Príncipe Légolas escrita por America Singer


Capítulo 26
Capítulo 26: A Única Exceção? II


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um POV, escrito em terceira pessoa, sobre a conversa de Melrise e Thranduil. Busquei deixar algumas coisas claras, outras nem tanto. O mistério precisa continuar para eu conseguir postar a nova fic.
Beijos e Boa Leitura ♥



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Assim que Belle saiu do jardim, Melrise voltou-se para o rei Thranduil que continuava no mesmo lugar, com a mesma expressão dura que ela conhecia há anos. Seus olhos azuis, que um dia já voltaram-se para a morena, desviavam-se dela para o portão de onde sua filha saíra a pouco. Sabia que em algum momento o rei admirara-se pela teimosia de Luzziel, como aconteceu com ela mesma há anos atrás.

– Ela se parece muito com você. – O rei limitou-se a dizer momentos depois, voltando-se a si e encarando a mulher em sua frente.

– Não sei, ás vezes acho que a teimosia dela não tem limites. – Melrise estava furiosa, mas não com Belle. O rei sabia tirá-la do sério, e foram vários anos para ela controlar-se perante ele, e passar a domá-lo como nunca ninguém o fizera. – Não está mesmo disposto a se casar com ela, não é?

Thranduil baixou o olhar a fim de encarar Melrise por igual. Apesar de a jovem senhora ser baixa, essa nunca deixara de se portar adequadamente perante o rei da Floresta das Trevas, e permanecia sempre firme em seu porte.

O rei engoliu um pouco do ar puro e frio daquela manhã enquanto organizava seus pensamentos antes de qualquer coisa. Nunca era questionado em suas escolhas, e quando era, meia palavra e um olhar já bastavam para ser obedecido. Mas ali em sua frente não estava um servo qualquer, ou um humano comum da antiga Cidade do Lago. Melrise conhecia-o como ninguém – nem mesmo seu filho dispunha de tantos segredos do rei. – e ele sabia que ela tinha o poder de arrancar-lhe as explicações necessárias.

– Eu me caso com Belle se ela quiser. – o rei respondeu instantes depois, desviando o olhar da humana que permanecia chocada.

– Não pode estar falando sério. – Melrise exaltou-se. – Não quero que exponha isso para qualquer um, está me ouvindo?

Thranduil perdia a paciência. Por mais que gostasse de Melrise, aquela situação já estava mais do que inquietante e o aborrecia profundamente.

– Thranduil! – Melrise chamou sua atenção quando percebeu que ele não falaria. – Não que acho que ela não mereça se tornar rainha, mas minha filha não ficará ao seu lado. – a senhora afirmou com um toque de autoridade.

– Está com ciúme. – Thranduil provocou, liberando um meio sorriso. – Acha que, por eu ter a coragem de desposar sua filha, estarei cumprindo algo que eu prometi a si mesma, mas que nunca aconteceu.

Melrise afastou-se dois passos do rei para não esbofeteá-lo. Thranduil prometera-lhe casamento há anos atrás, quando ela era jovem. Ela, ingênua, acreditou que o rei abandonaria seu posto para viver a vida que ambos sonharam juntos, quando Thranduil abrira seu coração para ela e deixava-se levar pelos acontecimentos e emoções, que há muito o rei não sentia. Mas nada do que foi prometido aconteceu, e Melrise saíra prejudicada.

– Não vai me perdoar nunca, não é? – Thranduil chegou perto da morena, que punha sua mão na boca para não deixar seu grito de raiva sair e despertar quem quer que fosse.

O rei passou a acariciar seu rosto como fazia antigamente, quando ela tinha apenas dezoito anos e o sonho de conhecer o mundo como Belle. Sentiu seu coração acelerar-se como naquela época, Thranduil ainda despertava-lhe os maiores desejos carnais, e suas lembranças faziam sempre questão de lhe trair, voltando-se sempre para as memórias dos dias de prazer ao seu lado. Fora com ele que descobriu seu lado mulher, e graças à ele, ela ainda guardava os melhores momentos de sua vida. Mas acabara. Thranduil nunca fora leal à ela, mentiu e provocou o caos em sua vida de maneira grandiosa.

Apesar de tudo, Melrise jurou-lhe amor eterno. Não sabia da condição dos elfos sobre o amor, então esperava que Thranduil também o fizesse, mas nunca ouviu sequer uma palavra doce vinda de sua boca. Ele era quente, sedutor e se entregava aos prazeres da carne que lhe incendiava o corpo por há muito estar viúvo, e as conseqüências disso foram anos de loucura, abandono por um momento de seu reino, deixando-o para seu filho, mas que no final, voltou atrás e deixou a jovem Melrise Phalnn apaixonada.

Aos poucos, Melrise tentava se acalmar. Seu rosto ainda tremendo de raiva e suas mãos suando, mas sua postura recomposta. Fitou Thranduil com severidade, esse que baixara a guarda por momentos.

Afastou-se do rei, procurando não ceder ao desejo de beijá-lo que apareceu de repente. Precisava focar nas principais questões, não cair em sua armadilha mais uma vez.

– O que pretende se casando com minha filha? Se redimir? – A senhora perguntou, enquanto via na expressão do rei o medo de resposta.

– Talvez. – ele permanecia inquieto, porém sua face mudara-se por completo. – Eu preciso disso.

– Nunca imaginei que o remorso fosse tão grande. – Melrise afastava-se, indo em direção ao banco que estava a meio metro deles.

– Não há uma noite que eu não pense nisso. – O rei ainda permanecia de pé, acompanhando os movimentos da bela mulher.

