A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 2
Blessing


Notas iniciais do capítulo

Oe, gente bonita!
Novo capítulo, por que gente bonita merece... huashushuas
Boa leitura!



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RONY

A Sra. Granger me encarava preocupada, enquanto aguardávamos Hermione voltar, sentados na sala de estar.

Não podia culpa-la. Eu devia estar tremendo feito gelatina. Um bolo em meu estômago ia aumentando aos poucos, me deixando enjoado.

– Wendell! – ela chamou, sem tirar os olhos de mim – o namorado da Hermione está aqui!

– MÃE! – ouvi um grito alarmado escada acima, abafado pelo que deveria ser uma blusa tampando a boca de Hermione.

Vi Monica dar uma risadinha.

– Ela ainda fica muito envergonhada quando vocês dois estão com a gente...

– Becky limpou tudinho, senhora Granger! – Monica me deu um olhar humorado quando a elfa se aproximou de nós – tomara que a menina Granger não se assuste mais... – Becky comentou baixinho, engolindo em seco e nos fazendo rir.

– Acho que não vamos quebrar mais nenhum prato, querida... pode ir descansar... ah, aí está você – virei-me para a escada, finalmente vislumbrando o Sr. Granger entrando na sala, enquanto Becky se retirava pela outra porta.

– Bom dia, Sr. Granger – falei, tímido.

– Bom dia, Ronald – a expressão dele misturava desconfiança e surpresa – como vai?

– Estou bem – senti minhas orelhas esquentarem. Er... quanto Hermione teria contado para eles sobre o ano anterior? - e o senhor?

– Também estou – ele apertou minha mão e se sentou ao lado de Monica no sofá – e o que o traz aqui, rapaz? – quebrando o gelo e me deixando mais tranquilo, Wendell sorriu, brincalhão – duvido que tenha vindo até aqui apenas para ver a mim e a minha pança...

– Você não tem pança, querido – Monica bateu no marido de brincadeira, rindo - pare com isso... desculpe o Wendell, Ronald, ele não tem juízo...

– Não, tudo bem – ri também – ele tem razão... mais ou menos... queria ver vocês também... mas vim também por outro motivo.

– E qual seria? – o Sr. Granger perguntou, com o sorriso vacilando inesperadamente.

– Calma, voltei! – alguém arfou, entrando de supetão na sala. Hermione reapareceu, ansiosa, vestindo um conjuntinho de calça jeans e blusa de alças.

Ergui-me para receber o abraço apertado que Hermione plantou em mim.

– Oi – ela sussurrou baixinho, sorrindo.

– Oi – sussurrei também, enquanto ela se afastava – como passou o mês?

– Foi uma droga sem você... – ela mordeu o lábio, risonha.

– Já tomou café? Nós podemos esperar... – olhei de soslaio para o Sr. e a Sra. Granger, que nos observavam em expectativa.

– Não, não – vi Hermione arregalar os olhos – eu... nem consigo ter apetite agora... melhor acabarmos logo com isso...

Suspirei, me virando para os pais de Hermione, enquanto ela segurava minha mão.

– Bom... eu disse que tinha um motivo para ter vindo, Sr. e Sra. Granger – comecei, sentindo minha mão tremer... se era a minha ou a de Hermione, não sabia dizer temos que contar uma coisa para os senhores...

– Uma coisa importante... – complementou Hermione.

Vi Wendell empalidecer de leve e afundar no sofá.

Merda... mau sinal.

Monica parecia abobada demais para falar.

– Você... – a Sra. Granger finalmente grasnou, encarando Hermione.

– Minha nossa... não, mamãe –fosse lá o que Hermione tivesse deduzido do olhar indagador da mãe, pareceu deixa-la chocada – não é isso não... – senti Hermione apertar minha mão – bem... ainda não...

Quando a ficha caiu, eu só faltei sacolejar Hermione. Pelas plicas de Merlim... eles acharam que Hermione estava grávida? Oi?

