A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 18
Complications


Notas iniciais do capítulo

AEEEEEEEEE povo!
Despois de muitos dias e um pulso machucado e engessado - hehe - mais um capítulo para vocês!
Esperando comentários fofos ao fim do capítulo, me dando chineladas ou elogios... rsrs
Boa leitura!



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RONY

Engoli em seco quando vi Hermione empalidecer. Os olhos saltaram, fazendo um quadro angustiante com os lábios que se curvaram, horrorizados, antes que suas mãos os tampassem.

Eu sabia que ela reagiria assim.

Mas Hermione tinha que compreender...

Fechei os olhos, lembrando de quando havia tido a assustadora idéia de fazer aquilo. Angustiado como eu estava no dia anterior, pensando no que havíamos conversado, me vi completamente indignado de me dar conta do quanto Hermione sofrera... das marcas que ela carregaria pelo resto da vida.

E achei aquilo tão injusto – estar relativamente sem marca alguma, depois de tudo que fizera nos últimos sete anos – que o ímpeto que me dominou fez-me ignorar todo o resto.

Se ela tinha que viver com aquela ofensa horrível na pele, eu não ia conseguir viver também sem ter nada em mim.

Esperar Hermione dormir, descer furtivamente até a cozinha e demarcar meu braço com a peixeira - o torpor me impedindo até de sentir dor enquanto o sangue brotava - foi mais fácil do que eu pensava.

Reabri os olhos, suspirando quando vi os de Hermione verterem lágrimas atordoadas.

– Rony... – ela guinchou, balançando a cabeça.

– Hermione, você só tem que entender que eu precisei disso – murmurei – eu precisei... eu não ia... não ia conseguir conviver com isso...

Hermione soluçou, sem, porém, continuar a chorar. Ergueu a cabeça, me encarando, enquanto eu mal conseguia tirar meus olhos dos dela.

Senti o ar vibrar no quarto, e não consegui desviar o olhar mesmo quando seus olhos acinzentaram.

“Ah, Hermione”, minha mente suspirou. Podia ser menos dramática.

– Não devia ter feito isso – sua voz, mesmo baixa e vibrante, estava distorcida com um choramingo.

– Eu sei – concordei.

– Mas você fez – a voz dela baixou ainda mais.

Apanhei suas mãos, ansioso.

– Eu sei, desculpa...

Hermione ficou mortalmente séria, imóvel e bela como uma assustadora e primorosa estátua de Michelangelo.

– Podia parar de me olhar assim – murmurei, tenso – se acalme, por favor...

Ela finalmente se mexeu no colchão.

– Você me vem com isso – sua voz era trêmula e medonha ao mesmo tempo – e quer que eu me acalme?

Preferia mil vezes que Hermione tivesse gritado.

Eu estava ficando desesperado. Toda a estafa mental e física da seleção de aurores, aquele anterior ar de mistério que pairava no quarto quando eu entrei, e, agora, a reação de novela mexicana de Hermione, misturaram-se num turbilhão que me impeliu a prender seus pulsos rebeldes e me aproximar de seu rosto.

– Vai acreditar se eu disser que fiz isto por você também?

Hermione arfou, não de choque, mas de exasperação.

– Droga, Rony!

Não pude deixar de soltar uma exclamação de surpresa quando Hermione se lançou contra mim, me derrubando na cama e me sufocando com um beijo desesperado.

Eu tinha me esquecido do como era aterrador beijá-la na forma Wicca.

Não foi preciso muito para que meu coração dobrasse a marcha, enquanto meus braços a envolviam.

Sua boca se desvencilhou da minha, se voltando violentamente para meu braço, onde despejou uma trilha de beijos eletrizantes ao longo dele.

Eu podia sentir os elementos querendo abrir caminho, apenas pelas vibrações que corriam pelo ar. E Hermione, como sempre, os regia tão naturalmente á ponto deles simplesmente ficarem ali, pairando inegavelmente dentro de seu corpo.

Arfei, mais de surpresa do que de dor, quando os lábios dela beijaram suavemente minha nova cicatriz.

– Você é louco... um completo idiota... – Hermione fungou, pontuando cada palavra com um beijo.

