Comédia Romântica Qualquer escrita por Thaís Romes


Capítulo 20
A reconciliação.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores!
Bom, eu não estou abalada com o ocorrido, isso é o que a grande maioria de vocês vem me perguntando. Histórias são assim, precisam existir contra tempos, isso é normal, então espero que vocês superem e percebam que isso não é o fim, e sim o começo de algo maior para os dois. Pensem no episódio sete dessa temporada, pensem no que a Fel disse ao Dig, e que vê-los juntos foi a única coisa que tirou Ollie do sério de verdade, a ponto de quase assassinar a samambaia do amor. Então vamos esquecer o que passou, Raylicity é passageiro, o cara já está indo, e a Fel merece se sentir importante para alguém.
Dito isso, aproveitem o capítulo!
Musica usada: I fix you -Coldplay
https://www.youtube.com/watch?v=mrR8rwk28zE



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OLIVER

Não sei quanto tempo Tommy demorou para chegar ao local, não sei como vim parar nesse quarto de hospital, a verdade é que não sei de muitas coisas. Ou melhor, não sei de nada. Abro meus olhos com dificuldade e vejo minha mãe sentada ao lado da maca onde eu estava. Vejo o cateter em meu braço injetado soro em minhas veias e me sinto sonolento.

–Oi. –murmuro baixinho, sabendo que apesar do efeito de tudo o que eles estavam aplicando em mim me deixar um pouco fora de orbita, isso não é justo com ela.

–Como se sente meu filho? –sinto sua mão macia em minha testa, e coloco um sorriso convincente em minha face.

–Como cheguei aqui?

–Tommy te encontrou desacordado, então chamou uma ambulância. Ele está lá fora, com Thea, Diggle e Felicity. –conta sem tirar seus olhos de mim.

–Por que todos estão aqui? –questiono confuso, pensando no estardalhaço isso vai gerar.

–Diggle retornou sua ligação e Tommy atendeu, disse o que aconteceu e ele veio imediatamente, chegando quase ao mesmo tempo em que você. Felicity ligou para casa, perguntando sobre você, queria saber se havia chegado bem, e Thea contou para ela.

–Não queria assustar tantas pessoas assim. –falo com pesar.

–Nós estamos aqui por que te amamos Oliver, sua vida vale muito para cada um de nós...

–Você já sabe? –fecho meus olhos, envergonhado, frustrado e um pouco irritado.

–O médico me contou, ele aconselhou que você vá a um grupo de apoio para ex militares...

–Não. –interrompo e ela se silencia. –Por favor, mãe, não quero falar disso agora.

–Como quiser. –responde com tristeza e beija o alto da minha cabeça. –Vou dizer aos outros que você está bem.

Não demora muito eu sinto outra mão na minha, uma mão que me despertaria dos meus piores pesadelos. –Oi. –abro meus olhos, vendo o rosto de anjo de Felicity, vermelho e seu semblante fechado. –Pode brigar comigo agora. –falo a olhando nos olhos e ela nega com a cabeça. –Eu quero que você diga Felicity, esperar tem sido pior.

–Não, não aqui. –olha para os lados e vejo seus olhos se encherem de lágrimas. –Por que não me disse que estava doendo Oliver? Por que não apenas me contou? –sinto toda a frustração transparecer em suas palavras.

–Acho que por que esperava não precisar. –respiro fundo e ela solta minha mão escorando seu corpo na parede, longe o suficiente. –Ou talvez eu esperasse que isso te fizesse explodir. –dou de ombros, tentando romper seu auto controle.

–Você faz isso Oliver, sempre a mesma coisa! –agora sim ela está brava, aquilo faz com que eu me sinta melhor, precisava disso, precisava a ouvir. –Já lhe ocorreu alguma vez me perguntar? Perguntar se eu queria esperar ou não?

–Eu pensei estar fazendo o melhor...

–Mas não fez! –me interrompe, as palavras saiam em voz baixa, mas repletas de fúria, seria melhor se ela gritasse. –Não fez o melhor para nenhum de nós!

–Me desculpe. –sussurro.

–Não, não me peça desculpas Oliver, não se vai voltar e fazer a mesma coisa, assim que algo importante surgir novamente em sua vida. –Felicity se aproxima mais um vez, e toca meu ombro. –Teria me contado que os remédios não faziam mais efeito se eu não percebesse?