Que legal... saber que eles pensavam assim de nós. Senti-me muito valorizado depois dessa...

E, falando nisso... “ainda não?”. Hermione estava querendo uma laqueadura sem anestesia ali mesmo ou o quê?

– Não é isso – senti minha garganta arrastar, ainda atordoado com o absurdo das suposições dos meus futuros sogros – eu... eu pedi sua filha em casamento – cuspi de uma vez.

Wendell afundou mais dois dedinhos no sofá.

Alguém devia chamar uma ambulância para o velho...

Será que ele ia sobreviver depois daquela?

Os bruxos iam presos por matar o pai da noiva?

– E você aceitou – Monica algavariou.

– Isso não é uma pergunta – a voz de Hermione saiu quase chorosa de tensão.

– Claro que não – Monica se levantou, surpresa, e para meu espanto, sorriu... um sorriso grande e absurdamente feliz – Hermione, você o ama. Ele ama você. Tenha dó, é claro que você aceitou!

– Sr. Granger – guinchei para o homem agarrado ao sofá – ela realmente aceitou, mas... gostaria de assim mesmo... pedir a mão dela a você... e a sua benção.

Hermione apertava tanto minha mão que eu estava cogitando seriamente a necessidade de tomar um Esquelesce quando voltasse á Toca.

Wendell não reagia, o que estava deixando todo mundo ali preocupado.

Finalmente, ele ergueu os olhos para Hermione. Um olhar lacrimoso, dopado, de quem ouviu que a filha iria embora para sempre.

– Você aceitou se casar – ele disse baixinho – você realmente o ama, não é? De verdade?

– Sim – a voz de Hermione era ainda mais baixa – papai... – senti meu estômago dar uma cambalhota como ela soluçou – eu...

– E ele te ama também... qualquer um pode ver isso – engoli em seco quando Wendell me olhou, mas, para meu alívio, não havia nenhum antagonismo em seu olhar – provavelmente tanto quanto eu ou sua mãe... então não haveria o por que de eu dar permissão para que ele se case com você – vi um sorriso levemente triste se abrir no rosto dele – não vê? Você sempre foi dele, Hermione...

– Papai!

Hermione me soltou, indo cair nos braços do pai.

– Ah, Hermione... – sorri, quase emocionado, vendo Wendell acolhe-la com a expressão pasma.

Pô, não era todo dia que o sogrão vinha para a gente dizendo que podia levar a rebenta sem problemas. Eu não era tão insensível assim...

Estava até querendo dar um abraço de consolo na pobre coitada, mas achei mais sensato não interromper os dois.

– Ei, está me sufocando – brincou Wendell, beijando a cabeça da filha, que, para minha aflição, parecia que não pararia de chorar hoje – pare com isso, querida... por que está chorando?

– Nada não – choramingou Hermione, com o rosto ainda enfiado no ombro de Wendell.

– Sua boba – riu Monica, afagando as costas dela.

– Eu falei! – mexericou uma vozinha afinada, que fez todos encararem a lareira - onde estava Becky, de braços cruzados e expressão petulante.

– Falou mesmo – o rosto de Hermione ressurgiu, com os olhos quase inchados, mas sorrindo de ponta a ponta.

– Quanto á benção... – comentou o Sr. Granger, pousando aqueles olhos, assustadoramente parecidos com os de Hermione, em mim – se é tão importante para vocês, eu não me atreveria a negar... mas por que eu teria que dar alguma, se você mesmo já é uma para Hermione?

Minha nossa... o cara estava me deixando desconcertado. Eu nunca imaginara aquela reação a noticia de que a filha dele – a única filha dele – iria se casar e sair de casa. Onde estava aquela figura de sogro que humilhava a gente no jogo de cartas e dizia que sabia que iria nos detestar desde que o médico disse que era uma menina?

Hermione parecia tão chocada quanto eu.

– Sr. Granger... – murmurei, sem graça.

