Die Young - Os céus tem um plano para você escrita por Mi Cullen


Capítulo 15
A Lenda / POV JACOB


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meninas, desculpem por não ter postado ontem. Eu não estou muito bem de saúde e tive ir no médico ontem, mas aqui está a segunda parte da história do Jacob, espero que gostem.



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POV JACOB

Havia se passado mais tempo do que eu podia imaginar.

Talvez anos, não tenho certeza.

Hoje acordei sentindo uma inquietação, sinto uma angústia maior que o normal e o primeiro sentimento que me vem é culpa. Eu fugi de casa, abandonei minha família não sei nem a quanto tempo e talvez agora pudesse estar acontecendo algo com eles e eu aqui sem poder fazer nada.

Então depois de muito tempo como lobo, eu voltei a forma humana.

"Preciso pensar como homem e não como animal."

Caminhei até a cachoeira próxima a clareira que eu dormia e mergulhei fundo. Quando voltei a superfície minha decisão estava tomada. Sai da água e corri dando um salto no ar, o lobo gigante tomou lugar da forma humana e eu comecei a correr por entre as árvores.

Eu iria até La Push para ver minha família e retirar essa inquietação do meu peito.

Corria entre as árvores sem realmente ver nada. Não parei para dormir ou comer, segui a toda velocidade para costa oeste.

Quando eu já estava me aproximando de Forks eu me lembrei que quando voltasse a ser humano eu estaria nu.

“Preciso roubar uma roupa em Forks, para não chegar nu em La Push” pensei e aproveitando que ainda era noite invadi uma loja.

A cidade estava diferente do que eu me lembrava, mas não me dei ao trabalho de observar as coisas, estava ansioso para chegar em casa.O restante do caminho para La Push fui caminhando.

Cheguei a praia, o céu estava cinzento, o ar pesado e o mar revolto.

Andei em direção a choupana vermelha que morava com meu pai.

Tudo por aqui também está diferente, as casas agora não eram mais feitas de madeira.

As pessoas que por mim passavam olhavam com curiosidade, mas nenhum rosto era conhecido.

Ao chegar a minha antiga casa, abri minha boca incrédulo, ela era de um material estranho e estava muito maior do que eu me lembrava, havia até um carro e uma garagem.

Parado como um idiota de frente a casa não reparei uma senhora idosa que saia de dentro dela.

— Jacob? —

Olhei em sua direção a reconhecido de imediato.

— Rachel? É você? — perguntei correndo ao seu encontro e lhe dando um abraço apertado.

Ao soltar seu pequenino corpo, levei um tapa no braço.

— Aí! O que eu fiz agora? — perguntei alisando o local.

— Você sumiu todos esses anos sem deixar notícias. — disse ela se virando e voltando para casa.

Lá na porta havia um senhor de cabelos grisalhos como o dela.

— Paul? — perguntei sem realmente ter certeza.

— Sim! Quem mais? O papai noel? — perguntou ele irônico como sempre. — Então o filho pródigo retorna a casa. — riu debochado e levou um tapa no braço de Rachel.

— Ai amor! —

— O que faz com a minha irmã? — perguntei cheio de ciúmes.

— Sou casado com ela a mais de 50 anos, desisti de ser transformo para cuidar dela quando você sumiu , deve se lembrar do imprinting. —

Abaixei a cabeça envergonhado por meu egoísmo em abandonar minha família, muita coisa havia mudado.

Se não fosse por Paul, ela talvez estivesse morta.

Tremi com o pensamento.

Ao entrar na casa, arregalei os olhos para tantas coisas diferentes ao meu redor.

Me senti tonto e me sentei num sofá verde.

— Quanto tempo se passou desde que eu fui embora? Onde está o papai, o Levi, a Leah e o Seth? —

— Você não sabe mesmo de nada? — perguntou Paul desconfiado.

Neguei com a cabeça, tudo ao meu redor parecia irreal demais.

— Sabe em que ano estamos? — voltou a me perguntar.

— 1934 ou 35 no máximo. — respondi simplesmente, olhando uma tela grande e estranha na sala.

Ele soltou uma gargalhada escandalosa.

Franzi o cenho irritado com sua pouca educação.

— Estamos em 1998 querido. — respondeu minha irmã com as mãos em meus cabelos.

