Uma Segunda Chance escrita por Sapphire


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Boa noite Leitoras.
Eu espero que gostem do capítulo, pois foi escrito de forma muito simples. Eu ando na fase de bloqueio criativo. E estou dando um tempo para escrever para descansar a mente.
Espero que possam apreciar :)

P.S: Feliz Aniversário Marcelly, Muitos anos de vida.Saúde, felicidades e que Deus possa te abençoar cada dia mais.
Espero que goste do Capítulo.
Beijos :*



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Saí do closet vestindo uma camisola de seda branca, enquanto terminava de passar o creme pelos meus braços, sentei na cama em silêncio pensando em como havia sido burra pensando que pudesse agradar o Ryan com aquele presente. Ele jamais tiraria da cabeça em ter um animal de estimação.

Ele era uma criança. E eu entendo bem a frustração de ganhar algo que não esperava. Eu mesma já passei por isso quando era uma menina.

Levantei e fui diretamente para a penteadeira e me sentei. Olhei-me no espelho penteando meu cabelo enquanto olhava meu reflexo. Eu queria entender como sempre acertava nos presentes do Carlinhos e Lizete e pude dar uma bola fora justamente com o menino que eu amava.

Vesti meu robe e saí do meu quarto indo diretamente para o quarto do Ryan. Bati na porta três vezes e chamei pelo meu pequeno. Nenhuma resposta. Abri a porta devagar e encontrei ele no chão brincando com suas peças de lego junto com o Liam. Os dois estavam tão entretidos que nem me escutaram bater na porta.

Homens...

— Oi meus amores. – Sorri aproximando-se morosamente.  Vi logo a carinha insatisfeita do Ryan. Meu coração doeu de imediato como se quisesse sangrar, ele ainda estava magoado comigo.

Sentei no chão ao lado do Liam que me deu um selinho, ao centro do quarto havia um tapete felpudo de cor azul marinho onde Ryan poderia brincar sem se machucar ou se sujar.

— Veio ajudar a gente? – Liam juntava as peças em sua mão encaixando uma por uma, ao que mais parecia um avião a jato.

— Não sei como monta isso, deixo para os meus homens. – Sorri para o Liam e voltei a olhar para o Ryan com o sorriso desmanchando ao ver ele tão bravo.

Ryan se afastou ficando de costas para mim olhando para o brinquedo, mas percebia que ele não se divertia, seu olhar estava baixo e triste.  Seus pequenos e delicados ombros estavam encolhidos.

— Ei, meu pequeno. Vai ficar bravo com a mamãe, mesmo? – Estiquei a mão acariciando seus cabelos dourados. Ryan afastou-se ainda mais, e com uma carranca gritou:

— VOU!

Por uma malcriação dessa em outros tempos eu enfiaria minha mão para aprender a ter bons modos. Ele já estava testando a minha paciência. Mas eu amava ele, e aquilo doeria em mim também.

Respirei fundo e fechei os olhos. Eu estava indo muito bem aprendendo a controlar minha impaciência.

— Não grita, Ryan! – Liam levantou e o pegou no colo, sentando-o na cama. – Sua mãe gosta de você, e não quer ver você triste com ela. Porque grita assim?

Era um amor quando Liam tentava ajudar, mas quando se tratava do Ryan eu mesma podia dar conta do recado. Eu gostava de saber que dava conta do recado com o meu filho.

— Eu não estou triste, eu estou bravo. – Ele cruzou os bracinhos e com ajuda do Liam levantei-me do chão e sentei ao lado do meu filho.

Se não fosse pela situação que eu estava triste por vê-lo triste, diria que a carranca e as narinas abrindo e fechando enquanto bufava seria um tanto cômica. Se não posso dizer, fofinho.

— Você me perdoa, bebê? Eu comprei aquele presente com todo carinho, e achei que você ia gostar.

Meu braço foi por cima do seu ombro e puxei seu corpinho frágil e infantil para perto do meu e enchi de beijos no topo da sua cabeça. Quando senti sua guarda abaixar e ele se render para meus carinhos eu o trouxe para o meu colo.

