O Último Desbravador do Leste escrita por Jel Cavalcante


Capítulo 17
Em quem não podemos confiar - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Qual a melhor estratégia para vencer a competição? Trair os amigos? Mentir? Esconder os sentimentos? Questionamentos como esses vão surgindo em meio a adrenalina de uma prova nada fácil.



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"O que você ta esperando, Janjão? Tira logo a bandeira das mãos dela." - Falou Janu observando a cara de espanto de Janjão diante da situação.

"É Janjão, o que você ta esperando?" - André permanecia parado esperando que Janjão fizesse o que tinha de ser feito.

Havia um grande silêncio no local. Bia e Janjão se olhavam e pareciam ler os pensamentos um do outro.

"Ela nunca vai me perdoar por isso. E agora? O que eu faço?" - Pensou Janjão.

Janu não aguentava mais tamanha enrolação e fez menção de que iria pegar a bandeira com as próprias mãos. André, por outro lado, buscava entender a relutância de seu amigo. Sem tirar os olhos da cena, estendeu o braço diante de Janu e a impediu de prosseguir.

Bia estava no chão, imóvel, com a cabeça voltada para Janjão e o encarava friamente. A rede pesava sobre o seu corpo fazendo com que não conseguisse ver outra coisa, senão o garoto à sua frente. Por um segundo, quis que tudo aquilo não passasse de um pesadelo.

Janjão olhou em volta e pôde notar que seus amigos pareciam confusos com a sua reação. Bel o encarava fixamente e fazia um sinal negativo com a cabeça. Talvez a menina soubesse de alguma coisa.

"Eu não tô acreditando no que eu tô vendo. Janjão e Bia? Depois de todo esse tempo implicando com o Rafa!" - Bel parecia ter certeza de suas impressões - "Só espero que ele não faça nenhuma besteira."

Janjão baixou a cabeça, andou alguns passos para frente e passou as mãos por entre a rede onde Bia se encontrava. Pegou a bandeira que estava presa entre a corda e a roupa da menina e se voltou para seus amigos com o objeto em mãos. Ao caminhar, manteve o rosto longe da vista dos colegas e, ao passar por Bel, colocou a bandeira em suas mãos.

"Pode ficar pra você." - Disse Janjão sem levantar a cabeça.

A imagem da garota que amava ia se esvaindo aos poucos de sua mente, sendo substituída por um grande vazio. Continuou seguindo em frente, sem saber para onde ia e sem se importar com mais nada. Janu e André se entreolharam, ainda sem entender o que tinha acabado de acontecer, e resolveram acompanhá-lo.

Bel passou alguns instantes observando a tristeza no olhar de Bia, completamente paralisada. Quis voltar e devolver a bandeira, mas sabia que um gesto como aquele poderia prejudicar seu jogo. Procurou por algo ao redor que pudesse arrebentar a corda e se deparou com a lança de Bia um pouco mais à frente de onde estava. Andou apressada e apanhou o comprido pedaço de madeira. Sem que a menina percebesse, deixou a lança ao seu lado e saiu em busca de seus amigos. Antes de ir embora, olhou rapidamente para trás e pôde notar que Bia estava chorando.

"Como eu pude ser tão covarde?" - Bel se encontrava imersa em seu próprio arrependimento. Sentia uma repulsa enorme de si mesma e a última coisa que queria era estar perto de seus amigos novamente. Escondeu a bandeira em sua bolsa e seguiu rumo a arena onde estavam os bancos - "Eu preciso encontrar o Rafa urgentemente."

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O sol estava exatamente no meio do céu, tornando a prova ainda mais difícil. A esta hora, algumas bandeiras já haviam sido encontradas e os competidores aproveitavam o tempo para procurar sombra e comida.

Fábio estava totalmente esgotado. Primeiro teve que se equilibrar em cima de um tronco velho, quase despencando no rio que perpassava a floresta, para obter sua bandeira. Depois foi obrigado por Marian a achar uma segunda bandeira e, para isso, precisou usar toda a força que restava em seu corpo. E por último ainda teve que subir em árvores para encontrar frutas para o almoço.

"Nossa, Fábio. Você não sabe a alegria que eu sinto em estar do seu lado agora." - Marian procurava alguma coisa em sua bolsa para acompanhar as mangas que Fábio havia colhido.

