A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 17
Recordations


Notas iniciais do capítulo

AEEEEEEEEEEEE povos e povas!
Novo capítulo pra vocês, pequenos wiccas!
Aliás, "pequenos wiccas" fica estranho. Sugestões de nomes para meus fãs? rsrs
Boa leitura!



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HERMIONE

Passei o resto da semana me sentindo maravilhosamente bem.

Eu não sabia se era por finalmente estar me acostumando á Maldição da Wicca, ou por ter conseguido concluir com êxito minha primeira semana como Juíza, ou por ter tido mais alguns dias - e noites - inesquecíveis com Rony, ou até pela alegria de ter conhecido alguém da família com um passado tão achegado ao de Harold.

Mas eu não tinha como negar... eu realmente estava contente.

A única coisa que me aborrecia era a iminência de ver Rony entrando na seleção de aurores. Ou pior - e bem provável... sendo escolhido.

Eu sabia que aquele sempre fora o sonho dele. E isso só devia ter se reforçado após a Batalha de Hogwarts... após Fred.

Eu tinha ideia do sentimento que Rony tinha... lutar para deter bruxos das Trevas. Não era tão diferente do que havíamos feito em todos os últimos anos.

Mas aquilo ainda me deixava com o coração nas mãos.

Eu não sabia se aguentaria ter que olhar meu noivo sair, todos os dias, pela porta da Toca, sem saber se o veria entrar por ela outra vez.

Abri os olhos, encarando a silhueta adormecida de Rony.

Eu não cansava de admirar o como ele parecia um mero garotinho enquanto dormia, com o rosto sereno, os cabelos ruivos adoravelmente bagunçados e o corpo encolhido.

O meu garoto....

Como suportaria saber que ele se arriscaria toda vez que estivesse em serviço?

Prendi a respiração quando Rony se remexeu, acordando.

Ele ergueu os olhos sonolentamente para mim, abrindo aquele sorriso que fazia meu pobre coração disparar.

– Olá, Meritíssima.

Torci o nariz, fazendo-o rir.

– Já deu.

– O que? - Rony pareceu achar graça.

– Desses tratamentos - pisquei - aqui eu sou só a Hermione. Nada de Grande Wicca, nada de Excelência, nada de gostosa– acrescentei, enquanto Rony gargalhou - só Hermione.

– Sim, senhorita - ele desviou do tapa que eu ia lhe dar na cabeça - bom dia pra você também, dona Safadeza.

– Oi? Eu que sou safada? - estreitei os olhos, segurando o sorriso - quem serviu de prato pra uma certa pessoa ontem?

– Ah, não importa - Rony sorriu travessamente, antes de tascar um beijo sufocante em mim.

Me coração, já vibrante com aquele amanhecer tão inusitado, começou a acelerar ainda mais.

Eu nunca conseguiria me livrar da sensação que me assolava quando nos beijávamos. Sentir o corpo de Rony me segurando de modo protetor, sorver seus lábios quentes e indiscutivelmente habilidosos, sentir suas mãos afagando minha pele de modo terno.... era a coisa mais próxima que eu podia definir como paraíso.

E pensar que nós tínhamos perdido tanto tempo...

Os lábios dele deixaram os meus, me deixando cruelmente arfante e um bocado acesa.

– Uau - brinquei, rindo - hum... por mais que eu ache que você quer passar o resto do dia me deixando derretida aqui, acho que os senhor tem um compromisso hoje.

O sorriso dele vacilou um pouco.

– Ah... sim.

– Ainda acho insano - comentei, sem graça.

– Claro - Rony afagou meu rosto - sei que está preocupada - ele sorriu - como não podia deixar de ser...

Balancei a cabeça.

– Mas eu confio em você - sorri, antes de fazer uma expressão séria - até por que sei que você não vai ser louco de me voltar para casa com algum arranhão... por que, se voltar, eu faço questão de aumenta-lo.