Meu coração, já descompassado, ressoou como uma orquestra em reação á ela. O carinho inundou minhas veias, tão volátil quanto o veneno de basilisco.

Ergui-me, puxando Hermione de volta á mim.

– Vem cá...

Ela parecia precisar mais do que eu do abraço que lhe dei.

– Não faz mais essas loucuras... – Hermione choramingou – por favor...

– Não vou... desculpa... – afaguei seus cabelos.

– Você não existe, Rony...

– Não mesmo – falei, tentando descontrair.

Ela recuou o rosto, me olhando, as íris já no tom castanho normal.

– Como vou saber se não vai aprontar mais nada na sua primeira missão? – vi-a estreitar os olhos – você já faz essas loucuras embaixo do meu nariz...

– Prometo que vou me comportar – sorri tensamente, beijando sua testa – não vou fazer mais nada assim.

Ela pareceu se acalmar, o que, infelizmente, não tirou o desespero de seu olhar.

– Obrigada...

– Aliás – falei, tentando mudar de assunto – agora me conte. O que estava aprontando aqui no quarto? Fale... – pisquei – não vou reagir mal, garota...

Hermione mordeu o lábio.

– Estava vendo seu baú – ela respondeu numa voz fininha, sem graça.

Ergui as sobrancelhas, surpreso. Ela andara vendo minhas lembranças de Hogwarts?

Foi quando minha mente contou dois mais dois.

Claro... se ela tinha visto o baú... tinha visto o diário.

Agora quem mordia o lábio era eu.

– Quer comentar algo sobre... o que leu?

Hermione arfou.

– Como..?

– Sei que leu. Tudo bem – acrescentei. Sorrindo para deixá-la mais tranqüila – quer falar sobre isso?

Hermione franziu a testa, envergonhada.

– Não... – ela balançou a cabeça em negativa – hoje não...

– Hoje não – repeti, suspirando de novo – tudo bem... até por que eu queria mostrar umas páginas para você – sorri – mas está tarde e acho que alguém precisa dormir para não tacar uma bola de fogo em mim, então...

Finalmente, descontraindo o ambiente, Hermione riu.

– Boa idéia...

– Vou tomar um banho é já volto... – aliviado, levantei da cama, beijando rapidamente a bochecha dela.

Antes de eu chegar á porta do banheiro, porém, ouvi-a suspirar.

– O que disseram sobre a seleção?

Virei-me, baixando a cabeça.

– Vou começar a estagiar amanhã... já concluí – falei rápido demais – nem contei á mamãe ainda...

Hermione assentiu, parecendo perdida.

– A gente já conversa, ta? – acrescentei, ansioso.

Ela forçou um sorriso, mas ele não chegou a seus olhos.

Tentei amenizar meu desconforto e o dela não em demorando muito no banho. Sabia que Hermione ainda queria conversar.

Mas quando voltei, para meu desolamento, ela já havia adormecido.

E, para minha aflição, ainda soluçava quando finalmente me deitei ao seu lado.

Eu não sabia mais o que fazer. O que eu poderia dizer para que Hermione entendesse que não tinha com o que se preocupar? Para não estar sempre com aquela apreensão, toda vez que eu saísse pela porta de casa?

“Nada”, bufou minha cabeça. “Hermione te ama, idiota. Ela nunca vai deixar de temer por você.”

Eu ainda sentia necessidade de falar com ela... mas, provavelmente, Hermione já tivera sua cota de estresse por aquele dia.

Observei-a ressonar suavemente, até que eu mesmo mergulhei na inconsciência, indo parar num lugar em que podia momentaneamente esquecer todos os problemas.

____________________O____________________

A manhã seguinte foi agitada, principalmente depois que contei á minha família sobre o estágio que iniciaria.

Hermione ainda estava meio letárgica, parecendo ter acordado de uma longa hibernação. Deu-me um “bom dia” trêmulo e uns dois sorrisos vacilantes antes de descermos as escadas.

Mamãe havia me costurado um colete bonito, de cor cinza com abotoaduras prateadas. O brasão do Ministério da Magia podia ser visto na manga direita.

Vesti o conjunto que ela me deu, exibindo-o para todos na sala de estar.