–Não. –murmuro olhando para o outro lado.

–Por quê?

Um riso sem humor escapa dos meus lábios. –Não sei se percebeu Felicity, mas você é a mulher que eu amo. –agora sou eu que estou me controlando para não gritar, e existe tanta raiva em minhas palavras que a vejo se encolher um pouco. –Para quem eu deveria parecer forte e protetor. Eu deveria proteger você! Então, não. Eu não te contaria que estou incapacitado de nenhuma forma.

–Oliver, eu não corro nenhum risco. –sussurra com os olhos arregalados.

–Eu vi Bruce tirar Selina de um barracão, onde ela foi torturado por meses, cortaram os cabelos dela, e marcaram seu corpo a ferro quente, como o de um animal. –sinto meu estomago embrulhar e sinto nojo de mim mesmo. –Vi o pior acontecer com Shado.

–Você me contou...

–Jason morreu, ele nem mesmo começou viver e o mataram. Shado foi pega e hoje Slade não tem mais nada, Dick terá que conviver para sempre com a morte do irmão. Poderia ter sido eu. -me viro a olhando nos olhos. –Deveria ter sido, não é um grupo de apoio que vai me livrar dessa culpa.

–Não é algo para se culpar. Isso não foi sua culpa, e sei que se existisse alguma coisa, qualquer coisa que você pudesse fazer para evitar, você faria. –diz agora com a voz suave. –Pense no que seria da sua família se você morresse. –eu a olho com intensidade, me perdendo no azul perfeito de seus olhos, seus lábios cheios, ela tira os óculos que começaram a embaçar devido as lágrimas que corriam por sua face. –Sei o que seria de mim se você deixasse de existir. Não sobraria muito Oliver, não restaria muito do que você ama. –Felicity sorri sem humor. –Então, deve aceitar ajuda.

–Eu estou bem. –digo automaticamente, desviando meus olhos dos dela.

–Não está não! –me assusta a certeza com que ela entoa as palavras.

–Me conta a verdade. –Felicity me olha confusa. –Por que não voltou comigo, por que não consegue mais nos ver como um casal?

–Você mentiu. –responde simplesmente.

–Já disse que estava pensando em você...

–Não! Não é isso. –interrompe.

–O que é então Felicity, por que já cogitei de tudo, e até agora não consigo pensar em outra coisa!

–Você disse que se eu arrumasse um emprego na Coréia, cobriria a oferta. –me lembro então da discussão de muito tempo atrás, tanto tempo que já não me lembrava mais. –Que se um de nós tivesse câncer, abusaríamos de cada avanço da ciência para acabar com ele. E quando você foi embora, eu nem mesmo tive minha despedida no aeroporto com o beijo épico. –a dor em suas palavras era explicita, eu quebrei todas essas promessas de uma só vez, bom quase todas.

–Eu sinto muito. –digo com sinceridade, passando uma mão em seu rosto. –Eu falhei com você.

–Para de se importar com o que faz ou deixa de fazer comigo Oliver, e aceite essa ajuda! –quase implora.

–Não é tão simples, acontecem coisas em uma guerra... –não consigo terminar a frase sendo bombardeado de lembranças, muitos copos sem vida. Crianças, mulheres, idosos. Todos mortos...

–É verdade, eu não consigo imaginar. Mas Oliver, olha para mim. –pede em sua voz doce. –Eu te amo, e se não quer fazer por você faça por mim, e por Moira e Thea. -acaricia meu rosto e sinto que finalmente estou em casa. –Eu te disse isso antes e vou repetir. Te perder para a guerra foi quase aceitável. –faz careta me fazendo abrir um pequeno sorriso. –Mas te perder por que você se sente culpado por ter sobrevivido é estúpido.

–Não consigo imaginar nenhuma forma nesse mundo de você me perder.

–Me prova isso. –ela respira fundo, parecendo um pouco deslumbrada. –Aposto que vai ser bem mais fácil, do que o plano mirabolante que você arquitetou. –sorrio fraco.

–Quer que eu entre nesse tal grupo? Esse é seu preço?

–Não que eu seja uma mercadoria, e você um comprador em potencial. –implica. –Mas me faria muito feliz se você fizesse isso.

–Okay. –respondo condescendente vendo um enorme sorriso aparecer em seu rosto.