Rony fingiu se assustar, pulando da cama num átimo e por pouco não me fazendo chorar de tanto dar risada.

– Ok, moça... acho que vou me trocar, então...

Sorrindo, fiquei encarando o teto enquanto levantava, revirando os olhos para os inúmeros pôsteres do Chudley Cannons.

________________________O__________________________

Enquanto eu aguardava Rony retornar da continuidade do processo de seleção, fiquei na Toca, ajudando Molly a organizar a casa.

Gina já havia ido para Hogwarts - cursar seu último ano - na mesma manhã, deixando para trás um namorado que não dava mais as caras para me visitar e uma amiga ainda confusa. Fiquei sem saber por que ela parecia tão sem graça na semana anterior. Tentei interroga-la a semana toda, mas não extraí anda coerente.

– Nada... estamos bem - ela dizia toda vez.

Será que ela e Harry estavam tendo problemas?

Tampouco consegui extrair alguma coisa de meu melhor amigo na carta que ele me enviou alguns dias depois. Nela, ele não dizia nem uma palavra sobre alguma dificuldade, apenas que estava bem, se adaptando á casa de Andrômeda e adorando cuidar de Teddy.

Resolvi deixar para lá. Quando um dos dois quisesse se abrir, eu descobriria. Não ia forçar a barra.

Além disso, conversei com Becky durante a semana e pedi a ela que dissesse á papai e mamãe sobre o prolongamento da minha estadia na casa dos Weasleys, dada toda aquela ladainha de meu novo cargo e da seleção de Rony.

Fosse por talvez achar que eu já estava com coisas demais na cabeça, fosse por estar preocupada com o encarceramento domiciliar que Jorge andava se auto-impondo, a Sra. Weasley não me pediu quase nada durante o dia, por mais que eu dissesse que podia me chamar assim que precisasse de algo.

Então, lá pelas tantas da tarde, após tentar, em vão, puxar uma conversa amigável com Jorge após o almoço, subi de volta para o quarto de Rony,

Aproveitei a ausência dele para, por pura curiosidade, fuçar um pouco em suas tralhas.

Havia um baú ao canto da cama que me chamou a atenção.

Abri-o, ávida para descobrir o que havia dentro, sentada no colchão.

Sorri, espantada, quando vi os objetos dentro da arca.

Havia um fragmento de algo parecido com porcelana, na forma de um focinho; reconheci, pasma, o pedaço de xadrez de bruxo que havíamos jogado dentro do subterrâneo no primeiro ano, quando fomos tentar impedir Voldemort de conseguir a pedra filosofal.

Além disso, também havia um papel amarrotado no fundo. Peguei-o, abrindo lentamente, e fiquei surpresa quando vi a página do livro que havia arrancado para mostrar á Rony e Harry sobre os basiliscos, no segundo ano. Me arrepiei quando recordei que nem conseguira chegar a tempo.... ele havia me pegado primeiro.

Passei os olhos pelos outros objetos, cada um praticamente simbolizando um de nossos anos em Hogwarts. Uma pena de hipogrifo, um - dei risada - fiapo do traje a rigor que Rony usara no Baile de Inverno no quarto ano, um caco afiado e levemente esférico que parecia ter se originado de uma bola de vidro, um vidrinho com conteúdo suspeito - uma poção? - e outras coisas mais. Alguns cararecos lembravam até mesmo da época que eu fiquei vampirizada, de nossa viagem à Austrália, e do ano anterior - este último, para minha satisfação, uma estátua de argila que eu fizera com o elemento terra.

Entre tudo que havia ali, porém, um dos objetos chamou minha atenção.

Levei a mão até o fundo, puxando para fora um pacotinho inusitado, toscamente amarrado.

Só pelo fato de estar fechado, eu devia ter me segurado e guardado de volta.

Mas a curiosidade falou mais alto em mim.

Abri o pacotinho rapidamente, antes que perdesse a coragem.

Em minhas mãos, surgiu algo parecido com um livro...

