Quando o amor acontece escrita por Burogan


Capítulo 17
Cap 17 - Meu Mangá - Part III


Notas iniciais do capítulo

Eaaaai galera! Estão tensos?? Espero que estejam gostando da história, por que eu estou amando escreve-la. Boa leitura a todos e espero que se divirtam =D



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Eu estava no santuário. Tentava entender tudo o que havia acabado de acontecer. Raiva. Ódio. Como pode existir uma pessoa tão ruim assim? Como ela conseguiu meu tablet? Merda. As coisas estavam ficando feias e eu não fazia idéia de como resolver. Toda essa perseguição, até parece que voltei ao ensino médio. Não demorou muito e Paty apareceu, ela deu alguns passos e parou ao lado do trator. Nós ficamos ali, parados por uns dez minutos. Nenhum som foi emitido, então ela resolveu subir na pilha de madeira.

— Sinto muito, pelo tablet. — Ela tinha voz de choro.

— Não se desculpe. — Controlei a raiva.

— Bryan... acho melhor a gente parar de se ver. — Aquelas palavras rasgaram o meu peito.

— Não! Por favor, não faz isso. — Peguei em sua mão.

— Isso tudo só está acontecendo por que nós decidimos ficar juntos. — Paty fez uma voz manhosa.

— Podem até me matar se eles quiserem, mas eu não vou ficar longe de você. — A olhei nos olhos.

— Bryaaaan..... — Lagrimas escorreram do seu rosto. — Tenta entender, é melhor assim. Nós somos tão diferentes, foi idiotice achar que isso iria dar certo. — Ela acariciava meu rosto.

— Eu não acho idiotice amar você, muito pelo contrário, foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Eu amo você, então por favor não pede pra eu me afastar. — Eu sentei de frente para ela, fazia questão de olhar no fundo dos seus olhos.

— Para, você falando assim só torna as coisas mais difíceis. Bryan, é perigoso, tem muita coisa em jogo. Por que você não entende isso? — Paty segurava o choro.

— Por que o herói sempre protege a rainha. — Sorri.

— Você não entende mesmo, não é? Acabou! Isso aqui é a vida real, não é um conto de fadas. Acorda! Herói, essa história não tem final feliz. — Paty se esforçava para não chorar.

— Tudo bem, quer ficar sem falar comigo? Então fica. Mas esse herói tem um código de conduta e ele precisa honra-lo. — Minha voz era firme, mas meu coração estava em pedaços.

— Do que você está falando? — Paty arqueeou uma sobrancelha.

— Que no dia em que você me mostrou o seu quarto de treino, eu aceitei uma missão. E um heroi... sempre... termina... a missão que ele aceita. — Tentei soar alto e claro. — Hoje é quinta Paty. Se você acredita na gente, e eu sei que acredita, aparece aqui na Arcati no sabádo, as 01h da manhã. — Tentei manter o tom.

— Que missão seria essa? — Paty tentou enxugar as lagrimas com as costas das mãos.

— Te fazer feliz! — Sussurrei e saltei da pilha de madeira seguindo o meu caminho.

Eu já estava no ponto de ônibus, era mais de 22hrs e eu havia perdido a condução, mas foi proposital. Eu queria pensar. A noite tinha um ar macabro, a chuva pesada caia molhando toda a minha veste, meu cabelo encharcado grudava na testa e eu havia perdido totalmente meu poder de visão, já que usar óculos em baixo de chuva não da certo. Os trovões estrondavam no céu. A única pergunta em minha mente era "O que aconteceu?", tentava colocar as peças no lugar e descobrir onde foi que as coisas começaram a desandar. No começo tudo o que eu queria era poder assistir as aulas em paz e depois ir pra casa ver meus animes, era só isso. Então num belo fim de tarde a mulher mais popular dessa universidade simplesmente esbarra em mim, apartir desse ponto começaram as provocações. Se não fosse por esse semestre interativo, eu nunca tentaria me aproximar de Paty Pannes, pra mim ela era uma bruxa sem coração e sem carater. No entanto, a rainha que todos colocam num pedestal e bajulam, aos poucos foi me mostrando que de superior ela não tem nada, muito pelo contrário, ela é tão normal como qualquer outra mulher que frequenta essa universidade. Por trás de todo esse orgulho, existe uma menina frágil, com defeitos e qualidades. Paty Pannes não é perfeita. Paty Pannes é humana. E eu me apaixonei por esse lado humano dela, onde ela não tenta ser boa em tudo, onde ela faz apenas as coisas que quer fazer, mas... ela se precoupa muito com o que pensam a seu respeito e isso é um grande problema. E foi naquele dia no quarto de treino que eu percebi que ela precisava de mim, mas foi só depois de odia-la e ama-la, que entendi que sou eu quem precisa dela.