– Não diga mais nada, rapaz – Wendell veio até mim, socando de leve meu braço – acho que vocês devem ter morrido umas semanas até agora para contarem tudo a nós. Pare de se preocupar. Monica... – ele sorriu para a esposa – pegue um copo de água para o garoto. E você – ele apontou para Hermione, que primeiramente enrijeceu, mas riu quando viu a expressão divertida do pai – vá arrumar suas coisas para a entrevista de amanhã.

Hermione assentiu, meio atordoada, me encarando com o olhar sobressaltado enquanto voltava a subir de volta para o quarto.

Irônico... agora quem estava abalado era eu.

Aceitei o copo que Monica me trouxe – rindo quando vi Becky pulando ao redor dela, obviamente indignada por sua nova senhora estar fazendo o serviço doméstico – e bebi tudo de um gole.

– Obrigado.

Wendell olhava distraidamente na direção da escada, voltando á sentar-se.

– Noiva – ele falou consigo mesmo – minha menina... noiva.

– Sr Granger, se quiser me passar um sermão, aproveite que Hermione está lá em cima – falei sem pensar.

O Sr, Granger pareceu espantado antes de rir.

– O que, Ronald? Não, não... já disse tudo que tinha para falar, meu garoto. Não sou a figura de sogro que a maioria espera – ele fez uma careta – se é que dá para me chamar de sogro... sogro, imagine só – ele devia ter achado que não o ouvi murmurar a última frase.

– Não está magoado... ou irritado?

– Não... um pouco ciumento, talvez... Hermione admira o senhor de um jeito absurdo – ele riu outra vez – meu jovem, eu não estou perdendo uma filha... estou apenas ganhando mais um filho.

Aquele cara estava disposto a me fazer chorar antes do almoço. Só podia ser.

– Vocês vêm tomar café, meninos? – ouvi Monica chamar da cozinha.

– Claro, querida – Wendell ergueu-se – vai ficar para o café da manhã, Ronald?

– Bom... – meu estômago, completamente perturbado depois da manhã assustadora, já estava roncando – se não for muito incômodo...

– Incômodo nenhum, rapaz... ande, sente-se na cozinha...

– MÃE, BOTA UMAS QUINZE COXINHAS NO FORNO! VOCÊ VAI PRECISAR! – Hermione gritou de novo lá de cima.

Todos riram, enquanto eu só queria, no fundo de minha mente pérfida, amarra-la outra vez como um pernil na cabeceira de uma cama, por sua falta de noção.

Ela ainda ia me pagar.

Muitas vezes ainda...

Mas, por enquanto, eu simplesmente fingi ser um bom, modesto e casto noivo, apenas esperando Hermione descer e comendo com a família Granger.

________________O_________________

Não foi preciso muito para que Hermione me arrastasse casa acima assim que Wendell e Monica saíram para resolver os assuntos da clínica dentária no centro.

– Você quer me castigar. Agora não – ela falou o óbvio, enquanto subíamos as escadas.

– E se eu não aceitar seu “agora não”? – teimei, mas quase fui derrubado quando Hermione imobilizou o pulso da mão que eu ia plantar abaixo de sua cintura - ei!

– Tira a mãozinha daí, noivinho - pronto, tinha começado.

– Cala a boca e me mostra seu quarto.

– Falou certo. Meu quarto – Hermione enfatizou – não nosso ninho, beleza?

Ela pareceu paralisar quando pensou no mesmo que eu.

Que droga... nós íamos sentir falta da Sala Precisa.

– Podemos dar umas fugidinhas de vez em quando para lá – ela disse depressa.

– Podíamos – dei um sorriso malandro que fez Hermione se debulhar em risadas – mas não quero castigar ninguém hoje... pode ficar tranquila.

– Não quer ou está com medo de macular a casa dos meus pais e nossa pobre e antiga escola com sua perversão? – Hermione brincou.

– Os dois – guinchei, empurrando-a – agora me mostra a bagaça do quarto.

Hermione riu, e abriu a porta de um dos cômodos do corredor superior.