– AI, Meu Deus... – mamãe tampou a boca, parecendo irracionalmente feliz – meu menininho está lindo com a roupa de auror!

– Controle-se, mamãe – Gul revirou os olhos, rindo, enquanto afagava a barriga de Fleur.

– Ela tem razão, Gui – ouvi Hermione dizer. Surpreso, virei-me para ela – está lindo mesmo – ela piscou – um gatinho.

Todos riram.

Ainda tive que aturar todos os conselhos e interrogatórios de papai e mamãe antes de sair.

– Arrumou tudo mesmo? Está levando um casaco? Já limou a varinha?

– Mãe! – arfei, enquanto Hermione ria.

– Não se esqueça de prestar atenção ás orientações – papai acrescentou – não faça nada que não mandarem...

– Está bem, pai – revirei os olhos.

Ri quando papai me puxou para um abraço, com mamãe fungando ao nosso lado.

– Boa sorte. Tome cuidado.

– Vou tomar – me afastei dele, assentindo animado.

Antes de finalmente sair, porém, me virei para chapar um beijo na boca de Hermione.

Ouvi Carlinhos e Fleur assoviarem, gargalhando, antes de eu soltar a garota que ofegava, avermelhada.

– Rony! – ela baixou a cabeça, tímida, mas risonha.

– Nos vemos mais tarde, Juíza...

Finalmente me despedindo de todos enquanto saía, olhei uma última vez para Hermione antes de dar as costas para A Toca.

Nos olhos dela, por trás de seu sorriso, vi a angústia temerosa de uma garota que não sabia se o noivo voltaria um dia para casa.

__________________O__________________

– Quer prestar atenção aqui, Sr. Thomas?

A sala de Teoria Auror ressoou com risadinhas. Dino se encolheu ao meu lado, os dentes cerrados de quem foi pego em fragrante.

– Desculpe, Sr. Stark.

O pai de Oliviene, Marcus Stark, era nosso tutor do primeiro estágio de aurores. Um cara troncudo, de feições sérias, com mais de vinte anos de auror, que realmente parecia perder a cabeça toda vez que havia cochichos durante sua explanação sobre nossa primeira missão.

Nosso grupo era pequeno, composto de apenas cinco estagiários.

– Bom, como eu dizia, antes de ser interrompido - ele continuou, fuzilando Dino com o olhar – nossa primeira missão será identificar e nos aproximar, por meios não-mágicos, de um suposto esconderijo de Comensais foragidos dentro da floresta do Deão – ele apontou a varinha para a lousa, aonde havia um mapa - o único meio de chegarmos de modo não mágico deste núcleo é por meio do rio que corta a região, através de um barco. Quando finalmente chegarmos á terra firme, a missão será continuada a pé, até encontrarmos o esconderijo.

– Não parece difícil – sussurrou Neville ao meu lado.

Sorri para ele. Quem diria... o anteriormente trapalhão e medroso Neville Longbottom, agora um dos aurores selecionados do Ministério.

Fiquei surpreso quando o encontrei no dia anterior, nos testes de aptidão. O mundo dava voltas mesmo.

Imaginava Luna quando descobriu a novidade... pobre garota...

– Sr. Stark – o garoto á frente de nós ergueu a mão – mas, neste caso, o que realmente vai dificultar nossa missão é a captura dos Comensais? É este o objetivo?

– Eu diria que não, Noot – Marcus sorriu atravessadamente – são apenas três Comensais ,de acordo com nossas suposições... os elos mais fracos que sobraram da queda de Voldemort. Porém, não incluídos nas recentes hordas – ele pousos os olhos em mim - suscitadas contra Wiccas. Então não, Sr. Noot, o que vai dificultar o progresso de vocês não vai ser a dominação dos Comensais... e sim os desafios ao longo da viagem.

– Oh, puxa – Neville murmurou.

Stark fez um círculo na figura do rio que havia no mapa.

– Este, rapazes, é um conhecido território de ninhos... – ele completou – de ninfas.

Um silêncio tenso recobriu a salinha.

– Mas, no caso, ninfas aquáticas, não é? – Dino comentou, parecendo meio assustado.

– Correto, Sr. Thomas. São náiades.

