer uma trégua? Tentar me fazer unir á eles? Por que não tentava me matar logo, como fizera vezes antes? E por que deixara que Oliviene me mandasse o patrono?

Eu já estava com uma enorme desvantagem. De posse de reféns, eu não teria opção a não ser me deixar vulnerável. Como poderia lutar contra ele, se isso colocaria em risco vidas inocentes?

Incomodava-me morbidamente não ter uma resposta, enquanto eu, Rony e Draco nos aproximávamos do centro de Londres.

Minha preocupação com meus amigos fazia meu peito doer de tensão. Será que os Williams ficariam bem? E Harry, Teddy e Andrômeda? Será que não era um erro deixar que Neville, Luna e os outros aurores se unissem á nós?

Numa tentativa de intimidar possíveis batedores dos Comensais do lado de fora do Ministério, vesti minha roupa Wicca juntamente com o capuz com capa que Rony me oferecera. Assim que eu me vesti, ele abraçou minha cintura, andando rigidamente ao meu lado.

O meu desespero em salvar as pessoas reféns, somado á angústia pelos meus amigos e ao desânimo da minha própria morte iminente, apesar de tudo, não chegavam aos pés do meu medo de perder Rony.

Por tudo que era mais sagrado, Rony deveria viver. Não importava se eu não estaria lá para vê-lo sobreviver àquela batalha. Tudo que importava era que vivesse.

Todos os planos que fizemos para o futuro...

A perspectiva de saber que todos deixariam de existir me engolfou por um segundo, fazendo meu ar desaparecer.

Rony pareceu perceber, e apertou o abraço ao redor de mim.

Ficamos em silêncio quase todo o caminho. Era como se, naqueles últimos momentos antes de meu confronto com o Wicca Negro, eu estivesse tentando resguardar toda a respiração e as palavras que, em breve, nunca mais sairiam de mim.

Cada segundo ao lado dele me seria inestimável e precioso. Não podia desperdiçar nem mesmo um deles.

Draco, para minha surpresa, parecia compartilhar a reflexão tensa que havia entre nós.

Eu simplesmente não acreditava que ele realmente se unira á nós.

Tinha tido muita convivência negativa com Draco Malfoy para simplesmente virar amiga dele agora. Mas, no fundo, sentia uma leve gratidão e admiração por estar se se dispondo á enfrentar os ex-colegas Comensais, mesmo que fosse apenas para salvar a mãe.

Se ele estava disposto á arriscar á vida por alguém, merecia minha consideração. Afinal, se tinha altruísmo o suficiente para se preocupar com a vida de alguém, é por que tinha alguma faísca de bondade. E, depois, pensava que Draco já havia sido punido o suficiente durante sua experiência como Comensal da Morte.

Porém, por mais que me surpreendesse, eu tinha a nítida impressão de que ele não estava entrando nessa só por causa de Narcisa Malfoy.

E, tinha de confessar, isso me deixava agradavelmente pasma.

Foi nesse momento que me recordei da sentença da profecia.

O inimigo terá oportunidade de se redimir.

Draco estava nos ajudando... seria isso? Ele era o inimigo que iria se redimir?

– Estamos chegando perto – Draco falou de repente, me tirando do meu torpor reflexivo – olha, eu tenho a impressão que esse cara quer você viva, Granger... pelo menos por hora. Então, acho que a sua nossa melhor arma é tentar nos infiltrar sem chamar a atenção – ele bufou – uma poção polissuco iria bem nessas horas, não acha?

– Mas não temos – Rony revirou os olhos.

– Quer dizer... – Malfoy suspirou – sua noivinha é a única chance que temos de libertar minha mãe. Então, eu acho que deveríamos evitar que ela... ahn... fosse morta? Sei lá?

Draco se preocupando comigo?

Guinchei. Que gentileza inesperada.

– Não ia adiantar, Malfoy – comentei, sentindo os elementos correrem em espiral dentro de mim – ele iria pressentir minha aproximação de qualquer forma.

As palmas das minhas mãos comicharam, me fazendo parar.

Ainda havia resquícios do quinto elemento que eu conjurara minutos antes.

O suficiente para rastrear duas palpitações ariscas perto de nós.

Indiquei, tensa, a esquina mais próxima, anormalmente deserta, á não ser por uma figura encapuzada que nos encarava.

A vibração que ele emitia era acelerada, ansiosa. Estava mais que na cara que, fosse lá quem fosse, não queria estar ali.

Virei-me para o encapuzado, observando outra figura se aproximar dele, também de capuz.

Senti o medo que irradiavam. Ambos estavam completamente apavorados.

Mas por quê?

Imaginei que o Wicca os colocara como batedores. Mas talvez ele não tivesse imaginado que eu não viria sozinha.

Onde estariam os outros?

A hesitação de ambos os lados estava tão profunda, que mal tive tempo de me surpreender, quando Draco se pôs na nossa frente, ricocheteando o feitiço que um dos encapuzados disparou de repente.

O feitiço foi distração o suficiente para eu me invocar e conjurar o ar, derrubando os dois Comensais e prendendo-os ao chão com a força do vento que produzi.