–Sr. Queen. –escutamos uma enfermeira chamar. –Vamos diminuir sua medicação, e em uma hora será avaliado pela Dra. Quinzel.

–Quando vou ter alta?

–Isso depende do diagnostico dela. Agora o senhor precisa descansar.

–Entendi. –murmura Felicity, beijando meu rosto. –Eu já vou, preciso ir para a empresa, mas Diggle e Tommy estão lá fora à sua disposição, e eu volto se não tiver saído antes das seis.

–Não precisa trabalhar hoje, passou à noite no hospital! –protesto a vendo franzir o cenho e a enfermeira bater os pés impaciente. –Quer saber, eu sou seu...

–Nem vem com isso de ser meu chefe. –interrompe sorrindo, já se afastando. –Nos vemos depois. –diz soprando um beijo.

–Estou contando com isso.

FELICITY

–Ele pode me odiar por isso, pode odiar nós duas. –Thea diz me entregando o numero, pelo o qual tive que falar duas horas em sua cabeça. –Oliver já aceitou esse tratamento, não consigo entender por que precisa ir tão longe. –questiona preocupada com a reação do irmão.

–Oliver está fazendo isso por mim, e por vocês. É diferente, ele precisa fazer por ele. –tento explicar já discando o numero.

‘Mansão Wayne. ’ –escuto uma voz masculina do outro lado da linha.

–Oi, o Sr. Wayne se encontra? –pergunto tímida, só agora pensando até que ponto cheguei. –Meu nome é Felicity Smoak, sou amiga do Oliver Queen. – okay, amiga não é a melhor definição, mas não sei como definir.

‘Só um momento, estarei colocando o patrão Bruce na linha. ’

Alguns segundos se passam, até que a voz masculina sem emoção, é substituída por um grave e forte. ‘Bruce Wayne. ’

–Sr. Wayne, sou Felicity Smoak...

‘A namorada do Oliver, eu sei. Em que posso te ajudar Srta. Smoak?’

Explico para ele da melhor forma que posso a situação de Oliver, e para minha surpresa ele sabia de algumas coisas, sendo ele mesmo que mandou a Dra. Quinzel de Gotham para cuidar do caso de Oliver. Por mais que ele já tivesse feito muito, perdido mais ainda e eu esteja pedindo muito mais, Bruce Wayne parece disposto a ajudar. Termino a ligação e Thea me olha com um pequeno sorriso de admiração no rosto.

–Obrigada por fazer isso.

–Não precisa agradecer, eu me importo com ele também. –respondo com um pequeno sorriso.

OLIVER

Uma semana depois...

“Quando você tenta dar seu melhor, mas não obtém sucesso. Quando consegue o que quer, mas não o que precisa. Quando se sente tão cansado que não consegue dormir. Preso na contra mão.”

–Não precisava vir John, eu não teria desviado o caminho. –murmuro entrando em um prédio antigo no centro de Starlling ao lado de Diggle.

–Ei, sou um ex militar também. –responde. –E por mais que nós sejamos durões, acho que ver pessoas que passaram pela mesma coisa pode ser bom.

–Okay. –nem tento discutir, estou cansado demais de brigar.

Entramos em uma grande sala, com muitas cadeiras formando um círculo, onde muitas pessoas já estavam sentadas. Havia um homem que me parecia muito familiar, e ao seu lado, duas cadeiras vazias. Sinto a mão de Dig em meu ombro assim que reconheço quem era, manco em direção ao meu parceiro.

–Bruce, o que está fazendo aqui? –pergunto com um pequeno sorriso.

–Vou a uma dessas em Gotham, mas admito que ter companhia é bem melhor. –retribui o sorriso me dando um breve abraço. –John! –estende a mão para cumprimentar meu amigo.

Nos sentamos e poucos minutos depois começaram os relatos, não sei se ouvir aquelas coisas de todas aquelas pessoas desconhecidas ajudava, mas acho que de uma forma estranha era como se eu deixasse de estar só. Chega a vez de John, ele se apresenta, conta que serviu no Afeganistão por sete anos, e começa a contar sua história.

