Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 10
Apenas palavras...


Notas iniciais do capítulo

Oie pessoal eu sei que demorei muito pra atualizar desculpe tava impossivel inspiração. Então pra compensar toda a minha demora decidi atualizar dois capitulos seguidos longos pra alegrar o povo ai. E por favor não desistam da fic, eu posso demorar mas nunca desistir das minhas fics. Ah, sobre esse capitulo decidi pegar uns trechos do cap anterior pra ajudar a recapitular. Espero que vcs curtam e desculpe algum eventual erro. Vamus ao capitulo!!!



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Anteriormente...

Eu rocei meus lábios nos seus, meio tímida e cautelosa, mas no instante em que lhe toquei qualquer vestígio de hesitação ou razão desapareceram e meus lábios ganharam vida própria voraz e ousado. Logo, senti ele me corresponder com a mesma intensidade, quando nossos olhos se encontraram eu vi o desejo queimar dentro de suas orbitas azuis. De repente não eram mais apenas nossos lábios se chocando desesperados, mas também nossos corpos...

"Não, isso é errado!" Damon murmurou e quando seus olhos se voltaram pra mim eu vi arrependimento, mas eu ainda não estava disposta a deixa-lo sair assim.

"Não fuja de mim. Eu sei que você me quer." Eu disse correndo em sua frente o impedindo de me abandonar neste quarto sozinha. "Não faça isso, Damon." Eu disse tocando em seu peito, onde ficava seu coração.

"Não faça mais isso. Eu amo Elena. Sempre vou amar. Sempre será Elena. Sempre será Elena..." E sua face agora se tornara selvagem, como de um predador e seu sorriso era cheio de escárnio.

"Para!" Acordei gritando, suando e com o coração a mil.

"Uh, parece que alguém teve um pesadelo?" E na beirada da cama estava Kai com seu sorriso sádico. "Pobre Bonnie, está apaixonada pelo vampiro que nunca irá te amar. Sempre será Elena!"

"Eu posso curar essa dor. Deixe-me entrar!" E sua voz era tão sedutora quanto perigosa me atraindo a ele...

"Pelo menos sua energia gasta com Kai é melhor do que ficar cultivando um amor não correspondido."

"O quê? Você está louca, Lucy."

"Sim Bonnie. Você fez a pior coisa que uma Bennett poderia fazer. Seu maior inimigo não é Kai. Seu maior inimigo será esse amor." Suas palavras agora iriam ficar me perturbando a mente.

*** ***

Capítulo 10 – Apenas palavras...

Damon

Agora eu consigo perceber certas coisas que todo o meu lado vampiro e impulsivo não me deixavam ver. Agora eu percebo o que realmente é essencial na minha vida. Eu vivenciei muitas perdas até aqui, mas o que era vital pra mim eu consegui resgatar. Isso se referia a Stefan, Elena e até meu parceiro Ric, pessoas fundamentais em toda a minha jornada, seja no meu momento mais obscuro ou no meu melhor momento mais suave ou tranquilo, embora isso possa parecer tão fora de mim, ou contraditório. Porém, havia mais um alguém tão fundamental em minha vida que eu não podia deixar ir.

Bonnie Bennett se tornou um alguém muito especial e vê-la ferida ou com aquele olhar nublado de lágrimas me destruíam por dentro, reabrindo velhas memórias tortuosas que deveriam ser pra sempre esquecidas.

"Abby, também não quis ser vampiro. Ela provavelmente não iria concluir a transição, mas Damon estava lá. Damon fez essa escolha por ela. Então, porque Damon, o cara que gosta de bancar o herói. Que sempre está pronto pra tomar medidas extremas. Tenho certeza que Damon daria uma ajudinha em Liz nisso." Suas palavras eram afiadas com puro ressentimento trazendo a tona coisas que eu pensei que nós já havíamos superado no passado.

