–Lembra-se daquela vez que o Arthur caiu nas escadas? –Yummi riu.

–Claro que lembro. –Clarice riu. –Lembra que ele estava tentando impressionar aquela garota de cabelo azul? Ele caiu na frente dela e ela riu horrores da cara dele.

–Mãe ninguém precisa saber disso. –Arthur olhou feio pra ela.

Já tínhamos tirado as fotos no estúdio, na semana que vem tiraríamos as fotos externas, agora estávamos no McDonald’s lanchando, tirando a minha mãe que teve que ir embora pra resolver uns problemas com o aluguel da loja, eu queria ter ido com ela, mas o Tadeu, Jenni, Clarice, Yummi, Bernardo, Isadora e Mille me obrigaram a ficar.

–E naquela vez em que o Gui e ele passaram autobronzeadores e ficaram laranja por uma semana inteira. –Clarice riu o ignorando. Vi o Arthur revirar os olhos e colocar um monte de batatas fritas na boca. Argh, que nojinho!

–Ah eu me lembro disso. –Yummi gargalhou. –Meu Gui ficou uma gracinha laranja.

–Quem é Gui? –Jenni perguntou.

–É o meu filho. –Yummi respondeu.

–E onde ele tá? –Isadora perguntou. Minha irmã tá andando demais com a Mille, tá ficando enxerida que nem ela.

–Em Belo Horizonte. –Bernardo respondeu. –Ele tá fazendo um curso de fotografia, vai seguir os passos do pai. –ele fez uma cara engraçada, mistura de sonhador com orgulhoso. -Nos mudamos pra cá agora, aqui não tinha esse curso e por isso ele ficou lá pra terminar. Ele volta no final do mês.

–Não vejo a hora de ele chegar. –Arthur comentou.

–Eu também, tô com muitas saudades do meu amorzinho. –Yummi suspirou.

–Gosto dele porque ele me dá doces. –Mille disse.

–Doces? Você disse doce? –Isadora a olhou. –Será que ele topa ser meu amigo?

–Que interesseira. –Tadeu riu.

–Ela é igualzinha a você. –eu ri.

–Que ofensa dona Sofia. –ele colocou a mão no peito pra fazer drama. –Quando foi que eu agi com interesse com você?

–Você quer a lista cronológica ou por ordem alfabética? –arqueei as sobrancelhas.

–Amor fraternal é uma coisa linda! –Jenni sorriu. Já era a segunda vez que ela dizia isso.

–Falando em micos. –Tadeu limpou a boca com o guardanapo. –Sofia é expert nisso.

–Verdade. –Jenni riu.

–Tedy se lembra daquela vez que ela começou a gritar dizendo que tinha uma água viva no pé dela e era só uma sacola. –Isadora riu.

–Não se esqueça daquela vez que ela derrubou o bolo de aniversário da mamãe. –Tadeu riu.

–Como isso aconteceu? –Arthur perguntou rindo. Não acredito que ele está interessado nisso.

–Sofia é uma pessoa bem destrambelhada sabe? –Tadeu riu. –Era uma festa surpresa, o Brand tinha encomendado o bolo favorito da mamãe na confeitaria favorita dela, estávamos fingindo que não nos lembramos do aniversário dela, ela foi trabalhar com raiva, estávamos todos lá em cima esperando ela chegar, ela abriu a porta e fomos descer.

–Tadeu cala a boca. –eu gemi.

–O deixe terminar. –Isadora riu.

–Sofia estava com o bolo e quando ela desceu as escadas ela tropeçou no próprio pé e caiu com a cara no bolo. –ele riu.

–Eu queria ter visto isso. –Arthur riu.

–Pobre Ly, ficou sem bolo. –Clarice riu.

–Ah teve aquela vez que ela... –Isadora começou a falar.

–Cala a boca. –eu briguei com ela.

–Há quanto tempo vocês são amigos? –Jenni perguntou.

–Desde o ensino médio. –Yummi respondeu.

