Identical Love escrita por Mille Bonnie


Capítulo 24
Sou uma vadia fofoqueira?


Notas iniciais do capítulo

Emoções demais!!!!!!!!!!!!!!!!! Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584121/chapter/24

Depois que eu sai correndo da casa do Pietro as coisas voaram e eu simplesmente perdi a noção de tempo e de lugar. Eu chorava muito, algumas pessoas tentaram me parar pra perguntar o que estava acontecendo comigo, mas eu não respondia e saia correndo. Em algum momento o meu celular não parava de tocar, eu não queria falar com ninguém e por isso desliguei o telefone. Eu não estava mais conseguindo tentar parar de chorar, sentei em um banco e coloquei a cabeça entre os joelhos, eu acho que já chorei toda a água que existe no meu corpo. A última coisa de que me lembro foi de ter visto o Arthur e um garoto japa me fazendo perguntas, e depois eu acordei no hospital com tubos na veia. Minha mãe, meu padrasto, meus irmãos e a Jenni estavam preocupados comigo e me encheram de perguntas, mas quando eu comecei a contar as malditas lágrimas voltaram novamente. Por quê? Por que ele fez isso comigo? Por que ele me enrolou? Será que eu não sou boa o suficiente? Contei pro meus pais e meus irmãos que o Pietro e eu tínhamos terminados, a única que não engoliu essa desculpa foi a Jennifer, que depois que todos saíram do quarto me interrogou. Ela ficou bem irritada, na verdade MUITO irritada com o Pietro e comigo também.

–Você é muito idiota, Sofia. –ela diz. –Como foi que você se entregou assim de bandeja pra ele?

–Eu... –eu não tinha resposta praquilo.

–Meu Deus, eu estou tendo um autocontrole do caralho pra não ir atrás daquele babaca e acabar com a cara dele. –ela senta na cadeira e me encara. –E também estou tendo um autocontrole enorme pra não te dá uns tapas por ter sido tão idiota.

Abaixo a cabeça e concordo, ela está certa, eu fui uma verdadeira e completamente idiota, mas eu estou apaixonada o que raios posso fazer? Depois de dormir um pouco, eu tive alta do hospital e fui pra casa, queria ficar sozinha e pensar, mas pensar em que? Em como fui chutada da pior maneira possível? Jenni respeita o meu espaço e vai pra casa, mas quando entro no meu quarto vejo o Markus em pé me esperando.

–Estou aqui para curar sua dor de cotovelo e sarar seu coração. –Markus diz sorrindo e com os braços abertos para que eu pudesse abraça-lo. E é isso que faço. O abraço com toda minha força e choro, porque de verdade isso está doendo muito. –Sei que está doendo minha baixinha, mas vai passar. –ele beija meus cabelos. –Não há dor que dure para sempre e se durar, eu estarei sempre aqui. –ele solta um risinho. –Me conte tudo.

Contei tudo pro Markus, contei e chorei. Ele é a pessoa mais incrível do mundo inteirinho. Em nenhum momento me julgou pelas minhas ações, ele só ficou do meu lado ouvindo e me apoiando. Eu o amo muito, de todo o meu coração.

–Esse Pietro não vale o chão que pisa. –ele ajeita os óculos. –Vamos pensar num jeito de fazê-lo pagar por essa dor, mas faremos isso amanhã, porque agora preciso ir pra casa, se não o papito me mata. –ele levanta da cama e me abraça. –Te vejo amanhã na escola?

–Preciso mesmo ir? –pergunto.

–Claro que precisa! Precisa mostrar pro Pietro que quem saiu perdendo foi ele. –ele sorri. –Te vejo amanhã minha linda.