— Mas eu não gostei. – Seu rostinho descansou em meu peito e eu o beijei novamente, desta vez na testa. Eu sorri, mas suspirei porque sabia que o Ryan não era uma criança fácil de agradar.  Na verdade, eu estava ficando irritada, e não era com ele, era comigo mesma.

Claro que se eu comprasse um animal, eu ficaria nervosa com todo mundo, e isso é algo que eu não queria. E muito menos brigar com ele e matar o bicho. Porém, eu não queria vê-lo chateado.

Queria gritar, porque eu estava ficando mole, sensível. Eu estava afrouxando demais as rédeas. Eu já não conseguia controlar meu emocional. E tinha uma leve impressão que era culpa da gravidez.

— Desculpa, meu amor. A mamãe promete recompensar. – Coloquei a mão no queixo dele e levantei para que olhasse para mim. Tentei suavizar meu olhar.

— Você vai me dar o que eu quero? – Seus olhos estavam brilhando e um sorriso havia brotado na sua face de anjo.

— Porque tem que ser um animal de estimação? Não pode ser um brinquedo diferente? – Eu sorri.

— Não, eu quero um cachorrinho. – A feições emburradas havia tomado conta novamente.

— Filho, entenda que sua mãe não gosta de bichos em casa. E até porque, você não vai cuidar dele. Você é muito pequeno ainda. Quando crescer assim ó. – Liam colocou a mão na barriga para indicar a altura, e Ryan olhou para ele. – Aí sim você poderá ter.

Bufei de raiva, porque Liam havia proferido as palavras erradas, e atropelou o que eu ia dizer.

Ryan fez um bico de choro, e eu me assustei com a capacidade que aquele pulmão era capaz. Ele não chorava, ele berrava e fazia questão de gritar cada vez mais forte. Eu havia me assustado e só consegui fuzilar o Liam.

Porque ele tinha que falar aquilo? Tinha certeza que ele iria me ouvir muito melhor se ele não se intrometesse.

— Ajudou muito, Liam. Muito obrigada. – Eu ralhei e deitei o Ryan na cama e permaneci sentada ao seu lado. – Eu quero ficar a sós com ele.

— Eu só estou tentando fazer ele entender que nem sempre pode ter tudo. E ter um animal é muita responsabilidade. – Ele arregalou os olhos assustado com a minha reação nervosa e tentava a todo custo se explicar.

Assim que o Liam terminou de falar o Ryan gritou ainda mais forte e eu tive que proteger meu ouvido. Acho que é nessa hora que eu me pergunto porque raios eu fui engravidar?  

— Sai do quarto e só apareça quando eu autorizar. – Falei entre dentes a última palavra para ver se entrava naquela cabeleira loira dele.

— Tudo bem, patroa. – Ele gesticulava com as mãos me pedindo calma. – Aqui é você quem manda.

— Acho bom. – Pelos cantos dos olhos pude ver Liam sair e fechar a porta. Deitei do lado do meu Ryan Pestinha, e o abracei protegendo seu corpinho. – Amanha podemos escolher o bichinho que quiser.

— Mas você não gosta de cachorros e gatinhos e coelhinhos, mamãe. – Ele soluçava em meio ao choro tentando se acalmar.

— Você tem razão. Eu não gosto de bichos. Mas eu gosto de você. E se você quiser.... Podemos comprar, cariño.

Ryan se afastou de mim e virou a cabeça para me olhar e eu olhei fundo daqueles enormes olhinhos verdes como os meus.

— Jura? Eu posso? – Ele levantou ficando em pé na cama prestes a sair pulando, e de imediato o choro cessou.

— Se eu estou dizendo.... – Puxei-o de novo para mim e minha mão acariciou o lado direito da maça do seu rosto, enxugando o rostinho molhado pelas lágrimas. – Amanhã, depois da escola nós vamos, tudo bem meu amor? – Sorri de forma amorosa. E logo lembrei que já estava ficando tarde. – E você não deveria estar dormindo?