–Passamos por muitas coisas, né? –Clarice riu.

–Verdade. –Bernardo colocou o braço em volta da Yummi, foi um gesto tão fofinho. –Festas, acampamento, gravidez falsas e verdadeiras, casamentos.

–Tia Gumi impediu um casamento. –Arthur riu. –Se tornou minha heroína.

–Você impediu um casamento? –eu perguntei com os olhos arregalados. –Como?

Bernardo riu e beijou a testa dela.

–Bê ia se casar com a garota errada e eu só impedi. –ela sorriu lindamente pro Bernardo.

–Não foi assim não. –Clarice disse. –A Rebitch era a maior louca, vocês acreditam que ela até fingiu que estava grávida pra se casar com o Bê?

–Tá falando sério? Isso é tão novela das oito. –Tadeu riu e também colocou o braço em volta dos ombros da Jenni.

–Foi isso mesmo que aconteceu. –Bernardo disse. –Eu estava prestes a me casar com ela, quando a minha linda esposa entrou na igreja com o vestido mais sexy do mundo e gritou pra todos que quisessem ouvir que a Rebeca não estava grávida.

–Aquele vestido era realmente sexy. –Clarice riu. –Pena que na época não cabia em mim.

–Por quê? –Dora perguntou.

–Eu estava grávida dos meninos. –ela afagou os cabelos da Dora. –Foi uma loucura aquele dia, a Olivia ainda tem o vídeo.

–Tem vídeo disso? –eu perguntei rindo. –Queria muito ver.

–As meninas vão vir pra cá na semana que vem pra festa de aniversário da Mille. –Clarice disse. –Vou pedir pra Olivia trazer pra te mostrar.

–Meu aniversário vai ser do Frozen! –Mille sorriu. –Eu vou ser a Elsa e a Isa a Anna.

–Você quer brincar na neve? –Isadora cantou, vi o Tadeu tampar os ouvidos. Quando Frozen lançou no cinema a Isadora nos fez assistir esse filme sete vezes seguidas e sem contar que depois ela comprou o DVD e assistia todo santo dia, um dia o Brand se cansou e escondeu o DVD, ele disse pra ela que roubaram, nem sei como ela acreditou nisso.

–Thur vai ser o Olaf. –Mille sorriu radiante.

–Eu não concordei com isso. –ele respondeu.

–Se o Gui estivesse aqui ele concordaria. –Mille fez bico.

–Duvido. –Arthur deu língua pra ela. –Eu posso ser o Kristoff, o que você acha?

–Kristoff não dá abraços quentinhos. –ela fez beicinho.

–Se você quiser eu posso ser o Olaf. –Bernardo riu pra ela, ele tinha covinhas fofas, acho que a Yummi também pensava isso, pois alisou uma delas.

–Faria isso por mim tio Bê?

–Faço tudo por você Mimoca. –ele sorriu.

Depois de lanchar com a Clarice, seus filhos e seus amigos, Tadeu, Jenni, Dora e eu fomos embora de metrô.

–Gostei do Bernardo e da esposa dele. –Tadeu disse.

–Eu também, ela disse que sou muito bonita. –Dora sorriu.

Tadeu e Jenni desceram uma estação antes, eles iam fazer alguma coisa juntos, Dora e eu descemos na nossa estação e fomos pra casa conversando, íamos passar no mercado pra comprar morangos porque íamos comer com chocolate e assistir Frozen –maldita hora em que a Mille lembrou da existência desse filme-

–Sofi. –Dora me chamou.

–O que foi meu anjo? –olhei pra ela.

–Você sabia que o Pietro beijou a namorada do Thur? –ela disse. Eu a olhei e franzi a testa, que historia era aquela? Pietro beijou a namorada do Arthur?

–Hã? Quem te contou isso? –perguntei pegando os morangos.

