Eu Estou Aqui escrita por SenhoraDiAngelo


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Eu provavelmente to atrasada :v desculpem, eu esqueço da existência desse site e.e
Obrigada pelos comentários, tinha certeza que estava flopando e.e
Boa leitura ^^



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"Não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo,

Só você não viu"

– Na Sua Estante, Pitty

Nico tentou se integrar ao grupo. Jason dissera que isso faria bem a ele, que seria bom ter amigos, mas o garoto simplesmente não conseguia encontrar graça nas piadas de Leo, ou no fato de que Tyson conseguia enfiar quarenta e dois morangos nas boca ao mesmo tempo e come-los, ou no barulho que Frank fazia quando se transformava em gato e Hazel coçava seu pescoço. Por um motivo que Nico não compreendia, as pessoas riam descontroladamente disso.

O filho de Hades cruzou os braços e suspirou, desejando sumir. Por que eles haviam decidido dar atenção a ele? Nunca o haviam feito antes, apenas Hazel - mas claro, Hazel era sua irmã. Nunca tinha pedido para eles fazerem aquilo, na verdade, não queria que eles o fizessem. Ou será queria? Talvez não fosse tão ruim ter amigos, mas ele não conseguia ficar tanto tempo na presença de tantas pessoas vivas, eram irritantes.

Pessoas julgam as outras sem nem mesmo conhecê-las. Se ficasse por muito tempo com eles, com certeza deixaria transparecer o que sentia. Não queria nem pensar no que sucederia. Leo o humilharia pelo resto da vida. Hazel provavelmente não iria reagir bem, já que viveu numa época em que homossexualidade era um escândalo, assim como o próprio Nico. Percy? O acharia estranho. Se afastaria completamente assustado. Talvez Annabeth não se importasse, mas era provável que ficasse com ciúmes. Só poderia imaginar o que Piper e Frank achariam disso. Só Jason, não tinha ideia de como ele iria lidar caso tudo se revelasse.

Aliás, o garoto só estava lá porque Jason havia praticamente implorado para que ele fosse. “Foi mal, Jason”, pensou, enquanto tentava sair da mesa despercebido. Sem sucesso. O filho de Júpiter se pôs à sua frente de braços cruzados e cenho franzido.

— Indo a algum lugar? – questionou.

Nico passou as mãos pelo rosto, terminando nas têmporas massageou-as.

— Olha, Jason... Desculpa mas eu simplesmente não sou capaz de achar um ciclope com quarenta morangos na boca engraçado. Essas risadas altas, histéricas e sem motivo me enjoam. Isso é idiota. Você não pode simplesmente abrir os olhos e ver que eu não sou como vocês? Só me deixe ir embora.

O loiro ficou tenso e segurou Nico pelos ombros com firmeza.

— Olha, Nico, você pode fazer o que você quiser, mas não vá embora do acampamento.

— Não me toque. – Respondeu o filho de Hades, elevando a voz. Ondas negras de raiva emanavam dele, fazendo Jason soltá-lo imediatamente.

— Eu estou falando sério. Você não pode ir. Tem ideia de quantas vezes Hazel se ajoelhou ao seu lado e chorou? Ela estava muito mal, cara, muito mal. Tem ideia de quantas vezes... – a voz dele falhou – d-de quantas vezes e-eu fui visitar você só pra descobrir que continuava inconciente? Até Leo parecia meio pra baixo. E Percy, ele sentiumuito a sua falta. Dizia que não era a mesma coisa sem você. Ele foi lá muitas vezes também. E...

— Pare. – o tom de Nico estava perigosamente calmo, porém às vezes sua voz tremia como uma súplica. – Você é um completo imbecil, Grace. Você sempre tem que mencionar ele quando conversamos? Você está caçoando de mim como pensei que faria. Você... me trata como se toda a minha vida girasse no fato de que... – foi incapaz de terminar a frase. – Você pode achar o que quiser, mas pare de tentar me fazer acreditar que ele se importa. Pare de tentar me fazer acreditar que qualquer um se importa. Você sabe que não. Hazel. Ela é a única exceção. É por causa dela que eu vou ficar no acamamento. Mas se continuar falando sobre Percy e o que eu disse para Eros, ou se pensar em dizer isso para alguém, eu juro que vou te destruir. - Jason reparou que Nico ignorara completamente a parte que dizia que ele sentira falta de dele.

