Já que o encontrei, será ele mesmo.

–Eu preciso falar com alguém que eu confie. –Eu disse meio apavorada

–Procure o Outono! –QUE?!

–Por que? –Eu meio que tive a cara na parede.

–Você não confia em mim, não é?

–Por que? Claro que confio, se não confiar eu serei morta! –Ele parou imediatamente o que estava fazendo e veio em minha direção em um piscar de olhos –Verão!

–Eu nunca te mataria, Inverno. –Ele falou sério, foi um tanto quanto sedutor seu modo de falar.

–E-eu sei... Foi um modo de falar... –Eu estava gaguejando e só conseguia reparar em seus olhos perto dos meus pegando fogo!

–Nunca repita isso... Por favor. –Ele se acalmou

–Posso falar com você agora? –Fuji completamente do assunto.

–Vamos.

Ele estava me levando para o outro lado, porque tem uma estrada, de um lado tem uma floresta infinita e o lado que Verão estava (esquerdo) tinha um final, que ficava em direção ao mar.

Nos sentamos nas pedras que tinham por ali.

–O que quer me contar? –Ficaria muito estranho eu dizer meu problema após o que acabou de acontecer?

–A Velhinha disse que tenho que dizer algo para alguém que eu confio-

–Isso você já disse.

–Não é uma boa hora, não é? Eu vou procurar o Outono. –Me levantei

–Não! –Ele segurou meu braço –Sente ai, termine de falar.

–Certo... –Eu estava com um pouco de medo. Mas foi então, que comecei a falar

–Quando eu descobri que podia criar coisas ou usar minha neve para proteger algo, eu fiquei super contente, até que um dia, quando fui finalmente tentar salvar alguém, eu não consegui. Meu pai estava procurando uvas vermelhas para enfeitar o bolo de uma das crianças do bairro, ele adorava isso. Mas ele acabou escorregando, e então eu tentei usar minha neve para criar uma barra para segurado e tentar puxa-lo para mim, eu estava indo bem. Mas, minha magia não o segurou, quando eu tentei trazê-lo, a neve sumiu, e meu pai caiu, me senti culpada pelo resto da minha vida, minha mãe me confortou e eu tirei essa culpa de mim, mas prendi e culpo minha magia por isso. –Quente...

–Está tudo bem... Todos nós que usamos magias, não só os quatro, mas todos. Já passamos por algo parecido, eu já passei... –Ele estava me abraçado, eu queria... chorar... –Pode chorar se quiser, Inverno.

Eu desabei no momento em que ele disse que eu podia chorar, lembrar da culpa que eu senti, do quanto me odiei e do quanto me senti inútil, era triste.

–Olha, eu já matei uma amiga. –Me desencostei dele

–Isso ficou horrível! Se explique. –Encostei novamente

–Eu não sabia controlar nada da minha magia e acredite ou não, eu tinha amigos. Era um belo dia, um belo dia mesmo. Era aniversário do nosso melhor amigo, ele era apelidado de Funny, todos estávamos em sua casa para comemorar essa data, ele estava fazendo sete anos. Quando acenderam a vela e todos começaram a bater palmas, inclusive eu, era como se o fogo não deixasse eu parar. Quanto mais palma eu batia, mas o fogo ficava forte. Até que chegou no teto, começou a queimar os balões, a mesa, e inclusive, meu amigo. Ele conseguiu correr, se queimou pouco e minha amiga, que chamava Yuno, meio que ficou encantada com o fogo ela dizia “É lindo!” e eu dizia para correr, mas ela não me ouvia... Até que tudo explodiu e só nós estávamos lá dentro ainda. Eu sou imune ao fogo, mas ela não. Todos passaram a me odiar, e eu também. E foi quando, meu pai me avisou que não era culpa minha, eu apenas não sabia controlar. E então passei a odiar tanto minha magia, que meu pai entrou em contato com um amigo que era famoso por “dominar magias” e foi ele quem me ajudou a superar.

–Isso é... tão triste... –Eu apertei sua camisa.

–Mas eu superei, é por isso que eu disse para nunca repetir que eu te mataria!

–Mas não foi exatamente o que eu quis dizer, eu disse que se você não fosse meu amigo, e eu não confiasse em você, eu estaria morta pois ninguém iria me proteger como você... –Isso soou tão estranho para vocês como para mim.

–Hm... Entendo agora. Desculpe pelo nervosismo... Se sente melhor? –É verdade! Eu parei de chorar, me sinto limpa!

–Obrigada... Me sinto bem melhor... Estou com sono, culpa sua! –Eu ri

–Eh... Eh... –Ele coçou a cabeça –Desculpe! Mas pode dormir se quiser, não acho que pessoas da Dark Side venham para cá... Quando for hora de ir, eu te levo sem precisar te acordar.

–Está sendo gentil... Vou aceitar a oferta –Eu sorri e logo encostei minha cabeça em seus braços.

–Durma bem... –Consegui escutar esse sussurro que ele deu quando me ajeitei...

–Obrigada...

–Inverno!!! –Gritos altos... –Hora de jantaaaaaaaaaar!!! –Outono...

–Que jeito rude! Devia ter deixado eu ou o Verão acorda-la –Disse a Primavera

–Outono, você devia gritar mais! Parece uma velha gritando, ela nem acordou! –Verão...

–“Parece uma velha gritando” Saiba que eu sou uma velha e grito muito mais alto que ele! –Velhinha...

–Vocês estão brincando comigo? Querem brigar –Outono novamente...

–Ei! Inverno? Acorde, o jantar vai ser servido, foi o Velhinho que fez. Deve estar delicioso

Eu estava ainda com a voz de quem acabou de acordar –Estou indo.

Todos se sentaram, Velhinha e Velhinho nas pontas, Primavera e eu de um lado e Outono e Verão de outro. A comida estava deliciosa, estávamos todos rindo na mesa, estavam todos de bom humor.

Mas tinha algo chamando minha atenção, as janelas. Algo além delas parecia chamar minha atenção... Parecia um tigre! Era a forma de um!