Melrise suspirou. A situação era severa, e não imaginava que teria essa conversa com o rei. Tudo o que pretendia era deixar claro para ele que o acordo deveria manter-se de pé, caso o príncipe realmente amasse sua filha e a quisesse desposar. Não imaginava o tamanho apreço que o rei dispunha por ela.

– Ás vezes penso... que ela deveria ser nossa... – o rei disse em momentos pausados, desviando o olhar para o céu e enchendo-se de remorso.

– Já disse que não deveria pensar mais nisso, Thranduil. O passado ficou pra trás, agora devemos resolver nosso futuro, ou melhor, o de nossos filhos! Légolas e Belle estão apaixonados. Não ache que casando com ela você resolverá seus problemas para comigo, pois está enganado! – A humana dizia, enquanto o rei ainda olhava o céu e não ousava encará-la. – Não terá com ela a vida que prometeu ter comigo.

– Talvez eu goste dela. – Thranduil emitia certa tristeza na voz. A humana riu.

– Já caí nessa conversa. – Melrise não continha o riso, o que deixava o rei mais chateado e muito irritado. Enquanto Thranduil não se mexia, ela levantava-se do banco e passara a andar apreensiva ao seu redor. – Como pode dizer isso? Sabe que não é mais capaz de amar uma mulher, sabe que seu coração há muito foi entregue para a sua mulher. Você não pode amá-la, Thranduil, como você não pôde me amar! Belle será infeliz por causa disso. Eu não permitirei, mesmo que ela nutra um amor incondicional por você. O que não é o caso, já que ela está apaixonada por Légolas.

– E por que faz tanta questão que meu filho case-se com ela? – a expressão do rei tornara-se severa e fria outra vez.

– Preciso mesmo te lembrar? Está ficando velho, Thranduil?

O rei revirou os olhos com a estúpida brincadeira.

– Légolas é tudo o que você não é. E, pelo apreço que tenho por ele e imensa gratidão, e pela dívida que você insiste em me saldar, dediquei minha vida e criei minha filha para ser a esposa dele, como você me pediu ao vê-la em meus braços há vinte anos. Não consegue simplesmente me deixar em paz, não é?

O rei fitava a humana como se suas palavras fossem ridículas. Mas dentro de si reconhecia, ele nunca achara que sua dívida para com ela fosse saldada.

– Pois bem. – Thranduil concordara que Melrise estava certa, coisa que nunca fazia com ninguém, a não ser a humana. – Se Légolas e Belle se casarem, então nosso acordo será terminado.

A humana sorriu levemente.

– Mas duvido que, agora que Belle ouviu tudo, irá concordar com esse casamento. Ela já sabe sobre nós, e se for como você era, não concordará em ser esposa de meu filho. – O rei concluía aquela conversa com razão. Belle era extremamente orgulhosa, e muito compulsiva, provavelmente tiraria suas próprias conclusões precipitadas e acabaria com os planos do casamento logo cedo.

– Talvez tenha razão. Mas quero que você cumpra com o combinado, caso eles ainda quiserem se casar. E, por favor, ainda mantenha as aparências. As pessoas podem achar que o rei está amolecendo deixando uma humana juntar-se ao seu herdeiro.

– Quer que eu desaprove na frente dos outros? – O rei perguntou, não compreendendo as intenções de Melrise.

– Quero que continue sendo isso que você é. – ela respondeu fazendo pouco do rei, esse que não pareceu incomodar-se com suas palavras.

– Você ainda não superou, não é, Ris? – o rei sorriu, concluindo para si mesmo o impacto que era na vida da humana.

– Não me chame de Ris mais! – a senhora revoltou-se, dando meia volta e saindo da presença do rei. Esse que a acompanhou com os olhos, enquanto lembranças voltavam-se à sua memória o fazendo suspirar. Assim, de costas, Melrise exibia a parte do corpo em que Thranduil mais admirara nela quando a viu nua pela primeira vez.

O olhar do rei brilhava, mas sua expressão retornava como gelo. Suspirou pelos momentos em que teve de se controlar para não beijá-la. Melrise ainda mexia com ele, isso sem dúvida nenhuma. Mas não podia mais cumprir com sua promessa à ela, pois já estava casada há anos com Kirkel. Perdera sua oportunidade por ser quem era, por achar que homens e elfos não deveriam se misturar. Por achar que uma pessoa simples não poderia juntar-se à realeza – coisa que ele mesmo havia deixado claro para seu filho Légolas, antes da Batalha dos Cinco Exércitos e pouco depois de terminar seu caso com a humana.

Thranduil era frio por fora, mas por dentro algo remexia e não o deixava em paz. Ainda permanecia com idéia de desposar Belle. Iria contra todos os seus princípios, e desafiaria a si mesmo, mas ele não poderia amá-la como amou a mãe de Légolas.

Talvez seu filho fosse a sua salvação. Além de voltar atrás em sua palavra para com Melrise, permitiria seu filho se casar com a garota que ele amava. Era uma forma de pedir perdão, quando este desejou tomar Tauriel por esposa, mas ele não aprovara.

Há quem diga que Thranduil passou a ver as coisas de outra forma quando viu Belle, recém-nascida, nos braços de Melrise, e se arrependeu profundamente daquela criança não lhe pertencer.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da foto? Não vão rir da minha capacidade master de fazer capas, não é? husauhshuahushuahushahsu Quando escrever a outra fic, essa será a capa porque deu trabalho u.u
Ah, a fic se chamará The Only Exception porque eu tava ouvindo essa música quando tava escrevendo o capítulo anterior, então resolvi por esse nome (que é a tradução em inglês para A Única Exceção, nome dos dois últimos capítulos)
Beijos e não esqueçam de comentar. ♥