Ryan se aconchegou ainda mais em mim e fechou os olhos. Ele estava tão eufórico e feliz em saber que ia ganhar um novo pet, que não chorou ou fez qualquer birra que dificultasse seu sono. Obedeceu logo de imediato.

E eu mais do que orgulhosa fiquei admirando seu sono que vinha lentamente. Logo tratei de levantar-me da cama, deixei o abajur ligado e o cobri, mas antes lhe dei um beijo na testa para que dormisse bem. Assim que saí do quarto Liam estava me esperando de braços cruzados e as costas apoiando na parede.

— Você está disposta a fazer isso? – Sua expressão estava curiosa, e ele brincava de tirar a pele da boca com o dente.

— Qualquer coisa por ele. E além do mais, você vai cuidar para que esse bicho não chegue nem perto de mim.

Liam riu de forma gostosa e espontânea. E foi inevitável se contagiar com aquela felicidade.

— Você é demais meu bem. Vamos para cama... – Ele estendeu sua mão e eu de imediato a peguei sorrindo.

Ele me abraçou e nos guiou para o quarto. Adormeci logo em seus braços.

[...]

— Ai, credo. Aqui fede. – Franzi o nariz para o fedor insuportável daquele lugar, sentindo um leve enjoo.

A única coisa que martelava na minha cabeça foi como eu tive a coragem de topar uma coisa como aquela?

Será que eu estava fora de mim? Estava claro que eu estava sendo contrariada. Eu jamais aceitaria algo assim. Ontem parecia tão fácil, e agora vendo aquele tanto de pulguentos, percebo o erro que cometi.

— Faz parte da experiência, querida. – Liam me envolveu com seus braços e me puxou para perto de si. Ryan ia mais a frente e embora fosse tão pequeno, ele olhava as grades atentamente.

Era muito esperto para a idade, e lindo também. E prestava atenção em cada detalhe perguntando a funcionária sobre os cachorros.

— Porque a experiência tem que feder e ser um canil? Porque a gente não pode simplesmente comprar um cachorro num lugar limpo como algum pet shop? – Perguntei com minha voz alterada enquanto me coçava agoniada.

— Porque adotar um cãozinho abandonado faz bem. – Liam me respondeu beijando meu rosto.

Eu retorci novamente o nariz, e já não podia mais aguentar. Os enjoos vieram mais forte.

— Aqui até agora não tem cãozinho nenhum, só vira latas grandes e fedidos. Eu acho que eu vou vomitar.... – Saí correndo para fora do canil procurando um banheiro mais próximo.

Só teve tempo de chegar no banheiro e despejar absolutamente tudo. Como havia mulheres capazes de dizer que a maternidade é linda? Que estar gravida é magico?

Com certeza essas mulheres não eram normais. Como vomitar poderia ser algo magico e lindo? Era desgastante e nojento.

Levantei depressa, mandando embora aquele nojo e enxaguando a boca. Retoquei toda a maquiagem e me olhei no espelho.

Eu estava tão diferente. E isso podia refletir no meu reflexo. Meus procedimentos haviam mudado junto ao amadurecimento tão rápido. E mesmo com todas essas surpresas, eu estava feliz. Sorri para mim mesma.

— Você está bem?

Olhei para o reflexo atrás de mim e Liam estava na porta me esperando. Ele franziu o cenho provavelmente por não entender o meu sorriso.

Eu confirmei com a cabeça e guardei o batom na bolsa virando para ele.

— Você deixa o Ryan Sozinho? – Perguntei olhando para atrás dele não vendo meu pequeno ali.

— Ele está com a recepcionista, e fique sabendo que ele já escolheu o cachorro. – Liam riu e eu apertei os olhos desconfiando. Aquela risada fez me arrepiar e um frio na espinha percorrer meu corpo.

— Então vamos lá. – O abracei de lado tentando não demonstrar o que estava sentindo e saímos do banheiro.

Do corredor ouvia a voz alegre e risadas inocentes do meu baixinho mais mal-humorado. Eu já podia sorrir junto aquela felicidade toda, mas eu estava contando felicidade cedo demais. Eu sabia que levar um cão para casa não era uma esperteza. Mesmo sabendo que a alegria do meu filho era mais importante.