“ 1998...1998...1998...1998...” esses números giravam em minha mente.

Tudo ao meu redor parecia rodar.

A voz preocupada de minha irmã estava sumindo.

O ar parecia não ser suficiente para meu cérebro.

Tudo ficou escuro.

[...]

Abri os olhos lentamente e respirei fundo.

Sentia o cheiro familiar das coisas do meu antigo quarto, mesmo que fosse totalmente diferente, meus pertences ainda estavam por aqui.

Minha cabeça latejava e eu gemi de dor ao colocar a mão na testa e sentir uma faixa. “O que aconteceu?” pensei totalmente confuso.

As lembranças do meu regresso a La Push voltaram lentamente até eu ser interrompido por um barulho. A porta se abriu e Rachel entrou com uma bandeja. — Acordou dorminhoco? Boa Tarde! — disse com um sorriso no rosto.

— Quanto tempo eu dormi? —

— Não se lembra? — neguei com a cabeça, ela se sentou ao meu lado na cama e colocou a bandeja em minhas pernas. — Você chegou ontem às 6 da manhã, desmaiou e dormiu direto, agora são 3 da tarde do dia seguinte. —

Prendi a respiração ao notar quanto tempo perdi “Passei muito tempo sem dormir até chegar aqui, por isso estou tão cansado, além de saber que passei anos escondido numa droga de floresta.”

— Todos da tribo estão sabendo do seu retorno e marcaram uma reunião hoje a noite para te verem de novo, espero que você vá. — disse minha irmã cortando meu pensamento, ela se levantou em seguida e saiu do quarto me deixando sozinho.

[...]

A noite finalmente chegou e nos dirigimos para o pico do penhasco mais alto de La Push.

Lá havia uma fogueira, comida e bancos ao redor.

Também tinha pessoas desconhecidas sentadas.

Um deles bateu em meu ombro amigavelmente e eu dei um sorriso sem graça.

Rachel me apresentou ele como Billy Black, seu filho.

Depois do choque inicial eu me senti bem sentado ao lado dele, meu sobrinho aparentava ser muito mais velho que eu.

“Mas é claro que ele vai ser mais velho que você, você tem o genes lobo e não envelhece.” Ralhou minha consciência, porém fazia sentido.

Quando eu fugi de casa para me esconder na floresta Rachel tinha dois anos, isso foi em 1932 e agora estamos em 1998, agora ela tem 68 anos e seu filho deve ter mais ou menos uns 40.

Rachel também me apresentou outras pessoas.

— Esse é Sam Uley, filho de Levi. — acenei com a cabeça.

— Quil Altera, Embry, Kim, Sue é a filha de Leah e Renata — disse apontando para cada um que acenavam para mim.

Sentamos em volta da fogueira para a reunião, minha irmã havia se retirado e Paul chegou atrasado.

— Conte–nos a sua história Jacob. — pediu Sam amigavelmente.

Respirei fundo antes de começar. — Eu tive um imprinting com uma mulher apaixonada por um vampiro. — fechei os olhos com raiva ao me lembrar DELE, a escolha dela ainda me queimava por dentro como fogo em brasa. — Eu tive o imprinting após o parto dela, assim que os monstrinhos DELE saíram dela. — torci a boca em nojo. — Achei que ela tivesse morrido depois do parto e fugi para o Canadá, lá tive um sonho estranho com ela, voltei a Forks e presenciei seu enterro, Levi e Leah me encontraram na mata em desespero, fugi como um covarde para Ottawa e fiquei lá até agora como lobo, não queria que minha família fosse obrigada a conviver com minha depressão. — terminei de cabeça baixa, envergonhado por minha decisão egoísta.

— Eu só não entendo uma coisa, segundo as nossas lendas, quando um imprinting morre por qualquer motivo, consequentemente o lobo também morre. Como você ainda continua vivo depois de tanto tempo? — Sam parecia intrigado

Todos sabiam que se o imprinting morre, o lobo morre junto pela força da ligação de sentimentos, mas ele tinha razão em questionar isso.

— Você também disse que teve um sonho com ela, certo? — dessa vez quem se pronunciou foi Embry.

Apenas acenei afirmativamente com a cabeça. Fazia tempo que todos estavam em silêncio, eu estava ficando cada vez mais ansioso.

