Uma Segunda Chance escrita por Sapphire


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Para quem acompanha a fanfic "Cosmo"s. Eu excluí a fanfic e postei como original, como era a ideia desde o começo.



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Depois da conversa que tivemos na noite anterior, eu e o Liam. Posso dizer que consegui dormir um pouco melhor. Teria sido uma noite de sono perfeita se a cobra da Susan não estivesse dormindo no quarto ao lado de hospedes. Mas tentei procurar me acalmar e não pensar tanto no assunto.

Ela não vai conseguir fazer o que quer. Que é separar nós dois.

Assim que acordei pela manhã, Liam pediu que trouxessem o café da manhã em nosso quarto. Ele estava preocupado que eu e a mãe dele tivesse mais uma desavença, e ele não queria que eu passasse mal e nem que o Ryan presenciasse uma briga. Afinal ele era uma criança, e eu sei que não é bom um ambiente de brigas para um menino da idade dele.

E como eu estava pensando no meu pequeno e na minha saúde eu concordei em não tomar o café da manhã com eles. Mas era só por isso.

Aquela gárgula velha não iria me vencer tão fácil assim, e eu também não era do tipo que me intimidava com alguma pessoa. Muito menos me esconder.

Quando terminei meu café, corri para o banheiro e me arrumar. Hoje seria o dia em que eu e o Liam iriamos ao médico fazer o tal exame que confirmaria se eu estava ou não gravida. E eu mesma já estava me acostumando a ideia de ter um filho meu. Mesmo que isso implicasse em mais tarde recorrer as cirurgias plásticas para voltar ao meu antigo corpo. Que por sinal é sinônimo de perfeição.

Assim que me encontrei pronta, lá estava o Liam com o Ryan no colo e algumas roupas. Ryan queria que eu o arrumasse para voltar a escola.

—  Onde você e meu papai vão? – Perguntou meu curioso pestinha, enquanto passava a camiseta polo por cima da sua cabeça e tentava enfiar o braço dele na manga sem quebra-lo.

— Eu e seu papai vamos no medico agora, para saber se você vai ou não ganhar um irmãozinho. – Respondi com a verdade.

Ryan fez uma careta muito parecida com a minha quando eu não estava gostando de alguma coisa e eu ri. É claro que aquela resposta não o agradou em nada.

— Você não quer um irmãozinho? – Perguntei enquanto o vestia com o uniforme da escola, dessa vez com a calça.

— Não. Gosto de ser o único nessa casa, e você e meu papai e minha vovó são todos meus e de mais ninguém.

Ele havia saído de mim e eu com certeza não tinha visto. Ryan tinha uma possessividade de achar que tudo era dele e tinha que ser da maneira dele. Igual eu.

— E você não acha que poderia ser legal brincar com alguém? – Perguntei tentando faze-lo enxergar o lado bom de ter um irmão.

É claro que eu não era a melhor pessoa para dizer aquilo. Pois se eu disser que é legal ter um irmão, eu estaria mentindo. Eu fui filha única a vida inteira, e eu amei isso. Tudo era meu, do jeito que eu queria e claro.... Fui a única herdeira também.

Mas após ter a Paulina como irmã vejo que os irmãos não são tão ruins assim. Podemos usá-lo para algumas loucuras, tipo assim.... Te usurpar.

Eu ri diante desse pensamento maldoso. E logo tentei pará-lo. Afinal de contas isso foi tão perigoso que quase me levou a morte duas vezes.

— Eu brinco na escola e aqui. E não preciso de um irmãozinho, mamãe. Agora se quiser me dar um cachorrinho eu aceito. – Ryan olhou pelo canto dos olhos como se jogasse um verde.

— Cachorro? – Era minha vez de torcer minhas feições em uma careta – Para que um cachorro? Só dão trabalho.

— Pode ser um gatinho, não tem problema. Ou um coelhinho. – Ele sentou na cama para eu pôr o all star no seu pé.