Eu, o vampiro de mais de 100 anos, me sentia encurralado pelo olhar frio daquela pequena bruxinha.

"Você está ainda com raiva de mim para o que aconteceu com Abby. Deixe-me pedir desculpas. Sinto muito que Elijah nos obrigou a transformar a sua mãe em um vampiro para salvar a vida de Elena. Eu não tinha exatamente uma escolha." Eu havia dito anos atrás muito convicto da minha escolha, certo de que eu havia feito o que tinha que ser feito sem se importar com as consequências.

"Há sempre uma escolha. Sempre que você faz um alguém sofre." Bonnie disse uma vez cheio de amargura.

Eu nunca esqueci da sua voz afiada e ela tinha razão. Porém, o que Bonnie não imaginava é que as minhas escolhas não foram apenas motivadas por Elena, eu também fiz para evitar que Stefan assumisse uma responsabilidade que eu sabia que iria lhe remoer por dentro, uma culpa desnecessária para meu irmão que carregava nas costas muitos sangue e morte, sobretudo, durante sua fase de estripador. Mortes que faziam muita diferença pra ele, mas que pra mim apenas era mais uma no meio da minha lista de imprudências e assassinatos violentos. Mais um não faria diferença.

Mas, a verdade é que além de Elena e Stefan, eu também tinha assumidos os riscos de transformar Abby em vampira pensando na bruxinha irritante. Lá no fundo eu sabia que Bonnie era teimosa demais, que ela não iria cumprir a transição, pois pra ela ser bruxa era tudo em sua vida assim como Elena e todos os seus amigos. Se eu fizesse isso tanto Elena iria me odiar pra sempre, como também, iria ser tão indigno sabendo que aquela jovem bruxa altruísta e teimosa era a ultima de sua linhagem e um alguém especial que merecia muito mais na sua vida. Um alguém que eu havia cultivado um respeito e admiração enorme, muita antes do mundo prisão.

Mesmo quando eu ainda era aquele Damon digno de repudia por ela, eu ainda fui leal a Bonnie, mesmo de uma forma distorcida eu tentei fazer a coisa certa. Eu pensei que todo o ódio que dividíamos um pelo outro no passado já havia sido enterrado após sobreviver ao mundo prisão. Eu acreditei cegamente que nós agora éramos amigos e isso era tudo o que importava que tudo seria mais fácil entre nós. Mas, lembrar-se das suas palavras amarguradas me fez perceber o quanto eu estava enganado.

Foi naquele momento diante daquele olhar feroz, que eu percebi o quanto feri-la era como ferir a mim mesmo. Sempre havia sido assim, todas as vezes que eu a feri seja com palavras ou até ataques físicos, em algum momento dentro de mim algo se rompia me fazendo mais fraco.

Pela primeira vez eu vi Bonnie Bennett no seu momento mais vulnerável diante de todos naquele quarto. Desde que ela havia voltado pra casa eu sentia que algo havia mudado, mas por estupidez eu, talvez, fingi não ver o que estava diante dos meus olhos. Suas mudanças não eram apenas emocionais, mas eu também podia sentir uma magia diferente, obscura criando raízes, o que me fez lembrar da época em que ela praticava Expressão.

Quando fomos deixados naquele dormitório sozinhos, sem as lamentações de Carol e sem Elena, eu vi Bonnie quebrar diante de mim. Eu toco suavemente em sua face enxugando cada pequena gota de lágrima que se atrevia a cair dos seus olhos expressivos e, por um instante, eu fiquei preso em suas íris cor de jade.

Bom, pelo menos era Eu que estava lá agora pra lhe enxugar suas lágrimas, pra puxa-la em meus braços e sussurrar que tudo iria ficar bem mesmo que isso parecesse tão fora de mim. O que importava naquele instante era mantê-la segura em meus braços tentando mostrar que eu sempre estaria ali com ela, não importa o que acontecesse. Fiz naquele simples abraço uma espécie de um pedido de perdão por todas as burradas que eu fiz contra ela no passado. Bonnie estava exausta e necessitava de alguém que pudesse estar ali apenas pra cuidar dela e eu queria ser esse alguém.

