Quando o amor acontece escrita por Burogan


Capítulo 19
Cap 19 - 30 dias sem você!


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ou bom dia pessoal! Está aí mais um capitulo dessa história super empolgante... muitas emoções estão por vir, esse cap promete hahahaha



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Um dia antes do assalto a banco...

 

O breu disputava o quarto com a luz da televisão, o ar condicionada dava a impressão de estar no polo norte, eu estava sentada na cama envolta por um edredom, mais parecia um casulo. Na tv passava um ninja de cabelo amarelo e roupa laranja. Pelo o que eu entendi da história, os pais desse ninja salvaram a aldeia no dia do seu nascimento. O modo como sacrificaram suas vidas para proteger seu filho e sua vila acabou se tornando um ato heroico, só existe um porém, o monstro que atacou a vila acabou sendo selado no filho desses heróis, isso fez com que a criança crescesse com o fardo de carregar esse monstro que causou tanto caos e pânico para as pessoas da vila. Naruto! Esse é o nome do desenho... não... o Bryan provavelmente teria surto se me ouvisse falando assim - abri um leve sorriso no canto da boca. Como é mesmo o modo como aquele nerd fala? Anhê...Anh... Ana... Ani.... Anime! Isso! Anime, esse é o jeito certo.

Levantei da cama e fui até o meu notebook que estava conectado a tv pelo HDMI, dei pause. Fui arrastando os pés até a cozinha, eu precisava daquilo, do meu precioso. Meu corpo era pesado, eu devia ter engordado um pouquinho também, faz tempo que não dou uns socos no saco, toda a minha energia havia simplesmente ido embora. Driblei algumas garrafas de vodka que estavam no chão da sala, assim que cheguei na cozinha fui direto para o armário, peguei uma garrafa de Johnnie Walker Blue Label e o meu precioso Rivotril em comprimido, só assim pra eu conseguir passar o dia. Coloquei o comprimido na boca e bebi o Whisky no gargalo da garrafa. Direcionei meu olhar para a pia, não havia nenhuma louça, mas tinha muito saco de fast food, Burger King, Mcdonald's, Giraffas, sacos e sacos de batata frita e copos descartáveis. Mas o que diabos estou fazendo com a minha vida? Essa era uma das poucas perguntas que eu sabia a resposta. É difícil admitir algumas verdades, mesmo que você não as aceite, por isso no começo eu fingia não saber a origem do meu problema, acontece que eu sempre soube.

Peguei meu celular e verifiquei as horas, nossa! Eram nove da manhã e eu já estava um porre, ainda bem que decidi dar férias a Dolores, assim eu poderia sofrer em paz. Fui até o banheiro lavar o rosto, fiquei ali observando a minha imagem no espelho. Era outra pessoa! Olheiras fortes, rosto cansado. O emaranhado ruivo todo desgrenhado e sem brilho. Era obvio que aquela pessoa no espelho passava por problemas e mergulhava numa depressão tão funda, que ela ja não sabia mais como sair. Ela usava uma camisa regata que parecia um vestido de tão grande, na estampa estava um gato azul de asas brancas, em baixo uma frase: Happy. Essa blusa do gatinho eu peguei, quer dizer, roubei do Bryan na ultima vez em que dormi na casa dele. Ele tinha ido tomar banho e vi essa regata super fofa dando sopa em cima da cama, não resisti e guardei ela dentro da bolsa. O idiota nem percebeu. Agora estou usando ela porque... bom, ela ainda tem o cheirinho dele.

Voltei para a cozinha e peguei um pote de sorvete de baunilha, em seguida fui para a escuridão do meu quarto. Nunca o breu foi tão convidativo. Fui até o note e dei play no desenho, depois fui até a cama, me enrolei na coberta e ajeitei o pote de sorvete na minha perna. Pronto! Agora eu podia me afogar em sorvete e esperar mais um dia acabar, o remédio daqui alguns minutos iria fazer efeito, então a qualquer momento eu iria apagar.