Jason estava começando a achar que tinha ido longe demais, o outro parecia realmente aborrecido. Às vezes ele esquecia como o garoto poderia fazer muito mais do que dar-lhe um soco e sair correndo. Poderia mandar um monte de zumbis matarem-no com um aceno de mão. Era mais poderoso do que aparentava. O cabelo comprido cobria quase todo o seu rosto acima do nariz, mas quando uma mecha escorregou, pôde ver um de seus olhos. Estava arregalado, a pupila dilatada; o brilho ausente de seus olhos e as olheiras mais nítidas. Seus punhos estavam cerrados e ele tremia. Parecia pronto para mata-lo com as próprias mãos. “Droga, Jason!” xingou-se mentalmente. Uma voz atrás deles os tirou de a atenção.

— Ei! Jason! Nico! Ta tudo bem? – Gritou Percy da mesa, acenando.

Os olhos de Nico voltaram ao normal, mas cada músculo de seu corpo ficou tenso. Ele ficou congelado. Droga. Quando foi que havia ficado tão sem reação ao falar com Percy? Não era assim antes e Percy nem estava realmente falando com ele. Ah, mas claro que não era assim antes. Antes, ninguém sabia. Agora, todas as suas conversas com o único que guardava o segredo terminavam com ele se controlando para não dar-lhe uma espadada na cara.

Desviou de Grace tentando se controlar para ficar calmo, porém sentia seus olhos azuis cravados nele. Sua pele parecia queimar com olhar. Queria mandar Jason parar de olhá-lo daquele jeito, mas Percy o fez antes dele ao se levantar até os dois.

— Está tudo bem. – Nico disse por fim.

— Nico queria ir embora. – explicou Jason.

Percy ergueu as sobrancelhas, perplexo.

— Nico, você não pode ir embora. Não de novo. Não agora. – disse o filho de Poseidon, suplicante.

Olhou para baixo.

— Vamos lá, temos que comemorar. – Percy deu aquele sorriso que Nico se odiava por achar lindo. Era doloroso, e só queria ir embora daquela festa. – Você praticamente voltou dos mortos... h-hã, quer dizer, hum...

Hazel que havia voltado dos mortos, e Nico já fora ao mundo inferior várias vezes, sem contar que passava mais tempo com os mortos do que com os vivos. Percy parecia desconcertado, claro.

— Hã... eu só quis dizer que... você sabe, você quase morreu, e... – Percy sussurrou um xingamento em grego antigo por sua confusão. Nico quase riu; de fato, um pequeno sorriso tomou conta de seus lábios mesmo que ele não o quisesse. – Do que você está rindo?

— Não estou rindo.

— Mas está sorrindo. – Suspirou. – Ah deuses, eu sou um desastre... De qualquer forma, volte à festa cara. Temos que comemorar que você melhorou e a guerra acabou!

Percy pegou no braço do garoto que congelou no mesmo instante. A pele do filho de Poseidon era tão quente; faziam Nico formigar, isso é que, ele nem sabia se sentia afortunado pela interação ou cavava um buraco e se enterrava nele. Sua respiração acelerada e seu coração parecia querer sair pela boca. Indeciso do que fazer ou como reagir.

— Por favor, não me toque. – disse, por fim e até tentou soar agradável. Percy o soltou imediatamente.

— D-Desculpe. Eu esqueço que você não gosta que o toquem. – Respondeu desajeitadamente com a mão no pescoço.

No fim, o filho de Hades foi praticamente obrigado a se sentar na mesa com o resto das pessoas. Assim que o fez, apoiou os braços na mesa e enterrou o rosto neles, para que ninguém visse que suas bochechas estavam coradas, queimando como fogo.

Depois de alguns minutos ouvindo as risadas e conversas sem sentido e irritantes, Nico sentia que iria explodir a qualquer momento. Ele não sabia porque, mas as pessoas pareciam se afastar dele novamente, o que ele fez? Só permanecia parado no canto, sem falar ou comer. Jason e Percy – e Hazel - eram os únicos que não fugiam dele. Porém, o fato de que Percy secolheu sentar-se ao seu lado não ajudava. E obviamente, Jason que antes sentado ao seu lado, havia pedido para trocar de lugar com moreno de olhos verdes que, claro, não suspeitou de nada.

Mas cada vez que o filho de Poseidon esbarrava em seu braço sem querer ou o cutucava para falar ou mostrar algo, Nico paralisava. E quando ele sorria... Aquele sorriso era tão perfeito. Desejava de verdade que um daqueles sorrisos fosse verdadeiramente para ele, mas já pertencia a Annabeth. Se amaldiçoou por continuar a sonhar com algo impossível. Aquilo era estranho. Era errado. E obviamente era real.

