POV ANTHONY

Respirei fundo tomando coragem para chamar sua atenção

Levantei a mão para tocar seu ombro e a senti se enrijecer com meu toque

– Hey Isabella? – murmurei baixinho para que ela olhasse para mim e pegasse o bilhete, seus pêlos se arrepiaram com minha voz? Que reação mais estranha para uma mãe.

Minhas esperanças estavam sumindo aos poucos, várias coisas já começaram a dar sinal de que eu estou enganado e isso é só uma coincidência.

Ela pegou o bilhete para ler sem me dirigir um olhar, meu coração se afundou em meu peito com sua reação, com certeza ela nem vai se dar ao trabalho de responder e começar a me ignorar será o próximo passo

Olhei para frente da sala e o professor tagarelava sem parar com sua voz desafinada, apoiei meu queixo em cima dos braços na carteira e soltei um suspiro baixo. Queria tanto acreditar que ela é a minha mãe, apesar da minha idade avançada, eu sempre quis ter minha mãe por perto, assim como tenho meu pai e os outros membros da família, nada parece completo sem ela.

Ouvi o coração da garota perder uma batida e pouco tempo depois o som baixo de sua caneta rabiscando o papel.

“Ela vai responder?” pensei quase pulando de felicidade no lugar por ela não passar a me ignorar.

Ela devolveu por cima do ombro meu bilhete ainda sem me olhar, curioso e sem me importar com o detalhe, peguei o papel e abri bem rápido para ver sua resposta.

Sem conseguir me controlar com a resposta dei uma risadinha baixa, ela parece ser muito transparente e parece que me diria qualquer coisa que eu perguntasse, a ideia era tentadora e não consegui me conter, a vontade louca de saber mais dela e me aproximar tomava conta de mim.

Escrevi rapidamente qualquer coisa e devolvi o bilhete tamborilando meus dedos da mão direita impacientemente na mesa.

Foi então que eu me lembrei de um detalhe que talvez pudesse ajudar a conhecê-la melhor, eu tenho um dom parecido com o do meu pai, posso ler pensamentos quando desejar fazê-lo ou posso mostrar os meus apenas com um toque na pessoa. Meu pai sempre dizia como era frustrante não conseguia ler a mente de minha mãe, talvez eu pudesse tentar fazer isso com essa garota e descobrir seus segredos.

Forcei minha mente na direção dela, me concentrando ao máximo.

“Que lindo! Estamos parecendo criancinhas do primário” pensou sarcástica e eu segurei a gargalhada, os pensamentos oscilaram ficando escuros, forcei ainda mais meu dom até reestabelecer conexão. Ela não parecia como os outros que eu já li a mente, ela parecia um radio quebrado que mandava sua frequência picada.

Balancei a cabeça e sorri, era um tanto engraçada a situação, assim como o que eu conseguia entender de seus pensamentos. Neste instante ela se virou para mim parecendo deslumbrada.

“Quero ver sua reação ao ver meu pai que é totalmente vampiro.” pensei olhando em seus belos olhos.

– Obrigada pelo elogio e acho que podemos ser amigos sim. – sua voz era delicada e amável.

“Será que a voz da minha mãe era assim?” questionei a mim, mesmo sabendo que não teria resposta.

Então o sino tocou anunciando o fim da aula e quebrando nossa bolha particular, os alunos se arrumaram e saíram rapidamente da sala rumo a suas próximas aulas.

Exceto uma aluna, Bella ainda olhava para meu rosto sem parecer ter notado que a aula havia acabado. Senti minhas bochechas corarem com seu olhar em cima de mim.

– Bella? – chamei sua atenção tentando fazê-la voltar a realidade.

– Sim. –

– A aula acabou, qual é a sua próxima? –

Juntei meu material e levantei da cadeira, ela olhou ao redor parecendo assustada por não ter notado o sinal.

– Qual a sua próxima aula Bella? –

“Com a quantidade de coincidência entre nós aposto que é a mesma que a minha.” pensei a seguindo para fora da sala.