Um diário?

Senti meu coração dar um baque.

Rony tinha um diário?

Minha nossa...

"Não olha...", alertou minha consciência, me olhando com censura por cima do seu exemplar de Hogwarts, Uma História.

– Ah, dane-se - bufei, abrindo o diário numa página qualquer.

Comecei a ler, ansiosa.

"Primeiro de outubro de 1991

Aquela garota de cabelão está me deixando completamente louco.

Ela veio toda metida hoje, na aula de feitiços..."

Continuei lendo, sem uma ordem de dias. Folheei aos poucos o livro, ficando cada vez mais espantada.

"... Hermione foi petrificada ontem.

Eu não acredito que isso aconteceu. De todos os nascidos trouxas aqui...

Eu não devia estar tão chateado. Ela é minha amiga sim, e isso é chato, sim... mas Gina anda falando que não estou conseguindo nem comer..."

"... Não tem como não odiar Severo Snape. Já não basta aquele morcegão infernizar nossas vidas. Hoje ele resolveu humilhar Hermione na frente da sala toda. E tudo foi culpa daquele ser desprezível do Draco Malfoy.

Eu ainda quero quebrar a cara dos dois..."

"... Estou me sentindo um bocado mal.

De repente, devia ter convidado-a para o Baile. Por que não tive essa ideia antes?

Agora já foi. Ela deve estar se divertindo um monte com aquele búlgaro idiota, enquanto estou aqui, enfurnado na Torre da Grifinória.

Mas Hermione pode fazer o que quiser... quem sou eu pra me incomodar com isso?

Por que diabos estou me incomodando com isso?"

"... e então ela me estuporou na Sala Precisa.

Vou confessar. Foi engraçado.

Ela tinha todos os motivos para conjurar um feitiço forte o suficiente para me deixar inconsciente. talvez eu até merecesse...

Mas, por um momento, eme pareceu que ela hesitou. Sério. É como... se Hermione tivesse medo de me machucar..."

"... estou começando a achar que foi tudo um erro enorme.

A satisfação que eu achava que teria... ela desapareceu. A animação... tudo.

É como se estivesse tudo errado. Como se eu tivesse ido á uma loja comprar uma pena de luxo e tivesse saído de lá com uma pena barata.

E essa pena anda me atazanando demais.

E o pior de tudo é que ainda estou com aquela sensação bizarra... incomodado... querendo saber o que Hermione está fazendo...

E, por mais estranho que seja... queria estar com ela.

Queria - meu Deus - que talvez fosse ela..."

"... tive um sonho tão estranho.

Não pode ser possível...

Se Hermione soubesse... provavelmente piraria..."

Finalmente cheguei em passagens mais recentes, há menos de dois anos atrás.

"Eu me sinto tão perdido.

Estou escondido de alguns Comensais.

Talvez eu não viva os suficiente para ver tudo isto acabar.

Mas meu não ligo...

Meu único arrependimento, meu único sofrimento, vai ser lembrar, quando estiver morrendo, de como eu os abandonei.

Eu não sei até agora o que deu em mim... agora estou sem minha família. Sem meu melhor amigo....

Sem Hermione.

Sinto tanta falta dela... ficaria feliz até de ouvi-la gritar comigo, talvez até me amaldiçoar depois do que aconteceu.... desde que fosse ela. Desde que estivesse aqui....

Tenho vontade de chorar só de imaginar que... não...

E se ela estiver ferida? Se capturaram os dois? E se... não consigo nem pensar que talvez eles tenham...

E vai ser culpa minha...

O que vai ser de mim se Hermione morrer??"

"... Hermione anda se recuperando bem.

E eu só consigo agradecer aos céus por ter sobrevivido.

Aquela bruxa maldita poderia ter... não consigo nem pensar nisso.

E aquela marca horrível no braço dela... não consigo parar de chorar toda vez que lembro dos gritos."