Assim que cheguei em casa fui direto pro chuveiro, vesti meu samba canção preto e me deitei na cama. Flashs do meu tablet na parede vinham a minha mente o tempo todo, nada ali fazia sentido. Tudo bem que eu deixei a mochila sozinha pra ir ao banheiro, mas não levei nem dois minutos pra voltar, sem contar que tinham pessoas na sala. Então como alguém o pegou? O mais estranho é que a pessoa que escreveu aquela mensagem, sabia exatamente como me atingir. De tantas coisas que ela poderia fazer contra mim, essa pessoa preferiu roubar meu tablet, então ela sabe que eu uso o aparelho pra assistir animes. E se ela sabe que eu gosto de animes, isso significa que essa pessoa também me conhece.

Eu estava na agência, parecia mais um morto vivo. É difcil pegar no sono com tantas coisas acontecendo, no entanto, apesar da minha cara de zumbi, por dentro meus orgãos derretiam de tanto nervosismo. Hoje esse herói fará a maior das loucuras, quando o relógio marcar meia noite, tudo mudará. Observei Thomas me mandar um whatsapp dizendo que estava tudo pronto, isso fez borboletas voarem em meu estômago. Eu observava o celular de segundo em segundo, antes do evento preincipal, este herói precisava realizar uma pequena missão, onde seu maior inimigo era o tempo.

Assim que o celular marcou meio dia, eu pulei por cima da bancada e fui correndo em direção a porta giratória, obviamente acabei chamando a atenção de todos para mim e uns xingões do gerente. Acontece que meu horário de almoço só começa meio dia e a loja onde pretendo ir fecha meio dia e meia e só retona as duas e meia da tarde, ou seja, eu tinha apenas trinta minutos. Em dias normais eu pegaria um ônibis para ir até lá, mas a situação exigia pressa. A Arsenal é uma loja especializa em artigos pra colecionador e também de iténs colecionáveis do universo anime, traduzindo ela é uma loja para geeks, otakus, gamers e etc. E é lá é onde eu compro todas as coisas relacionadas a anime e jogos, foi por isso que liguei ontem e fiz a encomenda de um iten.

Eu já havia corrido cerca de três quadras, minhas pernas protestavam, olhei no celular faltavam quinze minutos. Eu não podia parar, precisava continuar correndo. Então avistei um menino de bermuda grande, boné e cabelo comrpido, devia ter seus doze anos e andava num skate. Como mágica, minha mente explodiu numa ideia.

— Ei, você! — Parei o menino.

— Que foi tio? — Ele ageitava o boné que mau cabia em sua cabeça.

— Me... empresta... o sakate? — Eu retomava o fôlego.

— Não. Eu nem te conheço tio, como vou saber se você vai me devolver. Mas se quiser posso alugar ele pra você. — O menino sorriu.

— Como é que é? — Arqueei uma sobrancelha.

— É tio, tipo assim, se você me der cenzão eu te empresto. Vou ficar sentado aqui na sombra, mas só por trinta minutos está bem? Se demorar eu cobro mais. — Eu não estava acreditando nisso.

— Hora seu miseravel, você quer me tirar cem reais? — Arregalei os olhos.

— É pegar ou larga moço. — O menino sentou na calçada.