Fábio mal conseguia prestar atenção no que a menina estava falando. Tudo que queria era poder comer em paz e desfrutar da sombra que haviam encontrado.

"Ainda não sei como você conseguiu arrebentar aquele baú com um só golpe. Sabe que eu adoro garotos fortes assim como você?" - Marian falava enquanto tirava alguns biscoitos da bolsa.

Há alguns minutos atrás, os dois haviam encontrado um baú de madeira coberto por folhas secas. A princípio, Marian achou que o baú continha um colar de imunidade e fez Fábio abri-lo usando a força, já que estava trancado e não havia chave alguma no local. Quando abriram, o sorriso de Marian diminuiu, pois se tratava apenas de uma bandeira que a salvaria do próximo conselho. Aos poucos foi percebendo que tanto ela quanto Fábio estariam juntos no grupo vencedor e isso poderia trazê-la alguma vantagem.

Fábio ficou bastante envergonhado com o elogio de Marian e continuou comendo como se não tivesse ouvido nada. Marian propôs que os dois descansassem já que o dia ainda ia ser longo e ambos já haviam encontrado suas bandeiras.

Algum tempo depois, Marian abriu os olhos lentamente e percebeu que tinha dormido por um bom tempo. Ao virar para o lado, deu de cara com o rosto de Fábio, completamente apavorado. No fundo do seu coração, sabia que havia alguma coisa errada e o medo foi crescendo aos poucos.

"Foi tudo muito rápido." - A respiração de Fábio estava acelerada, como se tivesse acabado de correr.

Nesse momento, Marian notou que sua bolsa não estava mais ali.

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Rafa tinha sido encarregado de preparar o almoço. Trazia consigo sobras de várias refeições do seu antigo grupo Terra, como biscoitos, leite, frutas e salgadinhos. Binho usou a desculpa de que estava apertado e se ausentou por alguns instantes. A ideia era usar o pouco do tempo que tinha para procurar sozinho por uma bandeira. Rafa nem ao menos se preocupou pois já tinha uma bandeira escondida em seu bolso.

Não demorou muito para que Binho notasse algo emaranhado entre um arbusto repleto de espinhos. Ao se dar conta de que estava diante de uma das bandeiras da competição, imaginou que aquela seria sua chance de deixar Rafa para trás e seguir seu próprio rumo.

Seus braços eram finos mas não o suficiente para pegar a bandeira sem se machucar. Nesse momento, Binho começou a quebrar os galhos aos poucos, tomando cuidado para não se cortar. A tarefa levou bastante tempo mas no final deu tudo certo, exceto que, ao retornar para onde seu amigo deveria estar, se deparou com o local completamente abandonado.

"É Rafão, acho que a gente não ta jogando do mesmo lado. Como disse o Mosca mais cedo: essa é a hora de descobrir em quem não podemos confiar."

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Dani, Neco e Maria corriam ligeiro como se ainda estivessem sendo perseguidos por Fábio. Neco carregava consigo a bolsa de Marian e procurava algum lugar seguro para se esconder junto de seus comparsas.

"Olha, tem uma caverna ali! Parece ser um ótimo lugar pra gente se esconder." - Gritou Maria já quase sem fôlego.

Os três menores entraram na caverna escura e perceberam que não havia mais ninguém os perseguindo. Maria tirou uma lanterna de sua mochila e iluminou provisoriamente o local. Os três miraram ao mesmo tempo na bolsa que Neco estava segurando.

"A bolsa fica comigo. Fui eu que tive a ideia." - Dani puxou a bolsa para si.

Ao abrir, deu de cara com as duas bandeiras que Fábio havia dado tudo de si para conseguir. Em sua boca se formou um enorme sorriso. A primeira reação que teve foi de segurar as bandeiras com as mãos e devolver a bolsa para Neco.

"Pronto. Já peguei o que é meu. Pode ficar com o resto." - Dani ainda não sabia exatamente o que fazer com as bandeiras mas preferiu ter o controle sobre elas.

"Isso não é justo. Foi a gente que pegou a bolsa deles." - Falou Maria com cuidado para não chatear a amiga.

"Isso é problema de vocês. As bandeiras vão ficar comigo e ponto final!" - Dani não queria que os colegas tivessem posse das bandeiras nem por um instante.

"Mas aí tem duas bandeiras e você só vai precisar de uma pra se salvar." - Neco estava confuso com a birra da menina.

