Quando o amor acontece escrita por Burogan


Capítulo 16
Cap 16 - Meu Mangá - Part II


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde pessoal, primeiramente quero agradecer a todos que estão lendo, acompanhando e comentando na história, isso é muito importante pra mim, pois me ajuda escrever capítulos legais para vocês lerem. Estou amando escrever esse romance, está sendo bem divertido. Bom, é isso. Se deliciem com a leitura e até próxima.



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Abri os olhos meio zonzo. Aos poucos ia me acostumando com a claridade. O celular vibrava freneticamente embaixo do travesseiro ao som de Daisy, ending de Kyoukai no Kanata. Tentei mexer o braço numa tentativa fracassada de desligar o celular, mas havia algo fazendo peso sobre o meu peito. Foi então que fui surpreendido por uma cena que provavelmente seria a mais kawaii da minha vida. Seus braço direito envolvia minha cintura, enquanto sua cabeça repousava levemente sobre meu peito. E tinha aquele vermelho gritante também. Cada fio ruivo contrastava com o branco do lençol, a luz do sol que entrava pela janela dava um tom vibrante para cada mecha vermelha. Naquele momento esqueci do som do celular, me concentrei em observar cada detalha nela. Flashes da noite anterior vieram a minha mente me fazendo corar.

— Então é assim que uma rainha dorme? — Sussurrei enquanto tocava delicadamente as mechas ruivas.

Poder acordar e ver a Paty assim, tão de pertinho. É uma sensação estranha. Boa de mais pra ser real, é como dormir e acordar com um anjo. Não! É melhor do que acordar com um anjo. Por um momento me perguntei se foi assim que Issei se sentiu quando acordou com Rias-chan ao seu lado. O que melhor descreve o que este herói sente é a sensação de todo o seu mundo estar ali, do seu lado e você poder abraça-lo. Talvez seja assim o sentimento de ser o homem mais sortudo do mundo. E pensar que uns dois meses atrás nós faríamos qualquer coisa pra ficarmos longe um do outro, tanto ódio só podia ser transformado em amor - sorri.

— Bom dia seu nerdzinho lindo! — Paty tinha a voz sonolenta.

— Bom dia princesa! — Sorri.

— Ei! — Os dedos dela passeavam pelo meu peito. — Aquilo... sabe a mensagem no carro? Aquilo não te assustou não né? — Paty me encarava com um olhar pidão.

— Ha! Você está brincando né? Olha, está pra nascer algo que assuste esse herói. — Brinquei.

— Que bom! — Paty me tomou num abraço apertado. — Porque essas provocações, eu só vou suportar se você estiver comigo. — O alivio tomou conta de sua voz.

— Não se preocupe, o herói sempre protege a rainha. — Minha voz era doce.

— Espera! Provocações.... É isso! — Paty sentou-se na cama.

— O que? Espera, "isso" o que? Gente em que momento da conversa eu boiei? — A observei levantar e colocar a roupa.

— Eu acabei de me lembrar de algo importante Bryan, algo que pode nos dizer quem está por trás dessas brincadeiras idiotas. — Paty mantinha um sorriso largo no rosto enquanto se maquiava.

Foi tudo muito rápido, rápido de mais para o meu cérebro processar. Paty cumprimentou minha mãe e minha irmã que já estavam tomando café e saiu. As duas ficaram olhando sem entender nada, direcionaram o olhar para mim e eu dei de ombros.

— O que foi isso? — Aline bebericava uma xícara de café.

— É o que eu também queria entender. — Sentei a mesa.

— Mãe... temos que ficar de olho no Bryan, acho que ele está chantageando a modelo pra ficar com ele. — Amanda lutava contra uma torrada.

— Uma ova que tô. — Retruquei.

— Chega vocês dois. Bryan meu filho, você não tem que ir trabalhar? — Aline arqueou uma sobrancelha, seus olhos pareciam me devorar.

— SANTO GOKU!!!!! — Jorrei meio litro de leite pela boca.