–Mille. –ela respondeu. –Ela disse que antes deles se mudarem pra cá o Pietro beijou a namorada do Thur, o Thur ficou muito triste e ela acha que é por causa disso que eles não se falam muito. –ela colocou uma barra de chocolates na sexta. –Fiquei triste pelo Thur, ele é meu amigo, o Pietro não devia ter feito isso com ele.

Que? Como assim? Aquilo era verdade? Não podia ser verdade. Pietro nunca faria uma coisa dessas! Ele é honesto, ele nunca, nunca, NUNCA faria isso com o Arthur.

–Sofi? Tá bem? –ela me cutucou.

–Tô.

–Tem certeza? Você tá pálida. –ela coçou os olhos. –Ficou triste por saber disso?

–Não, acho que isso não é verdade. –eu fui andando em direção ao caixa. –Mille deve ter escutado errado.

–Acho que não, mas quem sabe né? –ela sorriu amarelo pra mim.

Espero que ela tenha escutado errado. Espero não! Tenho certeza de que ela escutou errado.

Depois daquele dia a semana passou bem rápido. Aquela história do Pietro ter beijado a namorada do Arthur ainda estava martelando na minha cabeça, mas eu ainda não tinha esclarecido isso com o Pietro. Markus estava discutindo diariamente com o pai, por motivos bem idiotas, o pai não aceitava que ele estivesse trabalhando na sorveteria, o Markus estava dormindo lá em casa por causa disso e por ele estar dormindo na minha casa o Pietro brigou comigo, acho que ele ficou com ciúmes ou algo do tipo, eu tentei explicar que não tinha fundamento, mas ele saiu e me deixou falando sozinha. Hoje é sexta-feira e a nossa última de aula é de artes, eu não estava prestando atenção em nada, estava olhando pro Pietro, queria muito que essa maldita aula terminasse logo pra eu poder falar com ele.

–Sofi, pelo menos finja que está prestando atenção. –Markus me cutucou. O olhei e me despertei dos meus pensamentos e prestei atenção no que a professora falava.

–Alunos vamos fazer uma peça! –ela ajeitou a saia e sorriu. –E vocês que vão escrever, o melhor texto será escolhido e interpretado por todas as turmas!

–Que máximo! –Markus comemorou.

–Não é obrigatório escrever o texto, mas ficarei muito feliz se vocês quiserem participar. –ela sorriu. –A entrega dos textos será na terça-feira que vem e que vença o melhor!

O sinal bateu e eu sai correndo pra falar com o Pietro. Ele já tinha andado uma rua inteira quando consegui alcança-lo.

–A gente tem que conversar. –eu parei na frente dele.

–Por que não conversa com o Markus? –ele respondeu irritado.

–Markus e eu não temos nada! –eu respondi impaciente. –Quantas vezes vou ter que repetir isso?

–Ah é? E por que ele está dormindo na sua casa? –ele cruzou os braços.

–Ele brigou com o pai! –eu disse exasperada.

–E só tem a sua casa pra ficar? –ele perguntou e eu assenti. –Conta outra Sofia.

–Pietro o Markus e eu não temos nada! Eu juro!

–Não é o que parece. –ele começou a andar.

–O Markus é gay. –eu gritei. Merda, merda, merda! Eu e minha boca grande.

–O que disse? –ele voltou.

–Ele é gay. –eu respondi. –Eu não podia te contar isso, ninguém sabia só eu. Agora você sabe. –eu me exasperei. –Promete que não vai contar pra ninguém?

–Quem você acha que sou? As amigas da Madalena? –ele arqueou as sobrancelhas.

–Não, só não conte pra ninguém, por favor. –eu pedi.

–Não vou. –ele sorriu. –Desculpa ter desconfiado de você.

–Só te desculpo se você me der um super abraço e um beijo. –ele sorriu e me abraçou e me beijou. –Estava com saudades.

–Eu também. –ele disse com o queixo apoiado na minha cabeça.

–Te amo e odeio brigar com você. –eu sussurrei.

–Eu sei.