Desde aquele dia na Arcati em que dei o fora no Bryan na frentes de todos, as coisas saíram completamente do controle. A verdade é que apesar de eu ter feito aquilo que todos esperavam que eu fizesse, meu medo de desapontar as pessoas foi tão grande que acabei decepcionando o Bryan e também a mim mesma, depois daquele dia aos poucos passei a me odiar com todas as minhas forças. Quando o Bryan disse "Adeus!", na hora eu pensei que ele havia dito aquilo no calor do momento e que logo ele ia me ligar e dizer que estava arrependido e que me perdoava ou que entendia a minha situação, mas não. Lá no fundo eu sabia que não havia perdão para o que eu fiz, então percebi que era realmente o fim, não tinha nada a ser feito. O Bryan não ia vir atrás de mim e eu é que não iria atrás dele, afinal sou Paty Pannes. A rainha carmesim. A herdeira dos Arcati. Eu nunca, absolutamente nunca, corro atrás de alguém, muito menos atrás de homem. Eles é que correm atrás de mim, eles imploram pela minha companhia, pelo meu perdão. Jamais que eu ia ficar correndo atrás daquele nerd ridículo. Achei que o que eu sentia pelo Bryan logo ia passar, com tantos deuses gregos na universidade, é obvio que aquele nerd ia ficar pra memória. Pelo menos foi o que eu pensei. Eu acreditava que podia seguir sem ele, mas não da! Minha vida ficou sem sentindo depois daquela noite, sinto falta de tudo nele. Então um belo dia eu decidi procurar a qualquer custo esse tal de Naruto na internet, por que nesse desenho eles falam como o Bryan, usam a mesma giria e pronuncia que ele, então assistir isso é o mesmo que ouvir aquele nerd falar, e pra mim, isso é extramente relaxante.

O efeito do remédio já estava chegando, senti meus olhos pesarem, me esparramei na cama, minha cabeça era leve. Olhei para o lado e pude ver um embrulho de presente na escrivaninha, era azul marinho com um lacinho prata. Eu tentei entregar esse presente a ele, mas meu orgulho mais uma vez foi maior do que a minha vontade de fazer as pazes.

— Vamos lá Paty, coragem! — Disse pra mim mesma.

Eram 3h30 da manhã, estava no carro e em frente ao condomínio do Bryan. Preciso muito dele de volta na minha vida e se eu ficar parada ele não vai voltar, já que eu humilhei ele na frente de todos, o ofendi. Sou eu quem tem que se desculpar. Sabia que ele estava sem poder ver os desenhos dele na Arcati, pois ele não tinha mais o tablet. Por isso decidi comprar um pra ele, com certeza ele vai me desculpar, afinal, eu vou ser o motivo dele poder voltar a ver desenhos na universidade. Ele vai amar!

— Não.... não posso concertar as coisas com um presente. — Bati a testa no volante.

— Quem você quer visitar senhorita? — O porteiro gritou da janela.

— Ahahaha... Bryan Marralkcs, mas por favor, não avisa ele que estou aqui. É aniversario dele hoje, estou fazendo uma surpresa.— Dei um sorriso forçado.

— Ok. Por favor, entre. — O portão começou a se abrir.

Estacionei o carro na garagem. Dei uma olhadinha no retrovisor, cabelo ok, maquiagem ok, perfume ok. Pronto! Linda, sexy e poderosa. Quando o Bryan abrir a porta e me ver, ele vai ficar tão apaixonado por mim que vai até esquecer que um dia brigamos. Peguei o embrulho azul e comecei a subir as escadas do bloco, minutos depois eu já estava em frente a porta do Bryan.

— Mais que merda Paty, toca logo essa campainha! — Falei sozinha.

Não! Eu só podia estar louca, tocar a campainha da casa dele as 3h30 da manhã, ia acordar todos e depois o que eu ia dizer? "Olá família, bom dia! Eu estava pensando, já que sou uma doida varrida desocupada. Resolvi vir aqui a essa hora pra me reatar com Bryan, espero que não se importem." Realmente, tocar a campainha é uma péssima ideia. Talvez... quem sabe se... eu der toque no celular do Bryan, posso mandar uma mensagem pra ele dizendo que estou aqui na porta. Não, com certeza ele ia me ignorar. Haaaaa que ódio! Paty sua anta, é só ligar pra ele e pedir desculpas, não é tão difícil. Tudo bem que no começo ela me falar um monte de coisas, ele está chateado comigo, eu pisei feio na bola, é compreensível que ele se sinta assim, mas depois ele vai me perdoar. Ele tem que me perdoar. Mas que droga Paty, tome uma atitude mulher!

