Paulina...

Segurei o telefone por alguns segundos antes de responder.

– Oi – respondi incerta.

– Paola... que saudades. Você não me retornou mais. Achei que tivesse acontecido alguma coisa com você.

É. Aconteceram sim, várias coisas. Mas boas. Encontrei um homem que era louco por mim, que me correspondia em todas as expectativas, tanto dentro e fora da cama. E eu nunca me senti mais feliz assim do que quando estava com o seu futuro maridinho.

Eu estava tão bem que não tive tempo para pensar um minuto sequer nos Bracho. E que estava devendo uma resposta para a Paulina. Fiquei de retornar a ligação para confirmar minha presença no casamento e me esqueci por completo.

– Não aconteceu nada, irmãzinha. Eu estou bem e viva, como você pôde perceber.

– Poxa Paola, não me preocupe assim. Eu fico com medo quando não tenho resposta sua. – sua voz era de preocupação de verdade, mas só me entediou.

– Paulina, para de ser neurótica. Não vou morrer de uma hora pra outra assim. Se não liguei antes é porque estava ocupada. – dei uma pausa esperando q ela falasse mais alguma coisa, mas nada veio – Bom... qual foi o motivo da sua ligação?

– Liguei para saber sua resposta quanto ao casamento. Quero saber se você vai poder vir. Pra mim seria muito importante sua presença. Você sabe disso Paola.

Ela não iria largar do meu pé até que minha resposta se transformasse em sim. Não estava nenhum pouco empolgada para esse casamento, por outro lado seria muito divertido ver os Bracho e provocar um pouquinho no casamento e ver a cara do Carlinhos e da Lizete ao me ver junto com a nova mãezinha.

Talvez fosse divertido. Ainda tem o Liam, ele não sabe de nada e uma hora ele terá que saber da verdade.

– Tudo bem Paulina, eu vou ao casamento. Se é assim que você quer.

– Jura Paola? Você não sabe como me deixa feliz e aliviada. Saber que você estará em meu casamento me mostra que não está brava comigo e nem com os Bracho. Pois eu estava preocupada que estivesse rancorosa. Obrigada Paola. Te espero na próxima semana, irmã.

Eu coloquei o telefone no gancho antes mesmo de dizer tchau. Ela já sabia a resposta e eu não precisava mais ouvir o quanto ela estava feliz com a minha presença.

Eu queria gostar da Paulina, de verdade. Ela esteve ao meu lado mesmo depois das barbaridades que fiz com ela. Mas ainda assim eu tinha dificuldade para sentir alguma coisa. Eu ia aprender a ter esse tipo de sentimento. Pois ela não tinha nada a ver com minhas más escolhas e ações.

Se ela estava com o meu ex marido foram consequências dos meus atos que me levaram a isso. Eu já estava com o Liam e só isso importava. Minha nova vida

[...]

Esperei a tarde toda pelo Liam, eu estava meio que estressada pela ligação da Paulina, e minha cabeça estava a mil por hora, eu não sabia como iria lidar com tudo. Eu teria que que contar que eu tinha uma irmã gêmea no México, que ela estava casando com meu ex marido e estava convidada para o casamento.

Ryan que havia escutado toda a conversa ficou me perguntando o que era casamento e eu tive que explicar o que era essa cerimonia, não demorou muito para começar a saltitar pela casa gritando que iria em um casamento.

Não estava nos meus planos leva-los juntos. Não estava certa se era prudente. Fiquei aliviada quando ouvi o barulho do carro do Liam estacionando em frente a porta de casa. Assim que escuto a porta abrir eu pego o Ryan no colo e desço para cumprimenta-lo.

– Boa noite família. Tudo bem por aqui? – do topo da escada posso ver a cabeça do Liam procurando por nós dois.

– PAPAI...PAPAI. NÓS VAMOS A UM CASAMENTO. - Ryan grita do meu colo e Liam olha pra cima.

– Hey garotão. Do que você está falando?

Eu desço com cuidado degrau por degrau e dou um beijo no meu homem, passando o Ryan para o colo dele.

– Então, como foi o trabalho? – pergunto, mas sem real interesse.

– Cansativo – ele beija o filho – Mas quando chego em casa não quero falar sobre trabalho, quero falar sobre coisas legais, né amigão?

– Papai, eu vou num casamento. – Ryan junta as mãozinhas com os olhos brilhando de felicidade.

– Mas que casamento, filhão? – ele pergunta todo curioso e eu mordo o meu lábio.

– O da tia Paola. – Assim que o Ryan fala que o casamento era meu, eu viro imediatamente a cabeça na direção dos dois e arregalo meus olhos. Mas mal posso me explicar.

– Que casamento é esse Paola? – Liam pergunta desconfiado.

Eu suspiro longamente, pois teria que dizer a verdade. Minha vontade era que o Liam nunca soubesse da minha outra vida. Eu queria refazer meu presente deixando tudo pra trás.