"Aposto que nessa caverna tem um monte de bandeira. Por que vocês não começam a procurar?" - No fundo, Dani também não sabia o que estava fazendo. Tanto Neco quanto Maria mereciam ganhar uma bandeira, mas ela estava com medo de que os dois se juntassem, roubassem as bandeiras e depois fugissem. Dani estava bastante paranóica.

"Vem, Neco. A gente só precisa achar mais uma bandeira, aí a Dani devolve uma das dela pra gente. Não é, Dani?" - Maria apontava a lanterna para a escuridão, procurando alguma coisa.

"Pode ser, mas vamo andando que ta ficando tarde." - Dani fez sinal para que seus amigos seguissem em frente.

Neco estava com bastante medo do escuro e suas pernas começaram a tremer. Passou a mão pelos objetos na bolsa de Marian e sentiu algo parecido com uma lanterna. Tateou o cilindo, sem enxergar coisa alguma e viu que tinha um botão. Ao apertar, uma luz forte veio em sua cara e o assustou ainda mais.

"Calma Neco, é só uma lanterna." - Falou Maria com uma voz tranquila.

Neco e Maria iam adentrando cada vez mais a caverna até que se deram conta de que alguma coisa estava faltando.

"Ué, cadê a Dani?" - Perguntou Maria olhando para os lados.

"Não sei. Ela tava aqui agorinha." - O rosto de Neco voltou a mostrar sinais de preocupação.

"Ela deve ter fugido com as bandeiras." - Observou Maria.

"Deixa. A gente ainda tem tempo de procurar. E como ela mesma disse, aqui deve ta cheio de bandeira." - Pela primeira vez, Neco estava otimista no jogo e isso mostrava uma grande mudança em sua personalidade.

Um pouco mais à frente, o caminho se dividia em dois. Maria e Neco se entreolharam, aflitos, ao notar que precisariam se separar.

"Provavelmente só um desses caminhos levará até a bandeira." - Maria apertava Laurinha enquanto falava.

Neco se aproximou de deu um abraço forte em Maria.

"Aconteça o que acontecer, um dia a gente vai estar junto de novo. Mesmo que seja fora desse jogo." - Falou Neco com o rosto no ombro de Maria. A amizade dos dois cresceu muito no período em que passaram juntos no grupo Fogo e agora era chegada a hora do adeus.

"Foi ótimo jogar ao seu lado." - Alguma coisa dentro de Maria dizia que o caminho dali para frente não seria tão fácil. Quando os braços dos dois se soltaram, cada um seguiu seu caminho sem olhar para trás. E por mais que estivessem sozinhos em uma caverna escura e desconhecida, sentiam a luz do sol cada vez mais próxima.

_

Duda, Vivi, Tati e Cris estavam caminhando em silêncio há bastante tempo. O clima entre eles não era nada bom e Tati voltou a suspeitar que os três estavam escondendo alguma coisa dela.

"Por que vocês estão tão calados?" - Perguntou Tati olhando para o rosto de cada um.

Nesse momento, Duda avistou alguma coisa estranha no meio das árvores. Cris e Vivi também viram que tinha algo grande mais à frente e se dirigiram apressadas para a direção onde Duda estava indo, desconsiderando a pergunta de Tati.

Ao chegarem mais perto, a coisa tomou forma e parecia ainda mais estranha. Era uma espécie de jaula, feita de bambus, com um banco dentro. Nesse banco, alguma coisa estava presa, balançando ao vento, e logo chamou a atenção de todos.

Vivi percebeu que aquilo era uma bandeira e rapidamente agarrou Tati pelo braço, puxando a menina junto de si.

"Rápido Tati, antes que esses dois entrem no nosso caminho!" - Vivi carregava Tati para dentro da jaula.

"Cuidado Vivi! Você não sabe o que pode acontecer se entrar aí." - Alertou Duda.

"Cala a boca. Você só ta dizendo isso porque quer ficar com a bandeira." - Vivi entrou na jaula, ao lado da irmã e retirou a bandeira do banco onde estava presa.

Assim que as duas passaram pela entrada, uma linha se rompeu fazendo com que uma tábua pesada caísse com toda força, bloqueando o único espaço que dava acesso a jaula.

