POV BELLA

Olhava fixamente sem conseguir desviar os olhos das duas figuras lindas a minha frente. Senti minhas bochechas esquentarem, eu estava sendo tão descarada encarando dessa maneira.

Envergonhada desviei o olhar para minhas mãos em cima da mesa que pareciam muito mais interessantes.

“O que foi isso? Por que eu me sinto estranha? Por que acho que os conheço? O que está acontecendo comigo?” pensei completamente confusa com os sentimentos que me invadiam.

– ...Bella, está me ouvindo? – Mike chamou minha atenção, eu havia me esquecido completamente que ele estava falando comigo a um momento atrás, na verdade, eu havia me esquecido da existência de todos ao meu redor.

Virei meu rosto encarando seus olhos azuis. – Si-i-sim. – pigarreei para parar de gaguejar, me senti envergonhada por minhas atitudes pela segunda vez e o dia mal começou. Talvez essa cidade já esteja começando a me deixar louca.

– Ok, então... – respondeu ele parecendo frustrado, antes que cometesse mais algum deslize olhei para frente tentando me concentrar em qualquer coisa que não fosse os gêmeos.

Meu coração perdeu uma batida ao me lembrar de seus rostos perfeitos, puxei a respiração com calma pelo nariz tentando me acalmar, mas eu sabia que seria impossível, já que eles tinham que se sentar o mais próximo possível de mim, parecia até que eles sabiam o que eu sentia e pensava e por isso agiam de propósito.

“Por que eu estou agindo como idiota se eu nunca os vi antes?” pensei balançando a cabeça e tentando clarear as ideias.

– ...Então classe, será assim que dividirei os pontos a serem distribuídos nesta matéria, entendido? – tagarelava sem parar o professor na frente da sala.

“Quando o professor chegou que eu não vi?” franzi o cenho.

“Por que eu estou desse jeito com a chegada desses garotos se eu nem os conheço?” bufei irritada por eles me deixarem tão aérea assim.

“Você está ficando doida Bella, agora respire e relaxe, sua reação é com a beleza sobrenatural deles e mais nada, você já viu garotos lindos antes, claro que nenhum como estes, mas são apenas garotos e nada mais. E meus hormônios adolescentes estão apenas ansiosos pela nova escola.” tentei encontrar qualquer resposta possível para me convencer que isso era natural.

[...]

Minutos se passavam e eu tentava focar minha atenção na aula, só que estava impossível me concentrar e isso estava me deixando cada vez mais irritada. Passei nervosamente a mão no cabelo pela milésima vez, eu não conseguia me concentrar na aula e nem copiar frases inteiras no meu caderno, eu parecia uma criança que estava aprendendo a escrever e apenas conseguia colocar no caderno uma palavra de cada vez. Bufei mais uma vez.

Um toque leve em meu ombro me fez dar um leve pulo na cadeira e a tensão tomar conta definitivamente do meu corpo, sabia quem atrás de mim, mas a questão é: o que ele quer comigo?

Perdida em pensamentos, imaginava o que ele podia querer comigo e acabei esquecendo de me virar para saber o que ele queria. Senti novamente o toque em meu ombro e travei literalmente.

“Droga Bella! Está pagando mico demais, assim ele vai ter certeza que ficou interessada nele ou que é uma idiota.” ralhou minha consciência comigo pelas minhas reações absurdas referente aos garotos.

Tá certo que eles são perfeitos, mas não precisa que eu fique nesse estado, né? – Hey Isabella? – sua voz máscula e melodiosa soou baixinho próximo a mim me trazendo de volta a realidade.

A reação de meu corpo a ele foi automática. Todos meus pêlos se arrepiaram e meu coração começou a bater mais acelerado ainda. Desde o início da aula eu não havia conseguido controlar os batimentos e se continuasse assim teria um infarto a qualquer momento.

Tomei uma respiração profunda para tentar me acalmar e virei lentamente a cabeça para trás. Sem coragem de encarar seus olhos, olhei para a mão branca com dedos finos longos que estava em meu ombro.

Entre seus dedos havia um pedaço de papel dobrado apontava em minha direção. “Um bilhete?” franzi o cenho e peguei virando para frente antes que o professor visse.

Por um momento esqueci todos os sentimentos confusos que rondavam minha mente. Curiosa como uma criança, abaixei a mão por baixo da mesa para ler o que o garoto bonito queria me falar. Prendi a respiração inconscientemente com expectativa e a caligrafia bem feita e elegante enfeitava o papel.

Muito prazer...sou Anthony Cullen.

Ao seu dispor.

Ah! New York Giants? Que sexy!!!

Eu também adoro futebol Americano.

Você costuma ir ao estádio?

Meu coração perdeu uma batida ao ler o bilhete “Como ele sabia que meu apelido é Bella se acabamos de nos conhecer? E ele está me dando mole?”

Respirei fundo e virei a folha escrevendo do outro lado com minha letra feia.

O prazer é meu, sou Isabella Welch

Mas como sabe meu apelido se acabamos de nos conhecer?

Você é torcedor dos Giants ou é de Nova York?

Sim, eu costumava ir ao estádio com meu pai.

Senti o gosto amargo da minha perda novamente, mas tentei ignorar e dobrei o papel devolvendo-o por cima do ombro sem olhar para trás. Eu tinha que ser forte e não chorar na frente dos outros, eu preciso conviver nesta escola até me formar e se eu me mostrar fraca a eles nunca vou sobreviver aqui.

Decidida forcei minha mente a prestar atenção na aula.