Eu estava no ponto de ônibus. Controlava a respiração lentamente enquanto observava as pessoas caminharem pela calçada. Minha vontade de ficar vendo a Paty dormir foi tão grande, que fiquei extremamente atrasado para o trabalho. Eu não desci as escadas, na verdade pulei cada lance. Sim, eu praticamente vim voando para cá. Como consequência eu havia perdido o ônibus também. Depois de alguns minutos meu celular acabou vibrando, rapidamente tirei do bolso, desbloqueei a tela e pronto. Thomas havia me mandado uma mensagem no whatsapp.

Eai Jow!
Você não vai acreditar, já lançou Batmam vs Supermam: A Origem da Justiça. Vamos assistir? Se quiser nós podemos fazer a operação "Potter: A capa da invisibilidade" de novo hahahahahaha.
Vai ser demais!

Tive que morder os lábios para segurar os risos. Aquele dia foi inacreditável, com certeza essa foi uma das missões mais estranhas que esse herói já fez. Também foi o dia em que fiz a pior descoberta da minha vida - senti uma pontada no coração. Quem lesse essa mensagem iria pensar que somos loucos, mas talvez não estivessem tão errados assim, afinal, maluco é uma palavra que nem começa a descrever aquele dia insano.


— Ei Jow! Acooorda cara, acorda! — A voz de Thomas soou pelo quarto, suas mãos me balançavam.

— Santo Gokuuu...! Deixe-me dormir. — Reclamei.

— Nada disso! Já são uma hora da tarde e é sábado. Você não pode ficar o dia todo ai nessa cama. — Thomas me chacoalhou com mais força.

— Eu não vou passar o dia inteiro só na cama. Vou passar o dia inteiro na cama vendo animes! — Minha voz era sonolenta.

— A vida é mais bonita lá fora Jow! — Thomas insistiu.

— Jow, eu levei um pé na bunda de uma menina que eu nem cheguei a namorar. Entende o quanto isso é grave? Eu não tenho motivos para viver. — Me enrolei na coberta.

— Tecnicamente se você não a namorou, isso não é um pé na bunda, está mais pra um toco. Agora... le...van...ta... DAÍ!!! — Thomas me derrubou da cama.

— Aiiiiii.... essa doeu. — Eu tentei falar com a testa grudada no chão, mas não adiantou.


Realmente, minha autoestima estava lá em baixo. Justo agora que as coisas estavam se acertando com a Paty, ela me liga dizendo que alguém descobriu que nós eramos dupla e que não poderíamos mais ser amigos. Era como se não tivesse mais chão para mim, teria chegado ao fim a jornada desse herói?

— Eu tenho algo aqui que vai te alegrar. — A voz de Thomas soou como um cantigo.

— Nada pode me alegrar agora. A vida deste herói já foi um doce, mas graças ao Tomatão Alpha, é um amargor sem fim. Minto. Tem algo que pode me alegrar sim. — Eu continuava deitado no chão.


— Nossa, isso é ótimo! E o que seria? — Thomas perguntou empolgado.

— Liderar uma expedição de caça e extinção de demônios ruivos. — Balbuciei.

— Quanto drama cara. Anda! Levanta daí. — Thomas me puxou pelo braço. — Eu tenho mesmo algo que vai te alegrar. — Ele mau controlava a empolgação.

— Certo, o que é então. — Sentei na cama.

— Than than than thaaaaaaan! — Thomas havia jogado um bilhete que caiu entre minhas pernas.


Meus olhos faltaram pular das orbitas quando terminei de ler. Excitação. Eu queria dar um mortal agora mesmo, mas sinto que dona Aline não iria gostar nada da barulheira. Thomas estava certo, talvez a vida fosse mais bonita lá fora. Agora este herói tinha motivos para sorrir novamente e esbanjar felicidade, por causa do que houve com a Paty, eu havia me esquecido completamente disso.

— INGRESSOS PARA ASSISTIR O DEADPOOL!!!! — Gritei e imediatamente tapei a boca com as mãos. — Mas espera, só tem um ingresso. Cadê o outro? — Arqueei uma sobrancelha olhando atentamente para Thomas.

— Então... hahaha... quando fui comprar os ingressos, eles estavam todos esgotados e esse foi o último. Mas pode ir , você precisa disso mais do que eu. Vou outro dia. — Ele sorriu.