–Tá. –assinto. Depois que o Markus vai embora minha mãe me obriga a comer e conversar direito com ela, eu resolvo não contar pra ela o que realmente aconteceu então só conto por cima. Depois de jantar eu vou me deitar e quando coloco a cabeça no travesseiro a primeira coisa que vem em minha mente são as palavras do Pietro Eu estou te dando um fora, vista sua roupinha e saia da minha casa, nunca mais me procure e nem pense mais em mim, eu já consegui tudo o que eu queria de você e agora estou te mandando embora.” Pensar naquilo doía e eu chorava ainda mais e foi assim que eu dormi, chorando e sentindo dor em todas as partes do meu corpo, perdi a minha virgindade e ainda tive meu coração partido. Acordei no outro dia com olheiras enormes e com a cara inchada, eu não queria ir pra escola, mas eu prometi pro Markus. Me arrumei na maior lentidão possível e desci pra tomar café da manhã, Isadora já tinha ido pra escola, Tadeu pra faculdade, mamãe pra loja e só estava o Brand e eu em casa.

–Está tudo bem, Sosô? –ele pergunta.

–Sim. –respondo.

–Quer me contar alguma coisa?

–Não. –respondo. –Tenho que ir, tchau. –saio de casa e vou andando pra casa da Jenni, o dia está ensolarado e bonito, mas não posso dizer o mesmo de mim ou do meu humor. Bato na porta e a Jenni sai toda saltitante (como sempre), ela tenta animar o meu humor, mas a tentativa é totalmente falha, fomos o resto do caminho em silêncio. Chegamos na escola um pouquinho atrasada, por esse motivo eu corro até a primeira aula, que é de matemática. Entro e logo todos os olhares são direcionados em minha direção, odeio ser o centro das atenções e ainda mais no estado que eu me encontro. Sento e vejo que as pessoas estão cochichando e apontando (nem se dão ao trabalho de serem discretas) em minha direção, olho pro lugar onde o Pietro estava e ele estava rindo histericamente e completamente feliz, será que ele tinha contado pra todos da nossa separação? O professor começa a dar matéria e eu tento me ligar no que ele diz, mas os cochichos não estão me deixando, Markus não veio para aula e com isso fico completamente sozinha. A aula demora milênios pra acabar e quando acaba eu sou a primeira a sair correndo da sala, preciso de ar, preciso ficar sozinha. Não aguento todas aquelas pessoas me olhando. Entro em uma das cabines do banheiro feminino, abaixo a tampa da privada e sento, minha cabeça está doendo.

–Você ficou sabendo que a Sofia Mendes da turma B contou pra toda escola que o Markus Vinicius é gay? –uma voz feminina pergunta. Que raios de história era aquela?

–Fiquei. –outra voz responde. –Foi uma puta sacanagem dela, eles pareciam melhores amigos.

–E são. –a outra menina a interrompe. –Eu sempre soube que a Sofia era uma puta, mas não sabia que ela era fofoqueira também.

–Puta? Como assim? –a outra menina pergunta.

–Fiquei sabendo que ela pegou o outro gêmeo. Traiu o namorado com o próprio irmão!

–Tá falando sério?! –uma diz com a voz de espanto. –Que vadia! E o Pietro?

–Terminou com ela, é claro.

–Hm, isso é ótimo! Ele fica muito melhor sem aquela vadia fofoqueira. –elas riem e saem do banheiro.

Quem espalhou esses boatos? Ai meu Deus! O Markus! Droga, preciso encontra-lo, mas ele não veio a escola hoje. Saio da cabine e lavo meu rosto na pia, saio do banheiro. Ando de um lado pro outro procurando a Jenni, mas não a vejo.

–Me deixem em paz! –alguém grita, eu conheço aquela voz. É do Markus. –Se eu sou gay ou não por que isso tem que ser da conta de vocês?

–Ui, a bixona se revelou. –algum menino grita. Saio correndo em direção à confusão, vejo que o Markus está lá no meio e uns garotos idiotas da minha sala o estão enchendo. O Arthur e a Jenni e de combo um menino japonês estão do lado dele.

–Por que vocês não vão catar coquinho no asfalto? –Jenni pergunta.

–Ownt, a bixona tem defensores. –um menino zomba. Ele empurra o Markus, aquilo foi demais pra mim e quando vejo eu já estou no meio da confusão gritando.