Agora o tempo estava a meu favor, pelo menos eu acho que está. Eu descia a ladeira, o sakte ia cada vez mais ganhando velocidade, foi então que o medo percorreu meus ossos. COMO É QUE PARA ESSA MERDA? Sentia o skate rasgar o vento, a minha frente havia uma descida enorme, me perguntei em que momento aquela pista da Hot Wheels apareceu? Logo avistei ao meu lado uma loja de fachada vermelha com uma porta de vidro fume escrita "Arsenal. Loja de artigos colecionaveis.", sim, eu havia passado direto, aquele skate simplesmente havia ganhado vida. Até pensei em colocar o pé no chão pra tentar parar, mas o medo de piorar a situação foi maior. O skate continuava descendo a toda velocidade, eu gritava paras as pessoas sairem do caminho, logo a frente havia um bota fora com uma tabua de madeira que servia de escada para as pessoas jogarem entulho, mas pra mim, naquele momento ia servir como rampa. Não teve jeito. O skate rampou me arremaçando nas alturas. Naquele momento, pedi a Deus,Buda, Xinto, Goku, para que recebessem minha alma e gritei.

— SAAAAAAAAAAAANTO GOKUUUUUUUUUUUUUUUUUU! — Minhas veias do pescoço quase estouraram.


Minha costas bateram em algo maciio fazendo um baque fraco. Quando olhei melhor o local, percebi que estava dentro da lixeira enorme do mercado que tem na esquina. Me levantei as pressas, se me preocupar se estava machucado ou não, afinal, eu ainda tinha que ir para a Arsenal. Subi a ladeira correndo, quando cheguei na loja uma menina loira de mechas roxas estava trancando a porta.

— Cinthya! Cinthya! Por favor, não fecha. Eu vim buscar a encomenda. — Chamei a moça.

— Nossa Bryan! O que houve com você? — Cinthya me olhou de cima a baixo. — Ok. Já estava indo para o meu horário de almoço, mas como é você eu abro uma exceção. — Ela abriu a porta.

— Muito obrigado! — Agradeci e entrei no estabelecimento.

— De nada! — Ela começou a revirar as coisas atrás do balcão. — Nossa Bryan que mau cheiro é esse e que..... — Ctinthya segurou um riso.

— O que foi agora? — Arqueei uma sobrancelha.

— É que tem uma casca de banana na sua cabeça. — Ela apontou pra minha testa e segurou o riso novamente.

— Eu... eu tropecei numa lata de lixo. Foi isso. — Eu não ia falar que foi andando de skate, esse herói ainda tinha orgulho. Joguei a casca no lixo.

— Aqui está! — Cinthya me entregou um embrulho rosa.

— Esse herói agradece. — Sorri.

— Então... herói. Não vai me dizer quem é a princesa? — Seus olhos de onix encaravam o embrulho em minhas mãos.

— Está mais pra uma rainha. — Brinquei.

— É, você deve gostar mesmo dela, isso foi bem caro. — Agora ela me encarava.

— Sim, tive que gastar todo o dinheiro que juntei desde que comecei a trabalhar. — A observei sair de trás do balcão.

— E valeu a pena? — Novamente ela me varreu de cima a baixo.

— Ainda vou descobrir. — Sorri.

— Então boa sorte. Agora some daqui que eu não estou aguentando esse cheiro de extrume. — Ela abanou perto do nariz.

Tornei a correr. Agora eu tinha um outro probleminha pra resolver, dizer a um garoto que eu havia perdido seu skate. Corri por mais dez minutos, quando cheguei na esquina encontrei o menino sentadinho na sombra, do jeito que ele havia me falado. Na hora ele esperniou, berrou e fez o maior show. No final tive que passar meu contato pra ele e prometi que se ele viesse me procurar no mês que vem, eu daria um skate novo pra ele. Quando cheguei na agência, fui obrigado a ficar no arquivo, pois ninguém aguentava meu mau cheiro e eu estava espantando os cliente, lá no arquivo pelo menos ficaria sozinho.

Logo o expediente acabou, assim que entrei no ônibus as pessoas começaram a se afastar de mim, algumas até tapavam o nariz. Eu estava me sentindo Moisés abrindo o mar vermelho. A verdade é que nem eu estava suportando esse meu cheiro de esgoto, sério, tanto lugar pra eu cair e me esborrachar, tinha que ser justo numa lixeira? Mas tudo bem, se for por Paty Pannes tudo vale a pena.