Finalmente, a última anotação do diário, datada, para meu choque, do primeiro dia após a Batalha de Hogwarts, continha apenas uma frase.

'A única coisa que encobre toda essa dor é o fato de que posso dizer que amo Hermione Granger."

Meu coração pulava no peito. Minha boca estava estranhamente seca, e meus olhos, ardendo.

E eu imaginando tudo, menos aquilo.

Fechei o diário, abraçando-o junto ao corpo, quase me negando a embrulha-lo outra vez.

Nem tinha coragem de ler tudo na íntegra. Aqueles meros trechos já tinham feito meu ar desaparecer.

Guardei o diário de volta no baú, tomando cuidado para deixa-lo empacotado como estava anteriormente, não sem antes afagar o pacotinho de cor creme e aninha-lo ao lado da pena de hipogrifo.

Sentia os elementos correndo pelas minhas mãos formigantes, quase atraídos pelo misto de emoções que me dominava.

Eu mal sabia como reagir depois de ver aquelas memórias marcadas á tinta.

A batida na porta me assustou mais que tudo.

– Pode entrar - minha voz saiu trêmula.

A porta se abriu, e, dela, surgiu Rony, parecendo surpreso de me ver amuada no canto da cama. Olhei de esguelha para a janela, ficando pasma por nem ter percebido que anoitecera.

– Tudo bem? - ele perguntou, tenso.

– Tudo... - ainda bem que eu já havia arrumado tudo de volta ao lugar - como foi a seleção?

Rony ergueu o queixo numa pose esnobe, me fazendo rir.

– Adivinhe só quem ficou entre os três primeiros na prova de aptidão física?

– Hum... - coloquei o dedo na boca - não sei... - olhei para ele, brincalhona - mas também, quem não daria dez para... - fingi ronronar, fazendo-o gargalhar - esse físico...

– Engraçadinha - ele se aproximou, beijando minha testa - como passou o dia?

Dei de ombros, fingindo desinteresse.

– Nada mal.

Rony passou os olhos pelo quarto, parecendo aspirar a atmosfera suspeita.

– Tem certeza que está tudo bem?

– Sim - insisti, tensa.

Ele sorriu, afagando meu antebraço e produzindo aquele familiar e bobo arrepio que costumava me dar. Porém, sua mão desceu até meu braço, os dedos deslizando carinhosamente na cicatriz em que se lia sangue-ruim.

– Nem acredito que não conseguiram tirar - ele murmurou tristemente.

– Não houve muito a ser feito - falei, tentando tranquiliza-lo - nem dói mais. Vou ter que me acostumar - acrescentei, brincando - marcada mais de uma vez. Eu e o Harry estamos quites.

Os olhos de Rony se anuviaram - não do modo que costumavam ficar quando ele estava apaixonado, e sim quando estava sério e profundo.

– Acho que nós três estamos quites.

Sua voz saiu baixa, tensa, quase solene.

– Como assim? - indaguei, confusa.

VI Rony engolir em seco.

– Entenda... se você vai ter que ficar o resto da vida demarcada assim... acho que não havia nada mais justo... me equiparar, então...

Ele arregaçou a manga do pulôver que usava, expondo o braço.

Não reconheci a forma assim que a vi.

E quando reconheci, senti o pouco ar que eu recuperara até então desaparecer outra vez.

– Você não conseguiu tirar... e eu não queria sentir que estava melhor do que você... nunca mais.

Sufoquei a vontade de guinchar de choque. Nãos sabia se chorava de horror ou de absurdo carinho. Ambos os sentimentos se arraigaram em mim no mesmo instante.

Havia uma cicatriz ali, que parecia ser recente. Feita á faca, sem sombra de dúvida.

E onde se liam as palavras traidor do sangue.


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Notas finais do capítulo

Comentários?
Deem elogios, e ganharão um pirulito.
Exponham erros ou critiquem, e eu vou corrigir... e dar um pirulito huehuehue
Kissus de Amortentia e até o próximo capítulo!



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