Eu estava de volta ao carro, as lagrimas escorriam como a cachoeira num rio. Sentia o gosto amargo do fracasso, da decepção, parecia que a cada segundo eu e Bryan estávamos mais distantes um do outro. Eu queria muito me desculpar com ele, mas o problema é que eu não faço a minima ideia de como pedir desculpas, nunca precisei fazer isso antes. Geralmente as pessoas é que se desculpam comigo, não contrário. Já estava saindo do condomínio quando o porteiro me gritou.

— Tenha uma boa noite senhorita, lhe espero amanhã novamente? — O homem tinha a voz rouca.

— Amanhã? Do que está falando? — Arqueei uma sobrancelha.

— Hora madame, sou o porteiro daqui. Acha mesmo que não notei que essa é a decima noite seguida que você vem aqui? — O home sorriu.

Sim, era isso mesmo. Dez tentativas de me desculpar com Bryan, dez fracassos. As lagrimas desceram mais forte dessa vez, pela decima vez eu tentei bater no apartamento do Bryan de madrugada, isso era um sinal de que eu nunca ia conseguir fazer as pazes, não quando isso depende unicamente de mim.


Abri os olhos, tudo girava. O telefone tocava insistentemente, era o despertador me dizendo que era hora de ir pra faculdade. Levantei da cama, o corpo mais pesado que o normal, fui direto para o chuveiro. Essa era a hora que eu mais odeio do dia, mas também é a parte que mais me deixa ansiosa. Eu odeio, por que é o momento em que tenho que fingir estar super bem, quando na verdade estou um caco, mas fico extremamente ansiosa, já que o fato de eu ir pra universidade gera uma oportunidade por menor que seja de eu ver o Bryan.

A minha maquiagem era boa, então eu conseguia esconder perfeitamente as olheiras. Em menos de meia hora eu já estava pronta, peguei as chaves do carro e desci até a garagem. Eu sempre fui boa em esconder minhas emoções, então todos acham que Paty Pannes está bem e quero que continuem pensando assim. Depois de algum tempo eu já estava estacionando o carro na minha vaguinha particular. No momento em que entrei no campus os olhares começaram a me seguir, os rapazes sempre abriam sorrisos largos ao me ver passar. Normalmente, eu diria que amo tudo isso, que adoro ser o centro das atenções, mas neste momento a unica coisa que passava na minha mente era: sera que o Bryan já chegou?

— Ei amiga, aqui! — Denise acenou com a mão assim que entrei na sala.

Abri um sorriso e me sentei na cadeira vazia ao seu lado. O tril agora era uma dupla, depois que a Becah confessou tudo, ela misteriosamente disse que ficou muito doente e teve que viajar pra poder se tratar e não apareceu mais na Arcati desde então. Pra mim essa doença dela tem nome e se chama medo de apanhar, ainda bem que aquela fingida sabe que se ela aparecer aqui na universidade ela vai tomar uns socos muito bem dados. Observei as meninas suspirarem, olhei para a porta e pude ver o sr. Balhanz entrar, um sorriso enorme no rosto.

— Ola, srta. Pannes! Estudando bastante? — Sua voz era sedutora.

— Com certeza professor. — Sorri.

Por causa do Rivotril estou perdendo completamente a noção do tempo e hoje eu esqueci que era aula dele. Droga! Isso tudo está me deixando maluca! Por que eu não posso ter o Bryan e a minha reputação? Seria tão mais fácil eu ir na sala dele e me desculpar, mas as pessoas não podem nem sonhar que eu to sofrendo de amor pelo Bryan. Isso seria o fim.

— Amiga você está bem? Está tão pensativa... — Denise me cutucou com a caneta.

— Impressão sua querida, estou ótima. — Dei um sorriso tão forçado que achei que minha bochecha ia rasgar.