— Assim não tem graça. — Deitei na cama desanimado.

Nós dois ficamos deitados na cama por alguns minutos. Eu estava checando o meu facebook pelo celular e comecei a rolar o touch screen sem perceber, Thomas também havia ficado entretido com alguma coisa no seu. Ficamos assim cerca de dez minutos, até que como uma luz vinda dos céus, eu cliquei sem querer em um vídeo no facebook. Era uma matéria falando sobre dois jovens americanos quer eram muito amigos e resolveram assistir um filme no cinema sem pagar os ingressos. Na verdade o que parecia ser algo impossível, foi bem simples. Eles compraram roupas largas, enquanto um se pendurou na cintura do outro igual um macaco, o outro vestiu as roupas largar com o amigo pendurado. Conclusão, o que parecia ser uma pessoa extremamente obesa, na verdade eram dois adolescentes. Foi o que bastou. Não pensei duas vezes em tentar fazer a mesma coisa com Thomas.

— Jow, você irá assistir o filme comigo. — Afirmei.

— Como? — Um ponto de interrogação se formou em sua testa.

— Digamos que não sera fácil. Vamos precisar de muita determinação e coragem. Mas fique tranquilo, se você seguir corretamente as orientações desse herói, a missão sera um sucesso. — A empolgação era obvia em minha voz.

— Que missão? — Thomas fez uma cara estranha, estava mais pra assustado do que feliz.

— Vamos chamar essa missão de.... Operação Potter: A capa da invisibilidade. — Mostrei um sorriso maléfico.

— Jesus... — Thomas arregalou os olhos.

Quando Thomas saiu já estava tudo arquitetado, não teria como dar errado. A sorte é que Thomas tem um amigo que é ex obeso e fez redução de estômago, então ele tentaria pegar algumas mudas de roupa emprestadas. Fui direto para o banheiro fazer minha higiene pessoal e tomar uma ducha. Coloquei uma polo branca que eu tinha uma calça jeans que era rasgada nas parte do joelho e coxa, meu tênis preto não podia faltar. Eu estava sozinho em casa, Aline tinha ido correr e Amanda tinha saído com algumas amiguinhas, então basicamente não teria almoço hoje, a não ser que eu fizesse.


Meu corpo agradeceu quando entrei no shopping, o calor lá fora estava me fazendo derreter. Hoje estava bastante movimentado e como eu não conhecia muito bem o Maresias, demorei um pouquinho pra encontrar a fila do cinema. Logo que cheguei na praça de alimentação Thomas me mandou uma mensagem no whatsapp dizendo que estava no banheiro com todo o equipamento. Entrei no boxe em que ele estava, a expressão em seu rosto de "Vai dar merda!" era clara em seu rosto, tranquei a porta e começamos a nos trocar.

— Você podia ser mais leve Jow! — Resmunguei para Thomas que estava pendurado em minha cintura.

— Cara, isso não vai prestar. — Thomas tentava controlar a voz.

Abri a porta do boxe e fui direto para o espelho enorme que tinha lá. Era outra pessoa, eu estava incrivelmente obeso, havia colocado umas duas camadas de roupa, uma camisa normal, outra camisa de manga cumprida e mais um jaquetão. Eu usava duas calças com um cinto prendendo, o disfarce estava perfeito, ninguém iria desconfiar. O peso todo de Thomas estava na minha cintura, era difícil se locomover. Faltavam dez minutos para o filme começar, então fui direto para entrada do cinema, mas antes disso comprei duas pipocas grandes e dois refrigerantes. Quase lá. Já estava na porta da sala, agora tudo o que eu tenho que fazer é entregar o ingresso para o rapaz a minha frente. O jovem pegou o bilhete da minha mão, seu globo ocular parecia dançar, ele direcionava sua atenção para o bilhete, depois para a comida e por fim, para mim.

— Que foi? Já viu o meu tamanho? É preciso muito pipoca pra dar conta desse barrigão aqui. — Dei risada enquanto dava algumas palmadas no que deveria ser as costas de Thomas.

— Tudo certo senhor, me desculpe. — O Rapaz me devolveu o bilhete desconfiado.