Rony e Draco se adiantaram, aproveitando que eu me invocara e prendera ambos os bruxos, indo até eles e usando a própria magia para amarra-los.

Aproximei-me, olhando ao redor, tentando pressentir mais algum sinal de vida próximo á nós.

Não havia mais ninguém.

Só podia ser por algum feitiço muito forte de afastamento de trouxas.

Eu estava certa.

O Wicca não queria me impedir de chegar até ele. Isolara toda a área para eu não ter empecilhos.

E eu não entendia qual era o motivo. Eu não teria uma horda de colegas e amigos me ladeando desta vez, como em Beauxbatons. Estava abalada, enfraquecida pela angústia e fúria, em menor número. Por que não acabava comigo ali mesmo? Por que tanta preocupação com chamar a atenção dos trouxas?

Seria muita petulância e burrice dele, se estivesse achando que eu me renderia. Duvidava que sequer fosse tentar, depois de matar e ferir tantas pessoas que eu amava.

As perguntas foram varridas da minha mente quando observei Rony empunhar a varinha contra o pescoço do Comensal mais próximo,

– Então? Onde está o Wicca Negro?

O Comensal, parecendo apavorado, olhou de esguelha para o colega, que Malfoy imobilizara.

– Dentro do Ministério! – ofegou o segundo Comensal – todos... dentro do Ministério. Só nos deixaram aqui para avisa-los! Por favor! Não nos matem!

Com o quinto elemento me rodeando, pude ver que não estavam mentindo.

Senti a irritação me varrer. O Wicca Negro nem sequer se preocupara em perder dois bruxos do seu lado, apenas para me fazer uma recepção sarcástica.

Era óbvio que ele não prezava nem a vida dos seus seguidores, ainda mais dos mais fracos. Assim como Voldemort.

– Não vamos mata-los – murmurei, enfurecida – essa é a menor da preocupação de vocês. O que fizeram com os reféns?

– Estão presos no Tribunal Três... – guinchou o primeiro Comensal – tirando a secretária do Ministro. Ela está com o Cavalo da Morte.

– E imagino que ele os obrigou a chama-lo assim, não é? – Rony rosnou.

– Sim! Mas foi tudo arquitetado... Umbridge estava conosco antes de ser condenada... já planejavam isso há meses! – o Comensal soluçou – eles vão nos matar assim que entrarem!

– Se nos contarem tudo, podemos evitar isso – insisti, atônita.

– Não sabemos de quase nada! Eu juro! – o segundo Comensal arfou – não somos muitos... fomos ajuntados... sobraram poucos de nós desde a batalha na França! Só sabemos que tudo foi encoberto pela Hawkes! Ela nos ajudou a esconder as principais investigações contra nós! Havia um auror nos encobrindo também!

Meu estômago se contraiu.

– Hawkes? – Rony repetiu, boquiaberto e horrorizado – Yara Hawkes?

– É, Yara Hawkes! – o Comensal baliu, deixando a cabeça cair contra o asfalto, ofegante.

A assessora de imprensa. Ela estava trabalhando com Darel e Oliviene para acobertar tudo que andava acontecendo...

E agora eu sabia por que.

Com intenções próprias.

Alguém em sua confiança irá lhe trair.

Yara estava do lado dele o tempo todo.

E todos nós confiávamos nela.

Outra parte da profecia se cumpria.

Há uma conspiração.

– Ela nos traiu! – Rony arquejou, me encarando – depois de tudo que viu, que testemunhou? Como pôde?! Maldita!

Minha cabeça girava.

A profecia estava se cumprindo. E do pior modo possível.

– Detesto piorar as coisas, mas podemos ver isso outra hora, não acham? O que vamos fazer com eles? – Draco indagou, gesticulando o queixo para os Comensais no chão.

Olhei para os bruxos jogados no asfalto da rua, trêmulos.

Quem eu era para começar a julgá-los ali mesmo? E se fossem meras vítimas, levadas á tomar partido do Wicca Negro para salvarem as próprias vidas, ou de suas famílias?

Alguém que já fora um deles estava nos ajudando agora. Draco era a prova viva de que nem todo criminoso era realmente mau e cruel.

Eu não podia descobrir aquilo agora... e talvez, nunca.

Cada segundo entre mim e o Wicca Negro era um momento a mais de desespero e sofrimento para todos nós. Tinha que deixar o menos vital para depois.

– Esconda-os no armazém onde colocamos aqueles funcionários no ano retrasado... quando entramos no Ministério para pegar o medalhão – falei para Rony – eles estarão seguros lá... nenhum dos colegas saberão onde estão. Depois veremos o que fazer com eles.

Rony assentiu, gesticulando com a varinha e amordaçando os dois Comensais. Draco o ajudou, empurrando os Comensais em direção á esquina, onde havia a porta do armazém.

Assim que esconderam os dois batedores, retornaram, as varinhas ainda em riste.

Virei-me em direção á pequena cabine telefônica que outrora seria nosso meio de transporte.

Em meio á resignação de que teria que enfrentar o Destino traçado pela profecia, também senti agonia pelas duas pessoas que estavam comigo.