Chegando na faculdade foi a mesma coisa, as pessoas me olhando estranho, tapando o nariz e se afastando. Por um segundo me perguntei se era assim que o cascão se sentia quando ia na rua brincar. Droga! Daria tudo por um banho agora. Na aula André até fez um esforço pra sentar ao meu lado, mas ele também não aguentou. Em compensação, Tati chorava de tanto rir. No intervalo fui até uma lanchonete comer um cachorro quente, não demorou muito passou uma vendedora na minha mesa, em sua mão havia alguns frascos de perfume, ela parou e me perguntou se não gostaria de levar um. Isso só pode ser uma indireta. Respondi educamente que não e voltei minha atenção para o cachorro quente. Os rumores sobre o que houve com meu tablet ainda eram fortes, os alunos só sabiam falar nisso. E pensar que quem provocou isso tudo, está aqui, estudando com a gente e rindo de tudo isso.

Quando cheguei em casa Aline e Amanda ainda estavam acordadas, seus olhos ficaram do tamanho de bolas de tênis assim que me viram. Amanda correu até o banheiro, pude ouvir ela fazer barulhos estranhos em quanto vomitava. Aline foi imediatamente até a cozinha e voltou com algo na mão, uma espécie de spray.

— Mãe, não precisa tacar bom ar e mim. Eu sei que estou fedendo, mas vocês estão exagerando. — Resmunguei.

— Meu filho, parece que você saiu da bunda de uma vaca querido. — Aline tapava o nariz e espirrava o bom ar na minha direção.

— Mãe, manda o Bryan tomar banho! — Amanda havia retornado para a sala.

— Não precisa nem mandar! — Me encaminhei para o chuveiro.

Tirei toda a minha roupa e olhei para o espelho em cima da pia. Nossa! Agora entendi o por que das pessoas se afastarem, por causa da correria eu não parei pra ver como eu estava, mas ali no espelho era outro Bryan. Parecia um mendigo. Meu cabelo estava cheio de folhas, que pareciam ser salsinha e eu estava bem sujo também. Observei meus óculos ainda intactos emoldurando meus olhos, não sei como não cairam com a queda. Depois do banho tomado fui até meu quarto vestir uma muda roupas secas, Aline e Amanda já tinham ido dormir. Não demoru muito e o celular começou a tocar freneticamente.

— Alô. — Minha voz não tinha nenhuma emoção.

— Eai Jow! Daqui quinze minutos eu chego aí. — Thomaz tinha a voz empolgada.

— Beleza. — Desliguei o celular.

Já eram 23h30, eu tinha que estar na Arcati meia noite pra poder fazer todos os preparativos. Coloquei uma bermuda preta, meu tênis preto e uma blusa de manga cumprida branca, atás tinha o simbolo da Fairy Tail estampado. Não demorou muito e Thomas me ligou avisando que estava lá me baixo me esperando. Terminei de passar o perfume, peguei as chaves, o embrulho, terminei de trancar a porta e desci as escadas correndo. Lá em baixo Thomas me esperava num veículo preto e antigo.

— Um Monza 96? Onde conseguiu isso? — Perguntei assim que entrei no carro.

— É o Banheirão, é do meu vizinho. Ele me emprestou. — Thomas riu.

— Então, trouxe o que eu te pedi? — Minha ansiosidade era nitida.

— Sim, velas, esqueiro, violão.... está tudo aqui. — Ele deu partida no carro.

A adrenalina consumia o meu corpo. Nunca fiz isso na minha vida, e nunca imaginei que faria isso pelo Paty. Será que ela vai gostar? Será que ela vai aparecer? Agora já era, não tinha como voltar atrás. Depois de alguns minutos o carro fez um barulho estranho e simplesmente desligou. Thomas olhou pra minha cara meio sem graça, e tornou a dar a partida, tentou uma, duas, três, quatro vezes e nada. O carro tinha morrido.