— Você conhece a história da terceira esposa? — depois de um tempo, que para mim parecia uma eternidade, Sam se pronunciou.

— Conheço até a parte que ela morre. — respondi com o cenho franzido.

— Ok! A terceira esposa de Taha Aki não possuía poderes, segundo nossas lendas, depois do ocorrido com a vampira Taha Aki sumiu da tribo sofrendo pela morte da esposa do imprinting. Contam os antigos que a terceira esposa o visitava em sonhos, o auxiliando para que não viesse a surtar e prometendo voltar para ele no futuro, Taha Aki já estava velho e deixou de se transformar com o tempo, falecendo anos depois. E até hoje ninguém sabe se ela voltou num corpo de outra pessoa ou não. Atualmente existem tribos e crenças de algumas religiões que acreditam em reencarnação. O que significa que quando a alma não cumpre seu papel na terra durante a vida, acaba voltando com outra vida para terminar. Com o passar dos anos, nosso povo aceitou a crença de reencarnação por causa da terceira esposa, mas só acreditamos quando o espírito é de pessoas que foram objeto de imprinting de algum lobo. Infelizmente ainda não tivemos nenhuma prova que comprove reencarnação na tribo, como temos dos lobos. – terminou Sam olhando em meu olhos de uma maneira estranha.

Durante toda a história fiquei imóvel e de boca aberta, nunca haviam me contado essa parte da história.

Levantei num salto derrubando o banco e assustando a todos.

— Vo-você q-q-quer. — pigarreei para tentar não gaguejar. — Você quer d-dizer que meu imprinting mantém a alma dela viva? — virei de frente aguardando a resposta.

Ele negou com a cabeça.

— Então não entendo. — disse com os dentes trincados, ao sentir a chama de esperança em meu peito se apagar.

— O que Sam quer dizer Jacob, é que ela pode não ter cumprido seu papel como humana e pode haver a possibilidade dela voltar em algum corpo. Nada pode ser levado realmente em consideração, são apenas suposições baseadas numa história antiga da tribo. — disse Rachel em pé atrás de mim.

Depois disso eu não aguentei ficar lá e voltei para casa sozinho.

[...]

O tempo se passou e uma chama de esperança estava dentro do meu coração me mantendo vivo.

Com a ajuda de todos do conselho eu procurava por indicações de que ela pudesse estar viva em algum canto do planeta.

Voltei para a escola da reserva e abri uma oficina na casa de minha irmã para juntar dinheiro. Entrei também para a alcateia, assim eu poderia sempre me transformar em lobo e me manter jovem para ela.

A vida de um lobo não é eterna como a de um vampiro, mas ainda sim viveria muito mais que um humano se continuasse me transformando, não que eu fosse precisar, porque se ela realmente conseguisse reencarnar, ela voltaria como humana.

Eu podia ver uma luz no fim do túnel escuro.

Ela ainda voltaria para mim, eu precisava crer nisso.

[...]

É janeiro de 2013, estou de mudança para International Falls.

Uma pequena cidade na divisa dos Estados Unidos com Canadá.

Depois de algum tempo que eu estava em La Push, eu tive o segundo sonho com ela e, nele ela usava uma blusa de cheerleader com o nome Vikings IF e também carregava um jornal escrito International Falls Diaries 20...(dois mil e alguma coisa), mas eu não conseguia ver o resto.

Eu não sei qual ano seria, mas eu iria atrás dela. Cursaria o high school na cidade. Tudo para esperar por ela.

Para manter a mentira de humano, consegui documentos falsos e de emancipação para morar sozinho. Se eu estava na escola, teria que fingir em tudo até mesmo na idade. Já havia comprado uma casa na zona leste da cidade e montaria uma oficina para manter as aparências e servir de hobbie nas horas vagas.

Sam me trouxe em seu carro até o William R Fairchild International Airport a sudoeste de Port Angeles, meu voo sai em direção ao Airport (MSP) próximo a Minneapolis, dez horas da manhã de hoje.

Chegando lá tenho que pegar outro avião até o Falls International Airport, meu destino final.

Sentados num banco esperava a chamada para o embarque, um silêncio permanecia entre nós desde que saímos de La Push, me sinto tão ansioso em ir para o Minnesota que não me incomodo em falar nada.