– É física avançada – “BINGO!” gritei em minha cabeça e dei uma risada alta sem conseguir me controlar, atraindo sua atenção para mim.

– Posso te acompanhar? – fiz charme tentando tirar qualquer medo que ela tivesse de mim, estendi o braço e ela o segurou automaticamente, andamos lentamente em direção a porta.

Eu sabia que isso era uma loucura, que as chances dela ser a minha mãe são praticamente nulas e que provavelmente eu iria me magoar no final, mas eu não queria sair de perto dela, após tantos anos vivendo ou existindo, essa é a única coisa que eu realmente tenho certeza, eu nunca abandonaria Isabella Welch.

Sua presença me faz ficar diferente, é algo completamente sem explicação lógica e eu acompanharei até o seu último fôlego de vida humana ou até mesmo seria capaz de transformá-la apenas para ter sua companhia por toda a eternidade. – E a sua próxima aula qual é? – me tirou de meus pensamentos com sua voz doce.

Não consegui segurar o sorriso para ela dando uma piscadinha cumplice.

– Física avançada. –

Ao chegarmos no corredor meu irmão estava encostado na parede da sala com cara de poucos amigos, andamos em sua direção e Bella deu um passo para trás de mim, mas sem soltar meu braço.

Eu sabia que ele estava chateado por eu monopolizá-la, mas ele era tímido e eu não, então era mais fácil que eu me aproximasse primeiro dela. Ele estava tenso e eu revirei os olhos.

– Anthony não é justo, eu também quero falar com ela e você fica a cercando de todos os lados. Se você se esqueceu ela também é minha mãe e tenho direitos, não adianta fazer essa cara para mim. – murmurou ele raivoso para mim baixo o suficiente para que Bella não ouvisse, as vezes ele parecia uma criança mimada.

– Bella, esse é meu irmão Andrew. – os apresentei dando um olhar de aviso a meu irmão e acariciei sua mão para tentar acalmá-la, ela estava tensa e a culpa era do idiota do meu irmão.

Rubra como um tomate, ela acenou com a cabeça para ele cumprimentando-o de maneira formal.

– O-o-oii – Andrew forçou a voz a sair estendendo a mão por educação para ela. – É um prazer Bella –

Enciumado pelo jeito carinhoso que ela o tratava, dei um jeito de tirá-la logo dalí, estava vendo que isso não daria certo, nenhum de nós estava acostumado a ter nossa mãe e como as emoções são ampliadas para um vampiro, nós teríamos problemas.

– Vamos Bella quero saber mais sobre você, parece ser o tipo de garota interessante, quantos anos tem e de onde é? – perguntei levemente caminhando com ela em direção a sala de física avançada.

– O que seu irmão tem? Ele vai ficar bem? Parece tão infeliz. – respondeu olhando para trás, na direção que deixamos Andrew.

Apesar do ciúmes, eu me sentia feliz por ela ter gostado de cara do meu irmão.

– Sim, ele está bem Bella. Não se preocupe com ele, é só que você tem o nome da nossa mãe e sempre que encontramos alguém com o mesmo nome nos lembramos dela. Agora me fale de você...de onde você é? Qual a sua cor preferida? O que você costuma fazer? – insisti tentando atrair sua atenção, mas ela parecia aérea.

– Não se preocupe baby. Está tudo bem! Se quiser, sentamos os três juntos no almoço e você mesma comprova. – disse passando o braço por seus ombros. Ela acenou positivamente com a cabeça e sorriu mostrando todos seus dentes brancos e enfileirados.

– Eu sou de Manhattan, minha cor preferida é azul e eu não costumava fazer nada demais, apenas era uma adolescente normal em uma grande metrópole. – respondeu quando entramos na sala. Sentou-se numa das cadeiras e eu sentei ao seu lado.

– Que tipo de coisas normais? – perguntei interessado e ela gargalhou. Sua risada me aquecia por dentro, assim como sua presença me viciava como uma heroína a cada segundo que passávamos juntos.

Eu definitivamente nunca a abandonaria.