Eu a peguei em meus braços e a coloquei em sua cama, retirei seus sapatos e puxei uma coberta sobre ela. Ela precisava descansar um pouco e recarregar sua energia. Não haveria nada melhor do que dormir. Eu ainda toquei sua face com cuidado antes de me preparar pra sair, mesmo que no fundo eu queria ficar ali com ela cuidando do seu sono, como eu fazia no mundo prisão.

Acabei interrompido por sua voz meio rouca e seu olhar suplicante.

"Apenas, fique comigo!" Eu me senti encurralado pelos nossos olhares e sem hesitar decidi ficar e imprudentemente se juntar a ela em sua cama. Ela se aconchegou a mim, pousando sua cabeça sobre meu peito, senti seu pequeno corpo se encaixar ao meu e parecer relaxar.

Logo, o quarto caiu num silencio sereno e confortável, enquanto Bonnie adormeceu trancada em meus braços. Naquele momento eu me esqueci de todos os nossos problemas. Era como se estivéssemos de volta ao meu inferno particular.

Meu inferno particular ao qual, às vezes, eu sentia falta. Falta desses momentos mais íntimos onde tudo fluía naturalmente entre a gente, mesmo que isso parecesse não combinar comigo. Lá no fundo eu sentia falta de ter Bonnie só pra mim nem que fosse pra brigarmos o tempo todo. Porque lá os quatro meses haviam sido os mais calmos e até divertidos que eu tenha vivido ao longo da minha imortalidade. Contudo, avaliando nossa situação e tudo o que ocorreu com nosso retorno, parece que estar preso no Mundo Prisão era melhor do que estar aqui preso com tantas mudanças e escolhas diferentes que foram feitas na nossa ausência, a qual estava tendo que nos adaptar. No mundo prisão era mais simples do que confrontar diariamente essa realidade aqui cheia de questões complicadas ou até mal resolvidas.

"Damon!" Ela sussurra algumas vezes meu nome enquanto seu corpo se aconchega mais ao meu. Sinto seus lábios macios tocarem meu pescoço, fazendo meu corpo reagir de forma inesperada. Por um instante me senti confuso comigo mesmo, porque era na verdade a primeira vez que estávamos tão próximos assim, muito mais íntimos do que já estivemos mesmo na prisão de 94. Aqui ao menos ela estava consciente de me pedir pra ficar. No meu inferno particular isso só aconteceria casualmente enquanto assistíamos pela milésima vez 'O Guarda Costa' deitados lado a lado sobre o carpete da sala, uma mania que aprendi com Bonnie e, quando, ela acabava adormecendo em algum momento ela sempre acabaria encostando sua cabeça no meu ombro me obrigando a fica sem saída.

Nas primeiras vezes, eu me sentia irritado com a sua proximidade, mas no fim não importava se eu estava irritado com ela, pois ela estava inconsciente sem noção do que estava fazendo e no fim eu sempre acabaria tendo que pega-la em meus braços e leva-la até um dos quartos e ali eu comecei a ser o seu vigilante, sempre guardando o seu sono. Bom, talvez, a ideia de Guardião dos sonhos de Bonnie já havia começado naquele dia em que ela sumiu e ficou desaparecia por um dia inteiro na floresta. Foi naquele dia vendo ela ferida e sozinha, tão frágil que alguma coisa havia me feito despertar e tudo começou ali, essa necessidade de estar mais perto até mesmo lhe vigiando enquanto dormia.

