A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 42
Preludium


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoas!
Bom, desculpe a demora para postar. Pai chato mais chefe chata igual a falta de tempo pra escrever o capítulo.
Mas cansei de ser boazinha. Aham (risada maldosa).
Vamos logo pra pancadaria, já que a) não tenho mais criatividade pra hots ou cenas fofas, b) só temos mais uns dez capítulos e c) tem gente implorando pelas tripas (esqueci, né, tinha alcool, mutilação e afins na classificação kkk)
Boa leitura... espero O___O



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HERMIONE

A Toca, com o passar dos dias, estava se tornando o nosso pequeno, mas aconchegante, refúgio carcerário.

Assim como Oliviene me notificara, todas as nossas atividades ministeriais estavam suspensas até a segunda ordem.

Nossos amigos mais próximos, assim como meus pais, tinham toda a atenção da vigilância auror, para o caso do Wicca Negro procurar atacar um deles para me atingir. Com isso, quaisquer contatos com eles, por hora, estavam vetados para nós.

Os Weasleys ainda estavam na Romênia.

Rony e eu havíamos recebido, alguns dias depois, uma carta em que Molly se desculpava por não ter nos contatado antes. Além disso, ela pediu que fôssemos pacientes, já que algumas coisas haviam retardado a viagem de volta. Iriam ficar lá por mais uma semana, apoiando a investigação do que ocorrera no trabalho de Carlinhos.

Lembro de ter afagado a letra ansiosa da Sra. Weasley, na frase em que havia implorado que tomássemos cuidado durante aquele tempo.

Meus olhos arderam.

Pobre Molly. Pobres Weasleys. Estavam vivendo o que nenhum ser humano merecia viver.

Rony afagou meus ombros, ensaiando um sorriso.

– Mas vamos ficar bem – ele deu de ombros – dá pra sobreviver mais uma semana sem o mala do Percy.

Dei uma risadinha nervosa, retribuindo o carinho dele e segurando sua mão.

– É, acho que dá – franzi o cenho, humorada – você é muito maldoso com seu irmão, Ronald.

– Aquele moleque não vale o que o gato enterra – Rony bufou, mas pude ver que estava brincando.

– E eu? – brinquei, me debruçando na mesa – eu valho quanto?

Rony estreitou os olhos para mim, dando um sorriso malicioso.

– Se fosse uma bola – ele mordeu o lábio, humorado – imagino que seria um pomo de ouro.

– Ah, que fofo – ri, beijando sua bochecha – mas falando sério agora. Sem pieguice.

O sorriso dele sumiu.

– Mas estou falando sério – Rony baixou o olhar, sem graça, parecendo levemente exasperado – Deus do céu, Hermione. Queria que pudesse se olhar como eu a vejo.

Senti meu rosto corar de leve.

Mas que droga. Como ele conseguia me abalar só com um elogio?

Senti um arrepio gostoso na barriga, quando percebi a seriedade em seu olhar.

Puxa... sendo assim...

– Ahn... desculpa, então – me encolhi, rindo – obrigada...

Rony revirou os olhos, gargalhando, antes de me puxar da cadeira e me pegar no colo, me lascando um beijo atordoante na boca.

Eu só não desmanchei de vez, derretendo sob o calor do seu ataque, por que a porta da frente se abriu, interrompendo o assanhamento do meu noivo e fazendo-o me jogar sem cerimônia de volta na poltrona da sala.

– Ei! – guinchei, indignada.

Mas me arrumei logo, fingindo que nada acontecera, assim que Howkes apareceu na fresta, com o olhar risonho de quem sabia muito bem o que estávamos fazendo.

– Com licença, meninos – o auror sorriu, dando uma piscadela nada subjetiva para Rony, que parecia reprimir o riso – vocês têm visita.

– Visita? – Rony arregalou os olhos, surpreso.

Também me surpreendi. Não estávamos num cárcere privado irritante e agonizante, sem direito á visitas?