Havia muitas pessoas, muitas pessoas, muitas pessoas, ele ria entrar em pânico. Nico não sabia para onde olhar e o que fazer. Bateu as mãos na mesa com mais força do que planejava. Várias pessoas o encararam, incluindo Percy.

— Eu tenho que ir. – Ele disse trêmulo, e então saiu correndo aos tropeços em direção aos chalés, mas sem antes ouvir a voz de Leo.

— Deixe ele ir gente. É claro que ele não aguentaria ficar na minha presença. Tão frio que ia derreter com esse cara quente aqui ao lado dele.

Nico abaixou a cabeça e acelerou, mas sem antes ouvir Percy dizer:

— Cara, qual é o seu problema?

— Não dá pra deixar o Nico em paz? – gritou a voz de Jason.

— Deuses, qual é o problema de vocês? – Protestou Leo. – Era brincadeira! O.K., foi mal, eu sei que ele não... Quer dizer... Putz, que mancada. Tomara que ele não tenha ouvido.

Mas a essa hora, Nico já havia sumido da vista deles. Precisava de um tempo sozinho.

— Nico tem estado um pouco... Ah, sei lá, diferente esses dias... – Observou Percy.

Jason trincou os dentes, “bela observação, Jackson” se segurou a dizer. “Nico ficara quase um mês apagado por causa de um ferimento, e quando acorda o cara que ele gostava e que só ficava de melo com a outra – assim o ignorando -, está tentando ficar amiguinho dele. Francamente”.

— Vou ir falar com ele. – Disse o filho de Poseidon.

— Não. – Jason falou sem pensar, um pouco mais alto do que planejara. Mas Percy não poderia ir atrás de Nico. Se eles se aproximassem, Nico sentiria mais afinidade pelo garoto, que com certeza faria alguma burrada. Só sabia de uma coisa: o garoto sairia machucado nessa história, não fisicamente, mas ele não deixaria acontecer.

— Por que não? – Estranhou Percy. – Não sei se isso já passou pela sua cabeça, Grace, mas você não é o único que se importa com o Nico. Aliás, vocês dois têm estado bem, hum, coladinhos ultimamente. O que está acontecendo?

Jason começou a suar frio. Droga.

— Foi o que aconteceu na sua missão com ele em Split, não foi? – Continuou o filho de Poseidon, refletindo. – Eles me contaram que vocês foram juntos buscar algo e quando voltaram se tratavam diferente. O que aconteceu em Split?

Droga. Droga. Droga. Droga.

— Nada.

Percy estreitou os olhos.

— Eu vou falar com Nico. – afirmou o moreno.

Grace não pôde fazer nada. O filho de Poseidon saiu andando na direção em que Nico havia ido. Só lhe restou torcer para que Percy não fizesse alguma idiotice. Como sempre.

(...)

Nico não foi para seu chalé como planejara. Estava começando a escurecer, então se dirigiu ao lago, que ficava nos limites dos campos de morangos. Gostava de olhar o céu. O ajudava a pensar, e o som do rio era reconfortante. Além disso, pensou que merecia um tempo sozinho.

Queria que Bianca estivesse lá. Ele já não culpava Percy pelo que havia acontecido, mas nunca de fato superou a morte dela. Ainda doía. Bianca era a única que ele já tivera ao seu lado. A única que o entendia sem qualquer exceção. Se ela estivesse lá... Ele teria contado o que o afligia. Ela teria aceitado. Teria o ajudado a superar, em vez de, como Jason, ficar falando disso toda hora. Ele praticamente jogava na cara de Nico que ele ainda gostava de Percy.

Era verdade. Ele ainda amava Percy.

Esfregou as mãos nos braços, tentando se aquecer. Estava só de camiseta e a brisa gelada tocava seu corpo, fazendo seus pelos se arrepiarem. O filho de Hades apreciou sua solidão. Não conseguia ver as estrelas hoje. O céu estava nublado.

Ele não entendia porque Jason insistia que alguém se importava com ele. Era mentira e o loiro devia saber disso. Lembrou-se da voz dele dizendo: “Eu me importo com você. Somos amigos”. Humpf. Fácil para ele com Piper e Leo do seu lado. Tinha todos os seus amigos. Era filho de ninguém mais que Júpiter. Nico só tivera duas pessoas em sua vida: Hazel e Bianca. E a mais importante estava morta. Veja bem, Hazel era uma ótima pessoa, sua irmã e Nico a amava, mas... não era a mesma coisa. Hazel nunca substituiria Bianca, ninguém o podia.

