A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 43
Turns and Backs


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas!
Novo capítulo pra vocês!
Boa leitura... E que comece a treta! *u* kk



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RONY

O patrono, tão rápido quanto viera, desapareceu.

Foi preciso apenas alguns segundos para eu agarrar o pulso de Hermione, a histeria finalmente me engolfando.

– NÃO!

Hermione se voltou para mim, e recuei levemente ao encará-la.

Tinha a perfeita ameaça de uma Wicca no rosto, outra vez.

– Me solte, Rony.

Darel nos olhava, pasmo, ainda ninando a bebê abalada em seus braços.

Meu coração parecia querer sair pela garganta.

Era o velho pesadelo se repetindo de novo.

Mortes, luzes verdes. Amigos mortos.

E Hermione na linha de frente novamente.

O desgraçado sabia como subjugá-la.

Como não havíamos pensado naquilo?

– Hermione... – senti minha garganta se fechar em pânico – é uma armadilha. Sabe disso.

Hermione se voltou para mim, o corpo ereto e o olhar duro. Suas íris prateadas me fuzilaram.

– Se souber de mais alguém que possa tentar impedi-lo de matar todos dentro do Ministério, vou ficar encantada em conhecer.

Sabia que não tinha intenção de magoar. Era a reação natural da Hermione Wicca á qualquer coisa que pudesse tirá-la do centro dos elementos...

Incluindo medo e angústia.

Sabia que a única coisa que a impedia de sucumbir era o torpor dos elementos dentro de si.

– Não pode ir, Hermione. É isso que ele quer – supliquei, sentindo um soluço se formar em minha garganta.

Por dentro, eu estava arrasado e furioso.

Sabia muito bem que o confronto entre Hermione e o Wicca Negro era inevitável.

Mas, ao mesmo tempo, tinha consciência que ela não podia ir sozinha.

Eu não podia deixá-la ir sozinha.

E odiava e desprezava, com todas as minhas forças, aquele ser imprestável que a havia feito sofrer tanto.

Se eu tivesse condições, acabaria com ele eu mesmo.

– Vou com você.

A voz de Hermione baixou, ameaçadora.

– Não, não vai.

Tamahine guinchou, angustiada, fazendo Hermione voltar sua atenção para Darel.

Ela me olhou de novo, a voz ficando inusitadamente suave e suplicante.

– Você não pode ir, Rony. Os aurores desapareceram... e eles estão desprotegidos. Precisam de alguém aqui...

– Não é por isso – Darel cortou-a, o que me deixou espantado; considerando que estava dando bronca numa figura de cabelos esvoaçantes e expressão letal defronte á ele, era surpreendente que conseguisse falar em tom de censura – você só não quer que ele se machuque. Podemos nos virar sozinhos. Não sou auror, mas sei o bastante para dar conta de bruxos das Trevas.

O olhar dele lampejou, e lembrei-me, tenso, da sombra do lobo que dizimara Kristina Carrow em Darwin.

Eu sabia tão bem quanto ele que isso era verdade.

Hermione encarava Tamahine, e sua expressão suavizou ligeiramente, dando lugar á tristeza.

– Me deixe ajudar, Hermione – implorei, súplice, segurando seu braço – sabe que não vou conseguir te deixar ir sozinha... e esses bruxos também me prejudicaram – acrescentei inesperadamente – acho que tenho tanto direito de ir á forra com eles quanto você.

Ia morrer se ela me impedisse, como fez na batalha de Beauxbatons.

Eu tinha que estar ao lado dela o tempo todo desta vez. Sabia que iríamos enfrentar um Wicca bem pior que Rodrick Carrow... e sabe-se lá quantos bruxos mais.

Darel fez menção de se aproximar, mas Hermione o impediu com um gesto da mão.

– Não, Darel. Vocês têm que ficar aqui.

– Está bem, Hermione – Darel suspirou, aflito- mas tomem cuidado – ele comentou, desanimado – se o Wicca conseguiu subjugar o próprio Ministro da Magia, um membro da Ordem, é óbvio que tem um poder além do que imaginávamos.

– Isso não vai salva-lo, Darel – Hermione rebateu, a expressão régia voltando a dominar seu rosto – eu garanto.

– Eu sei que não... mas tomem cuidado. Os dois – Darel lançou um olhar desesperado para Nyree, ainda inconsciente, deitada no sofá.

Hermione se aproximou deles, erguendo a mão para afagar o rostinho trêmulo de Tamahine. A bebê choramingou, segurando, com a mão diminuta, o polegar de Hermione.

– Não chore, Tama – Hermione disse, com a voz delicada; era óbvio que Tamahine não se assustava com sua forma Wicca – vou fazer essas visões ruins acabarem. Prometo.

Tamahine recomeçou a chorar quando Hermione se afastou, gesticulando com as mãozinhas, como se quisesse se desvencilhar do pai.

– Tudo bem, filha. Tudo bem. Hermione vai voltar logo... –Darel me olhou, amedrontado – não vai?

– Claro que vai – agarrei a mão de Hermione, ignorando o guincho de protesto e o arrepio que o quinto elemento produziu em minha palma – todos vão voltar.