— Tudo bem então. Paty o sr. Balhanz é muito gostoso né? — Denise se abanou com as mãos.

— Não... ultimamente ele perdeu a graça pra mim. — As palavras simplesmente escaparam pela minha boca.

— O que? — Denise arregalou os olhos.

— Nada amiga! Realmente ele é muito gostoso, nu deve ser melhor ainda. — Forcei um sorriso sacana.

— Agora deixa eu te contar a maior querida. Já viu o que falaram de você no post que colocaram na pagina da Arcati? — Denise começou a verificar o celular.

— O que? Não, me da isso aqui, deixa eu ver. — Tomei o celular da sua mão.


                                      Sapos Acham que são príncipes!

Na madrugada de sábado, exatamente 01h00 da manhã Paty foi convidada a aparecer na Arcati, todos os alunos acharam estranho quando Becah, sua fiel amiga disse que a rainha estava convidando a todos para comparecer na Arcati na mesma hora e local informados acima. A surpresa foi revelada quando todos viram um nerd de publicidade e propaganda se declarando para a rainha. Parece piada, mas não é! A Paty realmente foi pedida em namoro por um ser nojento desses. É claro que a nossa rainha botou logo o sujeitinho medíocre pra correr. E com isso quero alertar a todas as meninas, tomem cuidado! Esse tipinho de gente está cada vez mais audaciosa, então se vocês virem um nerd, é melhor correrem.


As lagrimas queriam sair, mas não deixei. Senti um aperto tomar conta do meu corpo, como podem falar assim? Meu Deus... se o Bryan ler isso ele só vai ficar com mais raiva de mim ainda. Levei a mão a boca, tentava não demostrar nenhuma reação, mas era impossível, com tantas mentiras sendo ditas naquela postagem, a minha vontade era de voar na garganta de quem escreveu esse texto.

No intervalo fiquei ainda mais dispersa, ficava procurando vestígios de um cabelo cacheado e óculos o tempo todo e em todo lugar. É serio, isso já estava virando paranoia! Logo um flash de luz iluminou minha, é claro! Ele só podia estar lá. Bryan dizia que sempre tentava evitar ser visto, passar despercebido pelas pessoas e por causa do que houve, ele deve ter ganhado muita atenção. Só tem um lugar que ele poderia ir aqui na Arcati e ficar em paz. O santuário! Eu estava na mesa conversando com o pessoal enquanto bebia um suco, tratei logo de me despedir deles dizendo que tinha assuntos pendentes na diretoria. Toda aquela energia que eu tinha perdido havia voltado, a simples ideia de poder encontrar com Bryan foi combustível suficiente pra me fazer andar mais rápido que o normal. Assim que cheguei no canteiro de obras fui direto para a pilha de madeiras, escalei e sentei no topo. O lugar estava vazio, mas eu sabia que ele ia acabar aparecendo. Eu precisava acreditar nisso.

Já eram 22h30 e nada daquele idiota aparecer, minhas esperanças tinham ido por água abaixo. Eu não acredito que isso está acontecendo comigo, já me saí muito bem esquecendo outros caras, não sou de me apegar, mas o Bryan... por que é tão difícil? É tudo culpa minha! Se eu não fosse orgulhosa, se eu não fosse a rainha, com certeza seria feliz. Desci da pilha de madeira e fui em direção ao estacionamento.

Dei graças a Deus assim que entrei no meu apartamento. Eu estava de saco cheio de tudo isso, não queria ver ninguém, falar com ninguém, só me esforço pra ir pra Arcati por causa das aulas. Comecei a tirar a minha roupa pela casa, joguei o salto, o vestidinho, o sutiã, fui deixando um rastro de peças de roupa pelo caminho. Quando entrei no meu quarto só queria uma coisa, a blusa de gatinho. Assim que a vesti o cheirinho gostoso do Bryan inundou minhas narinas, aquilo aqueceu meu coração de uma forma que eu jamais saberia explicar. Fui até o banheiro, escovei os dentes e em seguida fui até a cozinha. Peguei um comprimido e levei a garrafa de Whisky para o quarto. Essa noite queria apagar a minha mente e dormir feito um urso, por que se não posso te-lo na vida real, talvez em sonhos eu possa.