Arfei, jogando as costas na cadeira de modo aflito.

Náiades. Nada bom... os Comensais seriam fichinha, comparados á aquilo.

– Sr. Stark – Neville indagou – o que... ahn... essas náiades são, exatamente?

– Boa pergunta, Longbottom – Marcus parecia se divertir com a insegurança dos estagiários... maldito – nada mais são do que criaturas belíssimas e fatais. Há uma náiade para cada humana nascida na Terra,com sua fisionomia exata, o que, de certa forma, significa que deveriam haver milhões delas espalhadas por aí – ele torceu o nariz – se não fossem as ações de bruxos das Trevas, que andam destruindo seus rebanhos de modo violento e cruel nos últimos cinqüenta anos. Os poucos ninhos que restam, obviamente, se escondem e mantém um ressentimento mortal contra os portadores de varinhas. Nossa magia as enoja, desde que foi usada contra suas irmãs. Por isso – ele ergueu a sobrancelha – a necessidade de não usarmos magia no percurso. Quem sabe não atrairemos a fúria delas ao passarmos pelo rio.

– E se, por acaso – Dino falou – uma delas nos cercasse? O que faríamos? – ele não parecia confortável com a idéia que sugeriu em seguida – teríamos que matá-las?

– Matar uma náiade? – Stark riu – esqueci de acrescentar que matar uma destas criaturas vai condená-lo á uma vida amaldiçoada, tal como ocorreria se você matasse um unicórnio? – ele olhou Dino arregalar os olhos – criaturas mágicas, antigas como nossos unicórnios, Thomas. Vivem cem anos, com a mesma aparência de quando chegam á idade adulta. Só encontram-se com humanos para procriar... encontros quase sempre fatais para o parceiro, claro. São carnívoras... antes por carne de animais aquáticos, mas mudaram seu gosto desde que nosso povo começou a destruí-las.

Eu já estava me sentindo enjoado só de pensar. Mulheres que viviam na água, lindas como o paraíso e mortais como tubarões. Era o estereótipo dos trouxas para o que eles chamavam de sereias.

E comiam carne humana, claro. Por que não?

– Não tem nenhuma chance de elas terem um contato mais amistoso com seres humanos... que não seja, sabe... multiplicar? – quase ri quando Noot engasgou na última frase.

– Talvez... as lendas mais antigas, do tempo em que os dois povos tinham contatos amigáveis, alega que o beijo de uma ninfa impede a pessoa de se afogar para sempre... e que seu sangue, dado de bom grado, pode curar doenças e salvar pessoas do leito de morte – Marcus fez som de desdém – isso foi, claro, há séculos atrás. Não há relatos de outros encontros entre ninfas e humanos que não tenha acabado em morte para um dos dois lados.

Oh, céus. De repente, toda a preocupação de Hermione começava á ter cabimento.

Como eu ia passar por aquilo sem cair no suposto charme das náiades?

Se ela estivesse ali, com certeza faria picadinho de mim. Aonde eu tinha me metido?

– Ei, calma lá, gente – eu disse, mais para mim do que para os demais – tudo isso são apenas suposições... de repente, não acontecerá nada. E, se acontecer, a gente vai resolver. Estamos aqui para isso, não é?

Marcus fez algo surpreendente. Ele sorriu para mim.

– Esse é o espírito, Weasley- ele meneou a cabeça – bom, já que está tudo delineado, vou aguardar os senhores do lado de fora. Um carro do Ministério irá nos levar até o ponto em que aparataremos para a floresta. Estão dispensados até lá.

Quando finalmente todos nós começamos a sair da sala, ouvi Neville cochichar para mim.

– Parece que só arranjamos encrencas com mulheres – ele guinchou – até com as que não são da nossa espécie.

Engoli em seco, sem deixar Neville ver meu atordoamento.

Eu ainda não sabia, mas, preso naquele prisma de tensão, eu não fazia idéia do que me aguardava mais tarde.

Por que nossa viagem até o esconderijo dos Comensais foi mais aterrorizante do que eu pensava.


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Notas finais do capítulo

Comentários?
Kissus sabor Sapo de Chocolate e até o próximo capítulo!



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