Du chegou em casa e avistou todos á mesa, como sempre. Era o almoço já, e estavam reunidos em volta da mesa. Theo estava com a cara fechada e Alberto do mesmo jeito. Davi, como sempre sentado na cadeirinha e sua mãe, Michelle, na ponta oposta à de Alberto.

– Bom dia. - A jovem falou ao dar de cara com eles -

– Bom dia. - Todos disseram em uníssono -

– Junte-se à mesa, minha filha. Venha comer conosco! - Michelle falou visivelmente animada. Uma animação forçada. -

Du fitou Theo, que fez um gesto com a cabeça, como se pedisse para ela fazer este esforço.

– Tudo bem. - ela sorriu fraco e deixou a bolsa em cima do sofá -

Durante o almoço, Du nada disse. Apenas comeu na dela, como de costume e depois retirou-se.

* *

Entrou no quarto e fitou o local. Era o único lugar onde ás vezes sentia-se amparada. Onde podia chorar a vontade, ou ficar imersa em sua bolha invisível onde ninguém a atrapalharia.
Ouviu duas batidas na porta. Era Theo.

– Oi. - ele pôs a cabeça para dentro e esboçou um sorriso -

– Oi. O que você quer? Falar sobre seu surto com o Alberto ontem? - Sorriu -

Theo revirou os olhos. - É. É sobre isso mesmo. - Ele balançou a cabeça - É que... eu queria te pedir desculpas por tudo. Por ter te enchido o saco muitas vezes. Por ter apoiado nosso pai crápula.

– Tudo bem. Pelo menos você reconheceu.  E agora? Que história é aquela de documentos?

– Ele desvia dinheiro da empresa. Muito dinheiro.

Du arregalou os olhos. - C-como assim?

– É. E eu cansei de compactuar com isso. - ele abaixou a cabeça - Me arrependi de ter sido como ele por muitos anos. Eu vou entregar os documentos para os sócios da empresa. Vou delatar ele.

– Mas... você tem provas?

– Tenho cópias e mais cópias no computador. Prints, notas fiscais falsas. Só queria pedir tua ajuda.

– Pra...?

– Pra entrar em contato com seu amigo Lucas e ele descolar um advogado dos bons pra gente. Eu não tenho contatos. A gente paga.

– Ok. Vou falar com ele. Tudo o quê eu mais quero é desmascarar e fazer o Alberto pagar por tudo que fez.

* *

Quando Lucas viu Du sair daquela forma, sentiu-se mal. Ele sabia que indiretamente a garota tinha ciúmes ou algo assim por Ísis. E por isso havia ido embora. Sorriu ao lembrar dos beijos que havia dado em sua amiga na noite passada. Foi o primeiro beijo dos dois em quase 5 anos de amizade. Eles conheceram-se em um grupo de amigos em comum, numa festa, e daí nunca mais separaram-se.
O telefone de Lucas toca. Ele olha esperando que seja Du. É José Pedro.

– Fala.

– Fiquei sabendo da novidade. Vai trabalhar ein?

– É só isso? - Lucas revirou os olhos -

– Não. Na verdade vim avisar que o irmão daquela sua amiga está aqui. E que ela também. Pensou que você estava e tal.

– A Du aí? O quê ela quer? - o rapaz indagou pensativo -

– Se eu soubesse... é só com você. - ele sorriu debochado -

– Ok. To indo pra aí.

* *

– Lek! Pensei que tu tava aqui já? - Du falou abraçando o amigo - Esse é meu irmão mais velho, Theo.

– Hey. - os dois cumprimentaram-se -

– Precisamos de uma mãozinha tua.

– Mas tu num tinha ido embora com ciúmes da Ísis? - Lucas puxou Du pelo braço levemente e sorriu -

– Não, convencido! Eu fui porque... tinha coisas em casa pra resolver, só isso! Agora... vai me ajudar ou não?

– Vou sim. O quê é?

– Preciso de um bom advogado.

– Quê?