— O que houve? — Perguntei.

— Sabe o que é... esse carro tem um pequeno problema na bateria. Você vai ter que empurrar. — Ele coçou a cabeça.

— Não, você só pode estar brincando. — Tentei controlar a voz. Observei Thomas responder minha pergunta fazendo um sinal negativo com a cabeça.

Sai do carro bufando. Apoiei as mãos na lataria do porta malas e depois toda a força que só um herói pode ter. O carro começou a andar lentamente. Depois de ter empurrado por cinco quadras o Banheirão finalmente pegou. Logo chegamos na Arcati, já era meia noite e quinze. Agora viria a parte mais complicada, pular o muro. Thomas me ajudou a guardar todos os itens dentro da mochila. Nós ficamos encostados no Banheirão cerca de dois minutos, nós simplesmente observavamos o nada.

— Você quer mesmo pular esse muro? — Thomas me encarou.

— Quero sim. — Minha voz soou séria.

— Cara você deve amar mesmo essa tal de Paty, não é mesmo? — Ele riu.

— Mais que anime. — Sorri.

Começamos a andar pelos arredores até que descobrimos uma arvore que ultrapassava a altura do muro e seus galhos entravam dentro do campus. Porém, a arvore também era alta. Thomas acabou me dando pezinho, o violão em minhas costas dificultava um pouqinho, depois de alguns segundos, consegui subir na arvore. Escalei até os galhos que ia pra dentro do campus, a adranalina passando pelas minhas veias. Eu já havia chegado nos galhos, agora só precisava dar um jeito de descer. Foi quando eu escutei um "Crec", sério, era o único barulho que eu não queria ouvir naquele momento, aquilo fez me coração dispararar. Eu queria muito acreditar que esse som era o Thomas peidando.

— Jo-Jow, me diz que você peidou cara. — Supliquei.

— Não fui eu não. — Thomas arqueeou a sobrancelha.

— Merd...... — O galho se partiu antes que eu pudesse terminar de falar.

Minha bunda bateu no chão fazendo um baque forte. Me levantei sem jeito, naquela hora doía osso que eu nem sabia que tinha. Pelo menos agora eu estava dentro da Arcati. Rapidamente chequei o violão pra ver se ele não tinha quebrado com a queda, ele estava intacto e isso fez meu corpo todo relaxar. Escutei Thomas dizer um "Boa Sorte" do outro lado do muro, pronto. Aquilo era tudo o que eu precisava, a benção de um amigo, de um irmão. Agora este herói poderia prosseguir com a missão.

Confesso que andar na Arcati a noite, sem ninguém era bem macabro. O cenário perfeito para um filme de terror. Corri até a entrada do estacionamento, se ela viesse ela viria de carro. E conhecendo Paty Pannes, se ela tem uma vaga particular, com certeza ela tem uma chave pra entrar aqui. O caminho até a lanchonete mais próxima era gramado, afinal a Arcati é praticamente um bosque. Fiz uma estrada a luz de velas que vinha da entrada do estacionameto, até perto da lanchonete. Nessa estrada coloquei varias petalas de rosas, no final do caminho eu coloquei duas almofadas vermelhas, entre elas coloquei mais uma vela. Sentei em uma das almofadas, retirei o vilão da capa e esperei ansiosamente.

Já era uma hora em ponto e eu estava a beira de um colapso mental. POR QUE ESSA MENINA NÃO APARECE? Santo Goku! Calma herói, respire fundo. Mantenha a paz. Era meio sinistro ficar ali sozinho com aquelas velas e escutando os grilos, a sensação que eu tinha era que em algum momento, ia sair algum espirito maligno pra me assombrar. Já haviam se passado dez minutos e eu já havia perdido as esperanças, já estava começando a guardar o violão quando escutei um carro estacionando. Alguns minutos depois uma silhueta saiu da entrada do estacionamento, assim que ela se deparou com o caminho de velas e petalas de rosa, ela parou. Ficou ali, imóvel por uns dois minutos e depois continuou a andar. A luz das velas era fraca, mas eu sabia que era ela. A minha Rias da vida real, a medida que ela se aproximava, mais meu coração acelerava. Ela estava absurdamente linda! Ela usava uma saia branca, uma sapatilha preta e uma blusa de alcinha amarela. Assim que ela se aproximou, Paty sentou-se na almofada a minha frente, seus olhos estavam marejados, ela levou a mão a boca demosntrando a surpresa.