No fundo, eu sabia que estava tentando tranqüilizar a mim mesmo.

Por que sabia que a chance de eu voltar era infinitamente pequena.

Naquele momento, fiquei aliviado que minha família estava longe, fora do alcance dos bruxos das Trevas.

E fiquei ainda mais aliviado por Hermione ser Wicca. Isso garantiria que pudesse se salvar.

Ao contrário de mim.

Não havia tempo para chorar por tudo que eu iria provavelmente perder em breve. Todo nosso futuro, planejado ás pressas, ansiado por meses e anos... talvez não vivesse para concretizá-lo.

Só podia me consolar com o fato que vivera, em dois anos, por uma vida inteira.

E nada poderia fazer arrepender-me de ter escolhido ficar ao lado de Hermione.

Darel nos acompanhou com o olhar até que saíssemos da Toca. Acenei para ele, sentindo meu peito apertar ao ver Tamahine desaparecer de meu campo de visão.

Assim que estava do lado de fora, apontei com a varinha para minha casa.

Talvez eu nunca mais os visse.

– Abaffiato... Salvio Hexia...

– Espere – Hermione disse, erguendo a mão na mesma direção que eu apontava a varinha.

Senti o ar ficar ligeiramente mais palpável, como se uma névoa sólida nos circulasse. A névoa foi em direção á casa, parecendo recobri-la com uma fina camada translúcida.

Hermione arquejou, baixando a cabeça.

– Hermione!

– Estou bem – ela voltou a me encarar, os olhos prateados levemente trêmulos – lancei um pouco do quinto elemento ao redor... para protegê-los. Quem tentar entrar... vai enfraquecer.

– Não pode usar os elementos agora... – arfei, angustiado, segurando-a - vai ficar fraca, Hermione.

– Estão á própria sorte agora, Rony...

Meu estômago se agitou quando vi o temor em seu olhar.

Com tudo que acontecera e estava prestes a acontecer, e Hermione só queria proteger a todos que estavam ao redor.

A ternura e a tristeza ameaçaram me afogar ali mesmo.

Céus... aquela garota não existia.

Não me importei com o fato de que estávamos prestes á entrar numa nova batalha. Ou com o fato de Hermione já ter muita coisa na cabeça. E muito menos com sua aparência

O ímpeto simplesmente me lançou para frente, acolhendo-a em meus braços e colando sua boca na minha.

Hermione hesitou por um momento, mas, em seguida, retribuiu com tal voracidade que quase me atordoou.

Eu não sabia o que nos aguardava. Mas o que sabia, naquele momento, é que precisava de cada centímetro de Hermione perto de mim. Precisava senti-la em meus braços, ouvir sua respiração, sorver seu calor, e, se pudesse, nunca mais solta-la.

Por que não sabia se poderia sentir aquilo outra vez.

Suas mãos abarcavam minha nuca de modo sôfrego. Quando o ar acabou, eu simplesmente desci minha boca, pousando mais beijos em seu ombro.

O quinto elemento plainava ao nosso redor como um manto. Podia senti-lo em sua pele, em sua palpitação, em cada partícula que havia entre nós.

E me admirava com o quanto ele podia ser apenas mais uma manifestação do ambiente, tão dócil e inofensivo quanto um animal domesticado.

Era tão fascinante quanto à própria existência da garota que estava em meus braços.

Hermione podia controlar aquilo. Podia sobreviver. Tinha toda a maestria e dignidade que uma verdadeira Wicca deveria ter.

E era só o que me importava agora. Mantê-la viva.

Hermione choramingou, separando-se de mim e pousando a testa na minha.

– Rony...

A desesperança na voz dela chegava a doer.

– Vamos ficar bem – disse para ela... e para mim também – vamos sair dessa. Como sempre. Você vai ver.

Ela ergueu o olhar. E, pela primeira vez, dentro do olhar cor de prata, eu só podia ver a minha Hermione... a garota sabe-tudo que havia entrado de cabeça em todo tipo de loucura conosco, por todos aqueles anos.

Só via o que ela realmente era... uma garota, com o peso do mundo nos ombros.

– Eu devia ter passado tudo para McGonagall ano passado. Ela saberia o que fazer... bom, agora é tarde, e eu não poderia deixar Hogwarts em mais um diretor – ela falou, engolindo em seco, antes de franzir o cenho, decidida - eu quero acabar com tudo isso, Rony – ela ofegou – eu vou acabar com tudo isso.

– Claro que vai – incentivei-a, afagando seu rosto.

Hermione suspirou, deitando o rosto em minha mão.

E percebi que, naquele momento, ela só era Wicca por fora.

A garotinha que desaparecera a tanto tempo em meio ao caos de nossa vida escolar ameaçava ressurgir. Apenas uma menina perdida.

Todos nós tínhamos sido forçados a crescer rápido demais. E tudo parecia igualmente grande demais agora.

– Devem haver Comensais no caminho para o Ministério...