— PAAAAAAATYYY! PAAAAATYYYYY! — Uma voz estridente soava junto com a campainha por todo o apartamento.

— Hmmm... — Tentei falar alguma coisa, mas não obtive sucesso.

— PAAAAAAAATY! ABRE ESSA PORTA! É URGENTE, POR FAVOR, ABRE! — A voz irritante insistia. Até parece que é a.... Denise?

Não sei a partir de qual momento eu pulei da cama. Tentei correr, mas acabei tropeçando em uma garrafa de Tequila no chão, praticamente vooei do corredor até a sala. Me levantei, dei uma ajeitadinha no cabelo e fui até porta. Observei pelo olho mágico, realmente era Denise, ela estava pálida e claramente assustada. Não Pensei duas vezes em abrir a porta.

— Meu Deus mulher! Que bicho te mordeu? — Perguntei assim que abri a porta.

— PATY EU PRECISO TE CONTAR UMA CO.... o que? Blusa de gatinho? — Denise arqueou uma sobrancelha.

— Longa história. — A puxei para dentro e tranquei a porta.

— Oh My Gooooood.... minha filha, o que está acontecendo com você? — Denise começou andar pela casa. Droga! Esqueci que não podia receber visitas, agora ela sabe que não sou normal.

— Ahahaha... pois é... dei uma festa daquelas ontem aqui em casa. Foi uma loucura, uhuuuul. Não te convidei? — Disfarcei.

— Paty, você gosta de verdade dele né? — Denise ficou parada na minha frente, seus olhos pareciam me comer.

— Eu gosto de muitas coisas Denise... — Antes que eu pudesse terminar de falar, ela me interrompeu.

— Amiga estamos sem tempo, não precisa me dizer a verdade agora. — Denise parecia aflita.

— Tempo? — Podia sentir o ponto de interrogação se formar em minha testa.

— O motivo de eu ter vindo aqui, é por que preciso te contar algo muito sério. No entanto, preciso que me responda uma pergunta primeiro. — Denise engoliu em seco.

— Do que você está falando? — Sentia a tensão crescendo sobre mim.

— O nerd... o de publicidade e propaganda, ele trabalha no banco? — Denise falou pausadamente.

— Sim, trabalha. — As palavras sairam como um disparo.

— Droga...! — Denise levou as mãos ao rosto.

— Denise o que você quis dizer com isso? — Segurei firmemente em seus ombros numa tentativa de recompô-la.

— É o Demerius Central? — Ela fez uma expressão triste.

— Sim... — Algo me dizia que isso não era bom.

— Eu estava na lanchonete deu no noticiário, o Demerius está sendo assaltado nesse exato momento. — Seus olhos se encheram de lagrimas.

Medo e angustia tomaram conta de mim. Naquele exato momento meu corpo simplesmente se moveu sozinho. Corri até o meu quarto, abri o guarda roupa e coloquei um shortinho, calcei uma rasteirinha, peguei as chaves do carro na escrivaninha e corri o mais rápido que minhas pernas podiam ir. Minha respiração era fraca, as lagrimas não paravam de descer, assim que entrei no carro observei Denise sentar no banco do carona.

— Amiga, não sei o que você está pensando em fazer, mas eu vou contigo! — Ela repousou sua mão sobre a minha.

Cantei o pneu! Não, por favor, tudo menos isso. Eu aceito viver a minha sem ele, mas eu me recuso a viver num mundo onde ele não exista. A apreensão tomava conta de cada nervo meu, eu já estava ultrapassando o limite de velocidade, mas não era o suficiente. Droga seu nerd, não morre agora. Ao meu lado Denise segurava um teço, suas mãos estavam entrelaçadas e seus olhos fechados, seus lábios se mexiam, mas não emitiam nenhum som. Logo avistei o banco e a multidão de pessoas que o cercava, eu praticamente estacionei o veloster no meio da rua. Corri e me enfiei naquele emaranhado de pessoas, comecei a procurar por alguém que pudesse me dar informações sobre o Bryan. A aflição crescia cada vez mais em mim, meu coração parecia que ia sair pela boca. Então avistei um rosto familiar, era pequeno, tinha cabelos pretos e usava óculos.