— Tome cuidado Jacob, não seja precipitado quando encontrá-la, seja racional para não perder a chance, observe e depois faça. — aconselhou Sam ao notar o tamanho da minha tensão.

Olhei em sua direção e apenas acenei com a cabeça, não podia garantir que me controlaria ao vê-la, mas ele tem razão e eu tenho que agir com calma.

[...]

Passageiros do voo para Nova York com escala em Minneapolis. Embarque no portão sul E-51. dizia uma mulher no alto falante.

— É o meu. — falei me levantando e pegando minha bagagem de mão

— Qualquer coisa pode nos chamar irmão. — Sam me abraçou dando um tapa-quebra-ossos em minhas costas.

— Até mais cara. — retribui o abraço e segui em direção ao meu amor.

[...]

Dois anos e meio depois...

Faz tempo que estou nessa cidade maldita, aguentando humanos chatos e nem sinal dela.

Todos os dias a busco nos rostos femininos, ando por todos os cantos da cidade e nenhuma pista.

Quanto mais o tempo passa, mais impaciente eu fico.

Me sinto desmotivado e fraco com a falta de respostas e com a demora dela em retornar, sabia que seria difícil, mas não tanto.

Deito na minha cama todas as noites e choro antes de dormir me sentindo abandonado, nem a oficina que montei consegue me distrair ou tirar um pouco da minha frustração.

Por isso fiz o teste para o time de futebol, mas no dia estava tão tenso que não fui aprovado, me restando ser wingers (atacante) de Hóquei, outro esporte comum na região. Só fiz teste para os times porque conseguiria liberar um pouco da tensão sem chamar atenção para mim.

Quanto mais os dias se passam, menos esperança eu tenho de encontrá-la.

Sei que não havia data de seu retorno no sonho, por isso tenho que ser paciente e aguardar a hora que ela virá para meus braços.

Mas está sendo tão torturante aguardar sem ter uma data prevista, minha vida está tão vazia sem ela ao meu lado, a única esperança que eu tinha está sumindo.

Comecei a andar de um lado para outro da sala puxando os cabelos e me sentindo sufocado, minha cabeça entrou em um turbilhão pela tensão acumulada por meses, latejava sem parar e quase me levando a loucura.

Saí as pressas me dirigindo a floresta que ficava a sudeste da cidade, a noite está gelada como é costume aqui, mas não me importei em vestir uma blusa de frio.

As ruas estavam desertas, então aproveitei para correr e quando cheguei numa certa distância no meio da floresta pulei no ar virando um lobo gigante, me sentindo melhor no mesmo instante...

[...]

Alguns dias depois...

O meu último ano de high school começava hoje.

E eu já não aguentava mais esperar por ela voltar. Já tinha tomado uma decisão, eu iria voltar para La Push e iria parar de me transformar para esperar a morte chegar.

Viver assim é ruim e eu não queria mais isso.

Sai de casa naquela manhã disposto a me desligar de tudo aqui e voltar para casa. Caminhei pelas ruas geladas de International Falls até um telefone público. Disquei o número tão familiar e aguardei três toques até que uma voz cansada atendeu do outro lado.

— Alô? —

— Rachel, sou eu... só liguei para avisar que estou voltando para casa. —

Silêncio.

— Espero que não se importe. — disse incerto diante do seu silêncio, talvez ela não me quisesse por perto.

— Tem certeza? —

Soltei um suspiro chateado. — Estou cansado e sem esperanças. Não quero mais tentar. —

— Tudo bem... te aguardo em casa irmão....tchau. —

— Tchau. — desliguei o telefone e caminhei para a International Falls High School para trancar minha matrícula.

Entrei de cabeça baixa, caminhava entre os corredores sentindo o vazio voltar a crescer ainda mais em meu peito, talvez eu estivesse errado em desistir, mas eu não suporto mais esperar.

Quando eu ia entrando na secretária esbarrei em alguém.

— Desculpe. — disse a garota que se virou começando a caminhar.

“Bella?” minha mente gritou em choque, não podia ser ela, eu devia estar enganado. Sem reação fiquei observando a garota caminhar até sumir no fim do corredor.

E mais uma vez a sensação de ser conectado a ela voltou para o meu corpo. Eu a encontrei novamente e meu corpo reconhece o objeto do imprinting.


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