Ver Bonnie dormir também era uma terapia pra mim, uma forma de me senti em paz. E era assim que me sentia aqui com ela emaranhada em meus braços. Podendo observar mais intimamente seu momento de serenidade enquanto dorme, ou podendo prestar atenção aos pequenos detalhes dela, sentindo seu sangue fluir por cada canto daquele pequeno corpo, sentir a sua vida pulsar dentro dela a cada batida de seu coração, ou a cada sopro de respiração calma ou agitada. Ou ainda sentindo seu cheiro de jasmim e morangos e a maciez da sua pele negra marrom chocolate que eu tanto amava.

Amava?! Questionei os meus próprios pensamentos, assustado com o que eu havia desvendado sobre minha mente conturbada.

"Damon..." Fiquei rígido ao ouvir seu murmúrio chamando por mim. Meus olhos se fixaram em sua face de traços expressivos e suaves enquanto seu corpo se remexia ousadamente em meus braços e foi então que inconscientemente de seus lábios carnudos saíram às palavras que iriam me atormentar me deixando completamente desconcertado. "Eu te amo." E as palavras se perderam no ar me tirando o folego.

Eu saltei da cama decidido que era hora de ir embora. Eu não pertencia ali. Eu não podia estar com ela. Eu tinha que voltar pra minha Elena.

Toda aquela intimidade foi um erro! Meus olhos ainda se fixaram na jovem bruxa que se remexeu na cama e continuou murmurando coisas desconexas enquanto minha mente tentava processar ainda aquelas três simples palavras.

"Eu te amo!" Aquilo continuou latejando em minha mente sem parar.

Ao tentar escapar dali acabei quase pisando num porta retrato no chão, nele estava uma foto de Bonnie e Elena sorrindo, como duas melhores amigas. E aquilo me causou um ardor por dentro, uma sensação de náusea.

Antes de sair depositei cuidadosamente aquele porta-retratos em seu devido lugar e decidi deixar um bilhete simples sobre o cômodo ao lado da cama, apenas pra justificar a minha saída repentina e covarde. Dei um último olhar a jovem bruxinha antes sair desesperadamente daquele quarto que havia me deixado um rastro de incerteza, medo e muita confusão em minha mente.

