–Você não devia me desafiar. Você não me conhece ainda, Inverno. -Ele tem razão. Eu não o conheço ainda, ele é tão misterioso quanto eu.

–Tem razão. Além do mais, você não demonstraria todo o seu poder lutando contra mim. Você não tão frio como eu, Verão.

–Puf! Você é muito confiante.

–Você também. -Ambos sorrimos e seguimos em direção a saída da floresta fria e escura.

–Eu queria saber mais de você! -Foi uma pergunta na qual não consegui segurar.

–O que exatamente? Não tenho coisas interessantes sobre minha vida que você tenha vontade de saber, pode dizer que sou frio, mesmo sendo a estação mais quente do ano, pode dizer que sou misterioso ou que sou chato e solitário. Mas eu juro, que não sou assim porque quero, sou assim porque não tenho outra maneira de ser.

–Depois desse discurso provavelmente não tenho mais nada para saber.

Quando voltamos ao nosso cantinho de abrigo, Winter e Summer estavam escondidos atrás de árvores grandes e com troncos largos.

–Winter! O que houve aqui? -Será que eu so-

–Alice! Sua tia está aqui, desça já! -Disse Andrea

–Estou descendo! -Desci aquelas escadas barulhentas e velhas da maneira mais demorada possível.

Minha tia nunca me vê, ultima vez que ela esteve em casa foi quando Joseph morreu, ou seja, ela só pode ter trazido más notícias

–Minha cara Alice! Como está bonita! Seus olhos continuam azuis e secos, como você está?

–O que veio fazer aqui?

–Bem...Vim a pedido de sua-

–Não Tia! -Disse Andrea e sim, o nome da minha tia era Tia.

–Ah, tudo bem Andrea. Vim visitar vocês e te fazer uma proposta, Alice.

–Qual seria essa proposta? -Eu estava completamente zangada por minha mãe ter me acordado, ela nunca fez isso, estava sendo fria como a Inverno.

–Sua vida não está muito bem aqui, não é? -Pode dizer que você está certa. -Então, você sabe que morando apenas com meu filho e meu marido está difícil. Preciso de mais uma alma feminina naquele lugar e... -Não sou tão feminina se é isso que quer saber. -Não, estou pedindo para morar comigo, Alice.

–O QUE? MORAR COM ELA?! Não consigo viver em uma casa onde só moram duas pessoas, imaginem morar em uma com quatro. Ela só pode estar louca, minha mãe nunca faria isso.

–Mãe? Você está de acordo com isso? -Sim.

–Alice, é o melhor para você.

–Eu... Eu cresci aqui!

–Alice! Você não tem idade para me desobedecer. Eu estou mandando você fazer suas malas e partir com sua tia! –Ela foi tão... é como se eu não importasse mais nada, ela é tão diferente da mãe da Inverno, por que? por que as coisas tem que ser assim comigo? Devo arrumar minhas malas e se arrepender para o resto da vida.

*Falando sozinha* -Eu não entendo, minha mãe pode ser a pior mas ele nunca me mandaria embora, tem que ter algo por trás disso. Eu tenho certeza! -O que eu vou levar? Eu vou estudar? Eu vou ter uma vida? Eu quero continuar do jeito que está. Não gosto de mudanças e olha onde estou, mudando completamente! Me recuso a ver minha mãe novamente depois do que ela está fazendo comigo.

–Estou pronta. -Duas malas era o máximo que eu carregava e meus olhos vazios continuavam os mesmos.

–Então, vamos! Vou deixar um tempo para dizer adeus.

–Alice... Eu não queria que você se fosse, mas quem vai sou eu. Seja boazinha, por mim.

–Eu serei, eu prometo.

No carro brilhantemente preto, estavam Robert e Ian, marido e filho de Tia.

–Oi!

–Entre! -Disse Robert

Ian apenas sorriu, ele não é muito de conversar, assim como eu, então já é de notar que a viajem foi bem divertida.

Eu fiquei em uma janela e ele em outra, os dois pareciam não estar nada feliz com aquela situação. Eu queria dormir, mas de algum modo eu não conseguia. Algo que eu sei fazer muito bem, estava difícil de ser feito naquele momento. Era uma péssima situação, vou apenas encostar minha cabeça na janela e observar as árvores, casas, pessoas, animais, outros carros e por ai vai...

Mais ou menos 1h30min depois.

–Chegamos! Alice, Robert cuidará de suas malas, vou te mostrar seu quarto. -Certo!

Aquela casa gigante, com grandes janelas, uma varanda, jardim, piscina, dois andares e um cachorro. Que família perfeita.

–Oh! Está é a nova membra da família, Yukino! Ela não é muito de ficar com a gente, geralmente está sempre deitada -Pelos grandes, macios e branca. Ele me lembrava mesmo neve! -Tivemos a idéia pelo nome do Yuki, resolvemos fazer um par!

–Adorei ela e o nome! -Eu tinha ficado empolgada com algo, estou surpresa comigo mesma.

Subi aquelas escadas de madeira firme, sem barulho e brilhantes. Incrível!

–Este é seu quarto, espero que goste!

Paredes bancas com um guarda-roupa que ocupava quase toda a parede, um computador, espelho, uma cama de casal para mim, um tapete fofo que me lembrava neve, uma estante de livros, era completamente diferente do que imaginei. Mas, com tudo isso, onde terei tempo parar ter meus sonhos?! Minha história vai acabar?

–Eu... eu adorei! É gigante! Não sei o que está acontecendo mas, obrigada por ajudar minha mãe.

–Tudo bem, se quiser dormir um pouco, logo servirei o jantar. -Certo

Deitei naquela cama macia e voltei a fazer o que sei de melhor.

–Cadê o Verão? Geralmente quando eu saio nada muda. Algo aconteceu!

–Psiu! Inverno! Aqui! -Ouvi Sussurros

–V-verão?! O que vo-

–Quieta! -Ele me puxou e colocou a sua mão em minha boca

–Tudo bem! -Sussurrei

–Eu ouvi alguém, devem estar chegando perto, faça seu poder espiritual fica invisível.

–Certo. -Isso parece mais difícil do que aparenta, nunca fui treinada para ser espiã, Verão provavelmente já foi um.

*Vozes* -Não vi nenhum sinal dos quatro por ai, pensei que matando pessoas importantes para eles faria com que eles tivessem vontade de aparecer e voltar a serem pessoas más como deviam ser [Risos]

–Vocês me deixam entediado, não gosto de ficar andando por ai e voltar de mãos vazias.

–Essa... Essa voz! –Eu conheço essa voz de algum lugar!

–Uma dama ficar carregando esse arco por ai o tempo todo também é desgastante!

–Está tudo bem Vina, eu te ajudo.

–Obrigada...

–Diga o nome! Diga o nome dele!

–Obrigada, Pratt.

–Não... Não pode ser o mesmo Pratt! Ele nunca, ele nunca mudaria de lado, ele sempre foi justo, sempre quis justiça! Ele nunca machucaria minha mãe! Pratt...