– Quem é?

– Ah, sai da frente, seu energúmeno. Ou minha filha vai babar em você.

Ri alto quando reconheci a voz suave e divertida do lado de fora.

– Sai daí, Howkes. Deixe esses malucos entrarem – gesticulei, ainda rindo.

O auror bufou, dando passagem para o casal maori, que entrou na casa fazendo estardalhaço, tal como a bebezinha risonha, que estava no colo da mãe.

– Darel! Nyree! – arfei, correndo para abraçá-los – não acredito que estão aqui!

– Claro que estamos – Nyree riu, olhando Howkes sair e fechar a porta atrás de si, enquanto Rony cumprimentava Darel – Oliviene deixou. Mas só se mais dois aurores – ela fungou – nos trouxessem. Fala sério.

Ergui os braços para Tamahine, que guinchou de alegria e se inclinou para meu colo. Já não era mais tão pequena; conseguia se equilibrar sozinha em meus braços. Os cabelinhos ondulados, a roupinha de cor madeira, os braços gorduchinhos, as bochechinhas cheias e os olhos de um azul elétrico a faziam parecer um lindo e inusitado querubim aborígene.

– Ela está enorme, Nyree! – disse, beijando Tamahine e fazendo-a gargalhar.

– Pois é – Darel suspirou, encarando a filha com um misto de orgulho e carinho – o problema é que está ficando a cara da mãe.

– Ahn... eu mereço. Ou você carregou por nove meses e amamentou? – Nyree fechou a cara para o marido, mas percebi que foi de brincadeira.

– Pelo menos deixe ela dizer papai como a primeira palavra – Darel desdenhou, também zoando.

Revirando os olhos para meus amigos, arrulhei para Tamahine, que levou as mãos gordinhas até meu rosto, passando os dedinhos pela minha pele.

Um assomo de pena se agitou em meu estômago ao encarar os olhinhos infantis e curiosos de Tamahine. Ficava imaginando a aflição de um serzinho tão inocente, ao vislumbrar cenas que não podia compreender – e pior, nem podia mostrar.

Não deixava de ser um dom. Mas era assustador pensá-lo sob a responsabilidade de uma criança tão pequena e adorável. Era muito para uma simples bebê.

– Você não agüenta mais isso, né, Tama? – suspirei, condoída.

Por algum motivo, eu concluí que Tamahine me entendeu, pois me lançou um olhar inusitadamente consciente.

– Ba-gui – ela balbuciou, encostando a cabecinha em meu queixo.

– Então... como andam as coisas em casa?

– Tudo bem – Nyree olhou para baixo, parecendo tensa.

– É – Darel acrescentou, parecendo querer desviar-me de minha indagação curiosa – Tamahine começou a engatinhar – ele riu – não faz idéia do que é correr pela casa toda tentando alcançar essa baixinha.

– Imagino – Rony riu, afagando a cabecinha de Tamahine.

– Podem parar – falei, fazendo os dois se calarem, e voltando a atenção para Nyree – amiga, pode falar.

– Falar o que?

Estreitei os olhos para ela.

– Desembucha. O que está escondendo?

Nyree olhou para Darel, meio assustada.

– A gente conta?

Darel, para minha surpresa, pareceu avermelhar.

– Você que sabe, aroha.

Nyree respirou fundo, levando as mãos à barriga, e me encarando.

Senti meu queixo cair quando entendi.

– Estou esperando outra tamaiti... outro bebê.

Eu e Rony nos entreolhamos, chocados.

Ergui a sobrancelha para Tamahine, que me devolveu um olhar tão chupado, que pareceu outra vez compreender minha expressão petulante.

– E isso você não, previu, não é, nanica?

– Agui – Tamahine encarou a mãe, parecendo zangada.

Nyree debulhou-se em risinhos.