— AMANDAAAAA! — Gritei.

— PATY! — Amanda veio correndo em minha direção e enterrou seu rosto em meu peito. — Por favor, diz que o maninho vai ficar bem? — Ela me encarou com seus olhinhos mareados.

— Vai sim princesa, seu irmão é o herói, lembra? — Minha voz era uma mistura de choro e medo.

— Hô querida, que Deus no ajude! — Uma mulher chegou e abraçou a mim e a amanda.

— Não se preocupe Aline, tudo vai acabar bem. — Tentei conforta-la. — Você tem alguma notícia dele? — Minha voz quase não saiu.

— Parece que são cinco assaltantes, os policiais estão fazendo as negociações, é tudo o que eu sei. — Aline tentava controlar o choro. — Meu bebe Paty, meu menininho está lá, a qualquer momento alguma coisa pode acontecer com ele, eu me sinto tão.... impotente.... — Aline tirou uma foto 3x4 do Bryan da carteira e ficou ali observando o pequeno retrato.

— Olha Aline, logo isso vai acabar e o Bryan vai estar nos seus braços novamente, você vai ver. — A tomei num abraço.

Eu não queria acreditar no que estava acontecendo, tudo aquilo parecia tão irreal. Eu na frente do banco onde o Bryan trabalha, rezando pela vida dele, só podia ser mentira. Denise estava sumida desde a hora em que saímos do carro, varias viaturas cercavam o local, alguns sniper escalavam os edifícios que estavam próximos, todos prontos pra qualquer vacilo dos assaltantes. Então tiros estouraram de lá de dentro, em seguida a policia invadiu. Começaram a ecoar no céu vários tiros, um atrás do outro, as pessoas ao redor começaram a correr e se abrigar dentro das lojas. Minha ação extintiva foi pegar Amanda pelo braço e sair correndo, Aline veio em meu encalço. Nós acabamos entrando dentro de uma padaria, Amanda não parava de falar o nome do irmão. Nós três nos abraçamos e ficamos juntas até o tiroteio acabar. Não sei exatamente por quanto tempo duraram os tiros, mas em seguido um silêncio percorreu o local. Aos poucos as pessoas começaram a aparecer, então foi informado que a policia tinha conseguido render todos os bandidos.

Já faziam trinta minutos e nada de noticias do Bryan. Juro que se alguma coisa acontecer com aquele nerd, não vou saber o que fazer. Aos poucos os policiais iam tirando os reféns, observei um equipe de paramédicos entrar dentro do banco, eles carregavam uma maca e parecia correr contra o tempo. Aquilo fez minha espinha gelar, então tinha alguém ferido. Escutei uma voz familiar chamar meu nome, olhei para o lado e vi Denise se aproximando, seus olhos se inundavam em lagrimas.

— Amiga... eu tenho noticias do Bryan..... ele... ele...

— NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!! — O grito de Aline ecoou por todo o lugar.

Observei Aline correr em direção ao banco, de lá os paramédicos saiam carregando um corpo na maca. Os policiais correram até ela, mas não conseguiram impedir que ela chegasse até o corpo. Corri até lá como se a minha vida dependesse disso, eles estavam colocando o Bryan dentro ambulância, Aline e Amanda já estavam lá dentro, as duas se derramavam em lagrimas. Tudo o que eu conseguia ver eram os óculos dele repousando em sua barriga, os paramédicos preparavam o desfibrilador. Antes que eu pudesse alcançar a ambulância um policial me parou.

— Srta você é o que da vitima? — O homem colocou a mão em meu ombro.

— Eu? Eu sou.... — Eu não consegui mais raciocinar nada.

— Se você não for parente, vou ter que pedir que fique aqui. — Ele falou e se afastou.

— Vem amiga, vamos. — Denise passou o braço por cima do meu ombro.