"Eu disse que vocês não deveriam entrar aí, não disse?" - Falou Duda se aproximando de onde as duas estavam.

"Ai que ódio! Como é que eu ia saber que esse troço ia cair e bloquear a passagem?" - Gritou Vivi, apavorada.

"Mas tava na cara que isso aqui era uma armadilha, Vivi." - Falou Tati chateada por ter sido carregada à força para dentro da jaula.

"Cala a boca Tati! Eu fiz isso por você, sua ingrata!" - Vivi estava ficando cada vez mais nervosa.

Cris estava se divertindo com toda aquela situação. Com Vivi e Tati presas na jaula, poderia finalmente falar com Duda sobre tudo o que tinha acontecido. A menina se aproximava do garoto aos poucos porém, antes que dissesse qualquer coisa, foi surpreendida por mais um grito de Vivi.

"Nem pensem que vocês vão tirar essa bandeira de mim!" - Vivi segurava a bandeira com bastante força.

Os gritos de Vivi fizeram Duda perder a cabeça.

"Se você não me entregar essa bandeira agora, vai ficar presa aí pelo resto do dia!" - Duda não conseguia esconder a raiva que sentia de Vivi.

Vivi pensou um pouco e não demorou muito para perceber que estava em completa desvantagem. Olhou para Tati e se deparou com o medo nos olhos da irmã.

"E como eu vou ter a certeza de que você vai me ajudar a sair daqui?" - Perguntou para Duda, desconfiada.

"É simples. A bandeira não vai ficar comigo." - A raiva de Duda foi sumindo aos poucos.

Vivi entregou a bandeira por entre os bambus e Duda a deixou nas mãos de Cris. Em seguida, os dois se afastaram um pouco para que Vivi não ouvisse o que estavam conversando.

"Cris, você precisa sair daqui agora. É a única forma de você se salvar." - Enquanto falava, Duda sentia uma sensação estranha em seu peito.

"Eu não quero ir sem você." - Cris fazia esforço para não chorar.

"Se eu não ficar aqui, ela vai espalhar pra todo mundo que a gente ta…” - Ao perceber que iria falar algo que não sabia ao certo do que se tratava, Duda engoliu as palavras.

"E por que eu não posso ficar aqui e ajudar vocês?" - Perguntou Cris com medo de se separar do garoto que amava.

"Por que quando elas conseguirem sair dali, vão querer tirar a bandeira de você. Anda, sai logo daqui. Eu prometo que vou estar sentado do seu lado naqueles bancos no fim do dia. Você confia em mim?" - As mãos de Duda tremiam por não poderem abraçar Cris.

Cris fez que sim com a cabeça e, com os olhos cheios d’água, virou as costas e seguiu em linha reta. A bandeira em sua mão não fazia sentido algum sem Duda ao seu lado. As lágrimas iam caindo e um medo tomou conta do seu coração. Talvez aquele fosse o último momento dos dois juntos no jogo.

"Cris!" - Chamou Duda baixinho.

A menina não teve coragem de olhar para trás. Enquanto caminhava, de cabeça baixa, ouviu uma voz suave ao longe.

"Eu te amo."

_

Alguém tapou a boca de Dani e a levou cuidadosamente até a entrada da caverna.

"Você quase me matou de susto sua idiota!" - Gritou Dani ao ver de quem se tratava.

À sua frente, Ana fazia cara de quem sentia muito, mas por dentro não se importava tanto quanto parecia.

"Desculpa, mas eu precisava falar com você à sós." - As palavras de Ana estavam cobertas de um falso arrependimento.

"Há quanto tempo você ta me seguindo?" - Dani respirava com dificuldade após o susto que levou.

"Isso não importa. Eu preciso que você venha comigo para o nosso antigo acampamento. Eu tenho quase certeza de que tem um colar de imunidade escondido por lá." - Ana tentava ser o mais clara possível.

"Colar de imunidade? E quanto a sua bandeira? Você não ta preocupada em ganhar essa prova?" - Dani olhou desconfiada para Ana.

"Eu já achei minha bandeira. Estou olhando pra ela nesse exato momento." - Ana olhava para as duas bandeiras nas mãos de Dani.

"E por que você acha que eu deveria te entregar uma das minhas bandeiras?" - Dani começou a se irritar com a forma dissimulada com que Ana falava.