– Na verdade, ela previu, sim... só que não chorou dessa vez. Estávamos no Beco Diagonal... – ela pareceu finalmente corar quando olhou para Darel – começou a gesticular que nem doida para a farmácia. Entramos lá, e Tamahine continuou pulando no meu colo. Só se acalmou quando olhei para a fileira de... testes. Bom... – ela mordeu o lábio – o resto da história, você já deve imaginar.

– Puxa, amiga! – sorri, contente, afastando meu espanto de uma criança de menos de um ano sabendo o que era um teste de gravidez – parabéns!

– Poxa, cara! – Rony deu um soquinho do braço de Darel – mais um, hein?

– É... – ele beijou a esposa, sorridente – mas e aí? – Darel acrescentou, irônico - quando vem o de vocês?

– O que? – pulei na poltrona, fazendo Tamahine se assustar e bufar.

– Não... vamos deixar pra mais tarde – as orelhas de Rony ficaram vermelhas – pra quê a pressa? Não é mesmo, Darel?

Darel ergueu as mãos, enquanto Nyree chorava de rir.

– Tudo bem. Essa eu mereci.

Todos riram. Afaguei os cabelinhos de Tamahine, balançando a cabeça.

Sorri para Nyree.

Puxa, mais um filho.

Aqueles dois mereciam mesmo aquela nova felicidade. E Tamahine teria alguém com quem brincar, além das crianças inglesas com as quais teria que se acostumar.

Como sempre, a indagação de Darel tocou naquele assunto delicado sobre nosso futuro.

Eu sabia que, provavelmente, nem viveria o bastante para ter que me preocupar com meus filhos. Eu não teria tempo nem sequer para gerá-los... então, era um sonho que nunca se tornaria realidade.

– Tudo bem, chega de falar de nós – rompi a maré de risadinhas, tentando desviar meus próprios pensamentos angustiantes – como vai o emprego, Darel?

– Bom, andei ajudando Yara á encobrir tudo que anda acontecendo, fornecendo matéria para o Profeta Diário – Darel comentou, desanimado – bom, isso até o ultimo atentado. Agora estou fazendo todo o material em casa e enviando ao escritório central.

Rony afagou minha mão, pressentindo minha aflição.

– Sinto muito, Darel – baixei a cabeça – a culpa é minha...

– Claro que não é, Hermione. Se toca – Darel arfou – todos nós estamos junto nessa, garota. E Kingsley está fazendo o melhor para todo mundo. Não foi uma coisa tão ruim – ele beijou a mão de Nyree, carinhoso – posso passar mais tempo com minha família agora.

– Mas Yara ainda está por lá? – Rony perguntou.

– Sim – Darel pareceu contrariado – por que a Srta. Yara Perfeição é auror, então pode continuar exercendo os dois cargos. E precisam de alguém para segurar as pontas do Profeta enquanto estou fora.

– Isso é ridículo. Você devia continuar também! – Rony comentou.

– Eu discordo – Nyree segurou a mão de Darel – Oliviene sabe o que faz. E... e...

Nyree soluçou, abraçando Darel, para o espanto de todos.

– Ah, Nyree... – ofeguei, penalizada.

Darel retribuiu o abraço dela, afagando suas costas.

– Kaua e tangi, ahora – ele cantarolou – não chore.

Tamahine olhou para a mãe, parecendo amedrontada.

– Mamãe está bem – tentei acalmá-la, embora eu mesma sentisse meus olhos formigarem.

Rony ergueu os braços, pegando Tamahine e permitindo que eu fosse até Nyree.

Com um pequeno esforço, tomei minha forma Wicca, e permiti que um pouco do quinto elemento perpassasse por minhas mãos, engolfando levemente o corpo de Nyree.

Os soluços dela diminuíram aos poucos, até que seu corpo relaxou, ainda abraçado á Darel.

Deixei os elementos partirem, tomando novamente minha forma normal.