SAAAAAAANNNTO GOKUU! Essa foi por perto. Eu sentia as gostas de suor escorrerem pela minha testa. Essa foi de longe a missão mais difícil que esse herói já tivera. A sala estava escura, apenas iluminada pelas luzes de emergência, assim que entrei na fileira que por sorte estava vazia, comecei a retiras as roupas largas. Thomas se desprendeu de mim, respirou fundo e sentou-se na poltrona.

— Nem acredito! Nem acredito! — Thomas não controlava a empolgação.

— Shhhh... vai começar! — Pedi silêncio.

O filme foi incrível! Perdi a conta de quantas vezes tive que limpar as lagrimas na camisa, pois eu não parava de rir. Teve uma hora em que o Thomas estava bebendo o refrigerante e não conseguiu controlar os risos, o refrigerante acabou saindo pelo seu nariz, foi aí que rimos mais. Nós estávamos na praça de alimentação devorando um lanche do Mcdonalds, foi então que algo no meio daquelas pessoas que circulavam a praça me chamou a atenção. Era uma menina, na verdade uma tampinha. Cabelos negros escorridos e usava óculos.

— Amanda? — A curiosidade tomou conta da minha voz.

— Viishhh... — Thomas acompanhou meu olhar enquanto devorava um pedaço de bacon.

Terminamos de comer e fomos até ela. Amanda estava sentada num banco perto de um arranjo de flores, em suas mãos ela segurava um livro aberto. Novidade! No entanto, quando cheguei mais perto senti meu coração derreter, simplesmente eu não tinha mais chão. Minha adorável irmanzinha, a delicada e fofa Amanda. Eu não queria acreditar no que estava vendo, mas meus olhos insistiam em me mostrar a verdade. Sim, a flor mais pura do jardim havia sido contaminada.

— Cinquenta tons de cinza??? Amanda! Desde quando você gosta desse tipo de literatura? — Eu controlava a minha voz.

— Ha, oi maninho, não sabia que estava aqui. — Amanda riu. — Todas a meninas da minha sala estão lendo esse livro. É muito bom! — Amanda corou.

— Nã-nã-não é bom nada! — Gaguejei.

— Ha é? E o que é bom pra mim senhor Bryan? — Amanda franziu o cenho.

— Pepa, Teletubbies, revistinhas de colorir, vai ler a branca de neve. — Eu tentava manter o tom.

— Não. Sou muito mais o Christian Grey quando pega a sua gravata e faz... — Amanda fechou os olhos, abraçou o livro e começou a coras, mas eu a interrompi.

— Para.... de poluir minha mente! — Trinquei os dentes. — Sério, agora você é fã desse Christian Grey? — Fiz cara de nojo.

— E você tem uma sugestão melhor?— Amanda franziu os lábios.

— O Ash! — Afirmei.

— O que? E o que ele tem de bom. — Amanda retrucou.

— Ele tem um Pikachu, entendeu? PI-KA-CHU! Quer coisa melhor quer coisa melhor que essa? — Eu estava começando a me irritar.

— Prefiro meu Christian! — Amanda cantarolou.

— Eu vou contar pra mamãe que você está lendo esse tipo de coisa. — Ameacei.

— Pode contar. Ela mesma me deu o dinheiro pra comprar o livro, ta? — Essa... essa... pivetinha está de brincadeira com a minha cara.

— Ha é? Isso é o que vamos ver. — Peguei o telefone. Pelo visto minha doce irmanzinha não sabe do que esse herói é capaz. — Alo! Ô-ô-ô mãe! — Coloquei no viva voz.

— Alo! O filhote. — A voz doce de Aline soou do outro lado da linha.

— Você não vai acreditar. A amanda ta lendo livro de sadomasoquismo. — Minha voz era séria.

— Bryan meu filho, você tem as suas playboys e ninguém te perturba por isso, sem contar que as vezes pego você lendo Hentai na internet. Então por favor, deixa a sua irmã em paz, ok? Tchau filho. — Aline desligou o telefone, minha boca se escancarou no formato de um "O".

