Sonhos estranhos rondavam minha mente. Rosto que nunca vi antes. Havia lobos, havia pessoas gritando, havia gente mandando eu fugir. Havia sirenes, carros, dor.

Eu via um carro, havia gente morta nele, pessoas cheias de mordidas, ai eu vi um coiote, ele pegou uma boneca e saiu correndo até o carro, colocou a pequena boca entre os destroços do que um dia foi um carro, e sai correndo.

Estava tudo tão confuso, eu via algumas pessoas, eu via um garoto de olhos vermelhos, ele rugiu para mim e eu estremeci.

Havia um garota segurando uma espada, ela tinha olhos amarelos e estava lutando contra algo, ou alguém, eu não conseguia distinguir.

Tinha também uma garota, ela estava gritando, gritando muito alto, havia gente morta na sua frente.

E por fim tinha um garoto, esse parecia totalmente humano, ele era lindo. Ele dizia algo, mas eu não consegui entender, nada parecia fazer sentindo naquele momento.

Mais rostos de pessoas passaram em minha mente e diziam coisas sem sentido nenhum para mim. Um garoto apareceu, o mesmo garoto de antes, ele dizia: Vamos Malia, acorde, vamos, por favor.

Eu não entendo, o que está acontecendo comigo ? O que é isso ? Quem são essas pessoas ? Onde estou ?

Muitas coisas estavam acontecendo, muitos rostos passando, mas ai eu sinto algo ser injetado em minhas veias. Sinto uma pontada na cabeça e acordo surpresa. Sento na cama ofegante. Olho em volta, há algumas pessoas me olhando com expectativa, outras me olham com alivio. Ninguém diz nada e eu não me atrevo a abrir a boca. Olho mais um pouco e vejo que o quarto é todo branco, vejo que estou em uma cama simples, depois me dou conta que estou em um hospital. Mas por que eu estou em um hospital ? O que aconteceu ?

–Malia, querida, como se sente ? -Olho para o lado e vejo que quem disse isso é uma enfermeira, provavelmente a mesma que colocou alguma coisa na minha veia.

Eu a olho confusa e semicerro os olhos. Ela suspira e depois fala calmamente.

–Malia, consegue falar ?

Eu continuo a olhando sem dizer nada, apenas faço que sim com a cabeça. Ela me olha com um olhar doce, quase materno.

–Bom, eu preciso pegar alguns remédios, eu já volto querida. E você, por favor, não façam nada que a assuste, ela acabou de sofrer um acidente.

Um acidente. Foi ai que a ficha caiu. Foi isso que acontece, eu estava na rua e um carro veio. Me lembro de ter visto luzes e uma sirene, depois disso não me lembro de mais nada.

–Malia -Diz um menino que estava sentado ao lado da minha cama. Eu olho ele e vejo que estamos de mão entrelaçadas.- Que bom que acordou. -Ele diz com um enorme sorriso no rosto.

Eu olho ele por alguns segundos e depois solto minha mão da sua, quase como se o toque dele queimasse. Ele me olha com decepção e surpresa, um misto entre confusão e tristeza.

–Malia, o que foi ? -O garoto diz e tenta pegar novamente em minha mão. Ele tentou sorrir me passando tranquilidade, mas só consegui me assustar mais.

Eu apenas me afastei dele e olhei novamente as pessoas no quarto, todas elas me olhavam confusas, como se me conhecessem, como se não reconhecem o que eu estava fazendo. Todas elas estava quietas, mas ai o mesmo garoto murmurou baixinho:

–Malia... -Eu não deixei ele terminar, apenas interrompi dizendo:

–Quem é Malia ?