— Depois falamos disso, Ryan. – Só de pensar em bicho eu me coço inteira. Bicho fede e só faz sujeira.

Penteei o seu cabelo e dei uma checada. Sorri satisfeita com o que vi. Me afastei para pegar minha bolsa com meus documentos bem no momento que a porta do quarto se abre.

— Vocês estão prontos? – Liam voltou ao quarto trazendo uma mochila – Temos que ir logo para deixar o Ryan na escola e fazer os exames, Paola.

— A vovó pode me levar.

Revirei meus olhos. Não vou aguentar ouvir vovó para lá e vovó para cá.

— Mas quem vai levar você sou eu e seu pai. – Falei com uma certa bronca e ciúmes tentando me controlar o possível, jamais gostei de demonstrar esses tipos de sentimentos.

— E depois quando eu voltar da escola vão comprar um cachorrinho para mim? Como eu disse, pode ser gatinho ou coelhinho também. – Ryan insistiu.

— Que história é essa, filho? – Liam perguntou tirando o Ryan de cima da cama e o colocando no chão, ajudando a pôr a mochila nas costas. – Para você ter um pet você precisa crescer um pouco mais para cuidar dele. Porque eu, nem sua mãe e nem os empregados vão cuidar.

— Também não quero um irmão. Eu não pedi. Bebês só fazem cocô, xixi, chorar e vão roubar todas as minhas mamadeiras. – Ele olhou para nós aborrecido.

— Bebês recém-nascidos não mamam na mamadeira. – Liam começou a provoca-lo e começando a rir. Eu espremi meus olhos.

— Mamam onde papai? – Ryan levantou a cabeça e olhou com aqueles enormes olhos lindos para o pai.

— Bem aqui. – Liam apertou meus seios e eu dei um pulinho de susto. – Tem leite aqui.

— Você perdeu o juízo? Isso dói. – O imbecil começou a rir acompanhado do Ryan – Não estou vendo graça.

— Eu também quero mamar aí. – Ryan sorriu abraçando minhas pernas.

— Você não quer nada, você quer ir à escola estudar, aprender a ler, fazer desenho, contar os números e tirar soneca da tarde. – Cruzei os braços fechando a minha cara.

— Não é não mamãe.... Eu quero mamar aí sim. Papai falou que tem leite, e se tem leite eu quero. – Ryan abriu aquele sorriso de menino sapeca, de quem entende o que é uma provocação. E a carinha de peste de quem não vai sossegar até ter o que ele deseja. Aqueles olhinhos espremidos e verdes falavam aquilo.

— Olha aí o que você me arranjou. – Sussurrei para o Liam que fez uma cara de santo.

— Vamos puxar o carro. – Ele pegou o Ryan no colo ignorando a mim, e saiu rindo. Fomos direto para o carro. E por sorte não demos de cara com a gárgula velha.

Corremos para o colégio e deixamos o Ryan nas mãos da professora. Despedi do meu capetinha com um beijo no rosto, deixando a marquinha de batom vermelho em seu rosto.  E corremos para a clínica onde seria feito meu exame de sangue.

[...]

Assim que chegamos a clínica, eu fui direto a sala de coleta de sangue. Se de uma coisa eu tinha raiva e agonia, e até mesmo me fazia sentir um arrepio na espinha, era qualquer coisa relacionada a hospital.

Passei muito tempo em quarto de hospital que qualquer outra pessoa nessa vida. E pisar numa clínica, desde a minha alta que não faz muito tempo, fez meu estomago embrulhar. Eram só lembranças ruins.

Assim que terminamos os exames, eu fiquei em silencio por longos minutos. Liam percebeu minha mudez enquanto eu folheava uma revista.

— Está nervosa? – Ele retirou a revista de minhas mãos e segurou uma delas e apertou.

