Quando o amor acontece escrita por Burogan


Capítulo 2
Rainha Carmesim


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora pessoal, é que ando meio sem tempo por causa do trabalho, mas aos poucos os capítulos vão saindo. Ha, se vocês não entenderem alguma linguagem otaku do Bryan, por favor, procurem no google. Obrigado e espero que gostem =))



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Tinha na média cerca de uns sessenta alunos na sala e minha primeira observação foi: ninguém aqui é normal. Era um misto de estilos que eu não conseguia decifrar, com certeza as pessoas aqui eram antenadas em moda e seguiam tendências, outras inovavam, mas você percebe que cada um aqui tem o seu jeito de ver o mundo. Tratei logo de achar o meu cantinho, não sentei muito no fundo, pois não queria ser parte da turma do fundão, mas não sentei muito na frente, pois não queria me destacar. O meio estava ótimo.

— Olá, meu nome é André. – Um rapaz moreno que estava sentado ao meu lado me cumprimentou.

– Prazer. O meu é Bryan. – Respondi com um sorriso.— Diz aí Bryan, quantos anos tem? – Perguntou André.

— Tenho 19. – Falei enquanto arrumava o material na carteira.

— Affs André, a aula nem começou e você já está conversando? – Uma voz feminina resmungou atrás de mim.

— O que foi? É sempre bom fazer amigos. – André sorriu.

— Agora é hora de prestar atenção. A propósito Bryan, me chamo Tati. – A menina direcionava a palavra a mim.

— O prazer é todo meu Ta... – Quando direcionei meu olhar a ela eu fui pego de surpresa. Ela tinha o cabelo laranja e a outra metade da sua cabeça estava raspada e no nariz se encontravam algumas argolas.

— O que foi? – Tati perguntou sem jeito.— Você está fazendo cosplay de qual personagem? – Perguntei enquanto observava a imagem a minha frente.

— Cosplay? – Tati e André falaram em uníssono. – Uma coisa é certa, você é engraçado. – Os dois riram.

A primeira aula foi de Teoria e Técnica em Publicidade e Propaganda. O professor conseguia explicar a matéria de forma que prendia a atenção de todos, mas hora ou outra eu conversava com Tati e André. Eles me contaram que eles eram do segundo semestre e que só estavam ali refazendo a matéria. Não demorou muito e saímos para o intervalo. Há, hora perfeita! Peguei a minha mochila de couro preta e fui a procura de um cantinho ou melhor dizendo, um santuário. Como um bom otaku, eu sempre carrego meu tablet na mochila, ele tem um aplicativo que permite ver animes onlines e tudo o que esse herói precisava no momento era de um santuário, ou seja, um lugar tranquilo e com paz.

A faculdade estava cheia de jovens e tinha varias lanchonetes espalhadas pelo campus, é obvio que eu não ia encontrar um lugar sossegado. Então meio que sem querer acabei passando por uma área do campus que estava em reforma, fica um pouco atrás do bloco de Direito, estava bem escuro e só se podia ver as silhuetas dos equipamentos no canteiro de obra. Silencioso e tranquilo, longe dos outros. Aqui é perfeito. Sentei em cima de algumas madeiras empilhadas e liguei o tablet.

Depois de alguns toques eu já estava no aplicativo. SANTO GOKU! Eu não acredito. Não a-cre-di-to. A segunda temporada de Tokyo Ghoul já estava no ar, a felicidade era tanta que eu quase derrubei o tablet no chão, mas eu ainda estava no campus e não podia me dar ao luxo de surtar. Coloquei o fone de ouvido e pluguei no aparelho em minhas mãos, aqueles seriam os vinte minutos mais bem gastos da minha vida.

Ainda faltavam dez minutos para voltar pra sala, então guardei o tablet e em seguida me dirigi até a sala de aula. Animes! Aquilo sim é vida, depois de um pouco de batalha e sangue, meu humor não podia estar melhor pra encarar a próxima matéria. Eu estava restaurado.

Assim que cheguei no pátio notei uma certa aglomeração de alunos, então resolvi me aproximar para ver o que era. No meio daquele empurra empurrar eu ouvia comentários do tipo “Nossa! Como ela é linda.” Ou “Sai pra lá, deixa eu tirar uma foto dela.” Assim que atravessei aquele grupo, eu fiquei pasmo e minha boca escancarada. Não muito longe, havia um grupo de cinco meninas sentadas numa lanchonete, era certeza que elas eram o motivo dessa bagunça toda.

— Linda não é? – Eu estava tão concentrado em entender a situação, que nem percebi que André estava ao meu lado.

— Quem é linda? – Perguntei sem entender.— Paty Pannes! É a menina mais popular da universidade. Aqui ela é praticamente uma rainha. – Ele apontava para uma ruiva que se aproximava do grupo de meninas.