Entramos num quartinho iluminado, de cor lilás-azulada, e com alguns móveis de mesmo tom. Uma cama de solteiro no meio do cômodo, abaixo de um painel cheio de fotografias, desenhos e recortes de jornais, um guarda-roupa bege ao lado da porta e uma estante ridiculamente cheia de livros e mais livros, davam um ar peculiar ao ambiente.

– Nossa... – passei a mão em um dos desenhos na parede, um cachorrinho Jack Russel, extremamente realista, pintado pela metade – foi você que fez?

– Foi – Hermione deu de ombros, envergonhada – não terminei de pintar... por que não acho nenhum maldito lápis de cor que tenha o tom... – ela hesitou - dos seus olhos.

Calma aí. Ela desenhara aquele cãozinho pensando em mim?

E eu sem saber se devia levar aquilo como elogio.

– Ahn... é seu patrono. Você é leal, companheiro... fofo...

– Fofo? – ri – me acha fofo?

– Ahn... – Hermione repetiu, dando de ombros de novo.

– Está monossilábica de novo.

– Ahn...

– Para com essa droga – Hermione só riu mais ainda.

– Ainda não creio que eles levaram na boa – ela murmurou, parecendo assustada.

– Nem eu – gani – seu pai não andou... sabe... – fiz gesto de bebida com a mão, fingindo tombar para o lado. Ela revirou os olhos, sorrindo.

– Acho que não... ou talvez sim – Hermione balançou os braços – ou ele ainda não se deu conta da presepada. Ah, olhe aqui...

Hermione abriu uma das gavetinhas da estante de livros, mostrando uma caixinha minúscula de aparência artesanal. Tirou-a de lá e pôs na minha mão.

Abri-a, confuso, só para dar um sorriso satisfeito quando vi a aliança prateada delicadamente acomodada num pedacinho de algodão.

– Não tive coragem de ficar usando toda hora... é tão bonita... morro de medo de estragar – Hermione confessou, tímida.

Senti meu coração se apertar de carinho. Ah, minha noiva boba, estressadinha e lógica. Deus, como seria delicioso aturar aquelas coisinhas mínimas dela pelas próximas décadas...

– Pode usar, Hermione... prefiro mil vezes ela arranhada, mas nessa sua mão linda – beijei seus dedos, enfatizando.

Hermione baixou a cabeça, encabulada, o que me deixou ainda mais maravilhado com o quanto ainda podia causar tais efeitos nela.

Ela não respondeu, mas se aproximou lentamente de mim. Sua mão pousou do lado de meu rosto, enquanto Hermione me encarava com uma expressão indecifrável.

Apertei meu rosto contra a maciez de sua palma, também admirando-a.

– Posso... testar os limites? – Hermione disse, divertida.

Uma frase simples.

Mas que trouxe à tona as mais maravilhosas e sôfregas lembranças.

Ela realmente queria me deixar maluco... na casa dos pais dela?

– Hoje não.

Ela fez biquinho, fingindo mágoa – biquinho esse que não demorei em desmanchar com uma mordida travessa.

– Ai. Animal – ri quando Hermione me empurrou.

– Não queremos matar seu velho do coração, Hermione. Vamos nos comportar por enquanto, tá?

– Tá – ela bufou, mas mesmo assim me roubou um beijo quando fiz menção de levantar.

– Sua bobinha – ergui os braços para Hermione.

Ela se aninhou em meu corpo, rindo quando caímos abraçados em sua cama.

Ficamos um longo tempo ali, olhando para o teto, simplesmente sorvendo a presença um do outro.

– Fico aliviado, sabe... – bocejei, admirando os desenhos trançados perto da lâmpada – que tudo tenha acabado.

– Também – ela deitou em meu ombro – acho que finalmente teremos um pouco de paz.

Podia até ter avisado.

Mas, Deus do céu...

Nem mesmo eu tinha a menor ideia... do quanto ela estava errada.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Xingamentos? (Tirando você, MalfoyFilica. Você exagera neles kkk).
Beijos e até mais!



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