— Um pouco – Declarei sentada na sala de espera, aguardando o médico chamar em sua sala para mostrar os exames de sangue. – É isso que você quer? Porque se for o que você quer, é isso que eu quero também.

— É claro que é isso que eu quero. – Ele beijou a minha mão delicadamente. – E quero isso com você e mais ninguém, encher nossa casa de crianças, correndo de um lado para o outro. Vamos montar um time de futebol.

— QUE CONVERSA É ESSA DE TIME DE FUTEBOL? Você perdeu o juízo, está louco? Quer que acabemos dentro de um hospício? E o meu corpo? Eu não vou poder mais dormir, meus seios estarão pior que os peitos da sua mãe. Caídos até o chão. Vou ficar vomitando igual uma compulsiva que sofre bulimia e não farei mais sexo. Estarei igual aquelas mulheres de vestidos remendados com criança no colo enquanto cozinha e um monte de remelentos puxando minha roupa. – Desatei a falar expondo tudo o que eu sentia.

Liam por sua vez apenas caiu na gargalhada e limpou os olhos com uma lagrima que havia saído de seu olho esquerdo. Era um péssimo momento para ele fazer piadinhas.

— Que agressiva. Também não é para tanto. E não fala da minha mãe não. Isso foi grosseiro. E crianças não são remelentas, senhora “Corpo perfeito” e “Eu não tenho paciência com criança”. Eu sei de tudo isso, só falei para ver sua reação. Eu não quero um time de futebol. E não obrigaria você a ter filho comigo se não quiser.

Aquelas palavras me fizeram a se arrepender automaticamente do que havia dito. Não queria magoa-lo. Mas eu estava nervosa. Primeiro por estar ali, fazendo exame. E segundo porque estava com medo do resultado.

— É claro que eu quero um filho com você Liam, para de ser bobo. Mas é só esse. E é verdade, eu não tinha paciência com criança. Mas aprendi a ter com o Ryan. Você sabe que eu já amo aquele arteiro como meu filho e faria qualquer coisa por ele. Mas eu não faço tipo da mulher que fica em casa cuidando de crianças. Eu gosto de sair para me divertir, sair para dançar, jantar, conhecer lugares novos.... Você me conheceu em uma viagem em uma festa.

— Sei disso também. Mas ter uma família e ficar mais caseira não vai te impedir de fazer isso. Ainda faremos tudo isso, só que com um limite. Mas pode deixar, futura senhora Scott. Vou domestica-la. – Liam segurou meu rosto entre as mãos dele e ameaçou morder meu nariz abrindo e fechando as mandíbulas cerrando os dentes.

Eu ri com a situação.  Eu realmente já estava domesticada e domável.

Quando estávamos abraçadinhos e minha cabeça descansando no ombro dele, um assistente nos chamou para dizer que os resultados haviam saído. E levantamos caminhando para a sala do médico. Assim que nos sentamos nas cadeiras de frente para ele, ele abriu os exames e apenas balançou a cabeça.

Liam olhou para mim e apertou uma de minhas mãos sorrindo e me encorajando. Minha mão estava igual gelo, e eu sentei tão dura na cadeira e tão imóvel, que quem me olhasse naquele momento, pensaria que eu estava passando mal.

E de fato eu estava começando a passar mal. E ansiosa para saber o que os resultados me diriam.

E se eu não estivesse grávida? E se o que eu estava sentindo era alguma doença relacionada ao meu último acidente? E se eu tinha pouco tempo de vida?

Um filme e um sentimento de apavoramento tomou conta de mim. E se tudo não passou de um estresse?

— Então doutor? – Liam perguntou e eu pude perceber o olho esquerdo dele tremer. Meu coração estava chegando na minha garganta.

O médico balançou a cabeça novamente e olhou diretamente em meus olhos como se gostasse de me torturar.

— Parabéns senhora Montagner e senhor Scott. A senhora está grávida.


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Notas finais do capítulo

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