– Amor, nós teremos que conversar. – eu o olho e ele já parece mais sério e preocupado também.

– Que casamento é esse, Paola? – sua voz parecia ter subido.

– O casamento da minha irmã gêmea. Eu estou indo para o México na semana que vem.

– Eu vou junto papai, pra conhecer a tia Paulina. – Ryan é o único empolgado e interessado nisso tudo.

– Porque não me disse antes, querida?

– Não importa. Só estou avisando a você que terei que fazer uma viagem. Só isso. – queria entrar em detalhe menos possível.

Liam se aproximou de mim ainda com o filho no colo e me olhou.

– Quem disse que você vai sozinha? Eu vou com você. Até parece que iria deixar você ir desacompanhada. E assim eu conheço sua família também.

Essa era a resposta que eu temia.

– Não meu amor, você tem seus negócios. Não pode largar assim. E o Ryan tem escola. Né amorzinho? – olhei para o projeto de gente sorrindo e volto a encarar o Liam – eu vou sozinha e depois volto no dia seguinte.

– De jeito nenhum. Olha, eu tenho tudo sob controle. A empresa está ótima e tem pessoas que confio para tomar conta dela. E não tem problema do Ryan faltar uns 3 dias. É a sua família e me alegraria muito poder conhece-los.

E você não sabe como isso me entristece.

– Papai, a tia Paola tem uma irmã gêmea...GÊMEA.

Liam olha pra mim surpreso. Parece que meu namorado era surdo, pois já havia falado segundos antes que era casamento da minha irmã gêmea e ele não prestou atenção.

– Então quer dizer que tem duas de você? Isso fica cada vez melhor. – não. Isso piora cada vez mais.

– Mas o que é gêmea? – Ryan com toda aquela doçura e curiosidade é o único que me faz sorrir em meio aquilo tudo.

– Gêmea ou gêmeo meu amor, são irmãos que dividem a barriga da mamãe e são iguais. E tem o rosto idêntico. Os dois.

Quando termino de explicar seu rosto se encanta e ele olha pro pai extasiado.

– Eu quero um irmão gêmeo.

Liam e eu caímos na gargalhada.

– Agora não dá filho, pra isso você teria que estar na barriga de novo com um irmãozinho com você. – Liam aperta o narizinho do Ryan que está com uma carranca.

– Não é justo. Eu queria.

– Você pode ter um irmão. Essa ideia é boa filhote. O que acha? – Liam pisca pra mim e quem fecha o rosto em uma carranca sou eu.

Ryan olha para o pai e depois pra mim e sua cara não é das melhores. Liam deixou o menino ainda mais irritado.

– NÃO! – ele esperneia no colo fazendo o pai deixa-lo no chão para sair correndo indignado.

– Ele é muito tinhoso. – Liam olha para o corredor por onde o filho desapareceu

– Quando olho pra ele eu acabo me vendo – eu digo – Quando criança eu era muito mimada, sempre queria as coisas na hora e do meu jeito, se me contrariavam eu ficava irritada por longos dias e fazia greve de fome para meus pais. Até conseguir o que queria.

– Então acho que sei pra quem ele puxou.

– Quem sabe ele tenha saído de mim, não é? – eu brinco me aproximando para beija-lo.

– Hmmm. Tem algo que eu sei que vai entrar e sair de você logo mais. – sua voz saiu maliciosa.

Gostei de ouvir aquilo. E me deixou excitada. Eu precisava esquecer o casamento, e nos braços do homem que eu amo parecia uma boa fuga dos pensamentos.

Eu já estava pronta para me jogar naqueles braços, porém uma barreira estava nos separando, uma coisinha impedia nosso contato.

– Tia Paola é MINHA! E eu vou dormir com vocês. – O pestinha que eu estava aprendendo a gostar, estava me fazendo cair em contradição com o meu sentimento atual por ele. E eu não tinha gostado nada de escutar aquilo.

Liam olhou para o filho levantando a sobrancelha.

– E você divide a Tia Paola comigo essa noite filho?

– Não – Ryan agarra nas minhas pernas e não solta por nada. – Minha, minha, minha e minha. Ele olha pra cima e erguendo os braços para que o carregasse.

GRRR.

Eu estava dividida entre querer odiá-lo e entre acha-lo lindo. Por mais que tivesse impaciência com criança, eu gostava de uma somente em especial. Ryan Meu Pestinha Scott.

Tá certo que ele ser a cópia do rosto do pai ajudava na conquista. Porém eu passei a ter uma ligação com aquele danado.

– Achei que fosse exclusivamente minha, porém me tomaram. – Liam fingia a cara indignada, mas estava se divertindo e gostando que o Ryan tenha aprendido a gostar de mim.

Eu colo o rosto ao rosto do meu novo filho e o beijo.

– Agora sou dele papai. – eu pisco para o meu homem a frente.