Assim que chegamos ao fim do corredor, meu sorriso desmanchou no mesmo estante. Ryan estava em pé ao lado de um cão extremamente monstruoso e feio, que parecia mais um leão perto dele.

— Olha mamãe, esse é a Cookie. – Ryan sorriu para mim e pulava de alegria. Quando o pulguento latiu eu o puxei de imediato para perto de mim.

Ele iria morder meu filho, e o Liam não fez outra coisa se não gargalhar e abaixar ao lado do Ryan passando a mão naquele assassino de quatro patas.

— O que achou desse pastor alemão? – Ele olhou para mim.

— Vocês estão brincando comigo, não é? – Perguntei incrédula – Não vamos levar esse cachorro para casa. É enorme. Achei que seria um cachorro pequeno, Liam. Você perdeu a cabeça? É sem condições.

— Seu filho que escolheu. – Ele respondeu levantando e dando de ombros.

— Ryan, você não quer escolher um cachorrinho menor? Ele é grande demais. – Abaixei colando meu rosto com seu rostinho. – Um cachorrinho do seu tamanho.

— Não é ele, é ela. É uma menina. – Ryan abraçou o cachorro e fez um biquinho – E ela é minha, mamãe. E o nome dela é Cookie.

Revirei os olhos e contei em voz alta até 10. Inspirei e expirei por alguns segundos.

— Cadê meus cigarros? – Abri a bolsa procurando em desespero, eu precisava relaxar.

— Você não pode mais fumar, Paola. – Liam aproximou de mim tirando minha piteira e cigarro. – Você está grávida. E também não vai beber.

Tomei a piteira e o cigarro da mão dele jogando no lixo mais próximo com raiva. Era só o que me faltava. Eu não podia mais fumar para acalmar os nervos.

— Ryan, amor da mamãe.... Vem comigo para o carro. O papai vai levar a Cookie assim que terminar de adotar ela. – Estendi a mão e ele segurou um tanto inseguro de deixar o animal para trás, mas ainda assim foi.

— Mamãe... – Ele me chamou e eu olhei para baixo enquanto andava no ritmo mais lento dele.

— Sim?

— Eu te amo. – Ryan entrou na minha frente abraçando minhas pernas. Aquilo fez meu coração aquecer e me quebrou ao meio com aquela declaração tão sincera e inocente.

Por alguns segundos fiquei olhando para ele, um pouco surpresa e tentando deixar a mente processar aquela declaração. Meus olhos começaram a queimar. Abaixei e abracei meu filho, deixando as lagrimas escaparem.

— Você está chorando mamãe? – Ele perguntou preocupado de ter feito alguma coisa errada.

— Estou, meu amor. Mas é porque a mamãe está feliz com o que você disse. Eu também te amo muito. – Aqueci ele junto ao meu corpo e o beijei marcando ele de batom.

— E eu tô feliz porque você me deixou ficar com a Cookie. E você é a melhor mamãe do mundo todo. – Ele mordeu o lábio inferior ficando vermelho envergonhado.

Eu ri, porque ele era lindo quando ficava carinhoso, e até me fez esquecer meu estresse. Eu só conseguia apertar ele por inteiro e fiquei assim por um bom tempo, sentindo o cheiro dele.

Acho que é nessas horas que as pessoas dizem que a maternidade faz valer a pena. E que você já não pensa mais em si, mas naquele ser frágil, inocente que precisa de você.

Eu tinha quase certeza que aquela gravidez estava mexendo com meus neurônios.

Eu estava tão deleitada que só me dei conta que não estávamos sozinhos quando uma fungada gelada próximo ao meu pescoço me despertou. Que só tive tempo de olhar para o lado e receber uma lambida em cheio no meu rosto.

Aquela cadela nojenta estava me encarando lambendo o focinho. Arregalei meus olhos e gritei o mais forte que podia. Se tinha um culpado por aquilo ele tinha um nome.

— LIAAAAAAM!


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Notas finais do capítulo

P.S: postei esse capitulo 24 em cosmos sem querer. Eu não atualizei Cosmos.



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