Estava escuro lá fora, a lua estava escondida por entre as nuvens, a brisa sacudia, levemente, as folhas das árvores, as luzes dos postes eram de grande ajuda, sem elas, a rua estaria um breu. Podia-se ver a luz amarela que saia de uma casa por entre o fino tecido das cortinas e o vidro da janela. Lá dentro, uma garota caminhava, atravessando a sala com um copo com café nas mãos, ela parou e se ajoelhou diante da poltrona onde a mulher de cabelos escuros estava sentada, sua expressão era de susto, choque.

– Como está se sentindo? - perguntou a jovem menina docemente, seu semblante expondo sua preocupação com a mulher a sua frente, ela lutou contra o desejo de a abraçar.

Allex viu a mulher aceitar o copo de café, mas se mantinha quieta e silenciosa.

– Ela está bem?

Allexandra virou e viu sua irmã encostada na parede perto do corredor, os braços cruzados no peito, ela percebeu uma ponta de preocupação na expressão da outra garota. Ruby não era alguém que gostava de demonstrar emoções e menos ainda de ser lida, Allexandra a conhecia bem para saber disso, então, a menina dos olhos azuis virou para a mulher adulta e fitou o chão, suspirando resignada.

– Eu não sei. - disse.

Ruby suspirou, sentindo uma ponta de culpa. Ela devia ter imaginado, devia ter pensado bem antes de dizer qualquer coisa.

– Devemos chamar um médico? - tentou a menina dos olhos escuros.

Allex olhou para a irmã, então para o chão, pensativa. Após um tempo, ela levantou e começou a andar pela sala de estar, procurando algo, Ruby a estudava confusa e curiosa, até ver a irmã pegar o celular da mulher sobre o móvel do abajur.

– Para quem está ligando? - perguntou a gêmea enquanto via a outra levar o celular ao ouvido.

– Alô?– uma voz masculina disse de um lado da linha.

– Oi, você é o Wilson, certo? - disse Alex.

– Quem está falando?

– Mr. Wilson, eu preciso da sua ajuda, estou com o celular da Dra. Cuddy e... Bom, ela não me parece muito bem, poderia dar uma olhada nela?... Por favor...?

Houve um momento de silêncio, Allex olhou para Ruby, seu olhar tinha agonia e medo, enquanto a outra assistia a irmã no telefone com ar de expectativa e surpresa.

Allex ouviu um suspiro.

– Eu já estou indo para aí.

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A luz passou uma vez, depois outra. Rapidamente.

– O cérebro está bem. - disse Wilson.

Allexandra deixou o copo com água sobre o móvel ao lado da poltrona, seu olhar cuidadoso e curioso pousado sobre Cuddy e Wilson.

– Ela vai ficar bem? - perguntou a menina.

– Vai. - ele disse, virando para ver a garota, ela segurava uma mão com a outra, ansiosa, temerosa, assustada. - Ela só está um pouco assustada.

Wilson virou para a amiga e chefa.

– Cuddy... - ele chamou.

O olhar da morena era vazio e fixo, ela mal piscava.

– Cuddy. - ele tentou outra vez.

Ela piscou, tomou uma respiração funda, então se mexeu, seu olhar parecendo ter voltado, ela encarou Wilson.

– Ela voltou. - disse o oncologista. - Cuddy, como se sente?

Ela abriu e fechou a boca, levando um pouco mais de força na segunda ação, apertando os olhos também, como se acordasse de um longo sono.

– Eu... Não tenho certeza, mas acho que estou bem. - disse ela.

A endocrinologista viu dois pares de olhos espiando por sobre o ombro de Wilson, esse virou para ver o que ela via, depois a fitou.

– Allexandra me ligou, estavam preocupadas com você. - disse James.

Lisa fitou as duas meninas.

Wilson levantou e sentou no sofá, inclinado para frente, mãos unidas.

– Agora eu vou ter que perguntar: Como se conhecem? - questionou ele.

As gêmeas trocaram olhares com Cuddy, então fitaram Wilson, voltando para Cuddy.

Allexandra tinha uma engraçada expressão de quase pânico.

– É... - ela começou. - Bom... Ah... Nós...

Wilson encarou a menina, esperando.

– Nós somos Ruby e Allexandra, temos 16 anos, gêmeas bivitelinas, fomos deixadas na porta da nossa “mãe” adotiva quando tinhámos três meses. - falou Ruby desencostando da parede e andando para perto da irmã, onde parou.

– E estão aqui porque...? - disse Wilson.

– Nós pesquisamos no banco de dados da cidade, no do hospital e encontramos uma “match”. Ao que tudo indica, Cuddy é a nossa mãe. - ela disse.

Wilson parou, teve um momento de choque e virou para Cuddy, essa olhava para as gêmeas, aparentemente, processando a informação. Ela, então, levantou, caminhou até as duas meninas e as abraçou. As gêmeas foram pegas de surpresa. Allexandra abraçou de volta, Ruby hesitou, no entanto, mesmo surpresa, abraçou de volta, ainda um pouco resistente.

Cuddy as soltou.

– Desculpe a Ruby, não estamos acostumadas com... Bom, sermos queridas e nem com boas notícias. - disse Allexandra.

A gêmea de olhos castanhos fitou o chão.

– Eu sinto muito pelo que passaram, meninas, mas, agora, é passado. - Cuddy disse. - Estão em casa agora.

As gêmeas fitaram Lisa e sorriram.

Wilson sorriu, levantou e foi até elas, ele tinha uma mão na cintura.

– Não tivemos a chance de uma boa apresentação, eu sou o Dr. James Wilson, amigo da sua mãe, eu trabalho no... - ele foi interrompido por Ruby.

– Hospital Escola Princeton Plainsboro. Eu tirei um tempo para estudar melhor o hospital e a nossa reitora aqui.

– Podemos chamar de tio Jimmy? - perguntou Allexandra com um sorriso esperançoso.

Ruby sorriu largamente com a ideia da irmã.

– Bom, uh... É, podem. - ele disse e a gêmea dos olhos claros o abraçou rapidamente.