Eu precisava voltar para os braços de Elena. Só assim eu sabia que tudo iria ficar bem. Entretanto, eu estava completamente enganado...

~~~/ /~~~

Eu estou irado, frustrado e cheio de pensamentos e sentimentos conflituosos pairando sobre mim. E parte desses sentimentos era culpa de Bonnie Bennett. A bruxa irritante de repente decidiu que iria fugir da cidade, simples assim, sem nenhum aviso e pra me deixar ainda mais maluco, não atendia minhas ligações e nem a de nenhum de seus amigos.

"Aqui é Bonnie Bennett, deixe a sua mensagem!" Minhas mensagens caiam diretos em sua caixa postal.

"Merda! Você deve estar achando isso divertido. Bruxa, tá todo mundo preocupado e... Esquece!" Eu nem sabia o que eu queria dizer exatamente a ela, mas ao menos queria ouvir a sua voz. Saber que ela estava bem, que nós estávamos bem. Mesmo que lá no fundo eu sabia que alguma coisa havia mudado, mas eu preferia a ilusão que nada havia acontecido. Minha mente logo se voltou àquelas palavras ditas por aqueles lábios me pegando completamente desprevenido.

Um Eu Te Amo, dito daqueles lábios que sempre me julgou e dizia me odiar tanto. Um Eu Te Amo dito por Bonnie a bruxa orgulhosa demais, formada de opiniões já pré-formadas sobre mim, sobre um vampiro que a seus olhos era um mostro assassino, manipulador e frio. Quem ela já havia tentado matar uma vez, porque eu era o responsável por tudo de ruim que acontecia a seu redor.

Como nossa relação havia se transformado tanto assim ao ponto dela deixar escapar, mesmo que inconscientemente um... "Eu Te Amo?!" Como aquelas simples três palavras podiam mexer tanto comigo? Talvez, seja porque os únicos que já assumiram os riscos de me amar eram apenas meu irmão e Elena, as duas pessoas que eu mais amava e que eram tudo pra mim. Mas, agora essa pequena bruxinha era um alguém que eu simplesmente sabia já cultivar algo muito forte. Algo que eu queria ainda relutar em admitir pra mim mesmo por orgulho, medo ou covardia.

"Aqui é Bonnie Bennett, deixe a sua mensagem!" Mas uma tentativa inútil direto para caixa postal.

"Eu vou ter que me contentar apenas com isso, BonBon? Vai ter troco." Eu disse irado.

Tudo bem, talvez eu estivesse sendo muito egoísta e hipócrita, afinal, Bonnie desde que retornou não teve um momento de sossego e parte disso era culpa nossa que havia a pressionado demais, colocando nossos interesses acima do bem estar de Bonnie.

Foi Abby quem me deu reais noticiais sobre sua filha. De imediato saber que Bonnie não tinha fugido e que estava bem, me acalmou temporariamente. Porém, isso não aplacou o medo terrível que estava crescendo dentro de mim, de que Bonnie não quisesse retornar pra casa.

Fui retirado dos meus devaneios por meu querido irmão chato.

"Pare com isso Damon, preciso de você sóbrio pra ficar com Liz." Stefan diz me repreendendo. Eu já estava no meu... sei lá... vigésimo copo de Bourbon. Mas a verdade que eu não me importava eu era um vampiro e meu organismo aguentava mais uma rodada de uísque sem problema. "Preciso saber se você..."

"Não se preocupe irmãozinho, vou cuidar muito bem de Liz." Disse interrompendo os sermões de Stef. "Como já tenho cuidado dela com vocês ou sem vocês." Eu iria cuidar de Liz enquanto Caroline e meu irmão arrumavam a casa de campo dos Forbes para que Liz pudesse terminar seus dias em plena calmaria longe de toda essa tumultuada cidade.

"Tudo bem eu confio em você. Eu e Caroline vamos fazer isso o mais rápido possível. E espero que tudo de certo. Eu acho." Eu vislumbrei seu olhar inquieto e aflito. Algo que poderia ser refletido em qualquer um de nós que sabia que a partida de Liz era inevitável.

Eu já tive que lidar com diferentes perdas na minha vida e agora estava prestes a lidar com mais uma. Liz estava há alguns passos de partir, uma partida sem volta.

Confesso depois de tantos anos de imortalidade, sendo uma criatura sombria, movido a egoísmo e fúria, eu cheguei num ponto onde Damon Salvatore estava cada vez mais sendo controlado por sentimentos humanos. Sentimentos que há anos não sentia e isso me assustava tanto que chegava a ser até perturbador.

A morte era a única coisa certa na vida de um humano, entretanto, no meu mundo sobrenatural havia formas de trapaceá-lo. Eu trapaceei e estou aqui sobrevivendo como um vampiro, embora lá no fundo, eu sei que nunca realmente desejei uma vida de imortalidade. E se no passado aquele Damon humano pudesse ter feito a sua própria escolha, assim como Liz, eu teria optado por uma morte humana com suas dores, agonias e incertezas do 'Além da vida.' E pensar sobre isso me fazia lembrar de Abby Bennett e da escolha que eu tirei dela quando a transformei em vampira.

E novamente eu voltei a encruzilhada de me sentir culpado e ao mesmo tempo com raiva de mim mesmo e também daquela bruxa orgulhosa e irritante que havia fugido pra longe de mim, justamente agora que nós precisávamos da sua força e fé inabalável.

A quem eu queria enganar?! Era eu que na verdade necessitava dela, ou ao menos da sua presença por perto, isso estava me deixando completamente perdido.

"Droga!" Eu rugi em frustração apertando com raiva o copo de Bourbon em minha mão sem perceber que Stefan estava ali me observando atentamente.

"Ei Damon, o que você tem?"

"Eu estou bem, agora é melhor você ir antes que a Barbie perca a cabeça." Eu digo tentando me livrar dos questionamentos de Stefan.

"Tudo bem, já vou indo. Se cuida." Ele disse me dando um tapinha camarada no ombro. Nesse mesmo instante, meu celular toca e, por um instante, fico na expectativa de ser Bonnie, porém era uma Elena muito preocupada com Ric.

Ric era mais um dos nossos problemas, ao contrário de mim que podia me afogar em Bourbon por horas e ainda permanecer sóbrio, Ric era um mero humano que estava se afundando em bebidas, tentando superar a perda de sua amada.

E aqui estava eu tentando bancar o cara responsável, tentando ser o que todos esperam de mim. O cara legal tentando ser o amigo leal e paciente, o bom irmão mais velho e o namorado fiel e correto. Mas, às vezes, só às vezes eu queria ser o meu antigo eu. Sem o menor controle de nada, apenas vivendo adoidado. Afinal, eu não me encaixo no papel de herói.