– Acho que não – Hermione enfatizou, enquanto, para meu alívio, seu corpo voltou à forma normal – tudo parece teatral e dramático... está na cara que o Wicca Negro quer um espetáculo. Não colocaria bruxos das Trevas nas ruas... causaria pânico aos trouxas, e o caos do lado de fora iria ofuscar o dramalhão dele. Devem estar todo concentrados dentro do Ministério... esperando por nós. Mas não faz sentido – ela arfou – como Howkes e Jonathan sumiram? E como os Comensais entraram no Ministério sem chamar a atenção?

– Acho que vamos ter que descobrir depois – segurei sua mão, tentando dar um sorriso que falhou miseravelmente – juntos. Sempre.

Hermione também tentou sorrir, mas entendi o recado quando a senti afagar minha mão.

– Sempre.

Enquanto andávamos, pensei rapidamente em que estratégia usaríamos. O que faríamos primeiro? Salvar os reféns? Atacar diretamente? Disfarçar-nos?

Estava na cara. Como sempre, teríamos que improvisar.

Mas Hermione provavelmente concordaria que libertar os presos dentro do Ministério seria uma prioridade. Conhecendo-a como a conhecia, sabia que iria fazer de tudo para não arriscar nenhuma vida.

Pensei em Oliviene e Kingsley, á mercê no Wicca Negro, e minhas entranhas se contorceram.

Tínhamos que salva-los. Depois de tudo que haviam feito por nós, não podíamos deixá-los morrer.

Nosso caminho foi, no entanto, surpreendentemente impedido por uma figura de capuz.

Ergui a varinha, já em posição de ataque, quando Hermione, para meu choque, segurou-a.

– Pode abaixar.

Ela parecia tão surpresa quanto eu.

– Qual é, Weasley – bufou o encapuzado - abaixa essa coisa. Granger sabe usar, mas você não.

Me boquiabri quando o reconheci.

– Malfoy?

Draco baixou o capuz, fazendo sinal para que eu falasse mais baixo.

– Que droga, Weasley, cala a boca! Fiquei sabendo do que aconteceu. O quartel-general dos aurores foi tomado, mas minha mãe me avisou por um patrono. Estão presos lá.

Pisquei, finalmente entendendo. Claro... agora fazia sentido. Howkes e Jonathan deviam ter sido convocados ás pressas por um pedido falso de dentro do quartel-general... por isso haviam deixado a Toca. O que me fazia perguntar se, talvez, nossos amigos também estavam desprotegidos – e, quem sabe, dispostos também á ajudar.

Mas uma coisa não fazia sentido nenhum. E ela tinha um metro e setenta, era feia de doer, tinha cabelos loiros e estava na nossa frente.

– E você vai salvar sua mãe, é isso?

– Isso também – ele bufou – enfim, vocês não vão sozinhos.

Hermione me encarava com a expressão pasma, parecendo indecisa entre rir e lançar uma Maldição Imperdoável em Malfoy.

– Você... vai... com a gente? – soletrei, incrédulo.

– Não estou gostando disso mais do que você, Weasley – ele estreitou os olhos para mim – somos os únicos num raio de quarenta quilômetros que pode fazer alguma coisa. Os aurores que escoltam as casas dos amiguinhos de você foram embora também, mas vai demorar um bocado até o mais próximo deles chegar. Potter está protegendo o afilhado e a avó dele, então só sobrou seus colegas aurores, Longbottom e a namorada, que vão chegar ao centro dali à meia hora. Minha mãe está com aquele maluco e eu vou tirá-la de lá – ele ergueu o olhar para Hermione, bufando – e depois, não quero outra ditadura ridícula como a de Voldemort. Estou pegando raiva dessa sua linhagem., – ele revirou os olhos – nada pessoal... bom, não mais. Só um idiota negaria que você é a manda-chuva do pedaço. Fazer o quê?

Encarei Hermione, apalermado.

Ela fechou os olhos por um momento, apenas para reabri-los e revira-los, com uma expressão agoniada.

– Pois é. Ele está falando a verdade.

– Então esse cara vai com a gente?

Hermione deu de ombros, parecendo tão mordida quanto eu estava.

– É o que tem no cardápio. Fazer o quê. Temos que esperar os outros.

Draco ergueu a sobrancelha com a frase de Hermione, mas não comentou nada.

– Bom, o que estamos esperando? – Malfoy falou – temos que invadir o Ministério. E vão sonhando que vai ser fácil.

– Valeu pelo incentivo, Malfoy – bufei, me adiantando com Hermione. Draco fez um barulhinho de desdém com a boca, e seguiu atrás de nós.

Fala sério. Draco Malfoy, lutando conosco. O absurdo dos absurdos.

Porém, isso me lembrou de uma das sentenças da profecia de Calíope.

O inimigo terá oportunidade de se redimir

Arfei.

Será que aquela estrofe se referia ao que estava acontecendo? Malfoy tentando nos ajudar, se redimindo através disso?

Senti meu coração disparar.

A profecia estava começando a se concretizar.

Tudo como Calíope dissera.

E eu estava enganado se as sentenças seguintes significavam algo tão bom quanto um antigo inimigo se juntando á nós.

O meu medo era que Hermione estivesse mais atada àquela profecia do que eu imaginava.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Avadas? Sugestões?
Beijins e até o próximo capítulo!



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