Minha prioridade seria libertar e salvar quantas pessoas eu pudesse...

Mas, de todas elas, Rony tinha que viver. E isso não era uma opção.

Não saber o que me esperava era agonizante.

Mas eu teria que enfrentar de qualquer forma.

– Vamos.

Enquanto íamos até a cabine, senti Rony segurar minha mão, dando-me um aperto ansioso.

Encarei-o, sentindo, com o coração destroçado, o som frenético e puro de seu próprio coração.

Não importava o que fosse acontecer. Aquele som era o único que eu me preocuparia, com todas as minhas forças, em manter íntegro.

Rony iria sobreviver. E isso me dava conforto diante do horror de meu próprio destino. Eu o salvaria de qualquer forma que fosse.

No fundo dos olhos dele, vi, para meu espanto e aflição, a sombra da preocupação e ferocidade que me consumiam.

Rony, o eterno idiota bobalhão. Ele tentaria me salvar. E não poderia fazer isso, se eu o quisesse vivo.

No momento certo, eu iria impedi-lo e mantê-lo a salvo. Aquela guerra não era dele. E eu não permitiria que tentasse se sacrificar por mim.

Draco parecia pressentir a tensão que havia entre nós três, mas não comentou anda, enquanto entrávamos no elevador.

Talvez, assim como nós, não queria falar mais do que o necessário, antes de tudo finalmente acontecer.

____________________O_____________________

Eu estava certa em esperar uma encenação teatral.

O saguão de entrada estava fantasmagoricamente deserto.

Era quase arrepiante sentir a ausência do som de passos apressados e conversas agitadas que normalmente embalavam os corredores do Ministério.

A única coisa que me impedia justamente de ficar completamente abalada e temerosa era o torpor Wicca que me envolvia. Minha raiva e preocupação com os inocentes que ali estavam norteava minha mente e meu corpo, impedindo-me de sucumbir ao pânico.

– Acha que vão atacar de surpresa? – Malfoy cochichou, a varinha erguida, lançando um olhar alerta por todo o saguão.

– Não. Parece-me que ele quer todos nós vivos. Eu disse que ele quer um espetáculo.

Tudo parecia muito com um filme pastelão. Eu não suportava aquilo.

O Wicca Negro estava zombando de mim, fazendo toda aquela novela. Sabia meus pontos fracos e os havia explorado com uma maestria cínica, até agora.

O prelúdio sádico era exatamente tirar de nós qualquer noção do que aconteceria. Não nos dar uma única pista do que queria ou iria fazer.

Finalmente, depois de alguns minutos silenciosos e passos adiante, ouvi a aproximação de uma palpitação.

Indiquei a direção para Rony e Draco, que se voltaram para onde eu apontava.

A vibração era saltitante, como se a pessoa a qual pertencia estivesse rindo.

– Finalmente, Hermione.

Recuamos quando reconhecemos a voz.

– Não vai aparecer e nos encarar como uma bruxa de verdade, Hawkes? – Rony rugiu, a fúria anuviando seu rosto.

De um dos corredores, apareceu Yara Hawkes.

Antes que eu erguesse a mão, Yara ergueu a dela, rindo e balançando a cabeça.

– Nã, não, Hermione. Nem tente fazer isso. Ela está me protegendo com o quinto elemento. Não desperdice seu poder.

Meu braço despencou em reação ás palavras de Yara.

“Ela está me protegendo”.

Ela.

Ela.

O Wicca Negro... era uma mulher?

– Ah, você não sabia? – Yara voltou á rir, com uma voz infantil – puxa, deve estar decepcionada agora...

– Já chega, Yara.

Enrijeci, sentindo Rony e Draco arfarem, quando ouvi uma nova voz.

Carregada. Impetuosa. Como a de uma Wicca.

Mas era familiar.

Não me recordava... no entanto... sim, era familiar.

Yara recuou, com um sorriso zombeteiro, dando passagem para uma figura oculta por um capuz longo, vestida com trajes tão parecidos quanto os meus.

– Ah, Hermione. Tinha certeza que viria.

A mulher retirou o capuz, jogando-o para trás, revelando cabelos longos, brancos como a neve, e íris cor de sangue.

No primeiro momento, não reconheci o rosto dela.

Mas quando finalmente associei a voz á fugaz lembrança que devorou minha mente, o impacto do reconhecimento quase me derrubou.

Não podia ser.

Não podia ser.

Não fazia sentido. Não podia ser.

Por quê? Como?

Impossível.

A Morte acompanha o Mal que a cerca.

O sangue da família será derramado.

A profecia...

Nada fazia sentido. Por quê?

– Céus... – ouvi Rony ofegar atrás de mim, horrorizado.

– Acho que agora finalmente poderemos conversar... em família.

O sorriso bondoso e calmo, que havia sido emoldurado com tanta gentileza meses atrás, destoava no rosto quase irreconhecível da Wicca madura, bela e mortal que me encarava, de modo quase amável, através dos olhos avermelhados.

O Wicca Negro...

Não era um Carrow.

Era Tia Helen.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Gritos, protestos?
Até o próximo capítulo, isso se alguma leitora revoltada não me matar antes :P kkk



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