~~~/ /~~~

Apesar das minhas frustrações e preocupações o dia seguinte havia sido tranquilo em Mystic Falls, o domingo amanheceu ensolarado e quente. Um bom dia pra se passar com a família o que não era bem o nosso caso, já que a turma de Mystic Falls não estava completa. Bonnie estava segura com a mãe e Lucy, certamente curtindo um momento tranquilo em família, Stefan e a Barbie ainda estavam foram da cidade. Enquanto isso Elena, Tyler e os irmãos metralhas (que agora pareciam fazer parte do grupo), Ric e até mesmo Matt haviam passado o tempo ao lado de Liz tentando fazer ela se sentir confortável, mesmo sem a filha por perto. Também tivemos um almoço calmo, embora a minha mente estivesse bem distante daqui. Ainda preso naquele quarto e naquelas palavras. Entretanto, eu precisava me desconectar desses pensamentos e me voltar ao aqui e agora, ao lado de Elena que hoje estava mais linda.

"Você está tão sexy, senhor Salvatore." Elena me sussurrou ao pé do ouvido. Nos dois se encontrávamos na cozinha da mansão.

"Sexy é o meu sobrenome." Eu disse sorrindo malicioso a puxando para os meus braços esquecendo que não estávamos completamente sozinhos. Mas só por um momento eu necessitava dela ali pra me fazer esquecer de tudo. Nossos lábios se chocaram atrevidos, ficamos ali presos nos braços um do outro antes de retornarmos ao grupo.

E assim, passamos a tarde tentando agir o mais normal possível até com algumas picuinhas idiotas entre eu e Matt, ou até entre eu e Ric que segundo Liz nós dois parecíamos dois velhos ranzinza brigando por causa do Bourbon. Pelo menos isso a divertia e também me fazia esquecer dos meus próprios dilemas complicados.

Ao final da tarde, eu levei Liz pra casa e continuei com ela revivendo velhas memórias da vida dela ao lado da filha. Liz estava muito nostálgica contando pequenas coisas sobre seu passado e curiosidades sobre Caroline que eu me vi achando engraçado e ao mesmo tempo achando bonito e triste, porque olhar pra Liz falando com tanto carinho sobre sua vida sem viver em arrependimentos e falando com tanto orgulho de si mesma e da filha, me fazia reabrir velhas feridas sobre mim mesmo. Sobre uma vida que eu perdi precocemente ao lado da minha mãe. Minha mãe que havia ido embora sem uma despedida decente.

E de repente parecia que essa memória ainda estava tão viva dentro de mim, tão real, que parecia que sempre esteve aqui comigo, quando na verdade há muito tempo estava esquecida, praticamente enterrado ao lado da minha mãe e daquele menino de 6 anos cheio de sonhos, sorrisos angelicais e de muito amor. Eu me perdi em minhas próprias lembranças vividos com Christine, por um instante era como se eu pudesse ver a minha mãe diante de mim tão linda, doce, sempre com aquele sorriso amável e com seu abraço que era o meu refúgio.