— TOOOOOMA RETARDADO!! — Amanda mostrou o dedo do meio para mim.

— É Jow, na boa essa você se deu mau. — Thomas começou a rir.

— Calem a boca! — Bufei.

— Merda. Merda. Onde foi que eu deixei? Cadê? Cadê? Ha droga!. — Eu revirava minha mochila. — Funcionei cérebro preguiçoso! — Dei três tapas na cabeça.


No momento eu estava desesperado, não. Apavorado. Imediatamente comecei a esvaziar minha mochila numa tentativa desesperada para encontrar meu tablet. Sem tablet, sem animes fora de casa. E ficar sem animes é muito ruim. Depois de guardar tudo de volta na mochila, sentei-me na cadeira tentando manter a calma. Será que fui roubado? Quando? É impossível que eu seja tão idiota ao ponto de nem perceber que fui assaltado. Comecei a recapitular todo o meu dia, talvez assim eu possa descobrir se eu apenas esqueci ele em algum lugar. Ok, vamos lá. Eu acordei e a Paty estava ao meu lado dormindo, por que eu quis ficar observando ela dormir acabei me atrasando pro trabalho, mas lembro perfeitamente de ter guardado meu tablet na mochila. No percurso até a agência eu fui conversando com Thomas por mensagem. Lá no banco eu guardei a mochila no meu armário e me recordo muito bem de na hora do almoço ter ido assistir anime no banheiro. Até aí tudo bem. Cheguei na faculdade e deixei a mochila no carteira enquanto fui ao banheiro. Se eu fosse ser roubado, seria nesse espaço de tempo entre eu ter ido no banheiro e voltado, foi o único momento em que deixa a mochila sozinha, mas eu perguntei para o pessoal que estava na sala e eles disseram não ter visto nada de estranho. Uma coisa era certa, meu tablet havia sumido, agora como isso aconteceu é a verdadeira questão.

Eu estava chateado, mas ao mesmo tempo eufórico. Antes de eu chegar na faculdade Paty me mandou uma mensagem dizendo que havia descoberto um pouco sobre a pessoa que a está perseguindo. Aquilo fez uma chama se ascender em meu peito, daqui algumas horas eu iria me encontrar com ela. A confusão pesava em minha consciência, essa situação do meu tablet me fazia me sentir a pessoa mais idiota do mundo. Como raios esse tablet foi sumir em baixo do meu nariz? Só pode ter criado perna e saiu andando.

No intervalo fiquei com André e Tati, já que eu estava sem meu tablet, não fui até o santuário. Nós estávamos numa lanchonete comendo pastel e tomando suco, quando avistei Paty entrando na Subway que tem no campus da Arcati. Ela estava absurdamente linda! Ela usava uma saia preta, uma blusa azul de alcinha com renda e um escarpim azul marinho, ao seu redor estavam seus amigos. Tati deu um pigarro me chamando a atenção.

— Odeio pessoas que ficam devaneando. — Alfinetou.

— Ha larga de ser chata Tati, quem nunca sonhou com Paty Pannes, não é não Bryan? — André deu um tapinha nas minhas costas.

— Pois é! — Confirmei.

— Idiotas! — Tati bufou.

O som do celular toca. Eu abro os olhos meio zonzo e começo a tatear o colchão na tentativa de encontrar o celular que vibrava freneticamente. Perder meu tablet e essa ansiosidade em falar com Paty causou um estresse mental tão forte em mim, que assim que cheguei em casa eu simplesmente desabei de sono, até tentei ver alguns animes pelo notebook, mas não adiantou. Até que por fim achei o celular, chequei as horas, eram 4h30 da manhã.

— Alô? — Minha voz parecia de um morto vivo.

— Abre a porta pra mim, estou aqui na frente. — A voz de Paty soou do outro lado da frente.

Eu praticamente pulei da cama, todo aquele sono e cansaço desapareceu num estalar de dedos. Corri até a sala praticamente aos tropeços, finalmente iria saber o que a Paty descobriu. Assim que abri a porta braços finos envolveram meu pescoço, antes que pudesse pensar em alguma coisa, os lábios de Paty tocaram delicadamente os meus. Logo fui tomado por um abraço de urso, ela encostou a cabeça em meu peito e eu pude sentir o doce aroma dos seus cabelos.