— Bryan.... isso é lindo! — Ela tinha o sorriso mais lindo mundo. — Você vai tocar violão? — Ela riu.

— Shhhhh.... essa é uma das habilidades desse herói. — Sorri. Ajeitei o violão em baixo do braço, toquei algumas notas pra finar e então comecei a cantar.

— Ei, deixa eu te falar tudo o que acontece nesse meu mangá,
Que é meu coração,
Hããã, hããã
Como um herói vou te proteger,
Pra te conquistar eu te salvarei,
E pra terminar,
Hããã, hããã,
Até as nuvens vou te levar,
Hããã, hããã
E por te salvar você vai me agradecer
E com um beijo você vai me dizer
Que eu sou seu herói,
Que eu sou seu herói,
Em meu coração eu te coloquei,
Em uma folha branca eu te desenhei,
Só pra te mostrar, o quanto eu te amo,
Hããã, hããã,
O quanto eu te quero,
Hããã, hããã,

E por te salvar você vai me agradecer,
E com um beijo você vai me dizer,
Que eu sou seu herói,
Que eu sou seu herói,
Que eu sou.... seu herói.

— Se-se-seu nerd.... você não existe! Ninguém nunca cantou pra mim. — Paty não se aguentava de tão emocionada.

— Espera... tem mais. — Sorri.

— Tem mais? — Ela me observou pegar o embrulho rosa. Do embrulho tirei uma pequena caixinha vermelha de veludo. — HO MY GOD.... Bryan... eu não acredito! — Paty começou a chacolhar as mão freneticamente.

— Patrycia Arcati Pannes, você aceita ser a minha player 2? Digo, você aceita ser a minha namorada?

Abri a caixinha vermelha de veludo. Dentro tinha dois anéis pretos, ao inves de terem pedrinhas coladas neles, tinha a miniatura do controle do x box. Paty não tinha palavras, mas a sua feição mostrava uma felicidade incrível, era como se ela brilhasse. Ela pegou a caixinha e ficou ali observando por alguns segundos.

— Você é muito bobo! Estou me sentindo a menina mais especial desse mundo. É claro que eu acei... — Antes que Paty pudesse terminar de falar, palmas começaram a ecoar por todo o campus.


Aquilo fez meu coração disparar. Havia alguém aqui? Varias palmas começaram a ecoar. Vozes. Passos. então pequenas luzes começram a ascender. Eram celulares? Não sei apartir de qual ponto as coisas ficaram daquele jeito, mas quando dei por mim, eu e Paty estavamos sercados por varias pessoas. Eu simplesmente não entendia, por que tanta gente estária aqui uma hora dessas? Paty imediatamente ficou de pé, seu semblante era sério.

— Aiii meu Deus, amiga! Se você estava sozinha com um gatinho devia ter me falado, né? — Uma loira saiu da multidão.

— Becah? O que você está fazendo aqui? — Paty arqueou a sobrancelha.

— Como assim amiga, foi você que disse pra todos virmos aqui, não lembra? Você disse que tinha uma coisa pra mostrar pro pessoal antes de irmos pra baladinha. — As palavras de Becah não faziam o menor sentido.

— CARA, EU NÃO ACREDITO QUE ESSE NERD PEDIU ELA EM NAMORO. VAI TOMAR UM FORAAAAAAAAAAA! — Uma voz soou do meio da multidão.

— ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ! — As vozes soaram em coro.

— Nossa... como você é má Paty. Tudo bem que a rainha não fica com esse tipinho de gente, mas poxa, precisava trazer todo mundo aqui só pra dar um fora nele? Nossa amiga, você não vai pro céu. — Becah começou a rir.

— E ENTÃO PATY! NÃO PODEMOS DEIXAR O NERD ESPERANDO, TADINHO, FALA LOGO A SUA RESPOSTA. — A voz de uma menina ecoou do meio da multidão.