Um barulho atrás dele o alarmou. Se levantando, sacou sua espada negra como a noite, apontando-a para o pescoço de quem estivesse lá.

— Uou! – Disse Percy com as mãos erguidas, olhando para a ponta da espada em sua garganta. – Calma aí. Eu venho em paz.

Nico abaixou a espada, guardou-a na bainha e passou a mão na franja, tirando-a dos olhos. Droga. O que ele menos queria naquele momento era Percy ao seu lado. Sentou-se de novo e encarou o céu nublado.

— Ei. Não está com frio? Você esqueceu isso na mesa. – Disse Percy, sentando também e estendendo a jaqueta de aviador de Nico, que a pegou relutante e vestiu-a, murmurando um agradecimento. – Então, cara, acho que alguma coisa aconteceu, não?

Nico suspirou.

— Eu só estou cansado, Percy.

— Eu sei, estamos todos acabados, ainda mais você que... Foram três semanas, três semanas é tempo pra caramba! – Percy limpou a garganta e continuou. – Desculpe Nico, não tinha reparado quanta diferença fazia tê-lo conosco até... você sabe. Então, eu estou muito feliz que esteja de volta com a gente. De verdade. Achei que deveria saber.

Nico não respondeu.

— Então... Eu queria, hum, te perguntar uma coisa.

O-oh. Não podia ser bom.

— Hã... Não precisa responder se não quiser, mas... O que aconteceu em Split? – Seus olhos brilhavam de curiosidade enquanto abraçava os joelhos.

O coração de Nico parou. Split. Cupido. Jason. Percy. Não... não, não, não, não! Jason não podia ter contado. Ele não tinha contado. Ele prometera que não falaria para ninguém, quanto mais para o próprio Percy... Nico virou a cabeça, os olhos arregalados. Tentou manter a voz calma, apesar de estar à beira de um ataque cardíaco.

— Jason. Ele... Ele não te contou, contou?

— O quê? Não, ele não disse nada. É que, bom, ao pessoal me contaram que vocês estavam tipo meio diferentes, sabe? Desde que voltaram de lá, mas quando eu perguntei ele parecia que queria me dar um soco e se recusou a falar qualquer coisa.

Nico soltou a respiração.

— Então... Será que você pode me dizer?

— Não.

— O que? Mas... Por quê? O que pode ter acontecido de tão ruim lá? É algum segredo seu ou alguma coisa assim?

Droga, Percy. Acertou na mosca. Nico permaneceu calado.

— O que é tão importante, que Jason sabe, e eu não posso saber? – Ele questionou, parecendo magoado. O filho de Hades suspirou.

— Não era para ele saber. Não era para ninguém saber. Eu fui obrigado a dizer algo de que não tenho orgulho. Era o único jeito de ganharmos o cetro de Diocleciano. Agora, eu agradeceria se você parasse de fazer tantas perguntas.

Um momento de silêncio constrangedor se passou, até que Percy falar por fim:

— Posso só te pedir uma coisa?

Mais silêncio.

— Não vá embora do Acampamento. Não agora. Por favor.

— Eu não vou. Por Hazel.

— Cara, e eu queria saber por que você me evita tanto. Achei que houvesse superado Bianca. Quer dizer, não Bianca, mas... Eu e Bianca. Puxa, falando assim parece que tivemos um caso. – Sorriu sinceramente. - Sabe, eu não vou fazer nada com você. Gostaria que ficássemos amigos. Tipo como você e Jason.

A grama ao redor de Nico começou a secar, tamanho o nervosismo do garoto.

— Isso é impossível. E eu e Jason não somos amigos. Mas... Acho que talvez eu possa passar mais um tempo por aqui...

Percy assentiu sorrindo, pensou em voz alta:

— Nossa, Nico, eu queria ver você sorrir também. Não vejo isso desde os treze anos.

Nico virou o rosto, nervoso. Droga, Percy. Pare com isso.

— Vamos lá Nico, não é tão difícil. – Disse se aproximando. Sua voz indicava que ele estava rindo. Percy, sem nenhum aviso, começou a fazer cócegas na nuca de Nico. O garoto praticamente pulou de susto.