— Por que não foi ao canteiro de obras na faculdade? Eu fui lá te encontrar, mas você não estava. Está tudo bem? — Aquele azul piscina parecia me devorar.

— Eu já te conto. — Tranquei a porta e a levei até meu quarto.

Paty sentou-se na cama, imediatamente ela pego o Banguela de pelúcia e o colocou no colo. Ela me observava apreensiva enquanto eu terminava de trancar a porta do quarto. Fui até a mesinha do computador e arrastei a cadeira até a cama, a tensão era tão grande que até o ar parecia pesado.

— E então... por que não foi no canteiro de obras? E não adianta me enrolar que eu vi você junto com aquele projeto de Mosnter High no intervalo. — Paty bufou.

— Eu perdi meu tablet. — Cocei a cabeça.

— Você o que? Como? — Paty arregalou os olhos.

— Eu não me lembro, não sei se fui roubado ou se apenas esqueci em algum lugar, não sei mesmo. — Tentei parecer o menos confuso o possível na frente dela, mas estava difícil.

— Nossa, você é muito burro. — Paty riu.

— Deixa isso pra lá. Agora me fala, o que você descobriu? — Minha empolgação foi maior.

Como num passe de mágica Paty fez uma cara séria, como se eu a tivesse lembrado de algo muito ruim. Ela começou a revirar a sua bolsa, até que tirou um pequeno livrinho rosa, ela começou a folhear lentamente. Quando chegou em determinada Paty parou e me entregou o livro aberto.

— Foi isso que descobri. É o meu diário, por favor, leia. — Havia tensão em sua voz.

" 03 de março de 2000

Meu querido amigo, quero que saiba que estou muito feliz por poder desabafar com você. Não gosto muito da escola nova, as meninas lá não são legais. Elas me assustam. Lá na escola tem algo chamado Breu, todos morrem de medo dele ou dela, sei lá. Reza a lenda que essa coisa fica escondida no quarto onde o zelador guarda seus materiais e devora as crianças que vão para lá. Sim, toda criança que desobedece as regras da escola fica de castigo no quarto do zelador junto com o Breu. Mas parece que ele só se alimenta de crianças medrosas, quando for pra lá, você não pode fazer nenhuma expressão, caso contrário ele come você. É o único jeito de escapar. Só existe uma criança que sobreviveu ao Breu, mas ela sofreu traumas psicológicos intensos e nunca mais se recuperou. Então é isso meu querido amigo, boa noite e até a próxima."

 

— Nossa, que escola macabra, — Ler aquilo fez eu sentir um frio na barriga.

— Tem mais, olha isso. — Paty me deu o celular, nele tinha uma foto da mensagem escrita no esplho do carro. — Eu passei na oficina para tirar uma foto, antes de ir procurar no diário. — Paty falava pausadamente.

"Ouvi dizer que os beijos de um nerd são contagiosos. Cuidado! Você pode ficar retarda igual eles. Ass: O Breu!"


— San-santo Goku! Esse demônio está atrás de você? Rápido, vamos ligar pra um padre, ele vai saber como exorcizar essa besta e.... — Eu fui tomado pelo desespero, mas Paty me interrompeu.

— Ai nerd idiota, claro que não é um demônio seu bobo. — Paty sentou em meu colo e começou a me encher de beijos. Ela mau segurava os risos. — Ainda bem que tenho você pra me descontrair. — Ela sorriu.

— Se não é um demônio é o que hein? A bruxa de blair? — Tentei falar enquanto ela me beijava.

— Não. O Breu é apenas uma história que os professores contavam aos alunos para manter eles na linha. — Ela me encarava nos olhos.

— E o que isso prova? — Arqueei a sobrancelha.

— Muita coisa. Pensa comigo, se essa pessoa também conhece a lenda do Breu, isso só pode significar uma coisa. — Ela passava mão levemente em meus cabelos.

— Que quem está por trás dessas provocações te conheceu naquele colégio. — Completei.