— É PATY, FALA LOGO! — Otra voz ecoou do meio daquela aglomeração.

— FALA LOGO! FALA LOGO! FALA LOGO! FALA LOGO! — As vozes soavam todas juntas, dessa vez mais forte.

Paty olhou em meus olhos, dessa vez estavam diferentes. Aquele azul piscina havia perdido brilho, tentei olhar fundo, queria me conectar a sua alma, mas só encontrei o vazio. Ela veio caminhando lentamente em minha direção, eu ainda estava sentado, apesar de sério, por dentro estava apavorado. Ela parou a poucos centimetros de mim, seus olhos me observavam de cima, dei o meu melhor sorriso e ela retribuiu.... com um chute no peito. A força foi tão grande que acabou quebrando o braço de violão e minhas costas bateram forte no chão.

— É muita ousadia sua achar que pessoas como eu e você podem ficar juntas. Pelo amor de Deus, você fica o tempo todo falando que é um herói. Vê se cresce menino! Eu gosto de homens. Pirralhos como você não me interessam nem um pouco. E por favor, não fala mais comigo, não me toca, não olha na minha cara, não respire o mesmo ar que eu, não pronuncie o meu nome. Ou seja, por favor, morra! — Aquelas palavras pareciam estuprar meus ouvidos.

— AAAAAAAAEEEEEEEEEEEE! — Todos ali gritaram e comemoraram.

— GENTE, VÃO INDO PRO BAR QUE NÓS COMBINAMOS, A DENISE JÁ ESTÁ LÁ. LOGO NÓS ALCANÇAMOS VOCÊS! — Becah gritou e a multidão começou a se desfazer.

Eu continuava deitado na grama. Tentava entender como as coisas ficaram daquele jeito? Eu queria chorar de raiva! Eu havia acabado de passar pela maior humilhação da minha vida. Meu coração estava em cacos. Eu queria acreditar que tudo aquilo era um sonho, um pesadelo e que eu logo iria acordar, mas o braço de violão quebrado provava que tudo que acabou de acontecer, foi bem real. Observei as pessoas saindo uma por uma, até que sobrou apenas eu, Paty e a tal Becah.

— Que show! — Becah começou a bater palmas. — Caramba, você é dura na queda mesmo Paty. Estou impressioanda! — Becah tinha uma voz sinica.

— Do que você está falando? — Paty controlava a voz.

— Eu sempre te envejei. E também sempre soube que essa Paty que está na minha frente, não é a verdadeira. — Becah praticamente cantarolava.

— Seja clara! — Paty começou a alterar a voz.

— A verdadeira Paty, se apaixonou por esse merdinha deitado no chão. A verdadeira tem um pavio tão curto que tem que treinar luta pra poder canalizar a raiva. Falando nisso, eu vi como você bateu na Tati aquela noite. Quem diria, a rainha na verdade é um monstro. — Becah ria.

— Espera aí, você sabia sobre eu treinar Muay Thai? — Paty trincou os dentes.

— Você é lerda? Eu sei de tudo. Você só conheceu o Bryanzito aqui, por que eu quiz. Eu tirei uma foto de você com os pezinhos na cara dele e entreguei pro Sr. Morales, que é o coordenador de Publicidade e Propaganda. Sabia que ele ia forçar o Bryan a ser seu amigo. Eu só queria que você ficasse queimada, pra dar uma apagada nesse seu ar de "Toda Poderosa". Mas nunca imaginaria que você fosse se apaixonar por ele né minha querida. Vejam só, tantos caras te querendo e foi o nerd que roubou seu coraçãozinho. Vocês acham que são os únicos que conhecem o canteiro de obras? Eu sempre estava lá escondida observando e ouvindo a conversa de vocês. Paty eu não acredito que você estava dormindo na casa dele, nossa que horror. — Becah fez cara de nojo.

— Se... ai... você sabia que eu e Paty estavamos andando juntos, devia saber que tudo o que nós queriamos é ficar longe um do outro. Então por que simplesmente não espalhou por ai que nós eramos dupla? — Perguntei enquanto tentava levantar.