Meus devaneios foram interrompidos pelos sons de soluços incessantes. Liz estava chorando desolada. Eu a peguei carinhosamente em meus braços sentindo seu corpo tremer e a levei até seu quarto, me sentei ao lado da cama enquanto ela se recompunha ao poucos. Deixei ela desabafasse todas suas aflições sobre a sua partida e como ficaria Caroline após sua morte.

"Diga a Caroline que eu a amo muito. Que ela é a maior dadiva que Deus poderia ter me dado." Ela disse num fio de voz, antes de perder completamente a consciência.

Bonnie

Ter passado o fim de semana em família tinha sido muito bom, era quase como se eu pudesse me sentir normal como há muito tempo não sentia. Lucy e Abby me contaram algumas curiosidades sobre as bruxas de Salem ao qual descendemos. Abby também falou sobre o Clã Gemini, a qual eu descobri que Sheila tinha uma amizade de longa data com os Parkers, algo que me deixou tensa e achando completamente sem sentido. Afinal, aquele Clã tinha uma idealização sobre a bruxaria e sua linhagem de uma forma que, para mim, era insana e doentia. Não conseguia visualizar Sheila Bennett envolvida com pessoas com ideais e objetivos tão contrários àquilo que aprendi com minha avó.

"Isso é tão louco, sem sentido. Você colocar filhos no mundo sabendo que eles já estão com suas vidas destinadas a uma morte cruel e injusta." Abby disse carrancuda.

"E ainda pior jogar dois irmãos gêmeos pra se confrontarem até que um morra. Tudo por um jogo de poder e controle." Eu disse concordando com suas palavras e ao mesmo tempo, sentindo-me estranha ao pensar em Kai. Kai que nada mais era fruto da própria loucura e sadismo do seu Clã.

"Por outro lado, penso que os Gemini são o único Clã de bruxos bem organizado e ainda unido, já que com o passar dos anos outros Clãs foram completamente extintos. Ou seguiram seus próprios caminhos." Abby disse distraidamente.

Eu também acabei descobrindo que Sheila passou alguns meses em Portland durante a infância de Abby. Era tão assustador e irônico saber que em algum momento Abby e Kai já se cruzaram.

"Então, você conheceu Kai?" Eu disse curiosa enquanto assistia Abby terminar de preparar nosso jantar.

"Bom, não exatamente." Abby disse indiferente. "Eu tinha uns 9 anos na época e acho que ele deveria ser uns dois anos mais velho e eu tinha medo dele, porque todos o chamavam de Aberração."

Aberração! Essa palavra me incomodou sem nem conseguir decifrar o porquê. Talvez, por me lembrar do jeito perturbado como Kai Parker falava sobre sua família e seu Clã. Um nó se formou em minha garganta só de pensar naquele sociopata que eu tanto repudiava, mas que eu estava irrevogavelmente conectado até a morte.

"Mas, me lembro de Josette, nós brincávamos várias vezes, ela era uma das poucas amizades que eu tinha lá. Aquele lugar tinham muitas crianças que eram terríveis comigo, porque eu era a única criança negra ali. Eu odiava aquele lugar." As palavras de Abby me arrepiaram, só de pensar em como seria viver com aquele Clã.

Eu e Abby continuamos a conversar sobre tantas coisas, lembramos da vovó e como ela era uma inspiração pra todas nós e eu pude perceber nos olhares de Abby que ela sentia saudade também da vovó.

Ela me falou de seus maiores arrependimentos, dentre eles ter me abandonado e nunca mais procurado Sheilla pra pedir perdão. Abby se emocionou ao lembrar da sua mãe. Eu senti naquele momento que ela carregava o peso das suas escolhas, que no fim não eram diferentes das minhas.

