Deixando o corpo de Jonathan para trás corro em direção ao lago, não é muito longe se seguir o rio mas pode não ser o ponto certo do lago, Jonnathan me disse para impedir Valentim mas impedir de que forma? A resposta era simples... Matando-o!

Já conseguia ver o lago quando escutei um bater de laminas um pouco mais para a esquerda, segui o caminho empunhando minha estela em uma mão e uma lamina serafim na outra quando o barulho cessou. Uma luz forte surgiu do lago assim que cheguei ao local e quase cai para trás quando vi...

Raziel...

Valentim em pé perante o anjo balbuciava alguma coisa para ele, o espanto me correu quando vi que aos pés dele Jace estava morto com a espada Mortal em seu coração, a espada Morgenstern caída perto dele e mais perto de mim Clarissa rastejava pela areia, quando ela parou com muito esforço riscou algo na areia que da distancia que eu estava não conseguia enxergar, por isso, me aproximei. Estava quase ao lado dela quando Valentim se virou para ela, apurei o passo e em um pulo eu estava ao lado dela empunhando a espada Morgenstern na intenção de protege-la.

O anjo mantinha um sorriso sombrio enquanto Valentim gritava...

— O que você fez Claris...? – mas ele deixou as palavras se perderem quando me viu parada ao seu lado.

Enquanto ele me encarava Clary escrevia algo na areia, Valentim não pareceu perceber pois ele olhava fixo para mim...

— Mas você... estava morta!

— Então... hora veja... seus cruéis seguidores não são tão fieis assim... – eu o encaro com um sorriso – Parece que quem quer que seja que você mandou não teve coragem para me matar... Admito que de inicio achei que você tivesse ordenado que não me matasse, por minha mãe, por Jonathan ou por eu ser mais uma de suas experiências, mas veja só... você tão surpreso... parece que espera me ver no inferno daqui alguns anos, não é? – Raziel atrás dele mantinha o sorriso perverso agora olhando para Clary, eu acompanhei seu olhar assim como Valentim.

Meus olhos se arregalaram e o espanto de Valentim era evidente, ele se virou lentamente para o anjo. Clarissa olhou para mim e eu retribui o olhar rapidamente.

— Meu senhor Raziel – foram suas ultimas palavras...

Pois no mesmo instante Raziel lançou em Valentim algo brilhante, fogo celestial, que atravessou Valentim que segundos depois caiu como uma arvore derrubada.

[ Escutem – Safe and Sound... ]

Está foi a justiça dos céus. Eu espero que você não esteja consternada.

Disse o anjo a Clary...

Você pode me forçar a uma ação, Clarissa Morgenstern. O que é que você quer?

Clary ficou em silencio, não entendi porque então interferi me sentando ao lado dela...

— Clary? O que Valentim fez a você? Consegue falar? – perguntei tocando seu rosto.

Ela tocou o pescoço com muito esforço, mas foi o anjo quem respondeu.

Ah, sim. A runa.

E em um piscar de suas asas Clary relaxou todo o corpo e aos poucos foi ficando de joelhos, o anjo nos olhou com curiosidade e eu depois de me certificar de que ela estava bem, me afastei. Vendo a demora de Clary o anjo interferiu.

A batalha na Planície de Brocelind está terminando. No impedimento de Morgenstern seus demônios desapareceram com sua morte. Muitos já estão fugindo; o resto irá em breve ser destruído. Há Nephilins vindo para as margens deste lago no presente momento. Se você tiver um pedido, Caçadora de Sombras, fale ele agora. O Anjo se interrompeu. E lembre-se que eu não sou um gênio. Escolha seu desejo sabiamente.

Clary continuou protelando e levantou o rosto em direção a Jace, é claro que eu sabia o que ela queria, pois meu coração está pedindo pelo mesmo, infelizmente eu não tenho direito a um desejo, ela quer seu amado de volta... Seu amado que tão precoce e cruelmente ela teve que ver partir diante de seus olhos.

Lagrimas irromperam de meus olhos quando ela disse:

— Jace – em um sussurro enquanto seus olhos iam do corpo morto do garoto para o anjo.

Sem nenhuma mudança de expressão ou humor, sem deixar transparecer se era algo bom ou ruim Raziel simplesmente disse.

Feche seus olhos, Clarissa Morgenstern.

Ela cegamente obedeceu o anjo enquanto eu só pude observar calada com inveja por ela poder ter novamente seu amado enquanto eu tinha que perder o meu. Tudo ficou momentaneamente claro e logo escuro novamente. Por um momento estávamos apenas Raziel e eu conscientes.

Seu coração não é mal Celeste Morgenstern, por isso não farei nada a você, mas como o coração de qualquer um que ama as consequências dos seus atos lhe levarão a situações as quais terá que escolher com cuidado, pois você carregará o mal dentro de você, mas também a salvação se souber lidar com isso, aquele que lhe trará o amor de volta e que limpará o nome de sua familia. De todos os amores neste mundo, sua história é a que mais me fascinou e a mais difícil de entender. Agora vá, este lugar não será seguro para você quando os caçadores chegarem.

O anjo diz com uma voz tão doce que a única coisa que consigo fazer é agradecer com lagrimas em meus olhos, mesmo não tendo entendido direito. - Obrigada meu senhor... – pego a espada de Jonathan e afago uma ultima vez os rostos de Jace e Clary, Raziel continua me observando quando eu olho em seus olhos e enxergo ternura, compreensão, aceno com a cabeça como o reverenciando e volto em direção a velha cabana do vale.

Rapidamente chego a casa indo direto ao meu quarto, pego minha mochila e me dirijo para a saída mas não consigo, simplesmente não consigo sair sem antes ir no quarto dele. Corro ao quarto de Jonathan fechando a porta atrás de mim. Em cima da cama dele a um envelope. Pego o envelope e abro, é uma carta dele para mim.

“Minha bela,

Espero que você não me odeie nesse momento, pois mesmo sendo o monstro que sou, ou ainda que eu esteja morto a amo. Sempre que penso na forma como chorei quando achei que você tivesse sido tirada de mim e na forma como Valentim foi frio comigo em relação a isso meu coração se contrai, se é que ainda tenho um, ele é todo seu.

Não creio que houvesse salvação para mim, mas vendo tudo que você fez não poderia tirar-lhe as esperanças sem ao menos tentar.

Me odeio por todo o mal que causei, mas sem você não sou nada além do monstro que Valentim me criou para ser, não consigo, pois ele me controla. E vendo por esse lado, se estou morto é melhor, pois já perdi o controle com você uma vez que meu ódio e raiva cresceu, e não me perdoaria de lhe causar qualquer outro dano. Jamais. Te prometi um mundo e um reino, mas não cumpri minha promessa, tudo que posso lhe dar agora é a liberdade, você está livre deste monstro.

Eu te amo,

Jonathan Christopher Morgenstern.”

Anexada a essa carta havia uma outra, a qual me fez chorar mais ainda, quando finalmente parei de chorar o sol já raiava no horizonte, levantei-me peguei minhas coisas e corri para o lago onde o corpo de Jonathan estaria afim de atender seu ultimo pedido, tarde demais. O corpo não estava lá e caçadores também o procuravam.

E com uma runa de invisibilidade atendi as ordens do anjo e fugi...