Ouvi uma risadinha e o bilhete voltou para mim por cima do meu ombro...aff!

“Que lindo! Estamos parecendo criancinhas do primário.” pensei sarcástica revirando os olhos.

É verdade, acabamos de nos conhecer, mas eu ouvi seu amigo falar e achei que não haveria problema em usá-lo, já que combina tanto com sua beleza.

Mas me desculpe se te ofendi, não foi de proposito.

Somos novos na cidade e você parece o tipo de gente para se fazer amizade.

E quanto aos Giants, não gosto exatamente deles e não sou de NY também, mas gosto muito de acompanhar a NFL.

“Parece que ele está me dando mole, mas por que isso parece errado?” pensei balançando a cabeça para espantar esses pensamentos, eu devo estar ficando louca mesmo.

Olhei para o professor que estava de costas e virei na cadeira para responder verbalmente deixando a brincadeira de criança de lado.

Me deparei com seu lindo rosto desenhado por anjos que tinha um lindo sorriso de lado, sedutor e deslumbrante, foi impossível não ser contagiada e retribuir.

– Obrigada pelo elogio e...acho que podemos ser amigos sim. – falei meio trêmula diante de tanta beleza.

Mas a palavra amigos parecia soar errado aos meus ouvidos, assim como pensar que ele estava me dando mole, esse pensamento tirou o sorriso do meu rosto me deixando pensativa por um instante.

Amigos? Não parece certo.

Namorado? Também não

Mas o que soaria correto?” franzi o cenho em dúvida.

– Bella? –

– Sim. – respondi a Anthony que me olhava com as bochechas coradas por algum motivo que eu não sabia.

– A aula acabou, qual é a sua próxima? –

Olhei ao redor e todos já haviam saído restando apenas nós dois. Até o irmão dele havia ido embora.

“Como eu pude ficar tão alheia a todos por causa de um garoto? Mas a culpa é minha por me apaixonar tão facilmente e não dele.”

Passei nervosamente as mãos por meus cabelos. Isso nunca havia acontecido antes e agora eu me sinto estranha demais perto dele. Sem opção, tomei uma respiração profunda comecei a recolher minhas coisas bem rápido para não me atrasar. – É física avançada. – respondi começando a caminhar para fora com ele em meus calcanhares.

“Pelo visto eu não fui a única que se apaixonou a primeira vista.” pensei mordendo o lábio inferior enquanto encarava o chão. Sua risada melodiosa preencheu o ambiente chamando minha atenção para seus lábios cheios e para os dentes brancos perfeitos.

– Posso te acompanhar? – perguntou galante me estendendo o braço.

Como um íma agarrei seu braço retribuindo o sorriso. – E a sua próxima aula qual é? – perguntei quando passamos pela porta.

– Física avançada. – sorriu torto dando uma piscadinha para mim.

E eu abri a boca completamente surpresa. “Quanta coincidência!”

Ao sairmos pela porta o irmão dele estava esperando encostado na parede com uma expressão estranha no rosto. Inconscientemente dei um passo para trás de Anthony, não estava com medo, mas eu me sentia intimidada em relação a ele, como se sentisse algo estranho no seu olhar em minha direção.

– Bella, esse é meu irmão Andrew – nos apresentou sorrindo e depositou sua mão direita em cima da minha que estava no braço esquerdo, era como se tentasse me demonstrar com seu toque que estava tudo bem e eu relaxei.

Acenei com a cabeça sem graça e com as bochechas coradas. – Muito prazer, sou Isabella Welch. – falei sem graça olhando para ele e seus olhos estavam marejados.

Uma vontade louca de consolá-lo me tomou, mas eu a sufoquei dentro de mim. Não poderia sair por aí abraçando caras que eu acabei de conhecer, né? Além de ser muito estranho ele poderia me denunciar a polícia por assédio.

Suspirei descontente com a fertilidade que minha imaginação possui, seria possível ficar louca de uma hora para outra? Espero que não.

– O-o-ooii. – murmurou estendendo a mão para me cumprimentar. – É...um prazer...Bella – ele estava estranho e sua mão tremia um pouco quando a segurei. Tentei dar um sorriso amigável e tranquilizador.

– Vamos Bella, quero saber mais sobre você, parece ser o tipo de garota interessante, quantos anos tem e de onde é? – Anthony disparou a falar me arrastando para longe do irmão, foi só então que eu percebi que não tinha soltado a mão dele e que o encarava descaradamente.

Sem conseguir me conter, dei uma olhada por cima do ombro para ver onde o outro garoto tinha ficado, ele estava de costas e não parecia realmente bem. Sem me importar muito com a conversa de Anthony ou com o que ele poderia pensar de mim disparei perguntas sem pensar nas consequências.

– O que seu irmão tem? Ele vai ficar bem? Parece tão infeliz. – suspirei me voltando para ele.

Ele me deu um sorriso cumplice e disse baixinho.

– Sim, ele está bem Bella. Não se preocupe com ele, é só que você tem o nome da nossa mãe e sempre que encontramos alguém com o mesmo nome nos lembramos dela. Agora me fale de você.... – respondeu simplesmente voltando a me fazer várias perguntas.

Andrew havia ficado para trás e eu não podia vê-lo mais, mas por que eu me importo tanto com ele? Por que eu estou me sentindo estranha? E por que essa familiaridade toda com eles?

Isso não existe na vida real...talvez eu ainda esteja dormindo na minha cama e tudo seja fruto da minha imaginação fértil.

Sim, deve ser isso....ou....Será que eu estou ficando louca?