"Você esqueceu do nosso combinado?" - Agora tinha um sorriso curto decorando a face de Ana.

Dani começou a lembrar do acordo que havia feito com Ana há poucos dias atrás.

"E então? Lembra quando eu propus que, caso conseguisse fazer a Teca ser eliminada, você seria minha escrav.. aliada pelo resto da competição? Essa é a hora perfeita pra você mostrar sua lealdade." - Ana tinha um tom ameaçador na voz.

Dani entregou uma de suas bandeiras para Ana e as duas seguiram para o local onde ficava o antigo acampamento do grupo Terra. Pela primeira vez, Dani se perguntou se havia feito a escolha certa.

"Eu preciso ficar de olhos bem abertos com essa garota." - Pensou Dani enquanto sentia uma presença estranha ao seu lado. Aquela era uma Ana completamente diferente da que conhecia.

_

Faltavam menos de duas horas para terminar a prova e os competidores que ainda não haviam encontrado suas bandeiras precisavam correr contra o tempo.

"Eu ainda não entendi porque você deu a bandeira pra traidora da Bel." - Contestou Janu olhando para Janjão.

"Eu já falei. Dava pra ver na cara dela que tinha alguma coisa errada e eu quis fazer com que ela continuasse do nosso lado. Nunca que eu ia imaginar que ela ia trair a gente assim, sem mais nem menos." - No fundo, Janjão sabia que não estava sendo completamente sincero com seus amigos.

"E por que você acha que ela não veio com a gente? Será que tem a ver com aquele gordo babaca que ela gosta?" - André estava tenso com o pouco tempo que tinham.

"Eu não sei. Talvez ela tenha se perdido ou algo do tipo. É melhor não julgar sem antes saber o que aconteceu." - Janjão ia falando enquanto afastava algumas folhas para abrir passagem.

Os três estavam armando uma nova armadilha para pegar as bandeiras dos outros competidores. Ao se depararem com um dos caminhos que davam para onde Bárbara estava, colocaram novamente uma linha no chão e se dividiram dos dois lados para puxar na hora certa.

Nessa hora, Mosca e Pata comemoravam o fato de terem encontrado uma segunda bandeira. Estavam tão empolgados que nem perceberam a armadilha dos vizinhos. Janjão puxou a linha de um lado e Janu e André do outro. Com isso, Mosca e Pata foram ao chão derrubando suas bandeiras longe de si.

Foi tudo muito rápido. Em um piscar de olhos Janjão estava segurando Mosca e Janu impedia que Pata se levantasse. André pegou as duas bandeiras e ficou a espera dos amigos para darem no pé.

"Corre André!" - Gritou Janjão fazendo o máximo de esforço para manter Mosca imobilizado.

Janu empurrou Pata e se juntou a André. Janjão soltou Mosca e saiu em direção aos amigos, e os três passaram a correr a toda velocidade. Mosca e Pata vinham logo atrás. Em um determinado ponto, Janjão tropeçou em uma pedra e caiu. André e Janu olharam para trás, assustados, e, sem pensar duas vezes, continuaram a fugir.

Mosca e Pata pararam para ajudar Janjão, que parecia ter se machucado gravemente. O menino gritava de dor, enquanto assistia seus companheiros o abandonarem.

"Que belos amigos você tem." - Falou Pata verificando que o pé de Janjão não estava nada bem.

"Nós vamos precisar da ajuda de um médico." - Disse Mosca verificando se poderia fazer alguma coisa para ajudar o garoto caído à sua frente.

Janjão apertava os dentes, tentando segurar a dor ao máximo. Ao longe ainda dava para enxergar duas silhuetas correndo a todo vapor. Pensou em Bia presa em sua armadilha mais cedo, com um olhar frio de quem havia sido traída. Lembrou também da cara que Bel fez após ter escolhido tirar a bandeira das mãos da garota que gostava. De repente, criou-se uma tempestade de pensamentos negativos em sua cabeça e tudo que via eram os olhos de preocupação de Mosca e Pata. Um olhar que nunca havia visto antes.

Com o rosto voltado para o chão, sussurrou: "Por que eu sempre tenho que estragar tudo?"


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Notas finais do capítulo

esse foi um capítulo especialmente difícil de escrever, espero que tenham gostado!
os comentários de vocẽs me deixam muito feliz, então... já sabem né (;
bjs e até a próxima :**



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