Nunca tinha visto nada igual. Aquilo era um sonho, só podia ser. Elas estavam longe, mas perto o suficiente pra mim conseguir descrever suas características. O cabelo da ruiva não era do tom de cobre que geralmente os ruivos tem, aquela cor era um vermelho forte, cor de sangue. Aqueles olhos, azuis como piscina, boca bem vermelha. Porém, o meu estranho fascínio por ela não se dava pelo fato de ser ruiva, afinal, já tinha visto outras antes, eu estava bobo pelo fato dela se parecer com a Rias de Hig School DxD. E isso meu amigo, é golpe baixo contra o meu coração.

— Ka-kawaii... – Tentei pensar em algo melhor pra dizer, mas isso foi a única coisa que saiu.

— “Ka” o quê? – André tinha um ponto de interrogação no meio da testa.— Quer dizer fofo em japonês. – Eu tinha o péssimo habito de falar essas linguagens de animes com pessoas que não entendem nada sobre isso.

— Entendi, mas olhe, não fique todo animadinho não. Ela só sai com populares. – André disse num ar de desânimo.

— Não pretendo me aproximar dela.– Afirmei.

Eu falava a verdade em relação a não me aproximar, sempre fui assim. Posso até achar bonita, mas nunca tento fazer contato. É obvio que o fato de ser otaku e geek torna mais difícil arrumar uma namorada, mas não impossível. O problema é o meu passado, digamos que minha primeira namorada, foi de certa forma traumatizante na minha vida.

Pouco tempo depois as aulas acabaram e eu já estava indo embora. Meu cronograma já estava pronto pra quando eu chegasse em casa. Eu ia ver uns seis animes, depois iria jogar GTA V. Meu estomago fervia de tanta ansiedade, não tinha coisa melhor do que chegar em casa e pregar a bunda na cadeira e ver animes. Com certeza vou fazer isso quando chegar, esse sonho seria possível se não fosse por uma certa pessoa.

— Olha, depois que arrumar o seu quarto você vai dormi, entendeu mocinho? – Minha mãe tinha a voz séria.

— A não mãe, isso é muito chato! – Reclamei.

— Anão é um homem bem pequenininho. Se você não dormir vai se atrasar igual fez hoje, então é melhor me obedecer. – É, nisso eu tinha que concorda.

Dona Aline é uma mulher bem interessante, sem contar que é a única pessoa do sexo feminino que tem o meu amor sincero. Eu tenho uma irmã mais nova também, é claro que eu a amo, mas ela me perturba as ideias. Minha mãe me teve bem nova, por isso é comum que as pessoas confundam ela como minha irmã. Ela é uma mulher de 36 anos com tudo em cima, talvez deva ser por que ela é personal trainer. E sobre o meu pai, bem, eu não conheci.

Depois de ter arrumado o quarto, eu realmente fiquei sem tempo para ver animes e fui dormir. Hoje o dia foi bastante corrido, só de pensar que aconteceria tudo novamente amanhã, meu corpo doía. A faculdade era bastante barulhenta, mas eu gostei do curso e fiz amigos novos, e isso valeu a pena. Uma sósia da Rias – chan na faculdade, esse tipo de coisa só acontece comigo mesmo – pensei comigo mesmo.

Hoje o dia estava estranhamente quente, eu já estava acostumado com o calor de Cuiabá, mas hoje essa cidade estava impossível. As pessoas aqui na agência não paravam de chegar, alguns até tinham assuntos pendentes pra resolver, mas outras entravam apenas pra fugir do calor. Era abertura de conta aqui, pega contrato ali, uma correria. Eu até que gostava do ritmo, fazia a tarde passar mais rápido. Por causa que ontem fui obrigado a dormir cedo, seis horas da matina estava de pé e vendo animes. Cronometrei o tempo certinho de quantos animes dava pra ver até dar a hora de ir pra agência. Pra isso minha matemática era perfeita, agora pro resto... – sorri.

Depois que sai do banco peguei o ônibus até a faculdade, coloquei meu fone preto e cliquei na musica Be As One que é a sexta música de encerramento de Fairy Tail. Foi o que bastou. Comecei a viajar na melodia, imaginando Natsu cuspindo fogo, a Lucy com as suas chaves, o Happy voando. O mundo seria bem melhor se guildas existissem. O ônibus parou no ponto , eu desci num pulo e fui caminhando lentamente curtindo os minutos finais da música.

Eu estava tão desligado que nem percebi por onde andava, o fone bloqueava basicamente todo o som externo, dedicando meus ouvindo apenas a música, que por sinal estava em volume máximo. Tudo ia bem, até que topei em algo.

–- Aiiiiiiiiiiiiiiiiii! – Paty Pannes gritou, fazendo meu coração parar.

Continua....


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