Sentamos na calçada, as lagrimas começaram a descer ferozmente. Eu havia acabado de perder tudo o que era mais importante pra mim. Eu não podia acreditar que ele simplesmente se foi, não queria acreditar que eu simplesmente deixei aquele nerd ir embora. Eu nunca vou conseguir me desculpar com ele, o Bryan nunca vai saber o que eu penso, o quanto eu amo ele. Minha vida tinha acabado ali, status, fama, poder, nada mais importava. A policia tinha começado a tirar os bandidos do banco, eles foram saindo um por um, em fileirinha, todos algemados. Provavelmente iam pegar uns bons anos de prisão e depois tudo ia ficar tudo resolvido, ia comer na cadeia e dormir. O Bryan nunca mais vai comer, não vai mais acordar. Foi o que bastou.

Naquele exato momento eu perdi o controle de mim mesma. Corri em direção dos assaltantes, saltei o mais alto que pude e acertei os dois pés no escudo de um dos policiais que fazia o bloqueio. Aproveitei e peguei o cassetete que ele deixou cair, os outros policiais tentaram me segura, mas eu fui mais rápida. Um outro policial tentou agarrar meu braço e acabei acertando o cassetete em sua cabeça, agora o caminho estava livre. Em menos de dois segundos eu já estava pulando em dos assaltantes. Sentei em cima da sua barriga, e comecei a desferir os socos.

— ALGUÉM TIRA ESSA LOUCA DE CIMA DO JONHAS!! — Gritou um dos assaltantes.

— SENHORITA PARE, O RAPAZ JÁ ESTÁ INCONSCIENTE. — Um policial havia pulado em cima de mim.

— HAAAAAAAAAAAAAA ME SOLTAAAA! EU VOU MATAR ELE. VOU TE LEVAR PRO INFERNO DESGRAÇADO! — Eu já não respondia mais por mim.

— AIIIIII.... DROGA! ELA QUEBROU MEU NARIZ! — Um outro policial tentou me tirar de cima do assaltante, mas eu havia conseguido desferir um soco em seu rosto.


Depois de alguns minutos eu estava deitada no asfalto, com sete policiais em cima de mim, tudo quanto é parte do meu corpo havia sido imobilizada. Denise chegou e pediu pra eles se afastarem, aos poucos iam me soltando. Denise me ajudou a levantar e nós fomos caminhando até o carro. Ela sentou no banco do motorista e me prendeu no do carona, só então percebemos que eu tinha esquecido a chave na ignição. O caminho foi silencioso, me perguntam pra onde Denise estava nos levando? Não demorou muito e ela começou a diminuir assim que passos em frente a um hospital, logo liguei os pontos. É aqui que o Bryan estava. Denise ainda estava estacionando quando abri a porta do veloster e sai correndo até a recepção.

— Moça! Por favor, Bryan Marralkcs foi internado aqui? — Quase pulei o balcão da recepcionista.

— Calma minha senhora, você precisa se cadastrar primeiro. — Disse a recepcionista.

— EU NÃO TENHO TEMPO PRA ESSA MERDA! — Eu já estava surtando. Os seguranças estavam vindo em minha direção.

— Calma! Calma! A menina está comigo. — Aline apareceu do outro lado da recepção, os rosto inchado de tanto chorar.

— Como ele está? — Corri em sua direção.

— Não sabemos, ele entrou direto pra sala de cirurgia. — Sua voz já estava fraca. — O que houve com você? — Seus olhinhos mareados começaram a me analisar.

— Eu esbarrei numa arvore. — Menti.

Depois de seis horas na sala de espera tivemos noticias do Bryan. Ele havia sido atingido por duas balas, uma havia pegado na barriga e furado o intestino, a preocupação maior era com o risco de infecção generalizada. A segunda bala atingiu dois dedos abaixo do coração e estava alojada, o cérebro recebeu danos fortes e isso fez com que Bryan entrasse em coma. Os médicos disseram que ele poderia ter batido a cabeça quando foi baleado. Depois apareceu um rapaz dizendo que só sairia dali quando o Bryan tivesse alta, o nome dele era... Thomas!

Saber que o Bryan tinha uma chance mesmo que pequena de ficar vivo, havia me acalmado bastante. Depois que deixei Denise em casa fui direto para o meu apartamento, meu psicológico estava totalmente abalado. Assim que cheguei em casa fui direto pro chuveiro, quando me olhei no espelho entendi o espanto de Aline. Eu estava toda ralada e com alguns hematomas nos braços. Sai do chuveiro e me esparramei na cama, tudo o que eu queria era que esse dia horrível terminasse, não demorou muito e o sono veio me buscar.