Abby no passado optou por fugir da cidade onde vivia desde que nasceu tentando, mesmo do seu jeito distorcido, proteger a mim e nossa família que naquela época já era ameaçada por vampiros. Ela escolheu fugir, enquanto eu decidi enfrentar tudo, porém assim como Abby acabei perdendo a minha família do mesmo jeito. Nós duas fizemos escolhas diferentes, mas que no fim levou ao mesmo caminho de dor e perdas.

"Eu acho que é tarde demais pra ficar remoendo coisas ditas e feitas que não podem ser mudadas. Nossas escolhas já foram feitas, eu sobrevivi e agora estamos nós três aqui." Eu disse enquanto arrumava a mesa de jantar. É claro que ainda existiam as feridas da rejeição que nunca iriam cicatrizar de vez. E acho que Abby tem consciência e está tentando consertar isso na mediada do possível.

"Bonnie tem razão." Lucy disse trazendo uma forma com a lasanha quentinha que acabou de sair do forno. "Então, vamos esquecer o passado e viver o hoje. Vamos aproveitar esse jantar delicioso." Lucy disse entusiasmada.

Nós jantamos tranquilamente trocando conversas bobas e sem sentido. Até que entre nossas conversas Abby deixou escapar algo.

"Eu ia vender também a casa de Sheila, achando que você não iria... voltar." Ela disse hesitante. "Mas, Damon me convenceu a mantê-la intacta. Convicto que você ia conseguir sair daquele lugar."

"É. Damon Salvatore é bastante persistente e impulsivo. Mas, pela primeira vez, ele lutou por algo que vale a pena." Lucy disse cheia de insinuações e indiretas pra mim.

La no fundo saber disse me aqueceu por dentro, ao passo que me frustrava e me deixava confusa.

Terminamos de jantar e depois decidi já exausta subir pro meu quarto, tomei um banho quente e relaxante, coloquei um pijama e me joguei na cama. Não demorou muito pra mim pegar no sono.

Eu estava ouvindo vozes conhecidas muito alteradas se misturando entre si.

"Caroline, por favor. Ela é inocente. Deixe-a ir."

"O quanto ela é importante pra você?"

"Caroline, por favor, não faça isso." Stefan estava de costas pra mim, mas eu poderia sentir a tensão, medo e desespero irradiar dele. "Deixe ela ir!"

Aquele lugar estava sujo de sangue, marcado com mortes violentas. Eu dei alguns passos tentando visualizar mais daquela cena, então, me deparei com uma Caroline com sua face demoníaca e sua voz cruel e fria. Ela segurava uma garota em seus braços, pronta pra assassina-la cruelmente. Pelos olhos castanhos da menina eu via dúvida, pânico e algo mais. Algo que eu não podia decifrar.

Stefan continuou desesperadamente suplicando. Havia algo ali entre eles eu senti uma forte conexão entre Stefan e a jovem desconhecida. Mas eu não podia decifrar o que era.

"O quanto ela é importante pra você, Stefan? Ela é importante o suficiente pra você desligar a sua humanidade?" Eu sentia tudo frio e sombrio. Eu sentia que tudo iria virar em muito mais fúria e sangue. Fiquei paralisada.

"Vamos, Stefan. Acabou o tempo. Eu vou mata-la. Desligue agora!" Caroline rugiu diabolicamente.

"Nãoooooo!" E no meio do grito agoniado de Stefan ecoou um nome: −Sarah... Sarah Salvatore...

Despertei suando frio e ouvindo a voz de Abby me chamar.

"Bonnie, ligaram de Mystic Falls." E parece que meu tempo de calmaria chegou ao fim.


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Notas finais do capítulo

Por favor comentem pq é importante saber se eu ainda estou conseguindo conduzir bem a fic, se não estou deixando ninguem confuso. Correndo postar o proximo cap!!!



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