— Simples queridinho. Vocês se apaixonaram! Quer história melhor do que um amor não correspondido? E tudo o que eu fiz foi ajudar a Paty a mostrar pras pessoas os sentimentos dela por você. Sim, eu escrevi as mensagens para a Tati, afinal, minha amiga precisava de uma rival no amor, as coisas ficam mais interessantes assim. E você quer suspense melhor do que terror psicológico? Isso mesmo! Eu escrevi as mensagens no carro da Paty e também roubei seu tablet. Há! Esse foi o mais facíl. Tudo o que eu precisei foi pagar um quantia para as pessoas que estava na sala pra não me entegarem. Agora, o melhor de tudo. O nerd e seu coração partido! Gente, vocês querem final melhor que esse? Siiiiiiiiiim, eu espalhei pro pessoal que a Paty havia pedido pra todos estarem aqui a 01h00 da manhã de sabádo. Agora a melhor parte de todasssss, a melhor amiga, a que está sempre junto na balada, que está li pro que der e vier pra ajudar a Paty, a Becah, a meiga, compreesivel e fofa, na verdade é Breu. THARAAAAANNNNN! — Becah começou a aplaudir. Eu não estava entendendo mais nada.

— Becah... de todas as pessoas.... é você? Como? Por que fez isso? — As lagrimas escorriam do rosto de Paty.

— Estudamos juntas naqela escola. Eramos melhores amigas! E você tinha aquela mania de sair batendo nos outros, as pessoas não podiam implicar com você e pronto. Logo rolava briga. Antes de você entrar pra escola, eu era muito sozinha e gordinha, então as pessoas me zoavam bastante, me apelidavam e faziam todo tipo de coisa comigo. Quando você chegou, logo nos tornamos inseparaveis e as outras crianças pararam de me perseguir, já que você batia em qualquer um que me pertubasse. Mas aí, num belo dia você decidiu que queria ser popular e me disse que não poderiamos mais ser amigas, já que populares não andam com gordos. POR SUA CAUSA EU PASSEI UM INFERNO! VOCÊ NÃO ME PROTEGIA MAIS E PASSEI A SOFRE TODOS OS TIPOS DE PROVAÇÕES. EU JUREI QUE FARIA VOCÊ PAGAR UM DIA E FIZ. — Becah soltava seus venenos.

— EU... EU MATO VOCÊ!!!!!!!! — Paty avançou com tudo pra cima de Becah.

Antes que Paty pudesse acertar um soco em Becah, entrei na frente fazendo com que eu e Paty rolassemos no chão. Assustada, Becah correu pra dentro do estacionamento. Sai de cima dela, caminhei até o violão quebrado e comecei a guarda-lo. Não queria acreditar que tudo aquilo tinha acontecido, dessa missão este herói não se recuperaria nunca mais.

— Bryan, espera. Vamos conversar! — Paty segurou a minha mão. — Tenta entender, minha reputação estava...

— Em jogo! Eu sei. — Tentei segurar as lágrimas. — A sua reputação é tudo pra você e você é tudo pra mim. Entende a diferença? Me esquece Paty. — A olhei nos olhos.

— Para... eu amo você! — Paty começou a chorar.

— Você pode até amar Paty, mas nunca vai assumir isso. Acha que te quero só de madrugada na minha cama? Eu quero andar de mãos dadas, te levar pra sair, te chama de minha. Não quero você pela metade, te quero por inteira. Depois de tudo isso, uma coisa ficou bem clara.... você não merece o caração deste herói. — Peguei a caixinha com as alianças e guardei na mochila.

— Bryan! — Paty não se segurava em choro.

— Adeus Paty! — E toda a dor que eu sentia acabou transbordando em lágrimas.


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Notas finais do capítulo

GEEEEEENNTEEEEEE! Que capítulo foi esse???? Finalmente descobertos! E agora? Como a história irá prosseguir? Ou será que é o fim dessa linda história de amor? Não percam o próximo capítulo.


OBS: A música foi composta por amigo meu =)



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