–Eu e meu parceiro voltávamos de uma missão, e havia uma garotinha na estrada. –Dig passa a mão no rosto antes de voltar a falar. –Martim não queria parar, mas me lembro de ter dito algo como, “qual é cara? É só uma criança, o que ela pode fazer?”. Não era só uma criança, era uma emboscada. –ele respira fundo passando a olhar para os próprios pés. –Foi assim que sai do carro para ir ao encontro dela, e meu parceiro teve uma bala atravessando sua cabeça. Era uma armadilha, e eu fui responsável pela morte de Martim, o responsável pela esposa dele não ter mais um marido... Havia cerca de vinte soldados inimigos no perímetro. Não sei como, mas eu matei todos, no fim só havia eu e a garotinha, ela chorava com medo, e só ao encontrar aqueles olhos perdidos eu me dei conta da chacina ao meu redor. –O ódio é a arma mais poderosa no arsenal de um soldado às vezes. –Diggle me olha por um momento, como não percebi antes que ele convive com tanta dor quanto eu? –Mas eu não sentia ódio por eles, sentia ódio de mim. Peguei a garota nos braços e sai do local, ela foi adotada mais tarde, o nome dela é Liney Colghey. É uma boa garota, só precisava saber o que é ter uma família que a protegesse.

Quando as lágrimas começam a rolar por seu rosto. Quando você perde uma coisa que não pode repor. Quando você ama alguém mais tudo acaba. Poderia ser pior do que isso?”

–Meu nome e Bruce Wayne, e servi no Iraque por nove anos. –começa a dizer de sua forma séria de sempre. –Eu me ingressei no exercito aos dezenove anos, sentia que precisava encontrar algo maior, algo que me fizesse entender o porquê tenho tanto, quando tantas pessoas tem tão pouco. Em pouco tempo minha vida se tornou servir, e três anos depois eu encontrei um garoto Richard Grayson, os Grayson eram soldados que se conheceram e casaram servindo, assim como a maioria de nós, eles eram meus amigos, e quando morreram em batalha... –Bruce para de falar por um momento como se estivesse perdido em suas lembranças. –Eu o adotei, Dick ao seus quatorze anos, agora é meu filho. Algo parecido aconteceu com Jason Todd. –sinto meu peito se apertar nesse momento. –Quando o conheci ele tinha treze anos, Jason era diferente de Dick em muito aspectos, mas os dois foram filhos muito, muito bons. Quando decidiram servir exercito como os pais, e como eu... Não me lembro de ter sentido tanto orgulho em toda a minha vida. –ele sorri fraco. –E isso custou a vida de Jason, ele foi capturado com minha esposa e Dick, eles estavam apenas levando medicamentos para uma cidade vizinha... Dick o viu ser morto, diante de seus olhos, por ter defendido Selina, o espancaram até a morte com um pé de cabra.

As luzes vão te guiar até em casa e inflamar teus ossos. E eu vou tentar, recuperar você.”

–Desde então só o que vejo ao fechar meus olhos é o rosto ensangüentado do meu filho. E me sinto um péssimo pai por não ter o salvo naquele dia. Eu deveria estar com eles, eu deveria ter morrido no lugar dele. Jason morreu aos dezenove anos, com toda uma vida a sua frente.

E bem lá no alto ou bem no fundo. Quando está apaixonado demais para tentar esquecer. Mas se você nunca tentar, nunca saberá o quanto vale.”

Saímos juntos do grupo, Bruce estava hospedado em um hotel próximo, nós o deixamos lá e Diggle que passou a ser meu motorista particular, me levou a casa de Felicity. Não nos falamos muito desde o hospital, por todas as minhas consultas e o trabalho dela. Mas nesse momento eu preciso sentir um pouco de paz, preciso sentir que tenho algo em minhas mãos que não vou perder, algo que me faça querer continuar acordando, um dia após o outro, é só que quero. Ela abre a porta com um vestido azul, que faz com que ela pareça algo quase sagrado...

–Você não parece bravo... –murmura estudando meu rosto.

Não dou tempo para que ela termine seu devaneio, como poderia ficar bravo com algo assim, tão... Felicity parece um anjo, não apenas por sua beleza quase infantil, mas por sua forma de ver a vida, nada é complicado demais a seus olhos. A tomo em meus braços a pensando contra a parede, e beijo seus lábios, da forma que venho querendo fazer a mais tempo do que me lembro. Posso conviver com a culpa, se esse for o preço para estar ao lado dela.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, espero o feedback de vocês, bom, acho que estamos em reta final agora, mas comentem, preciso saber o que pensam!
Bjs