– Obrigado – Darel me olhou, aflito, beijando os cabelos da esposa adormecida – devem ser os hormônios. Ela anda abalada emocionalmente em casa. O curandeiro diz que é normal, ainda mais na segunda gravidez. Crises de choro também...

– Ai! – nos viramos, assustados, apenas para rirmos nervosamente, ao ver Tamahine agarrada aos cabelos de Rony – sua peste!

– Deixa que eu te salvo – ri, indo até eles e agarrando Tamahine pela cintura.

A menininha riu, sapeca, voltando a se segurar em meus ombros e, para minha surpresa, dando um adeusinho para o pai.

Darel piscou, olhando de modo terno para a filha.

– Saú! Saú! – a bebê se inclinou para baixo, como se quisesse descer.

Abaixei-a, colocando-a no chão e rindo quando ela começou a engatinhar, indo até Darel.

– Bom... – Darel continuou, tentando reavivar a conversa - assim que essa loucura toda acabar, vamos voltar para a Austrália e visitar os Tokonga. Akahata está louco para conhecer Tamahine. Quer mostrar á todos a mais nova kikite, a nova vidente, da nossa linhagem.

– Boa idéia – Rony me olhou – podíamos visitá-los também, não é, Hermione?

Encarei o rosto esperançoso de Rony, e senti um nó se formar em minha garganta.

Ele mal fazia idéia de que nunca teríamos tempo para concretizar aquele plano... nem qualquer outro plano futuro.

O meu Destino não me permitiria aquilo.

– Sim... – engoli o soluço que ia se formar – podíamos.

Rony pareceu perceber a tensão que irradiava por meu corpo, e abriu a boca como se fosse perguntar o que havia de errado comigo.

Mas ele foi interrompido por um grito de congelar o sangue, vindo debaixo de nós.

– Não, não, de novo não! – Darel soltou Nyree no sofá, se jogando ao tapete e segurando a filha.

Tamahine tinha os olhos desfocados, chorando de modo horrorizado e apertando os pulsos do pai.

– Madi! Madi! – Tamahine soluçou alto, nos encarando angustiada.

Rony já estava de pé, segurando meu braço.

– Não, aroha, não... – Darel tentava, em vão, embalar a filha, que ainda chorava.

Tamahine fez, então, algo que eu não esperava.

Inclinou o braço, indicando a janela mais próxima, e balançou-o, fazendo sinal para que eu a abrisse.

Corri até a janela, abrindo o vidro, o coração saltando dentro do peito.

– Howkes! – gritei – Howkes! Jonathan!

Nem sinal dos aurores. Onde estavam?

– Tamahine! – Rony guinchou.

A bebê ainda chorava e tinha os olhos fora de foco. A visão ainda não acabara.

Foi neste momento que um patrono desconhecido entrou na sala, fazendo todos recuarem para trás, pasmos.

Tinha patas grandes, focinho longo, forma volumosa... um urso.

E, antes mesmo que a voz aterrorizada saísse pela boca do animal, eu já sabia de quem aquele patrono era.

Hermione... me perdoe. Estão todos reféns. Todos. O Ministério está cercado. Kingsley está com ele. O ataque começou.

O sangue que corria em minhas veias pareceu finalmente congelar.

Apenas para voltar á circular e ferver como os elementos que girarem dentro de mim.

O Ministério da Magia finalmente tinha sido tomado.

Com os elos mais fracos protegidos, o próximo plano fora, lógico, atacar a fortaleza que o impedia.

Claro. Para controlar os menores, os maiores deviam ser dominados.

A armadinha tinha sido montada. Com tanta simplicidade que me espantava de não ter percebido antes.

Por isso todos aqueles dias de calmaria. Por isso a falta de informações. A ilusão de segurança.

Fora o elemento-surpresa.

Começara.

E agora eu sabia finalmente onde o Wicca Negro queria me encontrar.


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Notas finais do capítulo

Comentário? Avadas? Chineladas?
Beijinhos e até o próximo! *u*



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