— Merda, Percy! – Ele berrou em resposta, se contorcendo para tentar se livrar do filho de Poseidon, porém ele era insistente.

— Sorria Nico, e eu paro. Juro!

Nico começou a entrar em pânico, e Percy só começou a fazer cócegas, mais rápido. Quando o filho de Hades pensou que iria explodir de tanto tempo segurando o ar para não rir, não resistiu e proferiu uma gargalhada histérica. Percy o soltou imediatamente, surpreso. Nico ainda estava deitado no chão em posição fetal, tentando parar de rir e respirar.

— Uou! Isso foi muito mais que um sorriso. – Riu o filho de Poseidon.

— Merda, Jackson!

Nico se sentou de novo, fuzilando Percy com o olhar.

— Sua risada é tão, sei lá, legal... Você deveria rir mais. – comentou.

Droga, Percy! Pare de dizer isso.

— Bom, é quase hora da fogueira. Tenho que fazer algumas coisas antes disso, então... Eu vou indo. Foi bom falar com você, de verdade. Ah, e... Eu gostaria que você fosse lá também, estivesse presente, daqui a pouco.

— Certo.

Percy se levantou e voltou em direção aos chalés, deixando Nico refletindo que poderia passar lá pela fogueira, tranquilamente...

...O que, é claro, estava errado.

(...)

Nico se sentou num tronco de árvore caído um pouco afastado da multidão. Vários campistas faziam menção de se sentar nos bancos ao lado dele, mas parecia que apenas pelo fato de ser Di Angelo lá, mudavam de ideia. Com o canto do olho, viu alguém acenando. Não achou que fosse para ele, mas se virou mesmo assim. Era Jason. Ele acenava alegremente com um sorriso.

Nico se esforçou a devolver o aceno, mas mudou de ideia ao ver Piper correndo de trás dele até Jason. Suspirou e encarou o fogo. Não sabia por que havia pensado que era para ele e não fazia ideia de por que havia ficado decepcionado.

Ponderou se deveria comer algo. Fazia aproximadamente um mês que ele não comia nada. Três semanas em que estava apagado na enfermaria e dois dias em que ele não havia sequer pensado em comer, só beliscando um pouco de ambrosia. Ele pensou que poderia cuidar um pouco de sua alimentação, então um sanduíche apareceu magicamente em sua frente. Nico deu uma mordida, hesitante. Fechou os olhos enquanto mastigava. Havia se esquecido de como era a sensação de comer algo depois de muito tempo de estômago vazio, e só então reparou o quanto estava com fome.

Uma figura se ergueu mais alto em meio de toda a barulheira da fogueira, era Percy:

— Hã, pessoal, ei gente! Será que eu posso falar uma coisa? – Pediu. Todos foram se calando aos poucos, curiosos. Percy pegou a mão de Annabeth – que não tinha noção de nada, - aparentando nervosismo, mas decidido a puxou de seu banco, de pé ao lado dele, as mãos enlaçadas, olhos fixos nela. Mas assim falou alto. – Eh, Annabeth, nós passamos muita coisa juntas, você foi a pessoa que esteve sempre do meu lado...

Alguém tossiu na plateia, e Percy olhou em volta, desajeitado:

– Ah claro, tem também você Grover, e... Todos vocês, por isso, queria fazer com vocês presentes, minha família. – Voltou os olhos para a loira novamente. – Mas Annabeth, passamos por tantas missões, duas guerras e... Até mesmo o Tártaro. Deuses! Se não fosse por você eu estaria morto antes mesmo de tudo isso! Você estava sempre ao meu lado, não importava a situação. Mesmo quando eu perdi a memória, você continuava lá. Você era a única coisa e que eu me lembrava. E...

Todos estavam mergulhados em seu discurso. As filhas de Afrodite se seguravam para não gritarem. Podia jurar ver uma pena de pavão surgindo no fogo incandescente.

— Eu te amo, Annabeth, mais que tudo no mundo; faria de novo qualquer coisa só para acabar junto com você. Eu sei, somos muito jovens, temos menos que dezoito anos, mas não me importo minha sabidinha. Eu sei o que sinto, sei que nunca mais quero me separar de você. Nunca mais. Só não sei como isso tudo funciona, mas bem... Ah, Annabeth Chase, quer casar comigo?

O lugar explodiu em urros, as filhas do amor estavam eufóricas. Permaneceram lá, parados, Jason e Nico.


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Notas finais do capítulo

É, é isso.
Beijos e brigada pelos comentários :*



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