— Exatamente. Essa pessoa está usando o Breu pra fazer terror psicológico em mim. — Paty tinha a voz doce.

— Você escreveu que não gostava das meninas daquela escola, se lembra de alguém em específico? — Beijei a ponta do seu queixo, minhas mãos seguravam firme sua ci tura.

— Eu tinha seis anos quando escrevi aquilo, no diário também não tinha o nome de ninguém. Ou seja, ainda estamos no escuro. — Ela encostou sua testa na minha, seus olhos me observavam atentamente.

— Nós fizemos algum avanço, agora sabemos que essa pessoa te conhece desde pequena. — Tentei conforta-la.


Nós não dormimos. Paty estava tão assustada que não conseguiu pegar no sono e acabamos conversando até o sol nascer. A manhã foi tranquila, tirando o fato de no café ter que ficar ouvindo Amanda e Paty falando o quanto aquele Christian Grey é gostoso. Sim, Paty já leu todos o livros do best seller. No banco também foi a mesma coisa, abertura de contas, empréstimos, boletos de habitação e etc. No horário do almoço, foi a primeira vez que fui a um restaurante almoçar desde que comecei a trabalhar no banco, afinal uma hora dessas eu estaria no banheiro da agência vendo animes. Só de lembrar que perdi meu tablet meu coração parecia se desmanchar. Quando voltei do almoço, passei por uma loja onde estavam vendendo vários bichinhos de pelúcia. Como um soco na testa, eu acabara de ter a ideia mais brilhante da minha vida. Passar esse tempo com a Paty me fez entender muitas coisas sobre ela, coisas que muitas pessoas não entendem. Eu queria que ela soubesse os sentimentos verdadeiros desse herói, então decidi fazer uma surpresa pra ela.

Não demorou muito e eu já estava na agência. Antes mesmo que eu pudesse entrar pela porta girátoria fui parado por um idoso, seus olhos estavam do tamanho de bolas de tênis, suas mãos puxavam minha camisa frenéticamente.

— Pois não senhor? — Perguntei.

— Meu jovem me ajuda, eu... eu fui sacar a minha aposentadoria, mas não saiu nada. O que houve? — O velhinho suplicava, enquanto apontava para um caixa eletrônico que tinha escrto na tela a mensagem "Terminal em manutenção".

— Só um minuto senhor. — Falei o mais doce o possível.

Corri para dentro da agência, verifiquei se a conta tinha sido debitada, imrpimi a tela da conta dele e levei até o tesoureiro que pediu para que buscasse o velhinho para ele poder poder repassar os valores. Depois de algumas horas o expediente acabou, coloquei meus fones de ouvidos e fui até o ponto de ônibus ouvindo algumas openings de Fairy Tail.

Assim que cheguei na Arcati notei uma movimentação estranha. Os alunos estavam agitados, não parava de falar. Quanto mais eu aproximava do meu bloco, maior era a aglomeração de alunos. Mas o que raios deu nessas pessoas hoje em? Quando cheguei no corredor da entrada principal do bloco, quase fui esmagado, eram tantas pessoas ali que eu mau conseguia andar. Mas esse herói é persistente. Tentava passa entre uns, de baixa das pernas de outro, até que muito muito sacrifício eu cheguei no motivo de tanta bagunça.

— San-santo Goku.... — Sussurrei.

Um nó se formou em minha garganta, minhas pernas mau me sustentavam. Senti o medo percorrer toda a extensão do meu corpo. Era um tablet. O meu tablet. Ele estava preso na porta da minha sala a um machado enorme e tinha três frases escritas em letras grandes e vermelhas.

"É ASSIM QUE SE ACABA COM UM NERD! ASS: O BREU."
"SUMA DAQUI PEDAÇO DE LIXO AMBULANTE. ASS: O BREU"
"VOLTE PARA A NERDLANDIA! ASS: O BREU."


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Notas finais do capítulo

Saaaaaaanto Goku!!! Quem diabos é Breu? Como se não bastasse Paty, agora Bryan também esta na mira dessa pessoa misteriosa. Qual é a surpresa que esse herói pretende fazer para a nossa rainha? No próximo capítulo lagrimas iram rolar, mas de quem??



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