–Parem.

–Vejam só. –o menino grita. –Se não é a menina que entregou o próprio amigo. –ele me olha. –Eu esperava mais de você Sofia. –ele sorri. –Nunca esperaria que você fosse uma vadia fofoqueira.

Meu rosto arde, muitas pessoas que estão em volta da confusão riem loucamente e começam a me xingar, quero morrer, mas antes disso quero bater nesse imbecil.

–Você...

O sinal toca anunciando o fim do intervalo, eles riem e vão embora. Olho e vejo que o Markus está chorando.

–Eu não fiz isso. –digo.

–Se não foi você, então quem foi? –ele pergunta me olhando. Pela primeira vez eu vejo dor em seus olhos, os olhos que sempre demonstravam alegria e amor.

–Eu não sei. –começo a chorar desesperadamente.

–Você contou pra alguém? –ele pergunta chorando.

–Não!

–Tem certeza?

–Por que eu faria uma coisa dessas com você? –pergunto.

–Não sei Sofi. É isso que estou tentando descobrir.

–Não contei a ninguém.

–Então como todos estão sabendo?

Quero acreditar que Pietro não fez isso. Que droga! Ele não pode ter feito isso com o Markus, não pode ter feito isso comigo! Que droga. Markus aproxima o rosto e me olha intensamente com os cheios de lágrimas.

–Jure pela minha vida que você não contou a ninguém.

Não posso fazer isso. Não posso mentir, eu não minto.

–Prometa que não vai ficar bravo comigo se eu lhe contar. –peço.

–Se me contar o quê? –sua voz sai totalmente tremula.

–Primeiro me prometa que não vai ficar bravo.

–Não posso prometer isso.

–Eu contei pro Pietro. –digo baixinho.

–O que...

–Eu não tinha a intenção! Acabei falando sem querer!

–Como se fala sem querer uma coisa dessas? –ele me olha furioso. –Você me prometeu que nunca contaria a ninguém!

–Pietro estava achando que tínhamos um caso.

–E por causa disso contou a ele que sou gay? Não poderia simplesmente dizer que éramos amigos?

–Mas ele disse...

–Não importa o que ele disse! Minha vida acabou! Você entende isso?

Markus estava furioso, ele nunca tinha gritado comigo, seu rosto estava vermelho e seus olhos estavam me olhando com raiva. Chorei mais ainda.

–Eu confiei em você, Sofia. –ele diz.

–Ainda pode confiar em mim. Só me deixe explicar. Ele...

–Não precisa explicar. –ele diz rapidamente, ajeita a mochila nas costas e me dá as costas.

–Espera. –eu grito chorando.

–Nada do que você disser pode consertar esse estrago, todo mundo está sabendo. Por sua causa.

Ele sai correndo pra fora da escola. Corro atrás dele pra tentar me explicar.

–Por favor. –peço chorando.

–Você é uma idiota. –ele grita. –Primeiro dá a sua virgindade para o maior babaca e depois conta o meu maior segredo pra ele. Eu juro por Deus que nunca imaginaria que você pudesse fazer isso.

–Markinhos... –o olho chorando.

–Não me chama de Markinhos. –ele grita comigo. –Não sou seu Markinhos, não sou mais seu amigo. Eu quero que você me esqueça Sofia.

–Não. –choro.

–Você é a pior pessoa pra quem eu devia ter contado o meu segredo. –ele sai correndo. Caio chorando no chão. Por quê? Será que sou tão idiota assim?

–Você contou mesmo pro Pietro? –Jenni pergunta.

–Sim, mas foi só porque ele...

–Você vacilou legal. –ela diz com a voz contida.

–Markus me odeia.

–Ele está certo. –ela diz e sai correndo pelo mesmo caminho em que o Markus saiu.

Será que além de ter perdido a minha dignidade... Eu também perdi meus melhores amigos? Minha vida virou uma merda, eu estou naufragando que nem o Titanic e eu me odeio por ter deixado isso acontecer. Sou realmente uma idiota. Uma completa idiota.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!