Deixei o carro no estacionamento da Arcati e fui direto pra sala, eu ainda não tinha me recuperado de tudo o que tinha acontecido, era como se eu estivesse em uma grande ilusão. Onde quer que eu passava todos me olhavam, mas não era aquele olhar de admiração que eu estava acostumada a receber, era mais como se as pessoas estivessem surpresas comigo. Assim que entrei na sala todos ficaram em silêncio, me encarando atentamente. Eu fiquei parada por uns segundos tentando entender toda aquela situação, Denise acenou com a mão me tirando do transe.

— Mas o que deu no pessoal hoje? — Sentei ao seu lado, minha voz tinha soado apenas para os ouvidos de Denise.

— Isso é uma coisa que eu prefiro conversar com você depois. — Denise apontou para o professor, indicando que a aula iria começar.

Apesar de estar um caco, Denise havia conseguido instigar a minha curiosidade. Estava difícil prestar atenção, meus pensamentos fugiam para o Bryan em questão de segundos. Ele já tinha saído da UTI, mas ainda não tinha voltado do coma. Tentava imaginar a minha vida sem ele, o que eu faria se ele morresse? Uma dor profunda tomou conta do meu corpo. Durante a aula eu percebia os olhares sobre mim, os comentários. No intervalo também não foi muito diferente. Eu estava numa lanchonete com Denise, as pessoas, até o garçom me olhava com espanto.

— Você quer por favor, me contar por que as pessoas estão me olhando desse jeito? — Aquilo já estava me incomodando.

— Então amiga... — Ela tinha a voz triste. — Eles estão te encarando por conta disso. — Denise apontou para a tv da lanchonete.

Estava passando um jornal, não dava pra ouvir o som direito, mas era uma matéria sobre o assalto ao Demerius Central. O titulo era "Camisa de gatinho fura bloqueio da policia, bate em quatro policiais e apaga o líder dos assaltantes. Foi preciso sete policiais para dete-la." e ao mesmo tempo passavam um vídeo onde mostram eu lutando com os policiais. Observei atentamente a ruiva na telinha, ela tentava se desvencilhar dos policiais e quanto mais ela tentava mais policiais apareciam pra imobiliza-la. Ela estava desesperada e confusa, aquela é a verdadeira Paty Pannes. Maluca, briguenta e apaixonado por um nerd, essa sou eu. Denise ficou esperando alguma reação minha, mas tudo o que eu fiz foi terminar de tomar o meu suco e então subi em cima da mesa.

— Eu amo Bryan Marralkcs! — Minha voz era alta e clara, varias pessoas escancaram suas bocas em um "o". — Aquele sábado que vocês viram ele se declarando pra mim, ele estava me pedindo em namoro e eu ia aceitar. Se tem uma coisa que o Bryan me ensinou é que devemos viver nossas vidas de acordo com o que acreditamos, quanto menos você se preocupar com o que pensam a seu respeito, mais feliz você sera. Então olhem bem para aquela mulher na televisão, por que é aquele tipo de mulher que eu sou. E se alguém tiver algum problema com isso vai perder os dentes! — Minha voz era firme.

— La-crou! — Denise me encarou surpresa.

"Gladiadora Romântica!" Essa é a quarta e atual fase da minha vida. A rainha cansada decide aposentar a coroa, atenção, mimos, nada mais importa. Depois de tanto tempo fingindo ser alguém, ela decidiu mostrar o rosto. A maioria das histórias com rainha acabam bem, mas não a minha. No final eu fiquem sem o Bryan e sem minha reputação, tudo o que me restaram foram lembranças dos dias que passei com aquele nerd. Eu decidi lutar pelo nosso amor, mas foi tarde demais. Se um dia vou me encontra com ele novamente? Aguardo ansiosamente por isso, afinal o herói sempre protege a rainha.


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Notas finais do capítulo

E aí galera? O que acharam da Paty louca e psicótica? Em breve mais capítulos =)



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